cidadania
RPD || Lilia Lustosa: Sarape¹ mexicano
Ousado, Que Viva Eisenstein! veio para abalar as suscetibilidades de muitos conservadores e pseudoliberais mundo afora e libertar Sergei Eisenstein de uma vez por todas, avalia Lilia Lustosa em seu artigo
O México sempre atraiu cineastas (e) revolucionários: não à toa Luís Buñuel o adotou como segunda pátria, e Sergei Eisenstein não queria mais ir embora dali.
No início dos anos 1930, o cineasta soviético passou uma temporada no México, depois de rápida e decepcionante passagem por Hollywood, onde não conseguira desenvolver nenhum dos projetos que tinha em mente. Os Estados Unidos daquela época não estavam preparados para abraçar a alma revolucionária do diretor de A Greve (1925), O Encouraçado Potemkin (1925) e Outubro (1927). Para não perder a viagem e incentivado por Charles Chaplin, Eisenstein aceitou a proposta do escritor Upton Sinclair para rodar um filme em solo mexicano, a fim de mostrar o povo e a cultura daquele país.
¡Qué viva México! tinha orçamento inicial de US$ 25 mil, que deveria cobrir despesas de hospedagem, alimentação e transporte da pequena equipe – Eisenstein, seu assistente Grigori Aleksandrov e o cinegrafista Eduard Tisse – durante um período de três a quatro meses, quando o filme deveria estar concluído. Acontece que, em vez de quatro, a equipe soviética acabou ficando 14 meses no México, excedendo em muito o orçamento estipulado e, pior, sem conseguir finalizar o projeto. Pressionados por Sinclair e pelo próprio Stálin, que temia a deserção dos cineastas, os três tiveram de retornar para a URSS sem nenhum rolo de filme debaixo do braço. O material não-editado foi enviado diretamente para Hollywood.
¡Qué Viva México! acabou virando uma espécie de lenda no meio cinematográfico, atraindo a atenção de historiadores, cinéfilos e cineastas do mundo inteiro. Muitos foram os que tentaram reconstruí-lo. Em 1933, três versões foram lançadas, montadas por Sol Lesser, a pedido do próprio Sinclair: Thunder over Mexico, Death Day e Eisenstein in Mexico. A ideia era transformar aqueles negativos em algo minimamente comercial. Em 1940, foi a vez de Marie Seton, futura biógrafa de Eisenstein, tentar sua sorte com o Time in the Sun. Em 1958, Jay Leyda, ex-aluno do cineasta, usou o material que estava agora em posse do MoMA e montou Eisenstein’s Mexican Films: Episodes for Study, uma versão de 255 minutos. Já nos anos 70, quando os negativos finalmente voltaram para a URSS, Aleksandrov – único sobrevivente da trupe à época – montou uma versão baseada nos escritos e storyboards deixados por Eisenstein, intitulando-a ¡Qué Viva México! (1979). Outras versões foram feitas e, seguramente, outras ainda surgirão, mas essa é considerada a mais “original” de todas!
Atraída pela lenda, chegando ao México, saí (virtualmente) em busca de informações sobre a passagem de Eisenstein por aqui, tentando descobrir, quem sabe, alguma novidade sobre o dito filme. Já na primeira googleada, inteirei-me do ¡Que Viva Eisenstein! - 10 Dias que Abalaram o México (2015), do diretor inglês Peter Greenaway. Uma ficção barroca que pinta com diferentes matizes os dias que o cineasta soviético passou em Guanajuato, cidade localizada a 350 km da Cidade do México. Reza a lenda que foi ali que ele assumiu sua homossexualidade, ao conhecer o intelectual mexicano Palomino Cañedo, que lhe servia de guia. E é exatamente aí que Greenaway põe a lupa, retratando as inquietações, dúvidas e descobertas do homem (mais que do cineasta) ao ter contato com a cultura mexicana mais de perto. Uma cultura que trata a morte com respeito e alegria e que teve profundo impacto na obra vindoura de Eisenstein.
Morte e sexo (vida) estão, aliás, no centro dessa história, contada de maneira nada convencional, usando e abusando de efeitos cinematográficos, com uma linguagem fragmentária, cheia de contrastes e artificialidades, e com uma montagem inquieta e plena de rupturas. Trechos de filmes de Eisenstein convivem com imagens computadorizadas, câmeras digitais bailam ao som de Prokofiev, split-screens se sucedem na tela… Greenway parece ter querido colocar aqui todos os recursos disponíveis para homenagear de forma irreverente seu grande ídolo, um dos maiores cineastas de todos os tempos, um pensador da sétima arte, criador, entre outras coisas, da famosa montagem intelectual. Um grande artista que, por causa do sistema opressor da época, foi obrigado a reprimir sua sexualidade, casando-se inclusive com sua secretária para despistar as autoridades soviéticas. Autoridades cujos sucessores, até hoje, parecem ter dificuldades em aceitar a homossexualidade do cineasta, haja vista a recepção nada calorosa que ¡Que Viva Eisenstein! teve em terras de Putin.
¡Que Viva Eisenstein! é um verdadeiro “sarape mexicano” – como deveria ter sido o próprio ¡Qué Viva México! de Eisenstein (palavras dele) –, com seus contrastes escandalosos e vibrantes, “um poema sobre a vida e a morte”, um filme ousado que veio para abalar as suscetibilidades de muitos conservadores e pseudoliberais mundo afora e para libertar Eisenstein de uma vez por todas.
[1] Espécie de coberta de lã ou colcha de algodão, geralmente de cores vivas, com abertura ou não no centro para a cabeça.
RPD || José Luís Oreiro: Não, Bolsonaro não é desenvolvimentista
José Luís Oreiro questiona, em seu artigo, a análise de que o presidente Jair Bolsonaro se converteu ao desenvolvimentismo: “Trata-se de um governo sem rumo ou norte na política econômica”
Recentemente, devido à polêmica criada pela possibilidade de “flexibilização” do teto de gastos para dar espaço fiscal ao aumento do investimento público, alguns analistas da mídia e do mercado financeiro se apressaram em afirmar que o presidente da República se havia convertido ao (sic) desenvolvimentismo. Na visão desses analistas, o desenvolvimentismo seria sinônimo do velho populismo econômico latino-americano, o qual teve no ex-presidente argentino em Juan Domingo Perón seu maior expoente político. A característica fundamental, assim, do populismo/desenvolvimentismo seria a gastança desenfreada por parte do governo com o objetivo de obter resultados eleitorais de curto prazo, mas com efeitos nocivos sobre o crescimento econômico e a inflação no médio e no longo prazo.
Não tenho procuração ou interesse para defender Perón ou o peronismo de uma comparação estapafúrdia com Bolsonaro; mas, como me incluo entre os economistas desenvolvimentistas brasileiros, tentarei esclarecer, nas linhas abaixo, o que se entende por desenvolvimentismo.
O desenvolvimentismo é um sistema de pensamento econômico surgido na América Latina a partir do famoso Manifesto Latino-Americano, escrito por Raúl Prebisch por ocasião da primeira reunião da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), em 1949, em Havana, Cuba. A ideia fundamental por trás do Manifesto é que a divisão internacional do trabalho entre países exportadores de produtos primários (a periferia) e os países exportadores de produtos manufaturados (o centro) gerava padrão de desenvolvimento desigual entre essas regiões. Isso porque os produtos primários apresentavam tendência secular de queda, revertida apenas temporariamente durante os dois conflitos mundiais, ao passo que os produtos manufaturados mantinham seus preços mais ou menos estáveis ao longo do tempo. Essa deterioração dos termos de troca impunha restrições externas ao desenvolvimento econômico dos países periféricos, os quais incorriam regularmente em elevado endividamento externo e crise do balanço de pagamentos.
