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Ensaios, caminhos e meios da História em novo livro de Vinícius Müller
Editada pela FAP, nova obra “A História como presente” reúne 46 ensaios e será lançada em evento online no dia 6 de agosto, às 19h
Cleomar Almeida, da equipe da FAP
Marca da história brasileira desde o Império, a centralização excessiva do Estado é ainda vista como “responsável pela má distribuição dos recursos e consequentemente dos determinantes do desenvolvimento regional”. Esta hipótese, porém, carrega o paradoxo de que apenas um Estado altamente centralizado seria capaz de inverter esse cenário. “Nada mais enganoso”.
Confira o vídeo do webinário!
A avaliação é do historiador e doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) Vinícius Müller, que se afasta do que chama de “turva visão”, criadora de narrativas exageradamente amparadas no comportamento do governo federal. Por isso, ele observa a importância dos municípios para o desenvolvimento.
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“É na ponta do sistema, ou seja, no município, que se revela e se manifesta de modo mais concreto a relação entre os indivíduos e o exercício da cidadania. Nesta relação que se encontra boa parte do segredo do desenvolvimento ou de seu contrário, o subdesenvolvimento”, escreve ele.
Lançamento virtual
A análise consta do novo livro “A História como presente: 46 pequenos ensaios sobre a História, seus caminhos e meios” (240 páginas), de autoria de Vinícius Müller. Editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília, a obra será lançada em evento on-line da entidade, no dia 6 de agosto, das 19h às 20h30. Está à venda na internet.
Professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) e do Centro de Liderança Pública (CLP), Müller reúne na obra textos escritos por ele entre setembro de 2017 e junho de 2020, divididos em 12 capítulos. Todos eles publicados na Revista Digital Estado da Arte, hospedada no portal do jornal O Estado de S. Paulo.
“Os textos, com algumas poucas exceções, não foram em princípio pensados e escritos para que formassem um corpo único e coerente entre si. Ao contrário, refletiam antigas preocupações e leituras que, ao calor dos acontecimentos, foram sendo rememoradas e refeitas”.
“Além da dicotomia”
Em um de seus ensaios, o autor sugere que o debate sobre o desenvolvimento “deve ir além da dicotomia entre ‘centralização e descentralização’ para alcançar níveis mais sofisticados de questionamentos”. Por isso, na avaliação dele, deve-se ampliar o olhar para os contextos locais.
Segundo Vinícius Müller, itens fundamentais ao desenvolvimento econômico e ao exercício da cidadania se encontram no entendimento do cotidiano das cidades. “Saneamento básico, educação, oportunidade de trabalho e geração de riqueza, habitação, acesso à saúde e segurança são, no mínimo, tão capitais ao desenvolvimento quanto debates sobre proteção à indústria ou taxas de juros”, analisa.
“Faltam-nos trabalhos sobre os municípios que superem seus isolamentos e nos revelem de forma mais orgânica e integrada como a riqueza, a desigualdade, a cidadania, os direitos e o desenvolvimento estão mais vinculados ao modo como as regiões se comportaram do que aos desígnios do poder central”, afirma, em outro trecho do livro.
O autor se sustenta em estudos como o da historiadora econômica Anne Hanley, norte-americana especializada em História do Brasil e pesquisadora com amplo trânsito na academia brasileira (The Public Good and the Brazilian State: Municipal Finance and the Provision of Public Services in São Paulo, Brazil 1822-1930).
“Antagonismo explicativo”
Historiador e professor aposentado da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alberto Aggio assina o prefácio e vai participar de debate virtual de lançamento da obra. Segundo ele, Vinícius Müller “convida o leitor a ultrapassar uma visão modelar que, por décadas, gerou um apego a explicações e hipóteses calcadas no antagonismo como elemento explicativo da história do país”.
Em outro trecho, ao analisar a obra, destaca a questão de desenvolvimento levantada pelo autor. “Trata-se de ver na hipertrofia do Estado na história brasileira não um modelo de afirmação ou condenação, mas uma história eivada de ambiguidade ou mesmo um paradoxo que acabou gerando um labirinto para as forças políticas que buscam estabelecer projetos de futuro para o país”, ressalta.
O editor-chefe do Estado da Arte e responsável pela apresentação da obra, Eduardo Wolf, diz que “Vinícius Müller acertadamente recusou o ilusório do extremismo, aceitou o desafio do complexo tempo que nos coube viver e encontrou o caminho do meio”.
“Um exemplo nada óbvio disso o leitor encontrará no artigo ‘Pelo fim da ética do enfrentamento’, em que Müller fornece com discreta convicção sua aposta: ‘falta-nos a construção de uma ética que nos reorganize’”, diz Wolf. Ele também vai participar do debate online de lançamento do livro.
