Bolsonaro
El País: Mourão, o controverso general que sela a chapa puramente militar de Bolsonaro
Anúncio foi feito pelo candidato de extrema-direita do PSL em convenção em São Paulo e foi referendado pelo PRTB de Levy Fidelix
Por Afonso Benites, do El País
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) anunciou que o general da reserva do Exército Hamilton Mourão será seu candidato a vice-presidente nas eleições de 2018. Bolsonaro falou na manhã deste domingo durante a convenção estadual do PSL em São Paulo. O nome de Mourão foi referendado pela convenção nacional do PRTB horas depois. "Eles podem ter muita coisa, mas só nós temos o povo ao nosso lado. No momento, eu deixo de ser capitão. O general Mourão deixa de ser general. Nós somos agora soldados do nosso Brasil", discursou Bolsonaro.
A estimativa é que chapa Bolsonaro-Mourão tenha 14 segundos diários do tempo de propaganda de rádio e TV, sendo 8 do PSL e 6 do PRTB. Ao todo, são 25 minutos na programação que envolve todas as legendas. O fundo eleitoral dos dois juntos -- que será dividido com os concorrentes ao parlamentos federal e estadual, assim como para os Governos -- chega aos 13 milhões de reais. Todo o fundo eleitoral distribuído entre os partidos é de 1,7 bilhão de reais. É bem pouco para o líder das pesquisas em cenários que não consideram a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virtualmente impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa. Por isso, a estratégia é seguir apostando pela bem-sucedida estratégia nas redes sociais.
Defesa da "intervenção militar"
Antes de ouvir o sim de Mourão, Bolsonaro já havia sido rejeitado por três possíveis candidatos, inclusive o próprio general. A advogada Janaína Paschoal (PSL) e o também general da reserva Augusto Heleno (PRP) haviam sido sondados para concorrer na chapa, mas as negociações não avançaram. Para convencer Mourão, Bolsonaro contou com a ajuda de Levy Fidelix, o presidente do PRTB que já disputou outras eleições presidenciais.
Com uma chapa puro sangue militar, Bolsonaro é ex-capitão do Exército, o PSL reforça o caráter de extrema-direita da candidatura. Os companheiros de chapa tem em comum a defesa da ditadura militar brasileira (1964-1985). Durante o Governo Dilma Rousseff (PT), Mourão era o comandante do Exército no Rio Grande do Sul e chegou a defender uma intervenção militar para debelar a crise política e econômica do governo petista. Ambos, Bolsonaro e Mourão, tem em comum a admiração pública pelo coronel Carlos Brilhante Ustra (1932-2015), chefe de um importante centro da repressão durante a ditadura militar e reconhecido como torturador pela Justiça brasileira e pelo relatório oficial da Comissão Nacional da Verdade, de 2014. Na cerimônia em que se despediu da carreira, o agora general reformado elogiou Ustra em em uma concorrida cerimônia no Salão de Honras do Comando Militar do Exército, em Brasília.
Desde que entrou para a reserva, Mourão passou a dirigir o Clube Militar e defender abertamente a candidatura de seu colega de farda. Em princípio, ele deveria concorrer a um cargo no Congresso Nacional. Mas mudou de ideia após insistentes pedidos de seus aliados.
G1: Jair Bolsonaro diz que, se eleito, pode privatizar Petrobras 'se não tiver solução'
Candidato do PSL à Presidência deu declaração em entrevista à GloboNews. Em outros trechos, ele também disse que não é homofóbico e que não cabe ao STF discutir descriminalização do aborto
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira (3) que, se eleito, pode privatizar a Petrobras "se não tiver solução".
A declaração foi dada em entrevista à GloboNews que, nesta semana, entrevistou postulantes ao Palácio do Planalto nas Eleições 2018.
"Se não tiver uma solução, eu sugiro a privatização da Petrobras. Acaba com esse monopólio estatal e ponto final. Então, é o recado que eu dou para o pessoal da Petrobras", afirmou o candidato.
"Eu entendo que a Petrobras é estratégica. Por isso não gostaria de privatizar a Petrobras, esse é o sentimento meu. Agora, se não tiver solução, não tiver um acordo, você não vai ter outro caminho", acrescentou.
De acordo com o candidato, se ele for eleito, o economista Paulo Guedes será o ministro da Fazenda e terá a liberdade para conduzir a política econômica e ainda escolher, por exemplo, o presidente do Banco Central.
Gays, mulheres e aborto
Durante a entrevista, o candidato do PSL disse não ser homofóbico, acrescentando ser contra o que chamou de "ideologia de gênero" que, segundo ele, é ensinada nas escolas.
"Nunca fui homofóbico. [Mas] eu não posso admitir que crianças com seis anos de idade assistam a filmes como 'Encontrando Bianca', onde meninos se beijam, meninas se acariciam, para combater a homofobia. Está na cara que a criancinha de seis anos de idade que assistir a isso, no intervalo, o Joãozinho vai querer namorar o Pedrinho. Um pai não quer chegar em casa e encontrar o filho brincando de boneca por influência da escola", afirmou.
Em outro trecho, Bolsonaro foi indagado sobre o que pretende fazer, caso seja eleito, para combater a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Ele disse, então, que seria um "absurdo" o governo criar algum tipo de política sobre o tema.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o rendimento médio dos homens é de R$ 2.012, enquanto o das mulheres, de R$ 1.522. Além disso, levantamento do site de empregos Catho mostra que as mulheres ganham, nos mesmos cargos e funções, até 53% menos que os homens.
Em outro trecho, o candidato do PSL à Presidência da República avaliou que não cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) discutir a descriminalização do aborto.
Uma ação na Corte visa descriminalizar a prática até 12 semanas de gestação. Hoje, é permitido à mulher fazer aborto em caso de estupro, risco de vida para a mãe ou feto anencéfalo.
Outros temas
Saiba abaixo outros temas abordados pelo candidato durante a entrevista à GloboNews:
- Possíveis candidatos a vice: "Ou vai ser a senhora Janaína Paschoal, ou o senhor príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança. [O que] está faltando é que eu estou conversando com a Janaína e ela apresenta alguns problemas familiares, porque ela tem dois filhos. [...] Não posso ter preferência. Lógico, sempre, a gente pensa em um 'plano B'. No momento, o 'plano B' é o príncipe."
- Armas e feminicídio: "Você vai fazer uma viagem [...]. Você não se sentiria mais segura se pudesse, desde que estivesse habilitada, ter uma arma no teu carro? Porque pode furar um pneu na Rio-Santos e você ter que trocar e, daí, se chega alguém para fazer uma maldade contigo, você vai sacar do bolso a lei do feminicídio? Ele [o bandido] vai dar risada de você".
- Tortura: "A palavra tortura cai em mim por eu ser militar. É inadmissível a tortura. Na própria Câmara, eu cheguei em 1991, capitão do Exército [...], tinha um montão de ex-preso político, anistiado, e o pessoal olhava para mim com muito carinho [...] e ali, está certo, nesses embates, falavam coisas que não eram verdades, queriam se vitimizar. Algumas eram [verdade], outras não. E daí as caneladas minhas aconteceram lá dentro"
- Indígenas: "O índio quer se integrar à sociedade, ele quer um dentista, ele quer um médico, ele quer energia elétrica. Nós não podemos fazer com que o índio continue vivendo dentro da reserva indígena como se fosse um animal de zoológico. É isso o que acontece. O mundo está de olho no Brasil."
