Blog do Noblat

Ricardo Noblat: Quanto pior, melhor para o capitão

Ameaça à democracia

Ao Congresso, uma vez que queira se comportar com responsabilidade, cabe pôr suas impressões digitais na reforma da Previdência e aprová-la em tempo razoável. Porque para o presidente Jair Bolsonaro, tanto faz como tanto fez.

Bolsonaro votou contra todas as propostas de reforma da Previdência nos seus sete mandatos de deputado. Para isso até alinhou-se com o PT. Terceirizou a área econômica de um eventual governo só para obter o apoio do mercado.

Uma vez que se elegeu, pouco se lhe dá se a reforma for aprovada ou não. Cumpriu o ritual de ir ao Congresso apresentá-la. Vez por outra repete que sem ela o país quebrará. Mas ao mesmo tempo a torpedeia sempre que pode.

Se ela passar, Bolsonaro dirá que se deveu ao seu empenho e ao do ministro Paulo Guedes. Do contrário, culpará o Congresso pelo que possa acontecer ao país mais tarde. Jamais confessará que aposta no pior. É nisso, de fato, no que aposta.

Os que analisam o governo Bolsonaro cedem à tentação de normalizá-lo, de o observarem como a maioria dos governos que o país já teve – particularidades à parte. Mas ele não é e não quer ser um governo como qualquer outro.

Embora tenha ficado quase 30 anos na Câmara, Bolsonaro nada aprendeu ali, nada quis aprender, e por isso jamais se destacou entre seus pares – salvo como um tosco parlamentar, estridente e monotemático, em defesa das piores causas.

Ele foi a primeira pessoa a surpreender-se com a descoberta de suas chances de se eleger presidente – a segunda foi sua mulher. Isso ocorreu depois da facada em Juiz de Fora. À falta de equipe e de um plano de voo, montou o pior governo das últimas décadas.

Sem compromisso com coisa alguma, apreciador de ralas e confusas ideias, todos os seus passos até aqui têm sido na direção do enfraquecimento da democracia. Direto ao ponto: Bolsonaro sonha com o estabelecimento de um regime autoritário sob seu comando.

Daí seu desprezo pelos partidos, seu pouco caso com a Justiça cada vez mais acossada por seus devotos nas redes sociais, e seu ódio à imprensa independente. Se não houver a ruptura institucional tão desejada por ele, seguirá em frente aos trancos e barrancos.

Se sua situação no cargo tornar-se insustentável, será capaz de jogar tudo para o alto e ir gozar a vida confortável de ex-presidente. Era seu plano original: ajudar os filhos a se reelegerem e desfrutar da companhia de dona Michele e da filha mais nova. Aí deu no que deu.

A resistência de Rodrigo Maia

Bolsonaro, o fabricante de crises

Desde o início da semana passada quando Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, tornou-se o alvo preferencial de Bolsonaro e dos seus acólitos, Maia e o ministro Paulo Guedes, da Economia, trocam mensagens diárias pelo WhatsApp.

Guedes está horrorizado com o cerco a Maia, mas sabe que tem pouco a fazer pela sorte dele. Bolsonaro não o escuta em matéria de articulação política. Também não dá muita bola para o que ouve do ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil.

Não passa de lenda essa história de que a ala militar do governo controla Bolsonaro. Os generais o aconselham, bancam os moderados, mas Bolsonaro os contraria com frequência. O respeito à hierarquia os impede de ir além.

O sucesso da resistência de Maia aos acintes de Bolsonaro depende unicamente do apoio que obtiver dos líderes dos partidos na Câmara e fora dela.

ABIN de olho em políticos

No radar
A agência Brasileira de Inteligência (Abin) está atenta aos passos de cabeças coroadas do Congresso. Uma delas, por sinal, já foi avisada por um amigo e começou a tomar cuidado com o que fala e escreve.


Ricardo Noblat: Para esquecer o passado

Tempos estranhos

“Cidadania”. É como se chamará doravante o Partido Popular Socialista (PPS), nome fantasia do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) fundado em 1922.

Houve quem não gostasse do nome, e sugerisse que melhor seria chamá-lo de Partido da Cidadania.

A sugestão foi derrotada porque então a sigla do partido (PC) remeteria à agremiação original, e nestes tempos estranhos…

“Cidadania”, pois. Ou Cida.

 

A falência do PMDB

Frouxa reação

O ex-presidente José Sarney estava em sua casa no Lago Sul de Brasília quando soube da prisão do ex-presidente Michel Temer na manhã da última quinta-feira. À tarde, leu a nota onde seu partido, o PMDB, protestava contra a prisão. Considerou-a muito fraca.

Então telefonou para o ex-senador Romero Jucá (RR), presidente do partido, e recomendou que convocasse uma reunião de emergência da Executiva do PMDB e que divulgasse depois uma nota mais dura.