“Caminho incontornável”
Segundo o editor, o historiador não recorre a uma grande doutrina política vista como salvadora. “Não passa lições acerca do mercado ou das relações produtivas para ordenar em novos princípios as sociedades humanas; nada disso: é de um novo modo de valorar nossa relação com o outro que precisamos, e repassar a experiência histórica é caminho incontornável”, afirma.
Na avaliação do antropólogo e professor da Universidade de Campinas (Unicamp) Rodrigo Toniol, os 46 ensaios que compõem o livro não carregam as marcas das análises de conjuntura, apesar de refletirem o presente. “Inclusive, talvez esta seja a razão pela qual muitos dos textos aqui incluídos tenham antecipado debates que apenas meses ou anos mais tarde tenham ganhado fôlego no debate público mais amplo”, diz.
“Este é um livro que nos faz olhar para os ecos da história de um país em vertigem. Certamente isso não desfaz a gravidade dos fatos, mas é capaz de transformar o modo como nos relacionamos com eles”, assevera Toniol.
Além de dividir seu tempo com aulas e palestras, Vinícius Müller também é autor de “Educação básica, financiamento e autonomia regional: Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul” (Alameda, 280 páginas).Serviço
Lançamento virtual de livro
Título: A História como presente: 46 pequenos ensaios sobre a História, seus caminhos e meios” (Vinícius Müller)
Data: 6/8/2021
Horário: das 19h às 20h30
Onde: Portal, página no Facebook e canal no Youtube da Fundação Astrojildo Pereira (FAP)
Realização: Fundação Astrojildo PereiraLeia também:
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Webinário destaca “A hora da estrela”, baseado em obra de Clarice Lispector
Dirigido por Suzana Amaral, longa será debatido em evento on-line em pré-celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna
Cleomar Almeida, da equipe da FAP
Considerado um dos clássicos do cinema brasileiro, o filme “A hora da estrela”, o primeiro longa-metragem dirigido por Suzana Amaral, ainda mantém vivo na memória o roteiro baseado na adaptação do romance homônimo de Clarice Lispector. O filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, em 2015.
Assista ao vivo!
O longa será exibido e discutido em evento online será debatido nesta quinta-feira (5/8) em mais um evento do ciclo de webinars da Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em pré-celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna, marcado para o ano que vem. A transmissão será realizada, a partir das 17 horas, no portal da entidade e redes sociais (Facebook e Youtube).
O filme conta a história de Macabéa, uma nordestina de 19 anos, semianalfabeta. Orfã de pai, mãe e da tia que a criou, vai para São Paulo ser datilógrafa e morar numa pensão junto de outras três mulheres. Tem uma vida sem muitas emoções, pois é indiferente a elas.
Macabéa conhece o nordestino Olímpico de Jesus, um operário metalúrgico, e os dois começam a namorar. Porém a relação não se sustenta, e Olímpico acaba trocando Macabéa, a quem chama de “cabelo na sopa”, por Glória, colega de trabalho da ex-namorada, que, por recomendação de sua cartomante, rouba o namorado de Macabéa.
Glória, então, recomenda-lhe sua cartomante, para que se sinta melhor, e Macabéa decide ir. A cartomante diz à garota que sua vida irá mudar repentinamente: seu ex-namorado a pedirá de volta, ela ganhará uma grande fortuna e se casará com um gringo lindo que se apaixonará por ela. Macabéa fica entusiasmada, mas quando sai na rua é atropelada por uma Mercedes e morre.
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O filme também foi escolhido pela Embrafilme para representar o Brasil no Óscar de melhor filme estrangeiro em 1986, mas não chegou a ser indicado. Além disso, foi resenhado na nona coletânea de resenhas de filmes da crítica de cinema Pauline Kael, Hooked, onde ela o elogia, principalmente a atuação de Marcélia Cartaxo.
"O filme chega até você, e a imagem da Macabéia de Marcélia Cartaxo é o que o faz - a terrível solidão dessa mulher em massa, esse nada de mulher que você não notaria na rua. Umberto D. representava todos os velhos orgulhosos e zangados que não podiam viver de suas pensões, mas ele também era - seu próprio velho teimoso”, analisou Pauline.
De acordo com a crítica de cinema, Macabéa é ela mesma em seus momentos de contentamento. “Sorri serenamente ao comemorar seu domingo com um passeio de metrô. É o triunfo do diretor que essa garota se afaste dela. Entorpecida como está, ela está tão viva quanto Suzana Amaral ou você ou eu, e mais misteriosamente”, ressaltou.
Ciclo de Debates sobre Centenário da Semana de Arte Moderna
12º online da série | Modernismo, cinema, literatura e arquitetura.