- Número de ministros do STF: "Se fizermos uma pesquisa sobre a credibilidade do Congresso Nacional e do Supremo, os números serão muito próximos. Lamentavelmente, o nosso Supremo está deixando a desejar. [...] Praticamente desistimos da ideia [de propor aumentar o número de ministros de 11 para 21], até porque não seria uma imposição minha, dependeria de emenda constitucional".
- Colégios 'militarizados': "Eu acho que em cada comunidade pobre que nós temos aqui [no Rio], temos o Alemão, temos Mangueira, temos tantas, tem a própria Rocinha, se ali embaixo pintar um colégio militarizado, eu acho que vai ajudar em muito e muito mais que a própria UPP, que no meu entender exauriu-se e não deu certo".
- O candidato também defendeu que o Brasil deixe o acordo de Parissobre o clima; afirmou que, se eleito, manterá o Bolsa Família; disse que não é fascista; e disse gostar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Assista a entrevista na íntegra:
https://globosatplay.globo.com/globonews/v/6921428/
O Globo: Assessor de Jair Bolsonaro atua em página de ódio em rede social
‘Bolsonaro Opressor 2.0’ foi criada em 2015 e tem mais de um milhão de seguidores
Por Bruno Abbud, de O Globo
RIO — Nomeado como secretário parlamentar no gabinete do deputado Jair Bolsonaro (PSL) com salário de R$ 2,1 mil, o assessor Tércio Arnaud Tomaz é figura central da página “Bolsonaro Opressor 2.0”. Com mais de um milhão de seguidores no Facebook, costuma promover o candidato por meio de memes agressivos contra adversários do político, entre eles Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).
Tércio acompanha o presidenciável em agendas pelo país e grava vídeos com celular que transforma em conteúdo político. Criada em junho de 2015, a página “Bolsonaro Opressor 2.0” publica postagens mais contundentes — muitas delas incluem xingamentos contra opositores, artistas e jornalistas. Duas fontes confirmam a ligação do assessor com a página no Facebook. No título de sua conta pessoal na rede social Flickr, Tércio assina seu nome seguido da expressão: “Bolsonaro Opressor 2.0”.
Tércio foi nomeado secretário parlamentar, em cargo comissionado (SP-09), em 24 de abril de 2017. A pedido de Bolsonaro, que gostou do conteúdo publicado, foi trazido de Campina Grande, na Paraíba, para trabalhar em Brasília.
Em 2 de abril de 2016, um perfil sob o nome Ubuntus Linys Sys enviou uma mensagem para o Grupo Voluntários Bolsonaro Brasil. “O canal porta dos fundos acabou de postar um video zombando da Polícia Federal, vamos bater um recorde de dislike no video!”, dizia o texto, acrescentando, no fim: “Por: Tercio Arnaud Tomaz > BOLSONARO OPRESSOR 2.0”.
Outro fato mostra a proximidade entre Tércio e a página. Em outubro de 2016, a mulher de Tércio, Bianca Almeida Diniz, compartilha uma página homônima na rede social, a “Bolsonaro Opressor 2.0²”. Na ocasião, ela escreveu: “A melhor página, criatividade nota 10, informação com muito humor e opressão!!!”. Na época, Tércio ainda não era funcionário do gabinete.
No Facebook, não é possível identificar o perfil responsável pela página. O eventual uso de perfil falso pode resultar em exclusão da rede social.
As postagens se estendem ao Instagram, que contabiliza 196 mil seguidores. Em uma delas, o assessor faz críticas pesadas à vereadora Marielle Franco um dia depois do seu assassinato, em 14 de março. No dia 15, a página publicou uma foto de Marielle ao lado de imagens de policiais mortos no estado. A legenda: “Tô mais preocupado com a morte dos milhares de policiais todo ano”.
Cinco dias depois da morte de Marielle, o perfil no Instagram criticou a manchete do “Jornal do Brasil”, que noticiava a intenção da irmã da vereadora de se lançar na política: “Do jeito que tá indo, vão empalhar o cadáver e levar em comício”. O post recebeu 3.774 curtidas.
Bolsonaro não responde
Em junho, a página publicou uma foto de Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, sendo agredido por populares ao lado de uma imagem de Bolsonaro sendo ovacionado. “Enquanto um recebe bosta na cara, outro recebe carinho, confiança e credibilidade da nação brasileira”.
A reportagem encaminhou, por e-mail, questionamentos sobre a autoria da página “Bolsonaro Opressor 2.0” para a pré-campanha de Bolsonaro. Também procurou Tércio, por telefone, no gabinete em Brasília, e tentou contato com o presidenciável por telefone. Porém, até o fechamento desta reportagem não houve retorno.
Mauricio Huertas: Políticos, meus velhos, vocês não entenderam nada!
Talvez o eclipse tão falado nestes dias, apresentado como o maior do século, seja uma boa metáfora para a ausência de luz que vivenciamos atualmente, às vésperas das eleições majoritárias e proporcionais. A nova política, que despontava alvissareira no céu, segue na penumbra do velho mundo que gira em torno de si mesmo e do sistema dominante, em rotação e translação partidária automática e constante. No lugar da lua de sangue, bela e mística, embora real, quem sangra é a democracia, ferida por mitos e mitômanos surreais.
Senhores políticos, vocês não entenderam nada! Passados cinco anos das já históricas manifestações de junho de 2013, seguem ignorando todos os sinais de vida inteligente vindos de fora do seu universo particular. Se naquela época ficaram atordoados com a juventude alienígena que proliferava em cada canto deste país, buscando em vão seus supostos líderes, inexistentes na realidade horizontal e difusa das redes e das ruas, os nativos da velha política demonstram outra vez que não aprenderam nada ao reproduzir em 2018 todos os erros que motivaram aquele “big bang” dos movimentos pela renovação.
O primeiro grande erro, essencial, além de ignorar os sinais emitidos desde 2013, foi desprezar o recado claro das urnas em 2016. Afinal, deveriam ter percebido que não podia ser apenas coincidência a eleição de prefeitos que, cada um à sua maneira, representavam uma ruptura com o sistema dominante nas principais capitais do país: João Doria em São Paulo, Marcelo Crivella no Rio de Janeiro, Alexandre Kalil em Belo Horizonte, Nelson Marchesan Júnior em Porto Alegre, Rafael Greca em Curitiba, Luciano Rezende em Vitória, ACM Neto em Salvador, entre outros.
Tentou-se em vão passar réguas ideológicas, geracionais ou partidárias e não se chegou à conclusão óbvia: todos eles representavam de alguma forma o “novo”. Do veterano Grecano Paraná, eleito pelo minúsculo PMN, ao bispo da Universal vitorioso no Rio; do “gestor” João Doria aos políticos de tradição familiar, como o gaúcho Marchesan ou ACM, o baiano reeleito assim como o capixaba Luciano Rezende; mas todos eles notadamente escolhidos pelo eleitor para mudar ou para protestar contra a política local que se praticava até então.