Desligou depois de ouvir Jucá dizer que para fazer isso não tinha confiança na maioria dos 21 membros da Executiva.


Ricardo Noblat: Sem armas, please!

Mais um

O presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva comemoram como se fosse algo excepcional o fato de que se hospedarão na Blair House, a pouca distância da Casa Branca. Segundo auxiliares do capitão, isso só acontece com visitantes especiais do presidente americano.

No site da Blair House, em consulta ao Livro de Hóspedes, vê-se a relação dos que já se hospedaram por lá. É enorme. Bolsonaro será só mais um. A Blair House funciona como um local importante para a diplomacia americana.

Além de servir como Casa de Hóspedes de visitantes estrangeiros recebidos pelo presidente, ela também é palco para uma quantidade muito grande de eventos internacionalmente focados em ajudar no progresso das relações dos Estados Unidos com outras nações.

Uma agenda típica de um ano pode incluir até trinta visitas de líderes estrangeiros, muitos almoços ligados à política de relações exteriores, jantares formais, recepções e chás e inúmeros encontros oficiais, todos sob a chancela do papel especial de Casa de Hóspedes do Presidente.

É recomendável que o Bolsonaro não entre armado na Blair House. E que se vista de acordo com o local.


Ricardo Noblat: Bolsonaro e PT, tudo a ver

Cara de um, focinho do outro

Em muitas coisas eles se parecem. Certamente foi por isso que tudo fizeram para se enfrentar no segundo turno da eleição presidencial do ano passado.

Ao longo do primeiro, o PT poupou Bolsonaro de críticas. Deixou para Geraldo Alckmin (PSDB) o serviço sujo de tentar destruir a imagem dele. Não deu certo.

Bolsonaro sempre soube que o adversário ideal para derrotar seria o PT. Suas chances seriam menores se seu adversário no segundo turno fosse qualquer um dos outros.

O que Bolsonaro faz agora com a imprensa rebelde aos seus desejos é o que o PT fez com menos estridência na época em que governou. Quer emparedá-la.

Se Lula, em comícios, chegou a citar o nome de jornalistas críticos do seu e depois do governo de Dilma, Bolsonaro procede da mesma maneira, na maioria das vezes por meio das redes sociais.

São dois irresponsáveis. Não se preocupam com as eventuais e perversas consequências à segurança de profissionais que apenas cumprem o seu dever de ofício.

Mas há uma diferença entre Lula e Bolsonaro: um está preso. O outro é o presidente da República, recém-eleito, e ainda com alto índice de aprovação.

Lula já não representa perigo algum para quem discorde dele – salvo dentro do PT, naturalmente. Bolsonaro é o perigo em pessoa.

Acadêmicos do Capitão saúda o povo e pede passagem

E o desfile mal começou...
Governo é como escola de samba. Há muitas alas, cada uma se julga a mais bonita, e todas querem brilhar na Esplanada da Sapucaí.

Há unir as alas um enredo que conta uma história. E também um samba que deve ser cantado ao ritmo ditado pelo puxador.

Se o coro de vozes não levar em conta a bateria, o samba atravessa. Se faltar harmonia no desfile, abrem-se buracos e perdem-se pontos.

No momento, O Grêmio Recreativo Acadêmicos do Capitão exibe pelo menos cinco alas. A saber:

+ Família Unida Jamais Será Vencida;
+ Fardados do General Mourão;
+ Órfãos da Lava Jato;
+ Economia Acima de Tudo;
+ e Indicados do Olavo.

Montada às pressas, a escola enfrenta um grave problema desde que começou a desfilar em janeiro último: carece de uma narrativa.

Quem puxa o samba? Não se sabe. Ora, puxa o capitão, ou tenta puxar, dando ouvido aos filhos reunidos na alucinada comissão de frente.

Mas logo ele desafina e é atropelado pelo vice, empenhado em corrigir seus erros. Por sinal, a Ala dos Fardados é a mais volumosa e ainda não está completa. Procura ocupar todos os espaços.

A da Lava Jato, a mais raquítica até aqui, teve seu comandante recentemente desautorizado. Sequer um auxiliar pode escolher.

O chefão da Economia Acima de Tudo não conversa com ninguém, nem com o pessoal a quem caberá engolir sua poção milagrosa. Dizem que troca ideias com Deus, o único acima de todos.

A turma dos Indicados do Olavo é a que mais saracoteia. Para quê? Para nada. Produz espuma e barulho inútil, para irritação e desânimo geral.

Sosseguem os que a tudo assistem bestificados: a continuar assim, a escola será rebaixada. Talvez não chegue à metade da avenida.

À falta de um samba enredo e de tantas outras coisas, melhor cantar Bye, Bye, Brasil à espera do desfile da próxima agremiação.