Webinário sobre o filme A hora da estrela, de Suzana Amaral
Dia: 5/8/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
FAP e Cidadania formam 289 líderes em gestão pública no país
Curso on-line Gestão Cidadã continua disponível para os interessados, com aulas na plataforma Somos Cidadania
Cleomar Almeida, da equipe da FAP
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, disse neste sábado (31/7), durante a formatura do curso Gestão Cidadã, que a formação política dos primeiros 289 líderes de todos os estados e o Distrito Federal atesta a “responsabilidade na utilização dos recursos públicos” e o compromisso “fundamental para o processo democrático brasileiro”. O coordenador do curso, ex-prefeito de Vitória (ES) Luciano Rezende, destacou que essa é mais uma etapa para que o país avance, já que, segundo ele, “o Brasil precisa de líderes políticos capacitados”.
Realizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em parceria com o Cidadania, o curso teve aulas telepresenciais e 1.236 inscritos até o momento. Desse total, 70% são filiados ao partido e 30%, simpatizantes. Além disso, a capacitação de líderes também teve 61% de mulheres, o que, segundo a organização, mostra o compromisso com a paridade de gênero, com o potencial aumento delas na política. Os certificados serão enviados a todos os demais inscritos, assim que concluírem a capacitação.
O curso, que recebeu nota 9,4 dos alunos, continua disponível, para os interessados, na plataforma Somos Cidadania, com acesso totalmente on-line e gratuito. Os estados que tiveram o maior número de inscritos foram Roraima (145), Minas Gerais (104), Rio de Janeiro (99) e Paraná (74).
Coletividade
De acordo com o presidente nacional do Cidadania, o curso comprova que o partido e a FAP estão cumprindo com o seu dever no uso de recursos públicos. “A legislação definiu que os partidos deveriam ter organização, fundação ou instituto que fosse dedicado à formação profissional, política, de liderança e gestão pública, como este que estamos fazendo para justificar, concretamente, essa atuação recebendo recursos da coletividade”, observou.
O curso, na prática, segundo Freire, além de formar líderes, mostra a preocupação da FAP e do Cidadania não apenas com filiados ao partido, mas também com todos os interessados que queiram ter formação e qualificação e se prepararem para suas atividades. “É o cumprimento da nossa função. Nossos objetivos estão sendo atendidos. Quero parabenizar a todos que participaram”, ressaltou o presidente nacional da sigla.
O coordenador do curso, que também é presidente do Conselho Curador da FAP, destacou que a primeira fase do curso, com os alunos já formados, “foi um sucesso total”. Segundo ele, a participação de pessoas que também não são filiadas ao Cidadania comprova “o caráter amplo e cívico” da formação de líderes.
Nova política X Boa política
Rezende aproveitou para explicar a diferença de nova política, que, para ele, carrega dois preconceitos, e boa política, na qual se baseia o curso de formação da FAP em parceria com o Cidadania. “O termo nova política não define, com precisão, o que o Brasil precisa, porque traz dois preconceitos embutidos. O primeiro é o de que tudo que é novo é bom. O segundo é o de que tudo que é velho é ruim”, comparou.
“Mas estamos cansados de ver lideranças novas que decepcionam, e, por outro lado, há governantes com longas carreiras que nos orgulham. A boa política se faz com comprometimento. Sem ele, não tem como fazer algum projeto que envolva decisões importantes”, destacou o ex-prefeito de Vitória por dois mandatos e que terminou o governo com alta popularidade. Ele acrescentou que “a capacitação é um processo permanente e contínuo”.
Diretor-geral da FAP, sociólogo e consultor do Senado, Caetano Araújo parabenizou todos os concluintes do curso, assim como o fez os demais integrantes da mesa, oficialmente. “Concluir um curso desta qualidade e extensão é um feito que deve ser bastante apreciado e valorizado”, reconheceu ele, ressaltando que um dos maiores compromissos da fundação é fortalecer a trajetória de educação a distância.
“Grande parte do sucesso deste curso se deve à experiência acumulada em gestões anteriores. O alto nível alcançado se deve, além disso, à coordenação competente do Luciano, à qualidade dos professores e ao intenso trabalho de toda a equipe da FAP envolvida neste projeto. Nossos cursos não vão parar por aqui. Neste próximo semestre, vamos fazer novos cursos e, no próximo ano, mais ainda”, adiantou.
Resultados
Idealizador do projeto pedagógico do curso, advogado, doutor em Direito do Estado e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Marco Marrafon, que também é diretor executivo da FAP, disse que, com a formação de líderes, o curso cumpre seu objetivo de atender à crescente demanda por resultados na gestão pública.
“Especialmente em tempos tão obscuros e difíceis, a principal demanda da sociedade hoje é por resultados. Os arroubos autoritários estão destruindo nossa democracia. Também é preciso que as instituições cumpram o seu dever de funcionar melhor para o bom aprimoramento da democracia”, disse Marrafon. “Com esta formatura, o Cidadania mostra que, para além da polarização, está preocupado em melhorar a vida das pessoas, concretamente. A democracia e as instituições precisam funcionar”, asseverou.