Depois de passar despercebido – ou ser deliberadamente ignorado – esse sinal dado em 2016, os nomes que surgiram como opções para a consolidação de candidaturas “outsiders” à Presidência da República foram sendo seguidamente abduzidos pelas forças da velha política. Fiquemos nos dois mais significativos: Luciano Huck e Joaquim Barbosa, que desistiram (ou adiaram suas pretensões) diante da monstruosa pressão de políticos e partidos tradicionais.
Aí talvez esteja o erro mais gritante dos principais analistas e estrategistas do mundo político: julgar como favas contadas que a eleição de 2018 será decidida pelas mesmas regras tácitas e os velhos costumes da política institucional brasileira, resumida ao “nós” x “eles”, ou à repetição da disputa simbiótica PT x PSDB, tão normal nas últimas décadas. Afinal, por esse raciocínio raso, restaram no cenário apenas as candidaturas do mecanismo binário e polarizado que se retroalimenta. Então, para vencer, bastaria reunir a maior quantidade de partidos nas coligações e dominar o tempo da propaganda na TV. Será?
Vetustos e velhacos da política não compreendem que até os inabaláveis 30% de Lula nas pesquisas de intenção de voto estão impregnados pelo desejo da mudança e pela rejeição à política tradicional. Como assim? Na lógica cartesiana é inaceitável que Lula- candidato em cinco eleições, presidente duas vezes e avalista de Dilma em outras duas – tenha ainda eleitores que considerem votar nele como forma de protesto contra a política tradicional. E depois de tudo que foi revelado ainda votam no PT? Impossível! Absurdo! Mas quem foi que disse que essa é uma ciência exata e que o eleitor age dominado pela razão?
Quem anuncia a intenção de voto em Lula – ou pede #LulaLivre nas redes sociais ou em algum desses manifestos de artistas, intelectuais e influenciadores digitais – não é um simples alienado que considera o petista o último dos inocentes ou o PT uma reserva de moralidade. Ao contrário. Excluído o petista de carteirinha, sobra em grande parte um eleitor saturado da política partidária tradicional, que um dia acreditou no discurso de Lula, viu vantagens em seus governos e agora, pesando na balança eleitoral o que está aí, considera tudo uma maçaroca de imundície e podridão. Solução simplista: se todos são iguais na sujeira e na corrupção, eu escolho aquele que ao menos fez algo de bom por mim quando esteve no poder. É quase uma reedição do “rouba mas faz”.
Pensamento semelhante tem o eleitor de Jair Bolsonaro, ainda que no sentido inverso. Quanto mais os políticos e a mídia tradicional o apontarem como um boçal com ideias esdrúxulas, maior apoio e repercussão terá entre o exército anônimo de indignados e revoltados anencéfalos contra o atual sistema político. O folclórico Bolsonaro segue a linhagem dos Enéas, Tiriricas e Cacarecos da história brasileira. Periga ser o herdeiro legítimo de quem elegeu Fernando Collor em 1989. Aí estaremos fritos de verdade.
É evidente (para quem se propõe a enxergar fora da caixinha), assim, que a polarização que traz Lula e Bolsonaro na liderança das pesquisas pré-eleitorais também carrega em si o desejo da mudança. Não se trata, em sua grande maioria, do voto racional, partidário ou ideológico, mas do simbolismo dessas duas candidaturas. Com Lula fora por conta da prisão e da ficha suja, restará conferir a sua capacidade de transferência de votos. Quem será o maior beneficiário do espólio lulista? O PT vai lançar Fernando Haddad? Ou será que Ciro Gomes personifica melhor esse eleitor órfão de Lula? E Marina Silva, somará quanto desses indignados ao legado de 20 milhões de eleitores cativos das duas últimas eleições?
Finalmente, precisamos falar de Geraldo Alckmin. É simples: se o roteiro do candidato tradicional prevalecer ainda sobre a modernidade e a diversidade das redes e sobre a demanda por uma nova forma de fazer política, que não seja tão influenciável pelo tamanho das coligações partidárias e pelo monopólio da propaganda oficial no rádio e na TV, o tucano é o favorito disparado para ganhar essa eleição. Ponto, portanto, para quem fez a aposta na estratégia dessa múltipla aliança com o “centrão” e com o “status quo”. Do contrário, apertem os cintos… Estaremos perdidos no espaço!
*Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS-SP, diretor executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente
Merval Pereira: Voto útil ou envergonhado
O pré-candidato do PSL à Presidência da República, diz que sente em suas viagens que tem mais votos do que Lula. Em qualquer lugar que vá, é recebido por uma multidão de ensandecidos, que o carregam nos ombros e gritam o mantra “mito, mito” como se estivessem hipnotizados.
Ao contrário de tempos atrás, quando militantes petistas recebiam Lula onde quer que fosse aos magotes, os bolsominions, como são conhecidos pejorativamente os seguidores de Bolsonaro, aparentemente se reúnem de maneira espontânea, não têm a estrutura que os sindicatos forneciam ao PT.
Há ainda os possíveis “eleitores envergonhados”, que preferem Bolsonaro, mas não revelam o voto com receio da reação. Não é impossível, portanto, que o pré- candidato do PSL tenha mais eleitores do que captam as pesquisas. Contra Bolsonaro, porém, há o voto útil, que em uma eleição como esta, tão fora de parâmetros, pode ser fundamental já no primeiro turno.
Diante da possibilidade real de Bolsonaro estar no segundo turno, muito eleitor tucano pode votar em Marina, assim como parte dos eleitores petistas que não anularem o voto, cristianizando tanto Geraldo Alckmin quanto o poste de Lula.
Já Ciro Gomes poderá ter o apoio dos partidos de esquerda que não conseguem se unir no primeiro turno. Pode ser que a perspectiva de a esquerda tradicional não ir para o segundo turno faça com que eleitores dessa tendência invistam em Ciro para evitar que o segundo turno seja disputado pela extrema- direita contra a centro- direita, que pode ser representada tanto por Marina quanto por Alckmin.
O candidato tucano, se não deslanchar com o apoio do centrão, poderá ser abandonado pelos eleitores ainda no primeiro turno. A aposta de Alckmin é que o tempo de televisão e a máquina partidária do centrão o levarão para o segundo turno, com um raciocínio analógico da política, quando o digital domina a campanha. Pode ser surpreendido pela indignação do eleitorado.
Em contrapartida, o voto útil pode ajudar Alckmin caso esteja disputando o segundo lugar contra Ciro ou Marina. Como as coligações obedecem a critérios locais, com o MDB sendo aliado do PT em diversos estados, e a Rede se coligando com forças políticas que trabalham em outra sintonia, não é possível saber se o enraizamento de partidos como o MDB, o DEM e o PP sustentará candidaturas oficialmente escolhidas, ou se essa algaravia partidária facilitará a traição nacional em troca de vitórias regionais.
O fato de que importa mais aos partidos fazerem bancadas fortes do que eleger o presidente da República reforça essa possibilidade. A crença de que Lula transferirá pelo menos metade dos seus votos para um substituto petista, seja ele quem for, não está sendo confirmada nas pesquisas eleitorais. Se isso for verdade, há uma boa chance de eleitores petistas votarem em Marina. Ela é quem mais ganha nessa situação, seguida de Ciro Gomes, do PDT.