A solução para esse problema estrutural seria, portanto, a industrialização dos países periféricos, a qual se daria, numa primeira etapa, pela substituição de importações, a ser seguida, assim que fosse possível, pela promoção de exportações de produtos manufaturados, ou seja, pela inserção competitiva das economias latino-americanas nos mercados internacionais. O Estado teria papel importante no processo de industrialização, pois os países periféricos estão presos em uma armadilha de pobreza, em que o baixo nível de renda per capita gera, devido a uma série de falhas de mercado, uma baixa taxa de retorno para o investimento privado. Prebisch e a Cepal apoiavam, portanto, um Estado ativo que lançasse mão de todos os instrumentos de política econômica utilizados pelos países exportadores, mas dentro de uma economia de mercado, global e competitiva. Em suma, o aspecto essencial do desenvolvimentismo é a realização de uma profunda mudança na estrutura econômica dos países latino-americanos, o que incluía também reformas na estrutura fundiária, no sistema educacional e no sistema tributário com vistas a reduzir a desigualdade na distribuição de renda. Essa sempre foi vista pelos desenvolvimentistas como um obstáculo à necessária transformação estrutural da América Latina.
Como o leitor já deve ter percebido, o governo Bolsonaro não tem semelhança alguma com o pensamento desenvolvimentista. Trata-se de um governo sem rumo ou norte na política econômica cuja agenda de “reformas” tem por objetivo destruir o Estado Brasileiro e sua capacidade de ser agente indutor do processo de desenvolvimento econômico. As obras de infraestrutura que a ala militar do governo deseja realizar, por seu turno, estão centradas na construção de ferrovias para facilitar o escoamento da produção de produtos primários para a exportação; ou seja, irão apenas reforçar o caráter periférico e, portanto, dependente da economia brasileira. Não há nenhum projeto minimamente consistente para a reconstrução da indústria nacional, a qual teve sua participação na geração de empregos e no PIB da economia brasileira prematuramente reduzida nos governos tucanos e petistas. Por fim, mas não menos importante, o tratamento que o atual governo dá à área de ciência e tecnologia mostra de forma didática que o desenvolvimento econômico não é prioridade.
O leitor interessado em saber mais sobre Raúl Prebisch e o pensamento desenvolvimentista pode consultar o livro de Edgar Dosman, Raúl Prebisch (1901-1986): A construção da América Latina e do Terceiro Mundo, publicado em 2011 pela Contraponto.
*Professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB).
RPD || Henrique Brandão: Uma noite de autógrafo sem autor e livro
Jornalista, crítico de arte, ensaísta, artista plástico, cronista, dramaturgo, autor de Poema Sujo, sua obra-prima. Assim era Ferreira Gullar que, se vivo fosse, teria completado 90 anos no último mês de setembro
Quem é quem na foto - Rio de Janeiro, livraria Rubayat, 1976. De pé, da esquerda para a direita: Cacá Diegues, retrato de Ferreira Gullar, Zuenir Ventura, Tereza Aragão (mulher de Gullar), Oswaldo Loureiro, Leon Hirszman, Bete Mendes, Mary Ventura, Arnaldo Jabor, Neném Werneck de Castro, Moacir Werneck de Castro, Mario Cunha, Helena Furtado, João Saldanha, Teresa Cesário Alvim, Neusa Amaral. Sentados: Mario da Silva Brito, Mario Lago, Sergio Augusto, Antonio Pitanga, Ziraldo, Darwin Brandão e Guguta Brandão
No mês de setembro deste ano, o poeta Ferreira Gullar completaria 90 anos. Não conseguiu receber as devidas homenagens. Faleceu em dezembro de 2016, dois meses depois de completar 86 anos.
José Ribamar Ferreira, seu nome de batismo, era um homem de hábitos simples. Sua figura, no entanto, chamava atenção. Magro, com a cabeleira escorrida ao longo do rosto, o nariz adunco e as mãos expressivas – que gesticulavam sem parar enquanto falava – não passava despercebido onde quer que estivesse.
Gullar era muitos. Além de poeta, foi jornalista, crítico de arte, ensaísta, artista plástico, cronista, dramaturgo.
Participou ativamente do Concretismo e do Neoconcretismo, movimentos importantes no cenário da cultura brasileira, nos anos 1950.
Gullar entrou tarde na política. Já rompido com o Neoconcretismo, participava do Centro Popular de Cultura (CPC), ligado à União Nacional dos Estudantes (UNE), quando ocorreu o golpe de 1964. “Eu me filiei ao PCB no dia do golpe de 64. Eu queria participar da resistência a um regime que se impunha ao país pela força”. Após o fechamento da UNE, Gullar e seus companheiros do CPC fundaram o grupo Opinião, que teve grande repercussão com suas peças e shows musicais.
Após o AI-5, em 1968, o regime militar apertou o cerco. Sobrou para todo mundo que se opunha à ditadura, até mesmo para os comunistas ligados ao PCB, que não defendiam a luta armada. A essa altura, Gullar fazia parte do Comitê Cultural do PCB.
Quem avisou que a barra tinha pesado foi Leandro Konder, também membro do Comitê Cultural, com a notícia de que um companheiro havia caído e, sob tortura, entregara todo mundo. Gullar deveria se esconder, pois estava na mira da repressão.
Depois de um tempo escondido, não restou alternativa a não ser o exilio. Clandestino, Gullar seguiu para a União Soviética e, de lá, para o Chile; depois para o Peru e, por fim, para a Argentina. Triste sina: a cada país que chegava, as condições políticas, passado algum tempo, pioravam. A direita ganhava corpo na América Latina.
A Argentina era então presidida por Isabelita Perón, que, pressionada pelos Montoneros à esquerda, preferiu se aliar ao peronismo de direita. O clima se radicalizava. Com o passaporte cancelado pelo consulado brasileiro e com todo o Cone Sul sob ditaduras – além do grave quadro de esquizofrenia de seu filho no Brasil –, a angústia e o desespero tomaram conta do poeta. Gullar achou que era hora de, segundo suas palavras, “expressar num poema tudo o que ainda necessitava expressar, antes que fosse tarde demais – o poema final”.
Assim nasceu o Poema Sujo, sua obra-prima. Gullar trabalhou nele de forma visceral, de março a setembro de 1975. “Nada me fez interromper o poema. Estava entregue a ele todas as horas do dia e da noite”, registrou em Rabo de Foguete, seu livro de memórias do exílio.
Na época, Vinícius de Moraes fazia muito sucesso em Buenos Aires. Em uma das ocasiões em que esteve por lá, na casa de Augusto Boal, também exilado, Gullar leu o poema para Vinícius. “Esse poema é uma coisa muito séria. Quero levar para o Brasil e mostrar para o pessoal. Não há tempo a perder”, disse o poetinha. E assim nasceu a famosa fita, que veio na bagagem de Vinícius e, no Brasil, foi reproduzida entre os amigos.
As reuniões para ouvir o Poema Sujo se multiplicaram. O poema circulava em audiências domésticas, enquanto seu autor permanecia na Argentina, onde a situação política se deteriorava.