Em vídeo enviado aos concluintes, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), uma das maiores críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), parabenizou todos os envolvidos no curso e, principalmente, as novas lideranças. “Reconheço muito a importância desse curso que está sendo destinado à capacitação de futuras lideranças, com a finalidade de aprimorar o padrão da administração pública”, acentuou.
A parlamentar destacou, especialmente, o índice de participação de mulheres na formação a distância. “As dificuldades que a mulher enfrenta na política acabam sendo um combustível para mim. Para todas nós, aliás. Não desista, persista, o lugar da mulher também é na política. O lugar da mulher é onde ela quiser”, afirmou, antes de parabenizar os homens que também concluíram o curso.
Continuidade
Ex-diretor-geral da FAP, jornalista e colunista político, Luiz Carlos Azedo demonstrou muito orgulho e felicidade ao dizer que o curso é a continuidade de uma política de formação iniciada na gestão anterior à dele, que terminou em 2020. Durante a gestão de Azedo, a fundação realizou os cursos Jornada da Cidadania e Jornada da Vitória, com participação de alunos de todo o país.
Passo a passo para sua inscrição no curso Gestão Cidadã
Cidadão digital terá agenda própria, não precisará da mídia para se informar
Aylê-Salassié Filgueiras Quintão / Democracia Política e novo Reformismo
A perda da exclusividade para construir a agenda diária da sociedade pode ser um dos próximos desafios da mídia. Os cidadãos parecem recorrer cada vez mais à informação digital para conhecer o estágio da pandemia, saber o que está acontecendo nos Jogos Olímpicos, ou sobre o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso. A informação digital é imediata e franca, sem a interferência de empresas de marketing, de correntes ideológicas ou de manuais de redação orientando a produção da notícia.
A prerrogativa de privatização da informação sobre eventos públicos, inclusive de imagens, apropriada empresarialmente, tem sido silenciosamente desqualificada pela ação do cidadão comum. A televisão vem resistindo por causa do confinamento generalizado. As tiragens dos jornais caem sistematicamente e o rádio parece até que deixou de existir.
O novo concorrente desse jornalismo batizado como profissional é a "cobertura alternativa digital” - o cidadão comum transmitindo direta e naturalmente a informação pelos meios domésticos (celular), como se estivesse contando um caso numa roda de amigos. É mais que isso: é o acesso livre à informação. Entende-se que a informação jornalística é cheia de vícios.
Até os Jogos Olímpicos de Atenas (2004), a cobertura jornalística era feita única e exclusivamente pelos meios de comunicação convencionais que, monopolisticamente, adquiriam os direitos de transmissão e os revendiam para outras empresas de mídia. O credenciamento de um repórter custava US$ 1.000. Na Grécia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) aceitou credenciar, pela primeira vez, a mídia digital, sob intensa resistência da mídia convencional. Na esteira da flexibilização, a Universidade Católica de Brasília (UCB) inaugurou, com estudantes de jornalismo, uma cobertura jornalística alternativa, puramente pedagógica.
Como os estudantes da Católica não tinham aquele dinheiro, nem a sua cobertura ameaçava a hegemonia da grande mídia, os projetos ganharam credenciamentos para a cobertura alternativa. A experiência ainda foi analógica. Contava com o apoio do jornal Correio Braziliense, da TV Record, da Radiobras e de mais onze jornais de sete Estados. Mas, na Grécia, os irmãos maristas, que acolheram o grupo de Brasília, haviam montado, no colégio Lyceé Patyssia, para os estudantes da Católica, um laboratório digital. Ali foram editadas matérias exclusivas que chegaram a ser reproduzidas pelas grandes empresas de mídia do Brasil. A experiência mereceu atenção da própria mídia helênica.
Os feitos foram repetidos em Pequim (2008), com o Jornal de Brasília e uma janela aberta pela Radiobras na sua página para a informação alternativa digital. Já nos Jogos de Londres (2012), os estudantes, ligados ao projeto LondonBridge, fizeram uma cobertura totalmente digitalizada. A reprodução do material foi ampla, e perdeu-se o controle.
Agora, nos Jogos de Tóquio os alternativos estão na rua, nas redes, dentro dos estádios, nos alojamentos dos atletas, nos restaurantes, nos bares e até, clandestinos, nos vestiários captando imagens prévias, descrevendo o ambiente e a tensão dos atletas antes das provas. O aparato de segurança não consegue controlar a ação do que chamaria de “repórteres cidadãos digitais” (RCD), cujas matérias não entram na televisão das grandes empresas, mas alcançam os telefones celulares de milhares e milhões mesmo em qualquer lugar no mundo.