A mais recente pesquisa do Instituto Paraná tentou entender a cabeça do eleitor. Quando pergunta em quem o eleitor poderia votar, Marina Silva lidera, mas todos os candidatos, até mesmo Henrique Meirelles ou Fernando Haddad, têm boa pontuação. Já quando a pesquisa tentou saber em quem os eleitores votariam com certeza para presidente da República, Bolsonaro lidera com vantagem sobre Marina Silva, a segunda colocada. Bolsonaro teve 15,7% de votos consolidados e Marina, 6,3%. Lula aparece em primeiro lugar com 21,3%, mas está inelegível.
O Instituto Paraná perguntou aos eleitores em quem não votariam de jeito nenhum, e a má notícia para o PT é que Fernando Haddad tem a maior rejeição, seguido do tucano Geraldo Alckmin, o que indicaria que, sem a liderança carismática de Lula, PT e PSDB estão em baixa com o eleitorado que busca o novo na política.
Jair Bolsonaro e Lula têm a mesma rejeição de 54% do eleitorado. Em todas as pesquisas, a soma dos votos brancos, nulos e a abstenção supera Bolsonaro. Os eleitores indecisos, na sua maioria, têm Marina como alternativa. Todas essas informações demonstram que o voto útil ou o voto envergonhado pode ter influência decisiva na eleição de outubro, como também a indignação dos eleitores detectada pelas pesquisas.
Lilia Schwarcz: Bolsonaro contou a história que quis, não aquela dos documentos
Foram transportados para as Américas 12 milhões de africanos e africanas durante todo o período do tráfico negreiro
Vira e mexe alguém volta com a teoria de que a escravidão não foi uma ideia dos ocidentais, mas sim dos próprios africanos. Nada mais covarde e perverso do que transformar a vítima em algoz. Vítimas, aliás, que sempre reagiram, e de inúmeras formas, ao cativeiro.
Na segunda-feira, dia 30, em entrevista ao programa Roda Viva, foi a vez do presidenciável Jair Bolsonaro se sair com a seguinte frase: “se for ver a história realmente, os portugueses nem pisavam na África. Foram os próprios negros que entregavam os escravos (...) Faziam o tráfico, mas não caçavam os negros. Eram entregues pelos próprios negros”.
Craque na política do fake news, Bolsonaro contou a história que quis, não aquela encontrada nos documentos. Esqueceu de explicar, por exemplo, que a escravidão já estava presente na Europa. Desde a Antiguidade, o continente conheceu diversas formas de escravidão, mas menos intensas ou disseminadas do que aquela que surgiria a partir do século 16. A escravidão mercantil.
Por sinal, poucos povos deixaram de conviver com alguma forma de escravidão; a África também. No entanto, por lá, a instituição se desenvolveu paralelamente a sistemas de linhagem e de parentesco. Os escravizados não eram entendidos, pois, como “coisas” ou “propriedades”, nem tampouco considerados centrais para o funcionamento regular dessas sociedades.
Já o contato luso com a África Negra teve longa história, antecedendo em até meio século a descoberta do Brasil. Em 1455, Zurara, em sua “Crônica de Guiné”, descrevia atividades portuguesas na foz do rio Senegal.
Nessa época, o interesse luso estava voltado mais para o ouro, sendo que escravos, marfim e pimenta eram motivações secundárias. Foi com a introdução da cultura do açúcar que a história girou: os escravizados tornaram-se fundamentais na produção agrícola, o negócio tornou-se muito lucrativo e o interesse se voltou da pimenta para o tráfico de viventes com os portugueses entrando continente africano adentro.
Enquanto isso, já em meados do 16, Lisboa era a cidade europeia que mais possuía escravos africanos: contava com cerca de 100 mil habitantes, dos quais 10 mil eram cativos.
Em Cabo Verde, São Tomé e Madeira desenvolveram-se ao longo do 16 e do 17 verdadeiras sociedades luso-africanas, condicionadas pelo comércio transatlântico. Em 1582, cerca de 16 mil pessoas viviam nessas ilhas, sendo 87% formada por escravizados.
Por volta de 1520, portugueses mantinham número razoável de feitorias na África, controlando caravanas de cativos que vinham do baixo rio Zaire e do Benin. Dirigiam-se para São Tomé, e, a partir de 1570, voltaram-se para o rico mercado do Brasil.
A chegada dos portugueses à costa atlântica subsaariana no começo do 16 alteraria de forma radical as modalidades de comércio, tanto no que se refere à escala, como ao recurso crescente à violência. A nova conquista modificaria também modalidades internas de guerra e de redes de relacionamento no interior de estados africanos. Tudo com a interferência direta dos lusos, que “pisaram” firme no continente.
Com a cultura do açúcar, dentre os principais produtos do Império português, a situação se modificaria ainda mais, sobretudo a partir das relações estáveis com os congoleses. Naquele local, os portugueses destacaram-se por sua forte e estável presença, atuando no local como clérigos, traficantes e soldados.
Também a quantidade de almas humanas traficadas pelos portugueses cresceu e muito: enquanto na primeira metade do século 16 o volume de africanos entrados no Brasil não passava de algumas centenas anuais, registram-se 3.000 importações por ano já na década de 1580.
Teve papel fundamental a conquista de uma nova feitoria em Luanda, a qual, a partir de 1576, se transformaria em posto ativo nesse tipo de comércio. Por dois séculos os portugueses manteriam seus “pés” bem firmes em Luanda, na região do rio Cuanza e Benguela.
O certo é que, a essa altura, os lusitanos estavam bem familiarizados com as populações africanas que escravizavam. Além do mais, com o incremento do comércio do ouro e do marfim no Oeste da África, e o crescimento da atuação econômica portuguesa na Ásia, as relações foram ficando ainda mais corriqueiras.
Enfim, a eficácia crescente dos traficantes portugueses do Atlântico na oferta de mão de obra, na regularidade no suprimento de cativos vindos daquele continente e o declínio dos preços fizeram com que, para a Europa do século 16, os africanos se transformassem em sinônimo de mão de obra escrava e os portugueses em grandes especialistas na arte de traficar dentro e fora da África.
Foram transportados para as Américas 12 milhões de africanos e africanas durante todo o período do tráfico negreiro, sendo que, desse total, 4,9 milhões tiveram como destino final o Brasil.
O tráfico era um negócio complexo e dominado pelos portugueses, que acabaram promovendo inúmeras guerras e alterando a estrutura interna dos estados africanos com graves consequências atuais. Os lusos “pisaram” muito no território africano, e não há como tirar a responsabilidade de quem sabe que a tem.