Foi então que um grupo de amigos resolveu fazer uma noite de lançamento do poema, sem a presença do autor e sem livro. Seria um ato político, a fim de ajudar na operação de trazer Gullar de volta ao Brasil. Em um mundo distante das redes sociais, a mobilização era feita por telefone ou no boca a boca, nas mesas de bar. Diante das circunstâncias, acabou virando um feito relevante. Várias pessoas compareceram para demonstrar solidariedade e manifestar repúdio ao regime militar.
Dessa noite de autógrafos, sem livro e sem autor, restou a fotografia feita ao fim do evento, que dá a dimensão daquele momento histórico. A trajetória política dos que aparecem na imagem ganhou rumos diferentes, após a derrocada da ditadura. Muitos, inclusive, já morreram. Mas, naquele momento, importava marcar posição contra o regime militar. De um lado, armas e repressão; de outro, um livro de poesia que ainda não existia e cujo poeta estava exilado.
A mensagem não podia ser mais clara.
*Jornalista e escritor
RPD || Gledson Vinícius: O retrato do livro revela o óbvio
Falta de políticas públicas e a deterioração que a educação e a cultura vêm sofrendo em várias esferas governamentais atingem fortemente a relação entre a sociedade e o livro
Na degradante linha do tempo obscurantista que o país tem construído nos últimos anos, somam-se novos dados desanimadores. Segundo o resultado da pesquisa Retratos da Leitura – divulgada recentemente pelo Instituto Pró-Livro (IPL) em parceria com o Itaú Cultural e o Ibope Inteligência –, o país perdeu 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019. Podemos ver em números, agora, o resultado de iniciativas esdrúxulas, como por exemplo, a censura promovida pelo prefeito Marcelo Crivella na Bienal do Rio de Janeiro, em 2019, ou a censura de livros clássicos implementada em Rondônia pelo secretário de educação Suamy Vivecanda.
Os atos de censura, nesse contexto, expressam apenas a face visível de um processo de deterioração que a educação e a cultura vêm sofrendo em várias esferas governamentais, em especial no Rio de Janeiro, durante os últimos anos. Entre os muitos exemplos de desmonte, desorganização e desinvestimento que as políticas públicas do livro, da leitura e da literatura sofreram, destaca-se a falta de compromisso com a universalização das bibliotecas escolares que deveria ter sido implementadas até maio de 2020, como proposto na Lei 12.244, de 2010.
Outro grande golpe no setor foi a interrupção no programa de distribuição de livros (PNBE), em 2015. Antes da interrupção, entre os anos de 2000 e 2014, foram quase 230 milhões de exemplares distribuídos a um custo médio de R$ 3,80/unidade. O investimento nesse período foi de R$ 891 milhões em compras. Ou seja, algo como R$ 68,5 milhões por ano na renovação dos acervos para escolas de todos os ciclos do ensino básico. O esfacelamento não se restringiu apenas no descumprimento de metas ou na redução dos investimentos financeiros. O processo atingiu a fundo o setor ao extirpar grandes nomes de posições decisórias e cruciais. Recordemos a extinção do Conselho Consultivo do Plano Nacional do Livro e da Leitura e a redução do número de representantes da sociedade civil no Conselho Diretivo do plano, por iniciativa do presidente Bolsonaro e do ministro da Cidadania, Osmar Terra.
Se, por um lado, os números que a 5º pesquisa realizada pelo Pró-livros – instituição criada e mantida pelas entidades do livro Abrelivros, CBL e SNEL – nos fazem ver que a descontinuidade de políticas públicas, falta de investimento e desmobilização reverberam fortemente na relação entre a sociedade e o livro (ao ponto de mostrar uma perda de 4,6 milhões de leitores), por outro lado essa mesma pesquisa consegue também, por meio dos números, auxiliar no enfrentamento para desmontar os argumentos que a equipe econômica liderada pelo ministro da economia, Paulo Guedes, apresentou para propor a taxação dos livros em 12%.
Se para o ministro o livro é um item da elite e que essa elite não vai se importar em pagar imposto, a pesquisa aponta que para 22% dos consultados, o preço é decisivo na hora de comprar. Fica claro também que não é apenas a elite que compõe a massa de consumidores de livros. Segundo o retrato da leitura, 27 milhões dos brasileiros identificados na classe C são compradores de livros, e para essa classe é ainda mais sensível a variação de preço que a taxação imporá.
A pesquisa reforça as convicções de um dos grandes nomes da nossa literatura, o baiano Jorge Amado. Ele, que também teve forte atuação na vida política do país pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), foi responsável pela emenda constitucional que determinava a isenção de impostos sobre o papel, em 1946. Essa isenção, mais tarde, passou a valer para o livro como produto final, e, finalmente, em 1988, essa isenção ganhou garantia constitucional.
Nesse contexto em que a ciência, as pesquisas, os livros são deslegitimados em detrimento de uma visão de mundo curta e tacanha, citar Jorge Amado se mostra imperioso. Por isso, sugiro que o leitor repita em voz alta a célebre frase do pai de tantas personagens marcantes da nossa literatura: “Eu continuo firmemente pensando em modificar o mundo, e acho que a literatura tem uma grande importância”.
Nossas vozes precisam ser ouvidas.
RPD || Benito Salomão: Cenários possíveis para 2021
Problemas econômicos do país seguem reais, apesar de terem saído do debate público como se tivessem deixado de existir, avalia Benito Salomão. Desemprego avança para 13,8% e a dívida pública chega a 88,72% do PIB
Benito Salomão*
No momento em que se caminha para o final do histórico ano de 2020, surge uma falsa e perigosa sensação de normalidade: a curva de infectados pelo novo coronavírus no Brasil finalmente cedeu, a economia apresenta alguns sinais de recuperação e a possibilidade de uma segunda onda parece ser uma realidade distante. Os problemas estruturais do Brasil parecem ter desaparecido do debate público como se tivessem deixado de existir. Aos poucos, lojas, bares, restaurantes e shoppings voltam a funcionar; as pessoas retornam às suas atividades, e a pandemia, que já deixou quase 150 mil mortos e continua seu cortejo macabro, passa a ocupar apenas a lembrança das pessoas.
Os problemas econômicos, no entanto, seguem reais. Segundo o IBGE, o desemprego no semestre findado em julho avançou para 13,8% e já supera o pior momento da crise de 2014/17, com pico de 13,7% em março de 2017. Segundo os dados da Pnad Contínua, cerca de 13,1 milhões de brasileiros procuraram trabalho e não encontraram no trimestre findado em julho; outros 5,8 milhões estão no desalento. No que se refere ao PIB, parece haver alguma recuperação em curso. Entretanto, uma análise de indicadores antecedentes como o IBC-Br mostra que, até o presente momento, a recuperação não cobriu sequer a metade da perda verificada no primeiro semestre do ano.
O único indicador no Brasil que cresce acima das projeções é o da dívida pública. Entre janeiro e agosto de 2020, a dívida bruta do governo brasileiro saltou de 76,18% para 88,72% do PIB, um avanço de 12,54% em apenas oito meses. Na crise anterior, já considerada por muitos como a maior da história até então, a dívida pública brasileira havia crescido de 51,79% para 71,01% do PIB, evolução de 19,22% entre março de 2014 e novembro de 2016, porém em um prazo muito mais dilatado, de 32 meses.