A turma da pipoca começa a se animar

À espera de receber para dar em troca
Respira-se melhor no Congresso. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, mandou cortar a fantasia de Primeiro-Ministro do governo presidencialista de Jair Bolsonaro.

Multiplicam-se ali os indícios de que Bolsonaro está sendo normalizado pela descoberta de que não está fácil a vida de quem sonhe em aprovar a reforma da Previdência.

Por normalizar, entenda-se: render-se ao toma lá dinheiro e cargos em troca de 308 votos na Câmara e de 49 no Senado, o mínimo necessário para mudar pontos da Constituição.

Dinheiro para obras nas bases eleitorais dos parlamentares, Bolsonaro já mandou liberar sob a justificativa de que é obrigatório. De fato, é. Mas presidente só libera quando quer, e para quem quer.

Quanto a cargos… Aos políticos só interessa aqueles que rendem dinheiro. Quer dizer: cargos com orçamentos altos e poder de convencimento junto aos prestadores de serviços.

Por enquanto, Bolsonaro ainda hesita em dá-los. Teme a reação de seus devotos, todos convencidos de que a partir de agora tudo será diferente. Mas se isso for preciso e feito com discrição…

É o que se verá mais adiante.


Ricardo Noblat: O Estado do Crime

Por que mataram Marielle

Enquanto não se souber quem mandou matar a vereadora Marielle Franco, e por que, a prisão dos executores do assassinato de pouco adiantará para dar início ao que de fato importa – o eventual desmanche do Estado do Crime. Pois foi isso o que se tornou o Estado do Rio de Janeiro.

O Brasil é um dos países campeões do mundo em número de homicídios. São mais de 66 mil por ano. O crime organizado está espalhado por toda parte. Mas foi no Rio que as facções criminosas e os grupos paramilitares chamados de milícias capturaram o aparelho do Estado.

Não existe o Estado de um lado e o Estado do Crime do outro. Os dois são uma coisa só. Cerca de 2 milhões e meio de cariocas vivem em regiões onde a presença do Estado do Crime se faz sentir de maneira avassaladora, permanente e cruel. Mas os demais não estão a salvo de suas consequências.

Ali, o Estado de Direito foi praticamente abolido. Há segmentos dele que ainda sobrevivem, embora cada vez mais enfraquecidos, minados por dentro. A reconstrução do Estado de Direito cobraria muito tempo e um preço que talvez o país, e especialmente os cariocas, não estejam dispostos a pagar.

É o que ouço há anos de autoridades federais da área de segurança pública. É o que a sucessão dos fatos parece demonstrar. O esclarecimento da morte de Marielle, por si só, infelizmente não significará muita coisa. Tristes tempos, estes, que custarão a passar. Se é que, um dia, de fato passarão.

Bolsonaro quer saber quem mandou matá-lo

Eles contra nós

Ninguém escolhe os pais que tem, nem os filhos, quanto mais os vizinhos. Mas presidente da República, os habilitados a votar escolhem. E também seus representantes no parlamento.

Bolsonaro, que à época do assassinato da vereadora Marielle Franco preferiu nada comentar a respeito, ontem, provocado por jornalistas, abriu a boca para dizer platitudes e mais uma grossa besteira.

A besteira, e tomara que fosse apenas uma besteira: ele disse que está interessado em saber quem encomendou sua morte ao pedreiro Adélio Bispo que o esfaqueou em Juiz de Fora.

Do seu ministro da Justiça e da Segurança Pública, Bolsonaro já ouviu como resposta que Adélio agiu sozinho, por conta própria, e que o atentado não foi encomendado por ninguém.

Foi o que concluíram dois inquéritos da Polícia Federal que viraram pelo avesso o presente e o passado de Adélio. Peritos indicados pela Justiça atestaram também que Adélio é um doente mental.

A inconformidade de Bolsonaro com os resultados nada tem de inocente, nem trai apenas um justo sentimento de revolta com o que quase lhe custou a vida. Ele pode ser tosco, mas bobo, não.

Bolsonaro precisa manter viva a narrativa de que foi vítima de uma conspiração da esquerda, empenhada em evitar sua eleição. Se o PT inventou o nós contra eles, Bolsonaro inventou o eles contra nós.

Depende disso para manter sua tropa coesa. Depende disso para governar. Depende disso para se reeleger ou eleger o seu sucessor. Enfim, depende disso para não passar à história como uma fraude


Ricardo Noblat: O capitão mente

Primeiro para se eleger. Agora para governar

Que Jair Messias Bolsonaro sempre foi irresponsável já se sabia. Basta ter acompanhado seus 33 anos como deputado federal – ou seu comportamento no ano passado como candidato a presidente.