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Professora titular do Departamento de Antropologia da USP e global scholar na Universidade de Princeton (EUA), é curadora-adjunta para histórias e narrativas do Masp e organizadora, com Flavio Gomes, de “Dicionário da Escravidão e da Liberdade: 50 Textos Críticos (Companhia das Letras, 2018)
El País: Após estagnar, Bolsonaro dá sinais de recuperação nas redes, sua boia de salvação
Candidato sai de sua zona de conforto na Internet para participar do programa Roda Viva. Resiliência da candidatura mesmo sem tempo de TV é maior incógnita da campanha até agora
Por Afonso Benites, do El País
Aconteça o que acontecer, o futuro do fenômeno Jair Bolsonaro, o pré-candidato de extrema-direita ao Planalto, vai depender de sua capacidade de capitalizar o uso das redes sociais. É que o seu PSL não conseguiu fechar alianças e, por causa disso, o ex-capitão do Exército terá reduzido espaço na propaganda oficial de rádio e TV – o partido terá menos de 10 segundos diários na programação de 24 minutos – e ausência de palanques fortes nos Estados. O problema para o presidenciável, e não só para ele, é que ainda não se sabe o quanto a eleição brasileira ainda é dependente do horário eleitoral gratuito, que começa em 31 de agosto. Antes mesmo que essa pergunta crucial seja respondida, a Internet, considerada maior trunfo e boia de salvação do militar reformado, deu sinais de arrefecer no fervor por sua candidatura. Nas últimas semanas, o apoio a Bolsonaro na redes sociais estagnou em relação ao seus concorrentes de campanha, segundo levantamento da consultoria Atlas Político. Só deu sinais de recuperação nos últimos dias, justo antes e na esteira de sua participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira.
A participação no Roda Viva é um dos testes de fogo de Bolsonaro, que lidera as pesquisas de opinião, ainda que sem grandes crescimentos recentes, se o nome de Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, não é considerado. No centro do cenário e cercado de jornalistas, ele deixou sua zona de conforto nas redes, onde fala para boa parte dos convertidos, e se deparou com representantes dos principais jornais brasileiros, muitos dos quais ele critica frequente e insistentemente. Os primeiros momentos do pré-candidato foram tensos. Aparentando estar nervoso, ele enfrentou uma bateria de perguntas sobre as violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura militar. Ele repetiu sua argumentação negacionista: argumentou que não houve golpe em 1964 e minimizou o uso de tortura, que descreveu como o uso, "talvez", de "algumas maldades". Em outro momento, chegou a elogiar o ex-deputado preso pela Operação Lava Jato, Eduardo Cunha, pelo apoio do carioca ao projeto que obriga a existência de voto impresso. "Eu gostaria de ter estado mais vezes ao lado do Eduardo Cunha", disse. No decorrer dos blocos, fugiu de perguntas específicas sobre propostas programáticas, como para a recuperação econômica, e manteve o tom de enfrentamento e discurso contra as mazelas da escravidão e as cotas raciais.
Do seu desempenho na espécie de paredão midiático depende uma nova injeção de ânimo nas redes, como já aconteceu com pré-candidatos que passaram na bancada antes dele. Até agora, quem se deu melhor na aparição foi Manuela D'Ávila (PCdoB), que ganhou mais de 18.000 novos seguidores contando apenas o dia da entrevista e os dois dias de repercussão - as frequentes interrupções à pré-candidata provocaram um debate sobre machismo no programa. "De todos, Manuela, Guilherme Boulos e Álvaro Dias se destacaram. Geraldo Alckmin e Marina Silva não impressionaram", comenta Andrei Roman, do Atlas Político.
Nos números da consultoria, desde que intensificou sua campanha eleitoral e passou a participar de entrevistas e sabatinas, o número de seguidores do presidenciável Bolsonaro no Facebook - ele é recordista, com mais de 5 milhões de pessoas - ou caiu ou estagnou na comparação dia a dia. Nem mesmo em 22 de julho, quando foi oficializado como o candidato à presidência do PSL, ele registrou crescimento considerável. Naquele dia, entre 13 pré-candidatos monitorados pelo Atlas Político, o deputado de extrema direita ficou na sétima colocação dos que mais recebiam novos seguidores. Nos últimos dias, contudo, começou a receber novos seguidores. Só entre os dias 27 e 29 deste mês, ele ganhou 30.799 seguidores. Atualmente, é o segundo que mais registra novos fãs na rede social. Fica atrás apenas de João Amoêdo, do NOVO. No caso desse, porém, esse crescimento é resultado do patrocínio de posts.
Não só Bolsonaro depende das redes. Outros nomes concorrentes de partidos nanicos como Amoêdo, Marina Silva (REDE), Guilherme Boulos (PSOL) e Álvaro Dias (PODEMOS) também. De outro lado, conglomerados de esquerda e direita dividirão a maior fatia da propaganda oficial. Até o momento, Geraldo Alckmin detém quase 12 minutos diários da programação por causa da aliança de seu PSDB com outros oito partidos. Ainda aguardando uma definição de legendas como PSB, PCdoB e PT, Ciro Gomes (PDT) poderá agregar outra fatia desse bolo – se o PT desistir de candidatura própria—, enquanto que o MDB, sozinho, somará outros dois minutos e meio. “Dado que a gente vive uma situação diferente, em que parte dos líderes das pesquisas não tem tempo de TV, as redes sociais passam a ser o principal espaço que eles têm para atuar. Por isso sua importância aumenta neste ano”, explicou o cientista de computação e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Fabrício Benevenuto, que coordena um projeto de acompanhamento da campanha política nas redes.
Gráfico mostra o desempenho dos pré-candidatos nas redes no dia da aparição do Roda Viva e nos dois dias seguintes. Manoela D'Ávila foi a que mais capitalizou a aparição.
Gráfico mostra o desempenho dos pré-candidatos nas redes no dia da aparição do Roda Viva e nos dois dias seguintes. Manoela D'Ávila foi a que mais capitalizou a aparição. Atlas Político
Variação de engajamento
Desde o início de junho, proporcionalmente o espaço que Bolsonaro tinha em comparação com os demais concorrentes também sofreu grandes oscilações de 11% a 38%, ainda segundo a consultoria de Andrei Roman. No dia 29, último dado disponibilizado pelo Atlas Político, 27% das interações com os presidenciáveis eram feitas por meio de Bolsonaro, atrás apenas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 39%. O engajamento é o sinônimo de todas as interações envolvendo um perfil do Facebook. Isso inclui os compartilhamentos, os comentários e as curtidas feitos sobre as postagens desse usuário.
A par da redução de seguidores e a grande oscilação entre o engajamento de suas postagens, Bolsonaro decidiu orientar seus admiradores a o seguirem em outra rede social chamada Mano, na qual tem a TV Bolsonaro. É um aplicativo nacional no qual, segundo os coordenadores da campanha dele, seria mais confiável do que o Facebook. Em um dos vídeos em que pede o apoio de seus fãs, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável ele diz que a campanha de seu pai tem sofrido um ataque covarde, uma censura. “Como muitos de vocês já sabem o alcance das nossas postagens nas grandes redes sociais, como o Facebook, tem sido absurdamente restringido”.
A aposta nas redes não é simples porque o terreno ainda é movediço. Ainda há dúvidas sobre a utilização das ferramentas - pela primeira vez os candidatos poderão investir dinheiro das campanhas para que sua mensagem chegue a mais pessoas - e sobre como a Justiça Eleitoral vai monitorá-la na prática. Há um debate em curso sobre o que é permitido ou não publicar, até mesmo porque tudo está sujeito às regras do Facebook, o gigante norte-americana que também é alvo de polêmicas nos EUA. Na semana passada, a companhia fechou quase duas centenas de páginas e 87 contas que, segundo a rede, infringiam suas normas. Parte delas é ligada ao Movimento Brasil Livre, um grupo de direita que influenciou no impeachment de Dilma Rousseff (PT). Oficialmente, a companhia alegou que havia “uma rede coordenada" "com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”. O conceito de "espalhar desinformação" ainda está sendo debatido e questionado e nada descarta que novos expurgos voltem a ocorrer afetando as mesmas ou outras forças dos espectro político.