Em meio a um cenário fiscal tão desolador, o governo brasileiro segue de braços cruzados; a reforma tributária parece ter saído de discussão; a reforma administrativa apresentada não tem condições de ser aprovada; e o governo aposta em trapaças contábeis para criar seu “Renda Cidadã”, fruto da obsessão pessoal do presidente da República, não uma política de mitigação da pobreza, da miséria ou da fome, mas sim como um mero instrumento de perpetuação no poder. O Renda Cidadã é o ponto de tangência entre o bolsonarismo e o petismo; ambos são capazes de lançar mão da sustentabilidade fiscal e da estabilidade macroeconômica do país em troca da formação de feudos eleitorais constituídos por programas de transferências de renda, que, se não fossem deturpados, poderiam ser importantes instrumentos de redução das desigualdades no Brasil.
Ao paralisar reformas estruturais e insistir em teses econômicas inviáveis como o Renda Cidadã e a substituição da CPMF pela desoneração da folha de pagamentos, o Brasil está construindo um rápido atalho entre a crise atual e a próxima crise. Em janeiro de 2021, o decreto legislativo de calamidade pública irá expirar. Com ele, a PEC 10/20 do Orçamento de Guerra será sustado, e a política fiscal no Brasil voltará a se enquadrar no formato institucional padrão composto por Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Teto de Gastos Públicos e Regra de Ouro. Quando isso acontecer, as despesas primárias do governo federal não poderão crescer acima de 2,13% que é a inflação findada em junho. O governo também não poderá seguir contraindo dívida para pagar despesas correntes. Um grande número de Estados e municípios que infringiram o teto legal de despesas com pessoal da LRF será obrigado a reconduzir o orçamento para os limites da Lei e vai, fatalmente, demandar socorro da União e dos Estados. Enfim, os problemas de sempre voltarão à baila.
No front monetário, o governo brasileiro terá dificuldades de continuar financiando, via títulos, a expansão das despesas públicas. Com a sustação do orçamento de guerra, os papéis emitidos pelo Tesouro não mais poderão ser adquiridos pelo Banco Central e terão que ser absorvidos exclusivamente pelo mercado. É possível esperar a elevação das taxas de juros futuras. Além disso, uma provável segunda onda da pandemia na Europa pode voltar a derrubar os mercados financeiros e causar ainda mais volatilidade na taxa de câmbio e prejuízos ao comércio internacional. Se enganam os crentes em uma recuperação robusta em 2021; o cenário econômico deve prosseguir conturbado.
* Mestre e Doutorando em Economia PPGE - UFU
RPD || Alberto Aggio: A política em tempos de pandemia
Filtro político das recomendações para o combate à pandemia do novo coronavírus desnudou as perspectivas filosóficas dos governantes, suas concepções de civilização, sua visão do presente e do futuro, avalia Alberto Aggio
Alberto Aggio*
É uma verdade relativa a que se pode deduzir da expressão “o cidadão vive no município, não no Estado ou na Federação”. A vida mudou profundamente nos últimos tempos, tornando-se cada vez mais complexa e cosmopolita. Se as fronteiras entre os países se enfraqueceram, o que dizer então dos limites meramente administrativos das cidades? A pandemia da Covid-19, que já ceifou mais de 1 milhão de vidas no mundo, é mais uma evidência da mudança. Em meio a esses trágicos resultados, ou precisamente por conta deles, teríamos pelo menos um saldo positivo desse sofrimento todo se pudéssemos assimilar a nova forma de pensar a relação do cidadão com a Pólis e, em função dela, construir uma maneira contemporânea de pensar a política no nosso tempo.
A começar pelo reconhecimento de que sobreviver à pandemia só foi possível com a adoção de parâmetros de orientação científica que transcenderam qualquer dimensão municipal. O isolamento social, primeiro, e o distanciamento social, em seguida (uso de máscaras, periódica e meticulosa higiene das mãos etc.), foram as principais orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), para tentar estancar o alastramento do vírus. Mesmo que ambas tenham sido cumpridas de maneira bastante parcial no Brasil, nossas condutas, sociais e pessoais, assemelharam-se a de inúmeros países do globo.
A contestação a essas recomendações desnudou as perspectivas filosóficas dos governantes, suas concepções de civilização, sua visão do presente e do futuro. Em uma palavra, as recomendações dos especialistas foram filtradas, em toda parte, pelo crivo da política. Não poderia ser diferente. Viver ou morrer, no contexto da pandemia, estaria assim submetido a uma orientação global e se consubstanciaria em um plano político concreto em cada país, desde o nível regional até os entes locais do território. Nesse pacote estariam iniciativas referentes à montagem de hospitais, alocação e distribuição de medicamentos e de recursos financeiros e humanos etc.
O mesmo raciocínio pode ser usado em relação à vacina contra o novo coronavírus. A produção da vacina deriva do avanço da ciência e da especialização dos cientistas em nível global e, essencialmente, da troca de informações entre eles, além do grau de evolução e especialização da economia médico-farmacêutica de cada país. Da mesma maneira, o sucesso ou o fracasso no tratamento dos pacientes contaminados pelo vírus.
Em suma, a pandemia demonstrou, de forma cabal, que as cidades não são mundos encapsulados, que vivem para si mesmas – como se algum dia houvessem sido. Nos momentos mais agudos, elas se “fecharam” e restringiram o movimento dos seus cidadãos, mas se mantiveram conectadas com o que de mais importante se fazia ao redor do mundo no enfrentamento da pandemia.
Contudo, as orientações dos especialistas não responderam de imediato às expectativas de contenção do vírus e, com o correr dos meses, foram alteradas, embora tenham sido mantidas como as referências mais seguras para enfrentar a emergência sanitária que se apresentava. Em uma palavra: elas eram insuficientes diante da complexa realidade que se instalava. Sabia-se do alcance, dos benefícios e dos limites do isolamento social confrontado com a realidade social e econômica. Se é verdade que a fala dos especialistas não poderia ser tomada de maneira absoluta, era rematada tolice vocalizar que a pandemia estava sendo politizada. Em suma, não havia sentido em pensar que as decisões quanto à pandemia estivessem fora da dimensão política.
Por ser assim, o comportamento dos principais dirigentes políticos do mundo esteve em causa no contexto pandêmico. O presidente Jair Bolsonaro notabilizou-se, dentro e fora do país, porque politizou a pandemia da forma mais equivocada possível. Desdenhou de suas consequências e principalmente dos mortos; recusou-se a colaborar com governadores e prefeitos no combate à pandemia, alegando falsamente suposta obstrução do STF; impediu a comunicação e a transparência a respeito do avanço e do combate à pandemia; e, por fim, buscou, a todo custo, “abater” politicamente seus supostos concorrentes às futuríssimas eleições presidências de 2022. Assim se comportou com dirigentes democraticamente eleitos e com ministros que ele próprio convocou como seus auxiliares.
Governadores, prefeitos e todos os cidadão ficaram a mercê de orientações conflitantes e o resultado foi a desorientação total da população, com as consequências sabidas: mais de 150 mil mortos em pouco mais de seis meses. No essencial, em relação à pandemia, Bolsonaro entregou uma política truculenta e beligerante, eivada de incompreensão e de ausência de solidariedade, além da absoluta falta de empatia para com aqueles que perderam seus entes queridos.
Se há algum saldo positivo a esperar é que os brasileiros, nas próximas eleições e nas vindouras, exerçam suas escolhas estabelecendo claramente a diferenciação entre lideranças e dirigentes políticos que se comprometeram em superar a crise e aqueles que se aproveitaram dela visando apenas seus interesses pessoais.
