Blog do Noblat

Ricardo Noblat: Marcelo Bretas, um juiz “terrivelmente” próximo de Bolsonaro

Um trunfo a ser jogado na mesa

A um juiz não é proibido manter relações cordiais com qualquer pessoa. Mas pela função que exerce, por ser obrigado a interpretar a lei de forma imparcial e fazer justiça, espera-se que se comporte com a máxima discrição possível, principalmente em relação a quem possa vir a ser atingido direta ou indiretamente por suas decisões.

Assim se comportou Sérgio Moro até renunciar à toga e aderir ao candidato que mais se beneficiou de suas sentenças quando disputou a presidência da República em 2018. Um ano antes, o próprio Bolsonaro provara na pele o distanciamento prudente que Moro matinha dos políticos. Tentou cumprimentá-lo no aeroporto de Brasília. Foi ignorado.

Depois de Moro, nenhum outro juiz identificou-se tanto com a Operação Lava Jato como Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Com uma diferença: ele não fez e não faz a mínima questão de mostrar-se distante de políticos, sobretudo do presidente Jair Bolsonaro. Pelo contrário: faz questão de se identificar publicamente com ele.

Mais de uma vez nas redes sociais revelou que o admira e apoia. Certa vez viajou a Brasília para uma reunião de fim de semana com ele que não fez parte da agenda oficial do presidente. Recebeu seu filho Flávio para uma longa conversa a sós. E, no último sábado, recepcionou Bolsonaro na Base Aérea do Galeão e com ele embarcou no carro presidencial.

Participou ao lado de Bolsonaro da inauguração da alça de ligação da Ponte Rio-Niterói com a Linha Vermelha. Foi visto com Bolsonaro no show evangélico promovido pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Enquanto Bolsonaro e Crivela entoavam hinos religiosos e, a certa altura, dançavam, Bretas manteve-se sentado. Apenas observou.

Bolsonaro tem no juiz não apenas uma pessoa confiável, capaz de aconselhá-lo nas horas incertas, mas também um trunfo que poderá jogar na mesa se precisar substituir Moro no Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Ou se quiser de fato preencher a próxima vaga a ser aberta no Supremo Tribunal Federal com um ministro terrivelmente evangélico.

Bretas se quiser, sempre poderá dizer que o bom ou o mau exemplo vem de cima. Quantas vezes ministros do Supremo foram vistos entrando e saindo de reuniões sigilosas com presidentes e vices? O presidente do tribunal, Dias Toffoli, não se vangloria de ter abortado um golpe que poderia ter derrubado Bolsonaro? Um golpe que só ele detectou?

Ministros do Supremo também já foram grampeados durante conversas impróprias com políticos de diversos partidos. Não é de estranhar, pois, que a confiança na Justiça seja tão pouca por estas bandas.


Ricardo Noblat: Bolsonaro, mais um gesto obsceno e o desejo de mandar na imprensa

Outra quebra de decoro

Em sua escalada de agressões à imprensa, sentindo-se autorizado por seus seguidores nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro, ontem, pela manhã, à saída do Palácio da Alvorado, deu mais uma “banana” para os jornalistas que tentavam entrevistá-lo. Foi a segunda em uma semana.

À noite, de volta ao palácio, avisado de que a TV Globo divulgaria a resposta do governador Rui Costa (PT), da Bahia, ao ataque que Bolsonaro lhe fizera à tarde, o presidente divulgou uma nota e advertiu em seguida: “Ou a TV Globo lê as duas notas ou não lê nenhuma, tá ok.”

De manhã, Bolsonaro irritou-se com perguntas sobre a redução do espaço da biblioteca do Palácio do Planalto para a construção, ali, de um gabinete destinado à sua mulher, Michelle. À tarde, no Rio, com perguntas sobre as ligações de sua família com o miliciano Adriano da Nóbrega.