Mesmo fora do Facebook o cenário também é de mudança. A campanha de Bolsonaro diz apostar nos grupos de WhatsApp movimentados - que são quase 900 segundo disse seu apoiador, deputado Major Olímpio, à revista Piauí - para difundir sua mensagem. A questão é que o próprio WhatsApp resolveu restringir o número de encaminhamentos simultâneos de mensagens. Antes, não havia restrição. Desde o dia 19 de julho, contudo, esse número no Brasil foi diminuído para 20 contatos ou grupos.
https://www.facebook.com/rodaviva/videos/2033964346647837/
O Globo: Grupos ligados a Lula e Bolsonaro têm mais incidência de robôs, diz FGV
Estudo analisou mais de 5 milhões de publicações no Twitter
Por Jefferson Ribeiro, de O Globo
A partir de um estudo sobre 5,4 milhões de tuítes, a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP/FGV) rastreou a ação de robôs para disseminar conteúdo político durante a campanha eleitoral deste ano. Ao todo, as postagens na rede social tiveram mais de 2,3 milhões de interações ou retuítes entre 22 de junho e a última segunda-feira. O resultado mostra que 306 mil interações foram feitas por perfis associados a "bots", ou seja, ganharam corpo na rede por mecanismos automatizados.
O cruzamento dos dados revela que a maior incidência de "bots" ocorre justamente nos polos políticos, grupos identificados pela DAPP como "azul" (de direita, associado ao pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro) ou “vermelho” (de esquerda, associado ao ex-presidente Lula). Ao todo, o grupo "azul" lidera a influência de robôs, com 148.649 interações. O "vermelho" responde por 122.160 interações com influência artificial. O percentual despenca para 23.744 de interações quando se avaliam apenas os retuítes do grupo "rosa", identificado como esquerda não vinculada a nenhum ator político. E cai para 12.044 quando são avaliadas as interações artificiais do grupo "azul claro", identificado pelo DAPP como "centro".
— Não tenho dúvida de que vai crescer (a atuação de robôs no Twitter). O que aconteceu até agora reflete as negociações das coligações, um campo estava minando o outro. Isso já é ritmo de campanha e não de pré-campanha. O fato é que o exército de “bots” que a gente vê nos dois campos (esquerda e direita) supera em muito 2014. E não estamos nem na última semana da eleição ou no segundo turno — afirmou o diretor do DAPP, Marco Aurelio Ruediger.
Dos mais de cinco milhões de tuítes analisados, 22% eram de perfis ligados ao campo que tradicionalmente forma a base do ex-presidente Lula. Outros 21% tinha uma relação mais evidente com o campo conservador e alinhados a Bolsonaro.
Ruediger afirma que o uso dos robôs de forma sistêmica nos dois polos da disputa evidencia o papel decisivo que o debate nas redes sociais pode ter na disputa, embora ainda não seja possível avaliar como isto vai se refletir no resultado eleitoral.
Dos 5,4 milhões de tuítes observados, 56,6% são apontados como perfis inclinados à posições de centro-esquerda, que dão mais valor a temas de justiça social ou a uma atuação maior do Estado na economia, segundo Ruediger.
— Mas esse não é um campo cativo. Ele pode ser atraído por um candidato de centro, que ainda não apareceu pela indefinição do cenário político — disse o pesquisador. — Se tiver um candidato com discurso mais de centro e nacionalista pode galvanizar esse apoio. Essa indefinição tem relação com a situação do Lula e com a falta de alianças do Ciro. Isso mostra também como a polarização se mantém. E o que a gente não está vendo é um candidato que construa pontes entre os dois lados e isso pode se transpor para dificuldades na hora de governar.
Fernando Guarnieri: “Os partidos também estão de olho nos Estados. E Bolsonaro não tem nada a oferecer”
Pesquisador explica que a estrutura dos partidos nos Estados tem grande peso para a formação de alianças nacionais. Por isso, polarização entre PT e PSDB não deve diminuir
Por Felipe Betim, do El País
Para o cientista político Fernando Guarnieri, mestre e doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente vinculado ao Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ), o pré-candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), que deve ser confirmado como candidato de seu partido na convenção deste domingo, não tem nada a oferecer para os demais partidos. Nem recursos de campanha, nem alianças locais. Isso explica, segundo o especialista no funcionamento dos partidos brasileiros, porque nem mesmo siglas pequenas como o PR ou PRP apostem no ultraconservador.
Nesta entrevista ao EL PAÍS, ele afirma que a tendência é que o pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo, reúna uma grande base de apoio, incluindo os partidos do chamadão centrão — que também estão flertando com o pré-candidato Ciro Gomes (PDT) —, e cresça nas pesquisas. Ele argumenta que a atuação em bloco desse centrão é uma das novidades da campanha, mas também opina que pouca coisa deve mudar: os dois grandes polos da política nacional continuarão ser o PSDB e o PT, que são os que mais têm estrutura pelo Brasil.
Pergunta. Desde 1994 temos dois polos principais, PT e PSDB. Esses dois polos se mantêm para essas eleições, ou 2018 marca o fim desta polarização?
Resposta. Essa é a pergunta que todo mundo está se fazendo [risos]. Mas eu acho que esses dois polos vão permanecer. Essa coisa muito fragmentada, com muitos candidatos, vai se reduzir muito nos próximos dias. O círculo vai se fechando, deixando gente de fora. O Flávio Rocha já saiu, os pequenos começam a sair agora, e depois deve ser a vez dos mais graúdos, depois de negociarem bem a sua saída. E quem vai ficar? Vai ficar quem tem mais estrutura e que pode garantir melhores termos de troca. Você tem desde recursos que os partidos conseguem levantar até alianças locais. Esses são os dois fatores que vão pesar a favor de quem vai receber o apoio dos que estão desistindo.
P. Isso explica o fato do centrão estar entre Ciro Gomes e Geraldo Alckmin?
R. Sim. Mas acho que estão usando o Ciro para valorizar o passe, para vender mais caro o apoio ao Alckmin. Não acredito muito na intenção verdadeira de se juntarem ao Ciro. Acho que nem ele acredita muito nisso. O Alckmin é uma aposta mais certa para o centrão, pelos recursos que ele consegue alavancar. Ele vai conseguir desenhar um arco de centro-direita, coisa que o Bolsonaro não conseguiria fazer. Ele tem mais a oferecer em termos regionais, algumas chapas em alguns Estados...
P. Mas o Alckmin está muito atrás nas pesquisas. Por que os partidos pequenos preferem ir com ele ao invés de apoiar, por exemplo, Jair Bolsonaro (PSL), que está em primeiro?