RPD || Reportagem especial: Destruição do Pantanal confirma desmonte de política ambiental no governo Bolsonaro
Discurso de ministros sobre boi bombeiro não sinaliza para qualquer medida eficaz de preservação do meio ambiente no país
Cleomar Almeida
Quase quatro milhões de hectares já foram destruídos por incêndios no Pantanal, a maior planície alagada do mundo, com 65% de seu território concentrados nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Além de deixar a vegetação em cinzas e o céu do país tomado por fumaça e fuligem, as queimadas são consideradas a maior da história pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o que, para especialistas, refletem o desmonte das políticas ambientais em menos de dois anos do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A dimensão exata da destruição da fauna e flora ainda é incerta diante da imensidão das queimadas que aumentam a área devastada a cada dia. A Polícia Federal suspeita que fazendeiros provocaram os incêndios criminosos para transformar a área em pasto, seguindo uma linha do próprio governo federal. Em audiência no Senado, no dia 9 deste mês, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o boi é o “bombeiro do Pantanal” e, segunda ela, as queimadas e o “desastre” na região poderiam ter sido menores se houvesse mais gado no bioma.
“O boi é o bombeiro do Pantanal, porque é ele que come aquela massa do capim, seja ele o capim nativo ou o capim plantado, que foi feita a troca. É ele que come essa massa para não deixar como este ano nós tivemos. Com a seca, a água do subsolo também baixou os níveis. Essa massa virou um material altamente combustível", afirmou Tereza Cristina. Seu discurso foi criticado por especialistas e segue na linha do que já havia sido defendido pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e por Bolsonaro.
A versão do governo não sinaliza, positivamente, para qualquer medida eficaz de preservação do meio ambiente no país. No Pantanal, animais foram carbonizados ou severamente feridos pelas chamas, que também jogaram inúmeras árvores chão abaixo e destruíram quase todo o Parque Estadual Encontro das Águas, refúgio de onças pintadas no Mato Grosso, e o famoso Ninho do Tuiuiú. Organizações não-governamentais (ONGs) e voluntários atuam para socorrer animais, enquanto brigadistas, bombeiros e integrantes da Marinha tentam combater os incêndios.
Até o dia 3 de outubro, 2.160.000 hectares já haviam sido destruídos no Pantanal mato-grossense e outros 1.817.000 hectares em Mato Grosso do Sul. O total de área devastada entre os dois estados é de 3.977.000 hectares, o que representa 26% de todo o Pantanal. Os dados são do levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) Prevfogo e do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgado no dia 6 deste mês, antes do fechamento desta edição. Toda essa área devastada equivale a quase 20 vezes o tamanho das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro juntas.
O Pantanal arde em chamas desde julho e, em menos de três meses, o Inpe identificou cerca de 16 mil focos de calor no bioma. É o maior número desde 2015, quando foram contabilizados 12.536 focos de calor. A região enfrenta a maior seca em 60 anos, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadene), e a longa estiagem faz os incêndios avançarem ainda mais. A falta de chuvas ajuda na propagação do fogo subterrâneo, o que, segundo o instituto, só poderiam ser controlados efetivamente por chuvas constantes.
Com a estiagem, a navegabilidade também fica ainda mais prejudicada na região, que carece de estradas. Para ter uma ideia, o nível do Rio Paraguai já atingiu o marco zero em régua de porto em Mato Grosso do Sul, onde o governo federal decretou estado de emergência, assim como em Mato Grosso. No entanto, de acordo com o Observatório do Clima, o Ministério do Meio Ambiente não gastou nem 1% da verba de preservação.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram, ainda, que o Pantanal sofreu redução de 50% nos registros de chuva em relação à média histórica. De acordo com o órgão, um dos principais indicadores da forte estiagem é o Rio Paraguai, que, segundo levantamento oficial, também atingiu o nível mais baixo desde os anos 1960. Além disso, técnicos reforçam a suspeita de que a propagação dos incêndios pode ter relação com o uso do fogo para fins agropecuários, utilizando-o para limpeza ou renovação da pastagem do gado.
Os efeitos devastadores dos incêndios no Pantanal têm consequências em todo o país, que vem registrando aumento das temperaturas e baixa umidade do ar nos 26 Estados e no Distrito Federal. Em algumas regiões, como no Rio Grande do Sul, já houve chuva preta, consequência da grande quantidade de fumaça das queimadas na atmosfera.
A organização não-governamental Greenpeace, que atua em defesa do meio ambiente, lamentou a destruição do Pantanal e informou, em nota, que o argumento da ministra da Agricultura sobre boi bombeiro foi “equivocado”. Disse, ainda, que o governo promoveu um desmonte na gestão ambiental, o que, conforme acrescentou, provocou as queimadas descontroladas no bioma.
“Diante de um cenário já previsto de seca severa, com focos de calor muito superiores à média desde março de 2019, não foram tomadas medidas efetivas de combate e prevenção aos incêndios, necessárias desde o primeiro semestre. Se não tivesse ocorrido um desmonte da gestão ambiental no Brasil, a situação não teria chegado a este nível de gravidade”, afirmou o Greenpeace na nota. A Presidência da República e os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente não se pronunciaram.
Comissão quer bioma no Conselho Nacional da Amazônia Legal
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começou a ser pressionado para responder a um requerimento da comissão que acompanha ações contra as queimadas no Pantanal sobre a inclusão do bioma no Conselho Nacional da Amazônia Legal pelos próximos cinco anos. Assim como ele, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foram criticados por especialistas por deferem “mito do boi-bombeiro”.
Em relação ao requerimento da comissão, o colegiado quer que o governo federal assuma sua responsabilidade e garanta uma estrutura de enfrentamento a futuras queimadas no Pantanal. A medida inclui mais recursos financeiros e estrutura logística, com aparato de combate a incêndios, como helicópteros e apoio da Força Nacional e da Defesa Civil.
A ação da comissão também poderá fazer o governo repensar sua defesa sobre o “boi bombeiro” no pantanal, que, segundo ambientalistas, é um mito. Bolsonaro e seus ministros endossam uma tese do agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Evaristo de Miranda, que é chefe da Embrapa Territorial. Em entrevista à imprensa, Miranda culpou o declínio da pecuária no Pantanal e a criação de reservas ambientais na região pelo fogo.
“Quando a pecuária declina, por razões econômicas, de competitividade, quando se retira o boi, como se retirou de grandes reservas que se criaram na região, reservas ecológicas, a RPPN [Reserva Particular do Patrimônio Natural] do Sesc Pantanal, o que acontece nesses lugares, tirando o gado e cercando? O capim cresce muito e acumula muita massa vegetal. Na hora em que pega fogo, é um fogo muito intenso”, disse ele.
Pesquisadores ouvidos pela BBC Brasil afirmaram que o gado criado solto ajuda, de fato, a reduzir a quantidade de matéria prima disponível para queima, mas, segundo eles, não é a redução na pecuária que explica os incêndios deste ano. Essa falta de correlação também é apontada em dados da Pesquisa Pecuária Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os rebanhos bovinos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul nas últimas décadas e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Além disso, o rebanho bovino no Pantanal tem aumentado nos últimos anos, ao invés de diminuir. De 1999 a 2019, segundo levantamento do projeto Mapbiomas, a cobertura de vegetação nativa no Pantanal caiu 7%, reduzindo de 13,1 milhões de hectares, para 12,2 milhões de hectares. “Já a área de pastagem exótica cresceu 64% sobre áreas naturais, passando de 1,4 milhões de hectares, para 2,3 milhões de hectares. Nesse mesmo período, o rebanho de bovinos no Pantanal aumentou 38%, de 6,9 milhões para 9,58 milhões de cabeças”, afirmou o coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), Vinícius Silgueiro, à BBC Brasil.