Na cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio, no dia 23 de julho, no Estádio Olímpico de Tóquio, apareceu por lá um jovem dos seus 20 a 25 anos, munido de um equipamento mínimo, propondo-se a fazer uma cobertura alternativa para ele mesmo, como se fosse um profissional. Não teve polícia que o interrompesse. Logo alcançou uma audiência de 20 mil seguidores. Era um brasileiro.
Ele registrou os protestos comunitários contra a realização dos Jogos no Japão por causa da pandemia, reprimidos como se fosse uma rebelião. A mídia estava do lado de dentro do estádio, assistindo ao desfile das delegações. A cobertura alternativa externa era transmitida via internet e se reproduzia naturalmente em rede. Os compartilhamentos traziam também informações fornecidas pela audiência presente aos eventos.
Eu e meu colega, professor Paulo Trindade, cobrimos os Jogos de Atenas, Pequim e Londres. Neste último a cobertura já era totalmente digital. Conseguir o credenciamento em Londres foi muito difícil, porque, renitentes, os coordenadores de mídia exigiam nomes de empresas, equipamentos à mostra e registros profissionais. Eram todos universitários. Faziam parte de um projeto pedagógico. O COI não reconhece a categoria. Mas o grupo era de alto nível: dominava não apenas as novas tecnologias, como falava línguas, alguns com a precisão dos nativos.
Em Atenas, chegamos ao cúmulo de ter uma âncora digital, holográfica (Atena Politeia), que falava dezenas de idiomas. Descobrimos, ainda aqui, na Universidade, que o domínio das novas tecnologias, o conhecimento da cultura olímpica e o falar línguas estrangeiras eram fundamentais para o relacionamento olímpico. Nosso grupo falava e escrevia em seis idiomas. Para ir a Atenas, passou-se um ano estudando grego moderno, francês e inglês. O mesmo aconteceu em relação a Pequim. Estudamos o mandarim. Em Tóquio, assisti, semana passada, pela internet, um rapaz noticiando sozinho, em seis línguas, para canais de tv estrangeiros.
As grandes empresas de mídia que vivem de privatizar a informação pública estão preocupadas. Ambiguamente, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) realiza, neste momento, um congresso nacional, no qual pede a taxação das grandes plataformas digitais e a criação de um Fundo de Apoio para a atividade jornalística, mantido por um imposto especial. Ao mesmo tempo, preocupa-se em configurar uma Plataforma Mundial de Jornalismo de Qualidade.
A resposta às verdades atravessadas no jornalismo pelas fake news, pelos interesses privados e políticos sobre questões essencialmente públicas, está sendo dada pela cobertura alternativa digital. Difícil interromper este processo. Já foi dada a largada. Construído pela população, no pós-Covid, o mundo poderá ter outra configuração cultural a partir desta cidadania.
*Jornalista e professor
Fonte: Democracia Política e novo Reformismo
https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/08/ayle-salassie-filgueiras-quintao.html
Generais negros do Exército são relembrados em obra de ex-militar hoje jornalista
Livro tem tido boa recepção entre as Forças Armadas e estabelece uma interlocução com o debate racial
João Gabriel Telles / Folha de S. Paulo
Numa baixada margeada por um pequeno rio, a mata do Kamba’Race, entre os municípios de Nioaque e Jardim, em Mato Grosso do Sul, foi palco de um massacre.
Durante a Guerra do Paraguai, em maio de 1867, a tropa do Exército brasileiro sob o comando do coronel Carlos Alberto Camisão bateu em retirada, abandonando 135 soldados acometidos por cólera. Depois da chacina promovida pelo Exército inimigo, sobraram só três soldados brasileiros, além da fama de mal assombrado que se abateu sobre aquele lugar, onde até hoje se ouvem os gemidos dos homens ali sacrificados, segundo o relato de moradores de Jardim.
O nome “Kamba’Race”, que em guarani significa “lamento negro”, se deve ao considerável contingente de soldados afrodescendentes nas tropas brasileiras, muitos dos quais eram escravizados que foram libertos para servir ao Exército no conflito. O episódio inspirou o jornalista e ex-militar Sionei Leão a escrever o livro “Kamba’Race: Afrodescendências no Exército Brasileiro”, que faz uma reconstituição histórica da contribuição de negros na instiuição miltar, destacando a biografia de 11 desses homens que chegaram à posição de general ao longo da história.
Quando prestava serviços militares em Campo Grande, Leão avistou um quadro na sede do Comando Militar do Oeste em que, entre ex-comandantes brancos, havia um homem negro. Era João Baptista de Mattos, o segundo afrodescendente a chegar ao generalato. Um dos mais famosos e celebrados militares da instituição, segundo o autor, Mattos teve origem humilde, sendo neto de mulher escravizada pelo Visconde de Taunay, que participou do episódio do Kamba’Race como jovem tenente. Foi a inspiração para o início das pesquisas de Leão.