Uma vez eleito, o que agora se sabe é que ele passou à condição de leviano. Quando nada porque comanda diretamente ou por meio dos filhos uma rede de sites de aluguel destinada a disseminar mentiras.

A última delas (a última, não, a mais recente) foi o ataque à honra da repórter Constança Rezende, do jornal O Estado de São Paulo. E, por tabela, à imagem do centenário jornal.

A fraude avalizada por Bolsonaro ruiu por completo com o reconhecimento do site francês Mediapart de que eram falsas as informações postadas por um leitor em um dos seus blogs.

O blog é aberto aos leitores do site que podem escrever o que quiser sem que o Mediapart se responsabilize pelo conteúdo. Ali, um tal de Jawad Rhalib escreveu o que Bolsonaro passou adiante.

Rhalib escreveu que Constança teria declarado em conversa gravada por um estudante que sua intenção era a de arruinar a vida do senador eleito Flávio Bolsonaro e provocar o impeachment do pai dele.

O texto de Rhalib, que se apresentou como “documentarista”, foi reproduzido pelo jornal sensacionalista de direita americano Washington Times, famoso por seu viés racista.

E finalmente aqui saiu em um blog de apoiadores de Bolsonaro que mais de uma vez já foi recomendado por ele e seus filhos. Foi o que bastou para que Bolsonaro o endossasse.

O texto no blog Terça Livre foi assinado pela jornalista Fernanda Salles Andrade. Que vem a ser… O quê mesmo? Assessora do deputado estadual mineiro Bruno Engler, do PSL de Bolsonaro.

Pego mentindo, Bolsonaro não passou recebido. Preferiu escrever no Twitter que o “ambiente acadêmico vem sendo massacrado pela ideologia de esquerda que divide para conquistar”.

E advertiu a quem interessar possa, e com a maior cara de pau: “Neste contexto a formação dos cidadãos é esquecida e prioriza-se a conquista dos militantes políticos”.

A formação “dos cidadãos” é posta em grave risco quando um candidato a presidente da República se vale de notícias falsas para se eleger – e uma vez eleito, para governar.

Lula está preso, seus babacas!

Como agem o capitão e seus devotos nas redes sociais
Tão logo o jornal Folha de S. Paulo, ontem à tarde, publicou em seu site que o coronel Dadio Pereira Campos havia sido nomeado para cuidar das redes sociais do governo, o presidente Bolsonaro correu a escrever no Twitter: “É fake!”.

Então o jornal informou que nomeação assinada pelo próprio Bolsonaro saíra em uma edição extra do Diário Oficial da União. O que fez o capitão outra vez flagrado mentindo? Socorreu-se do Twitter para decretar: “É fake do fake”.

Não era.

Nas pegadas do seu ídolo, o responsável pelo site bolsonarista Terça Livre, de nome Allan Santos, exibiu em vídeo no Facebook um post do Twitter atribuído à jornalista Constança Rezende.

“Estamos falando dessa jornalista aqui, jornalista que disse que o Brasil virou uma ditadura, que com a morte da Marielle (Franco) isso ficou bem claro”, esperneou Allan.

O post era falso. Como falso era o perfil da jornalista no Twitter. O perfil já foi eliminado pelo próprio Twitter.

Em tempo: não vale dizer que o PT já procedeu assim no passado recente. O PT perdeu a eleição. Lula está preso, seus babacas.


Ricardo Noblat: Cargos em troca de votos

É dando que se recebe

Líderes de partidos começaram a ser avisados desde ontem que o presidente Jair Bolsonaro finalmente caiu na real e se dispõe a ceder cargos no segundo e demais escalões do governo para quem o apoiar dentro do Congresso.

Tudo pela aprovação da reforma da Previdência, e de outras coisitas mais. Haverá também generosa liberação de verbas previstas nas emendas dos parlamentares ao Orçamento da União. Foi para o brejo a história de um banco de talentos com nomes indicados por políticos.

Um governo carente de votos e de articulação política não poderá dar-se ao luxo de pedir apoio em troca de nada. É sua sobrevivência que está em jogo.

Bolsonaro, um presidente fake
Jair Messias Bolsonaro, como assina, está descobrindo que Bolsonaro, presidente do Brasil há menos de 100 dias, é apenas uma caricatura de si mesmo.

Durante 33 anos, ele fez a vida na política criticando adversários porque, dizia, mentiam, distorciam, manipulavam e falsificavam histórias sobre situações, lugares e pessoas, especialmente quando se tratava das que fizeram parte ou estiveram aliadas ao regime militar – o mesmo que o processou e mandou para reserva por indisciplina.

Jair Messias Bolsonaro já coleciona material suficiente, que ele mesmo tem publicado nas redes sociais, demonstrando que o presidente Bolsonaro, em menos de 100 dias no poder, se tornou a imagem e semelhança dos adversários políticos que tanto abominava.