Cinzas de animais deixa fauna enlutada
Animais mortos pelos incêndios no Pantanal têm suas amostras coletadas por força-tarefa que busca levantar o impacto das labaredas na fauna. Animais menores, como pequenos mamíferos e serpentes, foram carbonizados facilmente em razão de terem deslocamento curto e lento. Também já foram encontradas cinzas de jacarés, onças e antas.
O Pantanal tem cerca de 2 mil espécies de plantas, 580 de aves, 280 de peixes, 174 de mamíferos, 131 de répteis e 57 de anfíbios. O número de invertebrados é desconhecido. O bioma também é refúgio para espécies ameaçadas de extinção que vivem em outras regiões. Considerando levantamentos anteriores, o projeto Bichos do Pantanal estima que entre 30% e 35% das espécies de flora e cerca de 20% de mamíferos foram atingidos pelos atuais incêndios.
Os animais de maior porte têm maior chance de fugir. Se não forem cercados pelas chamas ou queimados nas patas pelo fogo que arde por baixo da vegetação, conseguem ir para áreas úmidas ou próximas aos rios. No entanto, em áreas em que há pouca água, praticamente nenhuma espécie consegue escapar.
Além de ter representantes do projeto Bichos do Pantanal, a força-tarefa conta com apoio da ONG Panthera, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP).
Também participam dos trabalhos profissionais do Instituto Homem Pantaneiro, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), entre outras instituições. A unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Pantanal tem atuado na elaboração dos protocolos e na análise dos dados coletados.
Desigualdade socioespacial requer soluções de prefeitos, dizem especialistas
Roberto Andrés, Aldo Paviani, Marcos Magalhães, Rafael Passos e Beth Cataldo participaram de debate online da 55ª edição da revista Política Democrática impressa
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Desigualdade e exclusão socioespaciais estão diretamente relacionadas ao crescimento de tragédias ambientais e exigirão dos prefeitos eleitos soluções de reorganização das cidades para não aprofundarem, ainda mais, problemas como destruição da natureza, aumento do aquecimento global, desemprego e falta de mobilidade urbana. O alerta é de especialistas que participaram, nesta quarta-feira (14), do terceiro encontro do ciclo de debates online que integram a programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa.
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Lançada no dia 30 de setembro, a publicação foi produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em parceria com a Tema Editorial. Quatro dos cinco debatedores têm análises publicadas na nova edição da revista. Realizado para discutir meio ambiente e ocupação urbana, o evento virtual foi transmitido, ao vivo, no site e na página da FAP no Facebook, nos quais o vídeo do debate ficará disponível ao público, gratuitamente. A mediação foi realizada pelo sociólogo Caetano Araújo, diretor da entidade e professor da UnB (Universidade de Brasília)
Assista ao vídeo!
O urbanista Roberto Andrés, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e editor da revista Piseagrama, analisou o que chama de “dupla exclusão”, tema de seu artigo na revista. Segundo ele, as cidades têm o grande desafio de enfrentar a exclusão das pessoas e dos elementos naturais na organização da vida urbana.
“A exclusão se explicita com rios que foram ignorados, relegados, e com chuvas cada vez mais intensas”, afirmou Andrés, que também é integrante da Rede de Inovação Política da América Latina e revisor do Journal of Public Spaces. “É fundamental mudarmos nossas cidades se quisermos manter vidas possíveis, tanto com redução de gases [do efeito estufa] quanto para minimizar os impactos [do aquecimento global] que já estão aí”, acrescentou.
Capital federal
Professor emérito da UnB e membro do Núcleo de Estudos do Futuro e da ANE (Associação Nacional de Escritores), o geógrafo Aldo Paviani chamou atenção para o caso da capital federal, que, segundo ele, ao longo dos anos, teve organização social inversa ao modelo pensado pelos seus organizadores. “O Plano Piloto tem 43% dos postos de trabalhos [do Distrito Federal] e os melhores salários”, disse.
No entanto, de acordo com Paviani, a desigualdade é vista, nitidamente, nas 33 regiões administrativas do DF (Distrito Federal), as chamadas cidades-satélites. Elas têm 57% dos postos de trabalho da unidade federativa, mas com baixos salários. “As cidades-satélites foram construídas para moradia, e não para trabalhar e morar nelas próprias”, observou o professor da UnB, que também tem análise publicada na revista Política Democrática impressa.
Toda essa desigualdade socioespacial e econômica, segundo o geógrafo, tem nítidos reflexos no dia a dia da população. “Mais de 150 mil veículos, todo dia, fluem para o Plano Piloto. Não há lugar para estacionamento. Em dez anos, não vai ter como estacionar no Plano Piloto”, alertou ele. “É uma mobilidade intensa porque aqui o transporte público é muito precário”, asseverou.
O jornalista Marcos Magalhães, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Southampton e que escreve a coluna semanal para o site Capital Político, observou que é preciso conciliar a necessidade de fornecer moradia com bem estar e qualidade de vida. Sua apresentação seguiu na mesma linha de sua análise publicada na revista.
Em linhas gerais, Magalhães entende que o país precisa contar com setores que mais empregam para reduzir o mais rapidamente possível os efeitos econômicos e sociais da crise que já existia e se agravou depois do início da pandemia. A pressa, segundo ele, não deveria inibir um debate mais amplo sobre a questão urbana no Brasil. “Um debate que aborde, sem medo, a necessidade de conciliar os legítimos interesses do setor imobiliário com as igualmente legítimas – e urgentes – necessidades dos milhões de habitantes das cidades brasileiras”, escreveu ele, no texto.
Manifesto
Vice-presidente nacional do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), Rafael Passos ressaltou a importância do manifesto “Um projeto de cidades pós-pandemia”, que apresenta pontos fundamentais que devem ser focados com diálogo e vontade política pelos próximos prefeitos eleitos. O instituto é um dos signatários da carta, apresentada à sociedade e aos candidatos às eleições municipais por instituições de arquitetura e urbanismo do Brasil.
O documento sugere colocar as pessoas no centro das políticas, programas e projetos urbanos de curto, médio e longo prazos, priorizando o bem estar social; planejar as políticas urbanas de forma transversal, inclusiva e integrada; e viabilizar o financiamento contínuo das políticas urbanas, com recursos de diversas fontes.
Além disso, o manifesto também indica a busca por articulação territorial sempre que o orçamento e o alcance municipal não forem autossuficientes, assim como a garantia da participação popular nos processos decisórios. Para esse último ponto se viabilizar, segundo o documento, é preciso fortalecer conselhos municipais e a representatividade e equidade de seus membros, refletindo a maioria feminina nas lideranças comunitárias.
Organizadora da nova edição da revista Política Democrática impressa, a jornalista Beth Cataldo, da Tema Editorial, destacou que a transparência dos poderes públicos é fundamental para melhoria das cidades brasileiras. Além disso, ela apontou a importância da crítica e contribuições da imprensa local, que enfrenta dificuldades de orçamento e independência editorial, para direcionar, adequadamente, as decisões dos gestores.