Resultado de duas décadas de trabalho, o estudo surgiu a partir de uma monografia de pós-graduação finalizada em 2000, que se transformou em documentário em 2006 e neste ano foi publicado em livro pela editora da Fundação Cultural Astrojildo Pereira.
Assista ao webinário de lançamento do livro “Kamba’Race: Afrodescendências no Exército Brasileiro”
“Eu escrevi para valorizar a população negra, para mostrar heróis e reconhecer as carreiras dos generais e oficiais negros”, afirma Leão, que espera que a obra sirva de ponto de interlocução entre o Exército brasileiro e o debate racial.
O autor, no entanto, não conseguiu conciliar as duas atividades em sua própria carreira. Recrutado para as Forças Armadas em 1984, Sionei Leão chegou ao posto de terceiro sargento e serviu ao Exército em Campinas, no interior paulista, Salvador e Campo Grande, onde conheceu o Trabalho e Estudos Zumbi, o TEZ, movimento social de militância antirracista. “Participar do grupo me abriu perspectivas que me entusiasmaram muito. Foi transformador para mim. Inicialmente eu achava que não haveria problema em continuar sendo militar.”
Embora a organização não estivesse formalmente ligada a algum partido, Leão foi repreendido pelas Forças Armadas sob a acusação de participar de atividades político-partidárias. “Eu fiquei numa situação em que ou eu abria mão de participar do movimento social ou eu deixava a carreira militar, que foi o que fiz”, diz ele.
Afirmando ser grato ao Exército, Leão diz que foi com o salário dos tempos de sargento que começou os estudos em jornalismo, atividade à qual se dedica atualmente em Brasília, além de integrar o Grupo TEZ e a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal.
Em seu livro, Leão não discute o racismo, ainda que reconheça a pequena representatividade de negros nos altos postos da instituição.
Presença de generais negros no Exército Brasileiro
Segundo Sionei Leão, na visão dos militares, o debate racial é uma “coisa de esquerda”, o que inviabiliza a discussão do assunto. “O Exército tem vários méritos e os poderia apresentar. Quantas pessoas sabem, por exemplo, que a abolição teve uma atuação importante do Exército? Isso passa uma imagem positiva à população.”
O autor continua na tentativa de dialogar com o Exército sobre a questão racial. Na sua avaliação, seria pretensioso acreditar que o livro possa aprimorar a instituição, mas diz que a obra tem tido boa recepção e até elogios entre os militares, inclusive um em forma de cartão oficial, com a marca da Presidência da República, assinado pelo vice-presidente e general da reserva Hamilton Mourão.
KAMBA’RACE: AFRODESCENDÊNCIAS NO EXÉRCITO BRASILEIRO
Preço R$ 60 (168 págs.)
Autor Sionei Ricardo Leão
Editora Fundação Astrojildo Pereira
Fonte:
Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2021/08/generais-negros-do-exercito-sao-relembrados-em-obra-de-ex-militar-hoje-jornalista.shtml
Carlos Marchi diz que pandemia inibe manifestações pelo impeachment
Jornalista e escritor analisa, em artigo na revista Política Democrática online de julho, reflexo da pandemia na mobilização de Bolsonaro
O jornalista e escritor Carlos Marchi diz que “multidões estariam ocupando as ruas pedindo pelo impeachment se não fosse a ameaça do coronavírus”. Ele publicou artigo na revista Política Democrática online de julho (33ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília.
Clique aqui e confira a revista Política Democrática Online de julho (33ª edição)
Todos os conteúdos da revista mensal da FAP podem ser acessados, gratuitamente, na versão flip da revista, de forma gratuita. Segundo o autor, o presidente de Jair Bolsonaro (sem partido) sustenta seu negacionismo e mobilização nas ruas justamente porque seus opositores não podem fazer o mesmo sem se contradizerem.
É assim que, ainda de acordo com o autor, o presidente tem mantido seu emprego e pensado em reeleição no ano de 2022. “Afinal, ele e Lula, à frente nas pesquisas, são antípodas só de mentirinha; na verdade, são mutuamente convergentes na polarização. Um retroalimenta o outro”, analisa.
Em outras palavras, segundo o texto, Lula não seria melhor ou pior que Bolsonaro. “Os antípodas não são antípodas”.
Ainda sobre as eleições, Marchi volta a mencionar como Lula parece ser o único a vencer Bolsonaro, sua rejeição arrefece, pois, segundo ele, muita gente que não votaria nele contra qualquer outro candidato muda de ideia nesse quadro e acaba votando, para “evitar o pior”.
“As grandes manifestações de rua sempre impõem alguma mudança de rumo ao país”, diz o texto. O autor cita, por exemplo, a manifestação de 1904, as greves de 1917, a grande marcha civilista de 1937 e a Passeata dos Cem Mil, em junho de 1968, que enfraqueceu a ditadura militar.