Na caricatura poderia identificar o perfil comum aos políticos habituados a usar cargos, subvenções e instrumentos financiados pelo povo para mentir, distorcer, manipular e criar histórias, com o único objetivo de assassinar reputações de seus críticos.

Se olhar no espelho com olhos de ver, talvez perceba que o presidente Bolsonaro se tornou a uma velocidade relâmpago uma representação malfeita de tudo aquilo que Jair Messias Bolsonaro sempre disse deplorar.


Mary Zaidan: E ainda não tem 100 dias

Traiu milhões de eleitores

Em 7 de outubro, diante do resultado do primeiro turno que o colocava na liderança com mais de 46% dos votos contra 28% do segundo colocado Fernando Haddad, o então candidato Jair Bolsonaro usou o Facebook para comemorar e agradecer aos eleitores. Ao vivo e em cores, prometeu “unir o povo, unir os cacos que nos fez o governo de esquerda”, caso fosse vitorioso. Ao chegar à Presidência não fez valer a jura: traiu milhões de eleitores.

Além de não compreender a natureza e a grandeza do cargo que ocupa, como tem demonstrado continuamente em comportamentos desleixados, tuítes irresponsáveis e até escatológicos, Bolsonaro parece também não entender os motivos do apoio que recebeu de eleitores que haviam negado a ele o voto no primeiro turno. Pior: acredita que tudo pode, que é mesmo um mito, termo usado na campanha pelas torcidas fundamentalistas.

É fato que Bolsonaro soube encarnar com sucesso o repúdio do eleitor à corrupção, grudada ao PT. Usou com maestria as redes sociais e os batalhões fictícios que ela proporciona, e teve competência para terceirizar temas econômicos, sobre os quais nunca soube nada e não se esforça nem um pouco em aprender. Mas, ao contrário do que o ex-capitão, sua prole e seu guru Olavo de Carvalho preferem crer, é absurdo imaginar que o antipetismo tem o condão de transformar os que rejeitam Lula, Dilma & cia em ultradireitistas, apoiadores de pensamentos xenófobos, homofóbicos, anti-humanistas e castradores da liberdade.

Esse eleitor sem opção de centro atraente, que assegurou a vitória a Bolsonaro no segundo turno, é quem pode acrescentar peso ao governo. E, diferentemente dos fiéis, são pessoas sem alinhamento automático, que têm de ser conquistadas cotidianamente e que já começam a expressar descontentamento. Nas mesmas redes sociais em que milita a tropa do ex-capitão, aparecem arrependimentos, gente decepcionada, cansada das baboseiras do presidente, descrente diante da ausência de governo e de governante. Isso em pouco mais de dois meses.

No avesso da concórdia pregada há cinco meses, Bolsonaro insiste em rechaçar qualquer ideia diferente da sua, espuma quando contrariado e não esconde o ódio a jornalistas. Ele e os seus continuam a bater no petismo – e em qualquer um que pareça de esquerda, seja lá o que isso quer dizer -, como se o PT ainda tivesse algum peso. Com isso, em vez de minar, criam espaço para o repique do “inimigo” derrotado, engrossando bate-bocas nas redes, com xingamentos, palavrões. Um desastre.

Na outra ponta, a do combate à corrupção, Bolsonaro não está conseguindo nem mesmo fazer a mais básica lição de casa. Com a desvinculação do crime de caixa 2, a proposta anticorrupção do ministro da Justiça, Sergio Moro, chegou quebrada à Câmara. Mais grave: o presidente mantém sob sua guarda o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, enrolado com o laranjal do PSL. O afastamento do auxiliar chegou a ser pedido pela deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), coautora do processo de impeachment da presidente deposta Dilma Rousseff e dona de nada menos do que 2 milhões de votos.

Sem dar ouvidos à razão e com investimento zero em ações que desarmem ânimos e promovam consensos mínimos, Bolsonaro pode perder as batalhas que interessam ao país, como as reformas da Previdência e tributária. E joga no lixo os eleitores que conseguiu atrair entre um turno e outro, aprisionando seu governo na provocação improdutiva de uma direita medieval a uma esquerda do início do século passado.

Enquanto Bolsonaro digladia com o mundo e se expõe a ferimentos com os cacos que dizia querer juntar, o vice-presidente Hamilton Mourão e o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), passeiam para além dessa geografia ultrapassada. Possíveis sucessores postos antes mesmo de o governo completar 100 dias.

*Mary Zaidan é jornalista.


Ricardo Noblat: O capitão que nada aprendeu

Em cena, os tradutores de Bolsonaro

Jair Messias Bolsonaro é a prova viva de quanto seria necessária uma reforma educacional aplicada às escolas militares. O capitão de hoje pode ser o presidente da República de amanhã. E ele não pode ser devolvido à vida civil sem conhecer, e bem, a história do seu país, os fundamentos do regime democrático e o papel das Forças Armadas, entre tantas outras coisas.