De acordo com Beth, o jornalismo é essencial para colaborar com discussões acerca de assuntos relevantes para as cidades, como meio ambiente, planejamento e ocupação urbana. No entanto, ela citou dados sobre municípios brasileiros que sequer têm jornais independentes. Em sua avaliação, a diversidades de vozes ecoadas nas mídias digitais pode, em tese, colaborar para a sociedade ter mais pluralidade de informações e debates de assuntos que afetam a vida da população.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
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Site da FAP bate recorde de audiência com conteúdos pela democracia
Número de visitantes únicos de 2020 já quase supera o dos dois anos anteriores, juntos, de janeiro a outubro
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Focado em conteúdos em defesa da democracia, dos valores republicanos e que estimulem a reflexão crítica da sociedade, o site da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) tem consolidado ainda mais a sua audiência e aumentado número de visitantes únicos. É o que mostra levantamento do departamento de Tecnologia da instituição, divulgado nesta quarta-feira (14). Este ano, antes de findar o mês de outubro, os 201.230 visitantes únicos já representam quase o total de 2019 e 2018, juntos, no mesmo período.
Ao todo, de janeiro a outubro, os dois últimos anos somaram 205.534 visitantes únicos, também chamados de “visitantes diferentes”. Em 2019, foram 114.557 e, em 2018, 90.977, no mesmo período. Até o mês de dezembro, o ano passado totalizou 126.663 acessos únicos, e o anterior acumulou 114.996.
Comparando os 10 primeiros meses de cada ano, 2020 segue tendência de aumento da audiência, se considerada a evolução dos dois anos anteriores. De janeiro a outubro, 2019 teve 57% do total de visitantes únicos do mesmo período deste ano, enquanto 2018 registrou 45%.
As maiores quantidades de acesso geral são registradas em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Fortaleza (CE).
Conteúdos diversificados
O aumento de audiência do site da instituição está diretamente relacionado à diversidade de conteúdos publicados, diariamente, focando na pluralidade de ideias e opiniões para enriquecer debates em torno de valores democráticos e ideais republicanos. Todos têm acesso gratuito na página da FAP na internet.
A ascensão da audiência vem se consolidando, prioritariamente, pela busca de conteúdos publicados na revista mensal Política Democrática online e na revista Política Democrática impressa. Outra grande procura dos internautas é por notícias e transmissões de seminários e debates online, que, neste ano, substituíram os eventos presenciais por causa da pandemia da Covid-19.
Também há grande busca por reportagens sobre publicações da FAP, como os livros editados pela fundação ou disponíveis para empréstimo na Biblioteca Salomão Malina, mantida pela entidade, em Brasília. Além disso, internautas conseguem ler no site análises de colunistas de política e economia, reproduzidos, diariamente, com os devidos créditos.
Os conteúdos são acessados, em sua maioria, por um público altamente especializado, como pesquisadores, professores de instituições de ensino superior, consultores de mercado e demais formadores de opinião.
O que é visitante único
O visitante único representa o usuário que, através de um cookie, consegue ser identificado e contabiliza apenas um único indivíduo, mesmo que ele tenha visitado diversas páginas do site e independentemente da quantidade de vezes que usou o mesmo dispositivo – celular, tablet ou computado – para acessá-las.
É a melhor forma possível que as ferramentas de web analytics têm para mapear o mesmo visitante por toda sua navegação no site ao longo do tempo. Essa métrica serve para ter ideia de quantos visitantes diferentes acessam os conteúdos.
Visualização de páginas
A quantidade de páginas visitadas também vem apresentando aumento. Este ano, o site já acumulou, de janeiro até o dia 13 de outubro, 376.215 visualizações de páginas, o que representa um aumento de 86% em relação ao total de 2019 (202.173) e de 181% – ou quase duas vezes maior – se comparado com 2018 (133.880).
Essa métrica considera o número total de páginas visitadas em todo o site pelos internautas. Por isso, o número de pageviews sempre será superior ao número de visitas.
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Propostas serão recebidas até as 10 horas do dia 28 de outubro, na sede da instituição, em Brasília
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
A FAP (Fundação Astrojildo Pereira) lançou edital de cotação de preços para receber propostas de empresas especializadas para atualização do seu site institucional, conforme exigências do certame, com o objetivo de fortalecer a comunicação da entidade junto ao público. Documentos serão recebidos, até as 10 horas do dia 28 de outubro, na sede da instituição, em Brasília, e a vencedora será definida também com base no menor preço e melhor técnica para execução do serviço.
As propostas deverão ser entregues, pessoalmente, pelo representante credenciado ou por correio, e obedecer às exigências do edital, como apresentar, de forma detalhada, tudo o que será oferecido no site, sem qualquer margem de dúvida sobre funcionalidade, acessibilidade e disposição do sítio institucional. O certame também define que a linguagem e os conceitos utilizados nas propostas devem ser de fácil entendimento, e possíveis termos técnicos deverão ser explicados para evitar qualquer dificuldade de interpretação.
De acordo com o edital, o site da FAP deverá ser entregue com alto padrão de qualidade, sendo fácil e intuitivo para os internautas, e, ao mesmo tempo, atraente e agradável, visualmente. Além disso, deve ser planejado e estruturado, pensando sempre em usabilidade, navegabilidade e acessibilidade dos usuários, através de padrões específicos, e customizável, para alterações e criação de novas páginas internas, publicação de novos banners, fotos, vídeos e links, por exemplo.
Além de ter acesso fácil, simples e rápido, o novo site da FAP deverá ser integrado às redes sociais, como Facebook, Instagram, Twitter, Youtube e Google+, e suportar conteúdo multimídia, com textos e galerias de vídeos e fotos. Além disso, deverá apresentar página principal de forma objetiva, curta e direta, fornecendo ligações (links) com o detalhamento dos conteúdos, e possibilitar que, em qualquer ponto do website, seja possível retornar à página principal e para o topo dela com apenas um clique.
No principal menu do site, a disposição de conteúdo deverá ser de pelo menos três níveis, contendo no primeiro deles os perfis de início, revista online, política hoje, eventos, publicações, jornadas e biblioteca. As especificações de cada uma dessas partes do site estão divulgadas no edital. Todo trabalho deverá ser concluído, com o site em pleno funcionamento na web, no prazo de 60 dias após a assinatura do contrato
Filiados ao Cidadania recebem selo de candidato de qualidade em formatura da Jornada da Vitória
Roberto Freire, Cristovam Buarque, Luiz Carlos Azedo e Marco Marrafon parabenizaram os concluintes do curso a distância realizado pela FAP
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Duzentos e quinze filiados ao Cidadania receberam, nesta quinta-feira (8), o selo inédito de candidato de qualidade do partido, em formatura virtual da primeira turma da Jornada da Vitória, o curso de formação política online, interativo e com acesso gratuito, realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira). Eles foram aprovados depois de passarem por uma intensa preparação teórica e prática, com o objetivo de exercerem mandato com alto nível de excelência, caso sejam eleitos, e sempre atuarem em defesa da democracia e dos valores republicanos.
Com ampla segurança de dados, a Jornada da Vitória teve início, no dia 24 de junho, e seguiu ao longo de 14 semanas, com novos conteúdos disponibilizados aos alunos em cada uma delas. As videoaulas abordaram diversos conteúdos de extrema relevância e interesse da sociedade, como estudos de casos, marketing político, marketing digital, teoria política, direito e pensamento político brasileiro. O curso é uma continuidade da Jornada da Cidadania, também realizada pela FAP, no período de 12 de fevereiro a 15 de junho.
Assista ao vídeo da formatura!