O impeachment de Collor, o qual foi turbinado pelas ruas, serve de base para o jornalista e escritor afirmar que as ruas podem mudar o rumo da sucessão. Porém, segundo o jornalista, o que interessa a Bolsonaro e Lula é a polarização, não as ruas cheias.
Confira todos os autores da 33ª edição da revista Política Democrática online
Na revista Política Democrática online de julho, os internautas também podem conferir entrevista exclusiva com a jurista Eliana Calmon e reportagem especial sobre a fome, que no país e no restante do mundo, pode matar 11 pessoas a cada minuto, até o final deste ano, no planeta, caso nada seja feito, segundo relatório da organização internacional Oxfam. A revista mensal Política Democrática online de julho também traz artigos sobre políticas nacional e externa, economia, meio ambiente e cinema.
Além do diretor-geral da FAP, Caetano Araújo, o escritor Francisco Almeida e o ensaísta Luiz Sérgio Henriques compõem o conselho editorial da revista.
Jornalista Henrique Brandão homenageia o sambista Nelson Sargento
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Clique aqui e veja todas as edições da revista Política Democrática online!
Curso Gestão Cidadã: Fundação celebra conclusão da primeira turma
Evento online contou com a participação do presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire; o presidente do Conselho Curador da FAP e coordenador do curso Gestão Cidadã, Luciano Rezende e do diretor-geral da FAP, Caetano Araújo
A solenidade de conclusão da primeira turma do curso Gestão Cidadã foi realizada por meio do aplicativo Zoom a partir das 11h deste sábado (31/07), com transmissão na página da FAP no Facebook e no canal da entidade no Youtube.
Além de alunos dos 26 estados e do Distrito Federal, participaram do evento virtual o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire; o presidente do Conselho Curador da FAP e coordenador do curso Gestão Cidadã, Luciano Rezende; o diretor-geral da FAP, Caetano Araújo; e Marco Marrafon, um dos professores mais bem avaliados pelos estudantes.
A formatura On-line também teve a participação especial da Senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que pabenizou os formandos por meio de uma mensagem em vídeo (veja no link abaixo).
TV FAP | Homenagem da senadora Eliziane Gama aos concluintes do curso Gestão Cidadã
Cerca de 300 alunos já concluíram o curso Gestão Cidadã, destinado à formação política on-line e gratuita de novos líderes, prefeitos, vereadores e demais gestores filiados ao Cidadania, segundo levantamento preliminar. Confira, no link abaixo, alguns depoimentos de alunos do curso.
TV FAP | Depoimentos de concluintes da 1ª turma do curso Gestão Cidadã
A capacitação continua disponível na plataforma de educação a distância Somos Cidadania, lançada em maio.
Confira, abaixo, o vídeo da transmissão da cerimônia virtual de formatura da primeira turma do curso.
Para mais informações sobre o curso, uma equipe está à disposição para sanar dúvidas ou repassar mais informações por meio do WhatsApp (61 9 8279-3005). (Clique no número para abrir o WhatsApp Web).
TV FAP | Homenagem da senadora Eliziane Gama aos concluintes do curso Gestão Cidadã
TV FAP | Depoimentos de concluintes da 1ª turma do curso Gestão Cidadã
Curso Gestão Cidadã terá formatura on-line neste sábado (31/7)
Curso online Gestão Cidadã supera marca de 1 mil inscritos
Inscrições abertas: curso Gestão Cidadã reúne time de professores de alto nível
FAP, em parceria com Cidadania, lança curso de capacitação Gestão Cidadã
Gestão Cidadã é tema de podcast da Fundação Astrojildo Pereira
Entrevista com Dina Lida Kinoshita
Confira a entrevista com Dina Lida Kinoshita para o evento virtual “Os judeus comunistas na história brasileira”, realizado ontem (29/7) pela Fundação Asatrojildo Pereira (FAP) e mediado pelo economista Sérgio Besserman Vianna. O debate virtual faz parte da série de eventos on-line da Fundação em pré-celebração do centenário do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e teve transmissão em tempo real no portal da FAP, na página da entidade no Facebook e no canal dela no Youtube.
Especial: Pedro da Luz analisa a arquitetura na Semana de 22
Professor da Universidade Federal Fluminense explica as lições do modernismo para a arquitetura contemporânea
João Rodrigues, da equipe da FAP
A Semana de Arte Moderna, que completa 100 anos em 2022, teve entre os seus marcos a influência para a arquitetura brasileira. O movimento pregava a expressão do nacional de forma autônoma e independente dos ideais europeus. Apesar da pouca importância da arquitetura na Semana, a transformação do modo de entender a arte marcou a nossa arquitetura e segue presente até os dias de hoje.