De preferência, deveria também sair da escola tendo aprendido a falar o idioma nacional com correção. É o instrumento básico de trabalho para qualquer um, militar ou civil, que queira conviver em sociedade. Lula, por exemplo, que nunca quis estudar, chegou à presidência da República falando um português cheio de defeitos. Ao invés de “menos” dizia “menas”. Melhorou depois.

Aprendeu no exercício do cargo quando deveria tê-lo feito antes. Sofreu vexames, foi vitima de ataques por isso, e rebateu-os muitas vezes louvando a própria ignorância. No discurso de posse no Congresso em janeiro de 2003, citou com orgulho que o diploma de presidente da República era o primeiro que ganhava. Mentiu, é claro. Havia ganhado um ao concluir o curso para torneiro mecânico.

Bolsonaro foi aluno da Escola Preparatória de Cadetes do Exército e da Academia Militar das Agulhas Negras, onde se formou em 1977. Dez anos depois, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. É de se supor que tivesse aprendido alguma coisa, talvez o bastante para se expressar pelo menos de forma inteligível, o que o pouparia de ser mal interpretado. Mas não foi isso o que aconteceu.

E disso deu prova mais uma vez ao falar rapidamente e de improviso na cerimônia pelo 211º aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, na Fortaleza de São José da Ilha de Cobras, no centro do Rio de Janeiro. Lá pelas tantas, em meio a um raciocínio rasteiro, enxertou uma frase entre vírgulas que o levaria a pagar caro nas redes sociais que já foram a praia onde reinava sem contestação.

Disse o torturador da língua depois de mencionar sua vitória nas eleições passadas:

– A missão será cumprida ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que amam a pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem aproximação com países que têm ideologia semelhante à nossa, daqueles que amam a democracia. E isso, democracia e liberdade, só existe quando a sua respectiva Força Armada assim o quer”.

Dito de outra maneira e indo direto ao ponto: democracia e liberdade em um país só existem quando as Forças Armadas querem ou permitem. Que tal? E o distinto povo nada tem a ver com isso? Democracia e liberdade não são escolhas do povo que as deseja, restando às leis regulá-las, e às Forças Armadas e demais instituições do Estado garanti-las? Na cartilha do capitão é o contrário.

A frase de Bolsonaro chocou tanto ou mais os políticos em geral e seus ex-companheiros de farda e da reserva em particular do que o seu ato da véspera de compartilhar no Twitter um vídeo pornográfico onde um homem metia o dedo no próprio ânus, e em seguida outro homem urinava em sua cabeça. O vídeo veio acompanhado do comentário depreciativo feito por Bolsonaro a propósito de blocos carnavalescos.

Às pressas, o núcleo militar do governo montou uma operação de socorro ao capitão de ideias estranhas e de linguagem tosca. A frase de 15 palavras de Bolsonaro foi traduzida assim pelo vice-presidente Hamilton Mourão:

– O que que o presidente quis dizer? Tá sendo mal interpretado. O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade, esses valores morrem. É o que acontece na Venezuela.

Em uma sessão ao vivo no Facebook, o capitão admitiu que mais uma vez causara polêmica, mas em vez dele mesmo explicar o que quis de dizer, apelou para o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete Segurança Institucional. Resumo do que disse Heleno:

– Isso aí não tem nada de polêmico, ao contrário. As suas palavras foram ditas de improviso para uma tropa qualificada e foram colocadas exatamente para aqueles que amam a sua pátria, aqueles que vivem diariamente o problema da manutenção da democracia e da liberdade. (…) No caso do Brasil, é claro que as Forças Armadas são o pilar da democracia e da liberdade.

O terceiro tradutor de Bolsonaro foi seu porta-voz, o general Rêgo Barros, que citou o cientista político americano Samuel Huntington, estudioso da relação entre os militares e o poder civil. Segundo o general, Huntington advoga que as Forças Armadas devem ser a fortaleza do poder civil. “Naturalmente, as Forças Armadas já o são, por defenderem veementemente a democracia”, acrescentou.

Confesso que hesito entre pedir ao capitão que se cale para não dizer tantas idiotices ou se o aconselho a continuar a falar o que bem entenda. Se calasse, não assustaria as pessoas que tanto dependem dele nem atrapalharia o governo que mal começou, e que começou tão mal. Mas, por outro lado, os 58 milhões de brasileiros que o elegeram perderiam a oportunidade de conhecê-lo melhor.

Não seria justo.


Ricardo Noblat: Um presidente sem decoro

Bolsonaro compartilha no Twitter vídeo pornográfico

Pode ter sido efeito da ressaca de um carnaval onde apanhou muito por toda parte e foi alvo de insultos de baixo calão.