R. Os caras são macaco velho, conhecem pesquisa e sabem o que elas significam neste momento. Esses 17% do Bolsonaro é ilusório, não tende a ficar assim. Ele não vai ter tempo de televisão, apenas 8 segundos. Isso faz muita diferença, porque o eleitor começa a levar a sério a coisa, a ver quem está aí, quais são as propostas... E o tempo de TV, a exposição dos candidatos, vai contar muito nesse sentido. Todos esses políticos mais antigos estão olhando e sabem disso, e sabem quem vai ter mais recursos. Eles não estão só de olho na eleição para presidente, eles estão de olho nas eleições nos Estados. E Bolsonaro não tem nada a oferecer. O Ciro e o seu PDT também têm pouquíssimo a oferecer em termos de apoios regionais. Já o PSDB é um partido que tem um monte de cabo eleitoral que pode ajudar a alavancar os deputados dessas bancadas todas. O deputado está aí para se reeleger, não está nem aí se é Bolsonaro, Ciro ou Alckmin. E como ele garante a reeleição? Participando de uma chapa vitoriosa. E uma chapa vitoriosa é geralmente a chapa que vai ter uma coligação forte, que consiga romper o quociente eleitoral varias vezes. Então, na hora H, ele vai olhar para a estrutura partidária mesmo. Se um candidato tem 17% ou 9%, ele sabe que isso muda.
P. O PT tem muita estrutura para oferecer. Como ele entra nesse jogo?
R. Tem muita estrutura, principalmente no Nordeste, com candidatos a Governo muito fortes. Então lá existe potencial de transferência de voto e de fazer chapas muito grandes que vão conseguir eleger deputados. O PT não é carta fora do baralho. Não sei a capacidade de transferência de voto do Lula, mas em todo caso feio não vai fazer. Então é também um outro polo que vai começar a agregar parceiros interessados em se eleger localmente.
P. Então o PT também tem capacidade de atrair os partidos pequenos?
R. Sim, principalmente os concentrados no Nordeste. Por exemplo, o PSB, que não é um partido pequeno, mas também não é o que era, tem uma penetração muito forte nas cidades pequenas do interior nordestino. Acaba que, pela estrutura partidária e pelos recursos que esses grandes partidos conseguem agregar aos pequenos, esses pequenos tendem a se unir a PT e PSDB. E tem o MDB também, mas o MDB tem a figura do Michel Temer, que tira votos. É muito tóxica. Mas esses três grandes partidos vão dar o tom os próximos dias, principalmente o ex-presidente Lula. A decisão de abandonar a candidatura ou não, de apoiar alguém ou não...
P. Estão todos à espera de Lula?
R. Ele tem que se resolver, não adianta segurar e deixar acabar as convenções. A não ser que ele queira bagunçar a coisa toda, mas isso não é do interesse do PT, principalmente por causa dos candidatos a governador lá no Nordeste. Lula não pode levar essa coisa até muito mais longe. Assim que ele se decidir, o jogo está formado e o círculo vai se fechar de vez.
P. A impressão que se tem é a de que o centrão está dando as cartas, flertando com vários candidatos... A iniciativa de pactuação está com o centrão, ao invés de estar com os grandes partidos?
R. Desde o impeachment o centrão descobriu um mecanismo de coordenar sua ação e jogar unido. Essa é uma grande novidade. A partir do momento que um time desse tamanho começa a jogar junto, ele se converte em uma força muito grande capaz de influenciar muito o jogo. Agora, a probabilidade de manterem essa coisa forte e unida é baixa. Porque quem chegar primeiro pega a melhor fatia da futura coalizão de governo.
P. Esse aprendizado pode resultar no ano que vem em uma fusão de siglas, que resulte em um grande partido?
R. Na Câmara eles já são um bloco. Mas a ideia de uma fusão depende muito das regras eleitorais, de que haja uma cláusula de barreira. Cada líder de um partido é como se fosse um senhor feudal, com todo o domínio. Acho difícil que eles abram mão disso.
P. A partir do ano que vem teremos um novo pacto, um novo desenho, de governança?
R. Acho difícil que haja uma grande diferença nessa questão de realinhamento. A composição da Câmara não vai ficar muito diferente, os partidos grandes vão continuar sendo esses que estão aí. E o grande aprendizado é que as elites políticas não podem ficar descoordenadas, que isso dá um péssimo resultado. O centrão estar jogando junto é uma novidade por causa disso. Foi muito ruim toda a elite política mais à direita ter deixado tudo na mão do Eduardo Cunha. Aquilo foi desestruturando o sistema de uma maneira muito forte. A tendência é que essas elites retomem o controle da coisa, inclusive para evitar investidas da Justiça.
Folha de S. Paulo: Isolado, Bolsonaro oficializa candidatura neste domingo
Seus quase 30 anos na Câmara foram pautados por discurso radical, com ataques a gays, mulheres e defesa da ditadura
Talita Fernandes e Ranier Bragon, da Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Responsável na atual disputa pelo maior crescimento proporcional nas pesquisas, o capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro, 63, oficializa neste domingo (22) no Rio de Janeiro sua candidatura à Presidência da República pelo nanico PSL.
Em menos de três anos, ele passou de 5% das intenções de voto (dezembro de 2015), para os 17% atuais, nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece entre os candidatos.
Deputado federal por sete mandatos, Bolsonaro sempre foi um outsider no Legislativo: de mais de 170 projetos de sua autoria, apenas dois viraram lei. Seus quase 30 anos na Câmara foram pautados pela adoção de um discurso agressivo e radical, incluindo ataques a gays e mulheres, defesa da ditadura militar, de um novo golpe de Estado, assassinato de criminosos, entre outros pontos.
Com esse perfil, reuniu em seu entorno eleitorado em grande parte de extrema direita que lhe dá, hoje, a liderança nas pesquisas nos cenários sem o ex-presidente Lula.
Apesar de largar na frente, Bolsonaro enfrentará o desafio de conseguir, sem partidos aliados e com um minúsculo tempo de propaganda eleitoral na TV, furar a polarização entre PSDB e PT que vem desde 1995.
O presidenciável trocou, em março deste ano, o PSC pelo PSL, legenda que hoje conta, além dele, com apenas outros sete deputados federais, entre eles o seu filho, Eduardo Bolsonaro (SP).
Antes, passou por outras legendas, como PP, PDC, PFL e PTB.
Uma marca da campanha de Bolsonaro é o improviso. A legenda não contratará um marqueteiro e não há até o momento jingle ou slogan definidos.
O presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno, diz que isso se dá devido à pouca estrutura.
“Nosso trabalho é todo feito de forma espontânea, de acordo com o andar da carruagem. Não há um planejamento até porque os recursos são pequenos.”
Além da presidência da legenda, Bebianno, homem de confiança de Bolsonaro, acumulará a tesouraria e as coordenações de campanha e da parte jurídica.
Bolsonaro precisará driblar a fragilíssima estrutura política. Também tenta fazer uma revisão de seu passado, buscando se distanciar de várias das posições que adotou nesses 30 anos como deputado.
Um exemplo: hoje defende o voto direto e a democracia, mas sempre fez apologia da ditadura militar, e nos anos 1990 chegou a defender abertamente uma nova quartelada no país.
“Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, no dia em que partir para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando pelo FHC [então presidente da República], não deixar ele pra fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente”, disse o pré-candidato na ocasião.
Enquanto tenta desfazer sua imagem de misógino, Bolsonaro esbarra em fatos como as duas ações penais às quais responde no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de incitação ao estupro e injúria contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).