Para analisar a importância da arquitetura na Semana de 22, conversamos com o professor Pedro da Luz Moreira, docente e vice-coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense. Em 2015, Pedro da Luz assumiu a presidência do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), departamento do Rio de Janeiro, tendo sido reeleito no ano de 2017 para o triênio até 2019. É pesquisador da influência da Semana de 22 na arquitetura brasileira.
Ouça o podcast!
O episódio conta com áudios extraídos do Youtube do canal Toda Matéria, canção de Guiomar Novaes - Chopin: Ballade in F minor, opus 52, n°4, História da Arquitetura com Bruno Perenha e depoimentos de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer para o documentário Arquitetura Moderna no Brasil, realizado pelo IAB e Fundação Bienal de São Paulo, em 1985.
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O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube, Google Podcasts, Ancora, RadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues. A edição-executiva é de Renato Ferraz.
Ameaça de golpe militar: General nega envolvimento das Forças Armadas
Francisco Mamede de Brito Filho, que participa de webinar organizado pela FAP nesta sexta (30), a partir das 16h, diz não ver riscos de os militares reagirem se Bolsonaro perder a eleição em 2022
Cleomar Almeida, da equipe da FAP
O general da reserva do Exército Francisco Mamede de Brito Filho, de 59 anos, 40 deles na ativa, diz não ver risco de as Forças Armadas serem usadas em reação ao resultado das urnas diante de uma possível derrota do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em 2022. Francisco, que também foi chefe de gabinete do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) nos quatro primeiros meses do atual governo, vai participar de evento online sobre o tema A questão militar: do Império aos nossos dias. O webinar será sexta-feira (30/7), a partir das 16h.
Assista ao vivo!
Coordenado pelo professor Hamilton Garcia de Lima, o evento será realizado pela FAP e também terá a participação do professor de história José Murilo de Carvalho e do ex-ministro da Defesa Raul Jungmann. O webinar terá transmissão em tempo real no portal e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade.
“É inimaginável achar que as Forças Armadas vão ser empregadas em favor de um posicionamento ou de um chefe de governo contrário ao parecer das urnas e do próprio presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Isso seria uma ruptura institucional grave”, afirma, em entrevista ao portal da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília.
Desprestígio
Ex-instrutor da Escola de Comando e Estado Maior do Exército (Ecme) e ex-chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Nordeste, o general explica que “a questão militar é um fato histórico pontual”. Segundo ele, está relacionada ao desprestígio da categoria de maneira geral, por causa da questão salarial, e à legislação leniente.
“Os fatores ali presentes na questão militar vão se replicar em outras situações de ruptura, além da República, como na Revolução de 30, no Estado Novo e no movimento de 1964”, analisa ele.
O conjunto de leis, por exemplo, de acordo com o general, ainda é leniente por não estabelecer limites para a participação política do segmento militar. “Era de se esperar que o Estado propusesse mecanismo de controle para se evitar interferências políticas”, ressalta.
“Controle não é, simplesmente, ter arcabouço legal que venha impor restrições”, explica. “Mas é preciso reconhecer que a despolitização ocorre, principalmente, por meio de legislação que coíba situações que favoreçam a politização”, acrescenta.
Caso Pazuello
Além disso, ele chamou de “obscura” a razão que levou à absolvição do general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Em junho deste ano, o colega de corporação se livrou de punição administrativa após discursar em ato político em defesa de Bolsonaro, apesar de regulamento disciplinar definir como transgressão a participação de militar da ativa em evento de natureza político-partidária.
“Quanto a isso, a coisa está obscura porque o comandante do Exército decretou 100 anos de sigilo sobre os motivos que o levaram a não punir Pazuello. Deve ter levado em conta algum dado que o deixou à vontade para tomar aquela decisão, mas está clara a situação transgressora, considerando os dados aos quais tive acesso”, diz Francisco.
Na avaliação do general da reserva, é preciso fortalecer ainda mais a legislação para evitar brechas interpretativas que favoreçam militares em cenários de transgressão disciplinar. “Se estamos vivendo situações que colocam a sociedade ansiosa ou com clima de confiança indesejável na democracia, é porque não tratamos bem o arcabouço legal”, assevera.
PEC
O general ressalta que um passo importante será a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa impedir que militares da ativa ocupem cargos políticos em governos.
A autora da PEC, deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), afirmou que a “sensação” é de que não se sabe mais onde termina o governo e onde começa o Exército. “É o que pode acontecer de pior para esta instituição e as demais Forças Armadas”, disse, nas redes sociais.
Pré-celebração do bicentenário da Independência
A questão militar: do Império aos nossos dias
Dia: 30/7/2021
Transmissão: a partir das 16 horas.
Onde: Portal e redes sociais (Facebook e Youtube) da Fundação Astrojildo Pereira
Realização: Fundação Astrojildo Pereira
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