Mas ninguém espera que um presidente aparentemente normal reaja como fez o capitão Bolsonaro em sua conta no Twitter.

Ele agrediu a lei, a moral, os bons costumes e até a sensibilidade dos seus próprios devotos ao compartilhar um vídeo pornográfico.

Sim, porque uma coisa é o erotismo, representação explícita da sexualidade. Outra muita diferente é a pornografia.

O vídeo mostrou um homem dançando sobre um ponto de táxi em São Paulo após introduzir um dos dedos no próprio ânus.

Em seguida, aparece outro que abre as calças e urina na cabeça do homem que dançava. Por que Bolsonaro compartilhou o vídeo?

Para “expor a verdade” à população, segundo ele. “É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro”, escreveu.

Havia um bloco perto da cena. Mas a cena nada tinha a ver com o enredo do bloco nem com o comportamento dos seus integrantes.

Bolsonaro pediu aos quase 3 milhões e meio de seguidores que tirassem suas próprias conclusões e que debatessem a respeito.

Recebeu como resposta mais de 24 mil comentários, a maioria criticando-o pelo que havia feito.

Em um deles, o jornalista Fabio Pannunzio, apresentador do jornal da Rede Bandeirantes de Televisão, escreveu:

“Bolsonaro, a minha neta de seis anos tomou conhecimento dessa cena no seu Twitter. Ela e outros milhões de crianças cujos pais o seguem. Quero ver como o presidente da República vai explicar o que elas viram. Você precisa de tratamento médico com urgência”.

“Proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo” é crime, segundo a lei 1.079 da Constituição Federal.

Compartilhar vídeo pornográfico é ou não incompatível “com a dignidade, a honra e o decoro do cargo” de presidente da República?

Compartilhar vídeo pornográfico para em seguida deplorar seu conteúdo torna o vídeo menos pornográfico?

Presidente da República é o servidor número 1 do país. Todos os olhos se voltam para ele, para o que faz ou deixa de fazer.

Todos os ouvidos estão atentos para escutar o que ele diz. O comportamento de um presidente é escrutinado a cada momento.

Tudo bem que Bolsonaro não contasse com sua eleição até levar a facada em Juiz de Fora que quase lhe custou a vida. Mas, e daí?

Daí que parece nada ter aprendido desde que se elegeu presidente, nem mesmo a proceder com a honra que o cargo exige.

O país que deu a Bolsonaro 58 milhões de votos em outubro último está sendo apresentado aos poucos ao presidente que elegeu.

Não importa se está gostando ou não do que vê. Terá que conviver com ele pelos próximos 4 anos. Ou exatos 3 anos, 9 meses e 25 dias.

Ricardo Noblat: Escreva mais, Bolsonaro!

Ninguém amordaça um presidente
Somente ontem, além de compartilhar um vídeo pornográfico em sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro atacou indiretamente dois artistas, os baianos Daniela Mercury e Caetano Veloso, e respondeu com desaforos a dois jornalistas.

O ataque a Daniela e a Caetano teve a ver com a Lei Rouanet, de incentivos fiscais à Cultura. Daniela respondeu se oferecendo a ir a Brasília junto com sua mulher e empresária para explicar a Bolsonaro como a lei funciona. É ao contrario do que ele diz.

Os dois jornalistas, um da Rede Globo, recusaram-se a responder às provocações de Bolsonaro. Um deles foi chamado de “cérebro mofado”.
O vídeo compartilhado por Bolsonaro feriu as regras do Twitter às quais deveriam se submeter todos os que o utilizam. Mas o Twitter limitou-se a classificar de material “sensível” o que ele postou.

É bom que Bolsonaro fale mais e escreva mais. Ninguém governa governador, menos ainda presidente da República. E quanto mais ele fala, mais revela-se como é de fato.


Ricardo Noblat: O desfile histórico da Mangueira

Carnaval

Está para se ver no Rio ou fora dali desfile de uma escola de samba mais politizado, crítico e polêmico do que foi o da Mangueira que terminou nesta terça-feira quando o dia começava a raiar.

Embalado pelo mais feliz samba-enredo deste ano, a escola exaltou personagens com pouco ou nenhum lugar na história do país, e afrontou outros tratados como heróis pela história oficial.

Sobrou para Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, chamado de O Pacificador, patrono do Exército. Para a Princesa Isabel, a Redentora, que assinou a lei que acabou com a escravidão.

Sem falar do padre jesuíta espanhol José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil e suposto protetor dos índios, fundador da cidade de São Paulo, feito santo pela Igreja Católica em 2004.