Ele disse no Salão Verde da Câmara dos Deputados que não estupraria a petista porque ela não merecia.
Ele nega ser homofóbico, mas diz com naturalidade que pais e mães preferem ver, ao chegar em casa, seus filhos com o braço quebrado por terem jogado futebol a vê-los brincando de boneca.
Bolsonaro se vende como um candidato que não hesita falar o que pensa.
Direciona ao PT e a políticos de esquerda as principais críticas, a quem culpa pela desmoralização da política e das famílias.
Em janeiro de 2018, a Folha revelou que ele e seus filhos parlamentares acumularam exclusivamente na política um patrimônio de pelo menos R$ 15 milhões.
Três dos seus cinco filhos estão no Legislativo —Carlos (vereador no Rio), Flávio (deputado estadual no Rio) e Eduardo (deputado federal).
Apesar de se declarar antipolítico, Bolsonaro tentou se aliar ao PR de Valdemar Costa Neto, condenado no escândalo do mensalão e investigado na Lava Jato.
Seus aliados dizem que o presidenciável é vítima de ataques da imprensa e que seu único interesse nas tratativas com o PR era o de ter como candidato a vice na chapa o senador Magno Malta (PR-ES).
Como a parceria naufragou, o deputado partiu para a tentativa de ter como vice o general reformado Augusto Heleno, que comandou as tropas de paz da ONU na missão internacional no Haiti, na década passada.
O partido do general, o PRP, não aprovou a aliança.
Com isso, o candidato tenta uma solução caseira. Estão cotados o presidente licenciado do PSL, Luciano Bivar, e Janaina Paschoal, autora do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Caso não consiga alianças, Bolsonaro terá 7 segundos nos blocos de propaganda eleitoral na TV.
Para contornar a situação, aposta na propaganda de internet, onde conseguiu montar uma sólida e aguerrida rede de apoiadores.
Na economia, Bolsonaro reconhece não ter afinidade com o tema, mas tem se amparado nas ideias do economista Paulo Guedes, fundador do banco Pactual e pós-doutor pela Universidade de Chicago, um dos berços do pensamento liberal.
Guedes já foi anunciado como futuro ministro da Fazenda por Bolsonaro.
Atualmente ele é CEO da Bozano Investimentos, sediada no Rio de Janeiro.
O economista tem como uma de seus principais propostas a diminuição do tamanho do estado e do gasto público.
Em entrevista à Folha recentemente, defendeu a privatização de empresas como Petrobras e os Correios.
O programa de governo do candidato ainda não está pronto e ele pouco tem falado sobre propostas concretas.
A coordenação do documento deve ficar a cargo do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que não deve seguir a orientação de seu partido de apoiar Geraldo Alckmin (PSDB).
Um dos principais motes da campanha do capitão reformado é a questão da segurança pública e o discurso anticorrupção.
Bolsonaro prometeu nomear militares como ministros em vez de “corruptos e terroristas.”
Bernardo Mello Franco: Presidenciáveis criticam Bolsonaro por ensinar criança a simular arma
O deputado Jair Bolsonaro, candidato a presidente pelo PSL, fabricou mais uma polêmica ao ensinar uma criança a imitar uma arma com os dedos.
Se o objetivo era fazer os adversários falarem dele, funcionou. Marina Silva (Rede) afirmou, no Twitter, ter ficado "estarrecida" com a atitude do capitão.
"Como mãe e professora, fiquei estarrecida ao ver um candidato ensinar uma criança a fazer gesto de revólver com as mãos. As mãos de uma criança devem ser treinadas para pegar em lápis e caderno, e jamais em armas", escreveu.
Mais cedo, Guilherme Boulos (PSOL) atacou Bolsonaro.
"Eu como pai sinto nojo e lamento uma pessoa dessa estar solta por aí destilando ódio. Bolsonaro não é um adversário eleitoral, é adversário do Brasil", disse.
Manuela Dávila (PCdoB) também embarcou na polêmica, mas preferiu não citar o nome do deputado.
"A imagem é tão violenta que o sorriso do inominável deve ser apenas um deboche", afirmou.
O Globo: Janaína Paschoal deve ser anunciada no domingo como vice de Bolsonaro
'Estamos namorando por telefone', diz presidenciável ao GLOBO
Por Marco Grillo, Maiá Menezes e Thiago Prado, do O Globo
RIO — A advogada Janaína Paschoal, professora de Direito da USP, está perto de ser anunciada como candidata a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Os dois se falaram por telefone na quinta-feira, e Janaína deve vir ao Rio neste sábado para conversar pessoalmente com o pré-candidato — será a primeira vez em que Bolsonaro e a advogada vão se encontrar. Caso as negociações avancem, a parceria será anunciada oficialmente na manhã de domingo, na convenção nacional do PSL. O próprio pré-candidato antecipou as informações ao GLOBO na tarde desta sexta-feira.
Janaína se tornou conhecida por ser uma das autoras do parecer que embasou o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Ciro Gomes discursa na convenção que o oficializou como candidato do PDTCiro faz discurso de esquerda e diz que, sem Lula, sua responsabilidade aumentou
Principais nomes do PSOL participaram do lançamento da candidatura de Tarcísio MottaCom ataques a Paes, PSOL lança Tarcísio Motta ao governo do estado
ACM Neto e Geraldo Alckmin em evento para lançamento da chapa PSDB e DEM para o governo de São PauloACM Neto diz que apoio a Alckmin ainda depende de ajustes
Presidente do PDT, Carlos Lupi, discursa ao lado de Ciro Gomes na convenção do partido‘Não dá para ser mole’, diz Lupi em defesa do temperamento de Ciro
— O meu sentimento é que ela (Janaína) está com vontade de ajudar a transformar o Brasil. Estamos “namorando” por telefone. Ela deu sinal verde. Ela deve vir ao Rio amanhã (sábado) e, provavelmente, no domingo estará na convenção. Pode acontecer de anunciar (a chapa) lá. Vai ser a dupla Já-Já — disse Bolsonaro, na tarde desta sexta-feira.
Janaína se filiou ao PSL em abril, no limite do prazo que tornaria possível uma candidatura este ano. Ela foi convidada pelo deputado Major Olímpio (PSL-SP), presidente do partido em São Paulo, a concorrer ao governo do estado, mas recusou e estudava uma candidatura a deputada estadual. Na quinta-feira, o presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno, esteve em São Paulo e conversou com a advogada.
Antes de Janaína, Bolsonaro convidou o senador Magno Malta (PR-ES) para o posto de vice. Malta, no entanto, preferiu disputar a reeleição ao Senado. As negociações entre PSL e PR naufragaram depois, porque o PR exigia uma contrapartida de coligação na eleição para deputado no Rio e em São Paulo, o que o partido de Bolsonaro não considerou vantajoso. Depois, as tratativas se voltaram para o general Augusto Heleno (PRP), que chegou a aceitar o convite. Neste caso, no entanto, a aliança foi barrada pela direção nacional do PRP. Bolsonaro também descartou a possibilidade de o vice ser o general Hamilton Mourão, que se filiou este ano ao PRTB, partido do presidenciável Levy Fidélix.
Procurada, Janaína ainda não respondeu.