Na ocasião, alegou que Nóbrega, morto na Bahia na semana passada, era “um herói” da Polícia Militar do Rio quando seu filho Flávio, então deputado estadual, o homenageou duas vezes. Disse que, à época, Nóbrega ainda não fora condenado com sentença transitado em julgado.

Foi quando aproveitou para tentar sair das cordas e desviar o foco das perguntas. Disparou então: “Quem é responsável pela morte do capitão Adriano? A PM da Bahia, do PT. Precisa falar mais alguma coisa?” Da Bahia, o governador replicou horas depois:

– O Governo do Estado da Bahia não mantém laços de amizade nem presta homenagens a bandidos nem a procurados pela Justiça. […]. Mas se estes atiram contra pais e mães de família que representam a sociedade, os mesmos têm o direito de salvar suas próprias vidas, mesmo que os marginais mantenham laços de amizade com a Presidência.

Daí a longa nota expedida por Bolsonaro à noite em resposta ao governador. Parte da dele e do que escrevera Costa no Twitter foi lida no Jornal Nacional. Curiosa a posição de Bolsonaro quanto a Nóbrega se comparada à sua em relação ao ex-presidente Lula.

Nóbrega, segundo ele, quando homenageado por Flávio, não fora condenado com sentença transitado em julgado. Quer dizer: em definitivo, esgotados todos os recursos. Lula também não foi até hoje. Diz a Constituição brasileira no seu artigo 5º, LVII:

“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

Mas Bolsonaro, em suas declarações sobre Nóbrega, evita criticá-lo diretamente. O oposto do tratamento que dispensa a Lula. O ex-presidente foi acusado de roubar e de deixar que roubassem. Nóbrega, de ser um matador de aluguel e líder de milícia.

Quanto à repetição do gesto obsceno dirigido a jornalistas, Bolsonaro afronta o decoro a que se obriga quem exerce um cargo público – no seu caso, o mais importante cargo público do país.


Ricardo Noblat: Certamente à falta do que fazer, general ataca o Papa Francisco

Pai, perdoa porque ele não sabe o que diz

Para os padrões que o país se acostumou, ou que pelo menos já não se espanta com tanta frequência, até que foi moderada a reação do presidente Jair Bolsonaro ao encontro privado do Papa Francisco com o ex-presidente Lula, no Vaticano.

Como em recente documento pontifício o Papa referira-se à Amazônia como “nossa” e de “todos nós”, e a chamou de “querida”, Bolsonaro retrucou dizendo que a Amazônia é “nossa”, dos brasileiros. Agradou os militares com isso.

Mas o general Augusto Heleno, ministro do esvaziado Gabinete de Segurança Institucional, resolveu ir mais longe do que seu patrão. Há tempo que se comporta assim. Posto ao lado de Bolsonaro para podar-lhe os excessos, excede-se tanto ou mais do que ele.

Em horário de expediente no Palácio do Planalto, de resto como costuma acontecer, o general sacou do celular e disparou no Twitter:

“Parabéns ao Papa Francisco pelo gesto de compaixão. Ele recebeu Lula, no Vaticano. Confraternizar com um criminoso, condenado, em 2ª instância, a mais de 29 anos de prisão, não chega a ser comovente, mas é um exemplo de solidariedade a malfeitores, tão a gosto dos esquerdistas.”

O mais culto dos militares a servir a Bolsonaro, Heleno deve ter esquecido que Jesus Cristo recebia santos e pecadores, sem discriminar ninguém. E que o Papa João Paulo II visitou na prisão o turco que quase o matou à bala. Abençoou e perdoou.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que um criminoso é só aquele cuja sentença tenha transitado em julgado. A de Lula ainda não transitou. Acusar Francisco de ser solidário com “malfeitores” não é só injusto, é um tiro que o general dá no próprio pé.

São muitos os políticos denunciados por malfeitorias. E Heleno não só cruza com eles por aí como já deve ter recebido alguns em audiência. Por fim, mesmo que indiretamente, insinuar que o Papa é um esquerdista, é ignorar a biografia de Francisco.