Coordenador da Jornada da Vitória, o professor Marco Aurélio Marrafon, que também ministra disciplina de Direito e Pensamento Político na graduação, no mestrado e no doutorado em Direito da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), parabenizou todos os concluintes. Ele ressaltou que o curso foi pensado exatamente para levar as principais bases de conhecimento político, mas também oferecer uma leitura pragmática do processo político eleitoral.
“A boa política precisa vencer as eleições e precisa, ao exercer o mandato, fazer diferença com preparo e muita qualidade”, afirmou, durante o seu discurso. Segundo ele, no país marcado por polarização e ausência de debate democrático, os concluintes da Jornada da Vitória poderão ter argumentos necessários para alcançar as melhores condições de vencer debates em eleições majoritárias ou convencer o eleitor nas proporcionais.
De acordo com Marrafon, que é doutor e mestre em Direito do Estado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), com estudos doutorais (sanduíche) na Università degli Studi di ROMA TRE – Itália, a Jornada da Vitória garante as bases de um mandato de qualidade. “Estamos vivendo um período muito grave de ausência de lideranças e perigos democráticos reais”, alertou. “A política é a arte de resolver conflitos humanos e resolver os conflitos de maneira não violenta, para construir, dialeticamente, os acordos necessários para avançar politicamente”, destacou, acrescentando que o Cidadania 23 acredita em cada um dos concluintes.
Candidatos em destaque
O diretor-geral da FAP, jornalista Luiz Carlos Azedo, disse que os participantes dos dois cursos têm a dimensão exata do esforço da fundação para realizá-los com diferencial, principalmente de qualidade. Ele agradeceu, nominalmente, cada um dos profissionais da entidade, que, juntos, se empenharam pelo sucesso da formação política a distância. Ele também disse ser grato a cada um dos diretores e dirigentes do Cidadania, que se comprometeram com a formação dos concluintes. “Muitos já são candidatos e estão se destacando na campanha eleitoral”, comemorou.
Azedo ressaltou, ainda, que é preciso ter uma atuação pragmática, consciente, construtiva e permanente na política, o que, segundo ele, deve ir além da campanha eleitoral e continuar tanto entre aqueles que conseguirem se eleger quanto da parte dos que colaborarem para a eleição dos demais. Ele disse que o Cidadania é comprometido com a defesa da democracia.
“O mais importante desse curso é que a orientação dele foi no sentido de fazer vocês pensarem sempre pela própria cabeça”, afirmou. “Isso não quer dizer ser dono da verdade, mas buscar a sua própria compreensão, ter propostas, ser audacioso, liderar. A gente precisa de líderes, líderes populares, autênticos, que façam que nosso partido cresça e avance”, continuou. Ele lembrou que todas as videoaulas serão disponibilizadas para todos os interessados.
Presidente do Conselho Curador da FAP, o ex-senador Cristovam Buarque disse que todo partido deveria ser uma escola e que o bom exercício da política exige uma causa. “Quem não tiver causa não deveria entrar na política. Política não é emprego, não é ofício. É o exercício de quem tem uma causa para o seu povo, para seu país e para a humanidade inteira”, acentuou.
De acordo com Cristovam, o país precisa de muitas causas, como erradicação da pobreza, desconcentração de renda, busca por cidades pacíficas e, sobretudo, educação de qualidade. “É uma vergonha a persistência da pobreza em um país que tem riqueza, é uma vergonha ter monstrópoles em vez de metrópoles. No eixo central de tudo isso, o vetor que permite superar todos esses problemas é a educação de qualidade para todos”, afirmou.
‘Jornada da luta’
A causa educacionista, segundo o presidente do Conselho Curador, pode levar o país a ser um dos campeões mundiais em qualidade de educação de base. Ao final, ele enfatizou os parabéns aos concluintes, seus colegas de partido. “Fico feliz por estar com vocês em nosso partido”, disse. “Transformem a Jornada da Vitória na jornada da luta por um Brasil melhor. Mesmo sem vitória, a jornada é gloriosa”, sugeriu.
O presidente nacional do Cidadania 23, Roberto Freire, aproveitou o momento para ressaltar que “a política não é apenas um exercício de um mandato, mas um instrumento de mudança”, em busca de uma sociedade mais fraterna, mais solidária e menos desigual. Ele também criticou a extrema desigualdade socioeconômica no país. “Isso é, evidentemente, criminoso e nenhum de nós pode permitir que isso tenha continuidade”, criticou.
No mundo atual, marcado por intensas transformações em todos os campos, segundo Freire, é necessária uma nova sabedoria e com base teórica, compreensão do mundo e visão que ofereça condição de pensar melhor e diagnosticar uma realidade para sua mudança. “Essa representação que vocês vão buscar nestas eleições para vereador e prefeito é o primeiro grande passo que estão dando para tentar construir, no Brasil, um pensamento que se organiza com uma nova formação política”, ponderou. “O Cidadania está de parabéns porque vocês nos ofereceram isso”, completou.
Webinar da Biblioteca Salomão Malina debate desafios do novo normal cultural
Evento online tem presença confirmada de Stepan Nercessian, Zelito Viana, Paulo Souza e Will Junio, com mediação de Martin Cezar Feijó
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Desafios e estratégias no novo normal cultural serão discutidos, na próxima sexta-feira (16), das 18h30 às 20h, em webinar da Biblioteca Salomão Malina, mantida pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em Brasília. O evento online terá transmissão ao vivo pela página da biblioteca no Facebook, e interessados também podem participar diretamente da discussão por meio da sala virtual do Zoom.
A FAP faz retransmissão do evento em seu site e em sua página no Facebook. Interessados em participar pelo Zoom podem solicitar o link de acesso por meio do whatsapp oficial da biblioteca (61 984015561). O debate online abordará os principais problemas que acometem o setor cultural brasileiro, mas também apontar caminhos para superá-los.
Assista ao vivo!
Entre os debatedores com presença confirmada está o ator Stepan Nercessian. Ele ingressou na carreira artística no fim dos anos 1960. Estreou na Globo em 1971. Foi presidente do Sated-RJ (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Rio de Janeiro) e também presidente da Funarte (Fundação Nacional das Artes).
O cineasta brasileiro e diretor da Mapa Filmes, Zelito Viana, também vai discutir o assunto no webinar da Biblioteca Salomão Malina. Ele é irmão do comediante Chico Anysio e da atriz e comediante Lupe Gigliotti. Produziu e dirigiu diversos filmes e programas de TV, além de acumular premiações com Morte e Vida Severina: Margarida de Prata (Melhor Filme / CNBB) e Villa-Lobos, uma vida de paixão: Golfinho de Ouro (Governo do Estado do Rio de Janeiro).
O escritor Paulo Souza também está no time de debatedores. Por meio do seu site e canal no youtube, o escritor divulga seu trabalho como blogueiro e escritor, além de promover a literatura brasiliense. Em 2013, criou o blog e canal Ponto Para Ler, que se manteve até o início deste ano. Foi jurado do Prêmio de Literatura da Caixa Econômica Federal nas edições de 2017 e 2018.
A cultura popular também será representada no debate pelo produtor Will Júnio, responsável pela organização do Slam DéF, que reúne jovens da periferia do Distrito Federal para batalhas de poesia. Ele é poeta MC, estudioso da cultura hip hop e amante da cultura brasileira.
A mediação será realizada pelo historiador Martin Cezar Feijó, doutor em comunicação pela USP (Universidade de São Paulo) e professor de comunicação comparada na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado).
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Livro Senhor das Moscas, que aborda poder e violência, é discutido em webinar
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