“Brasil, meu nego/ Deixa eu te contar/ A história que a história não conta/ O avesso do mesmo lugar/ Na luta é que a gente se encontra”, cantou Mangueira, e a partir daí reescreveu a história do país.

Duque de Caxias, Anchieta e o marechal Floriano Peixoto foram apresentados dançando sobre corpos de índios e de escravos mortos e ainda ensanguentados.

A escola debochou do marechal Deodoro da Fonseca, o monarquista que derrubou o Império e proclamou a República enquanto o povo, bestificado, a tudo assistiu sem nada entender.

Debochou também de Pedro Álvares Cabral, que a história consagrou como o descobridor do Brasil, e de Dom Pedro II, que declarou o Brasil independente de Portugal às margens do rio Ipiranga.

A bandeira brasileira trocou de cores. O verde cedeu lugar à rosa e ocupou o lugar do azul. O dístico Ordem e Progresso foi substituído por Índios, Negros e Pobres.

Um carro alegórico, manchado de sangue e pichado com a palavra “assassinos”, reproduziu o monumento que em São Paulo homenageia os bandeirantes, caçadores de índios e de escravos.

O carro que fechou o desfile trouxe a pichação “Ditadura assassina” e como destaque a jornalista Hildegard Angel, filha da estilista carioca Zuzul Angel, morta pela ditadura militar de 64.

A saída da escola da avenida foi marcada pelo acenar de gigantescas bandeiras com o rosto da vereadora Marielle Franco, do PSOL, executada no centro do Rio vai fazer um ano.

Está bom ou quer mais? Se perdeu o desfile, pode vê-lo aqui.

 


Ricardo Noblat: Deixem Bolsonaro falar!

Ninguém amordaça um presidente

Há poucos dias, líderes de partidos e gente do governo cobrava do presidente Jair Bolsonaro um maior engajamento na defesa da reforma da Previdência, mas não só. Sem o capital político acumulado por ele, sem sua participação direta na negociação com o Congresso, seriam poucas as chances de a reforma ser aprovada.

Agora querem o contrário. A declarações infelizes ou que possam atrapalhar a condução do governo, preferem que Bolsonaro se cale ou que fale bem pouco, e sempre monitorado pelos que entendem dos assuntos. Com frequência, já é isso o que acontece. Bolsonaro está sempre rodeado por pessoas atentas a tudo o que ele fala.

Difícil que dê certo. Ninguém amordaça um presidente. A não ser que ele prefira o silêncio. Esse não parece ser o caso de Bolsonaro. Das vezes que foi hospitalizado, ele não abandonou as redes sociais. Em discurso no Congresso, exaltou a importância da comunicação direta dos governantes com os governados.

Imaginou-se que não daria palpites na Economia e na Segurança Pública onde alocou ministros tidos como insubstituíveis – Paulo Guedes e Sérgio Moro, respectivamente. Que nada! O que disse sobre a reforma da Previdência só serviu para enfraquecê-la. Moro é um ministro ladeira a baixo.

“Ninguém governa governador”, ensinou nos anos 50 do século passado Agamenon Magalhães, governador de Pernambuco. Quanto mais presidente.

A última do pai dos garotos

Carlos com a bola toda
O presidente Jair Bolsonaro, que nos últimos quatro dias havia desaparecido das redes sociais, quebrou o silêncio para fazer mais uma declaração pública de amor pelo filho Carlos Bolsonaro, o 03.

E foi logo avisando: “Estando ou não [Carlos] em Brasília”, ele continuará ouvindo suas sugestões não por ser um filho que criou, mas por ser também alguém que ele “aprendeu a admirar e respeitar”.

Na última quinta-feira, durante um café da manhã com jornalistas selecionados por ele, Bolsonaro havia dito que nenhum dos seus filhos “manda no governo, não existe isso”.

Desde então Carlos apanhou muito nas redes. A declaração do pai foi lida como uma espécie de chega pra lá no filho que dá palpites em tudo, e que é o mais influente deles.

Bolsonaro sentiu-se obrigado a sair em defesa de Carlos, dirigindo-se aos “muitos que nada ou nunca fizeram [nada] pelo Brasil”, e que, no entanto, querem afastar pai e filho. Não conseguirão, pois.

Talvez ocorra o oposto. Como informou a VEJA, Bolsonaro e Carlos já conversaram pelo menos uma vez sobre a ideia de o filho renunciar ao mandato de vereador no Rio para ficar com o pai em Brasília.

Será encrenca na certa. É o que os militares mais temem. Se à distância Carlos já se mete em assuntos do governo e faz a cabeça do pai, imagine se puder se dedicar unicamente a isso.

Segundo o jornal O Globo, das 500 mensagens postadas por Carlos no Twitter entre 15 de dezembro e 15 de fevereiro, 72,2% foram ataques. Elogios, apenas 8,8%. O belicoso está em plena forma.