Quando superior dos jesuítas na Argentina, Francisco tornou-se suspeito de ter contemporizado com a ditadura militar. A suspeita virou uma cruz que ele carrega até hoje. Ao contrário do general que não se sente culpado pelas mortes que viu de perto no Haiti.


Ricardo Noblat: O Palácio do Planalto virou um puxadinho do QG do Exército

Ou não, segundo o Exército

Seus colegas de farda ainda se lembram dos argumentos esgrimidos pelo general Walter Souza Braga Netto em 2018 quando ele era Interventor Federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro depois de ter sido Comandante Militar do Leste.

Nas reuniões, em Brasília, do Alto Comando do Exército, Braga Neto se destacava por defender a tese de que a Arma à qual servia com muito orgulho deveria manter-se distante das eleições, especialmente do candidato Jair Bolsonaro.

Que a soldadesca reverenciasse o ex-capitão, afastado do Exército por indisciplina e conduta antiética, tudo bem. Ou melhor: ninguém poderia impedi-la de agir assim. Mas não faria bem à imagem do Exército se oficiais se comportassem da mesma forma.

Como Braga Neto, sempre pensou a maioria do Alto Comando – à frente o general Eduardo Villas Boas. Contudo, quando a vitória de Bolsonaro desenhou-se como quase certa, alguns generais debandaram ostensivamente para o lado dele.

Foi um desses generais, o atual ministro da Secretaria de Governo Luiz Eduardo Ramos, quem ajudou Bolsonaro a convencer Braga Neto para que aceitasse a vaga de Chefe da Casa Civil da presidência da República aberta com a saída de Onyx Lorenzonni.

O anúncio do nome de Braga Neto só foi feito ontem porque Bolsonaro quis saber antes do Comandante do Exército, general Edson Pujol, e do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, se o Exército estava de acordo com a escolha que ele fizera.

Os dois responderam que sim. Braga Neto será o segundo general da ativa a ter um cargo no governo. O primeiro foi Eduardo Ramos, que continua na ativa. O Palácio do Planalto virou uma espécie de quartel. Ali, doravante, só haverá ministros militares.

Em nenhum governo anterior foi assim – nem na época da ditadura e dos seus generais-presidentes. Dos 22 ministros de Bolsonaro, seis são militares. De 1964 para cá, a Casa Civil coube a 27 civis e apenas a um militar. Braga Neto será o segundo.

Generais da reserva presidem os Correios, a Itaipu Binacional, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Um coronel, a Telebrás. Um delegado, a Agência Brasileira de Inteligência.

Nos primeiros nove meses de governo, segundo levantamento da Folha de S. Paulo, havia pelo menos 2.500 militares em cargos de chefia ou de assessoramento. Bolsonaro admite que há “civis excepcionais”. Mas prefere a companhia de fardados e ex-fardados.

“A gente (os militares) tem a característica de ser muito quadradinho, mais cartesiano”, disse ao GLOBO o general Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo. E completou: “É o que o presidente quer. O político tem que pensar em política”.

É Ramos que cuida da coordenação política do governo. Faz o meio do campo com deputados, senadores e governadores. Aprende rápido. Onyx prometera 40 milhões de reais por cada voto pela aprovação da reforma da Previdência. Foi o general que pagou.

Em tempo: por seus porta-vozes formais e informais, o Exército renova o aviso de que nada tem a ver com o governo Bolsonaro, como nada teve a ver com governo nenhum da redemocratização do país em 1985 para cá. Atém-se ao que manda a Constituição.

Para calar a voz da oposição, fora com ela!

Conselho da Amazônia

Sabe por que o presidente Jair Bolsonaro pôs seu vice, o general Hamilton Mourão, no comando do Conselho da Amazônia Legal e, do conselho, expurgou os 9 governadores da Amazônia Legal?

Pôs Mourão para dar-lhe algum tipo de ocupação menos decorativa. Um vice sem ter o que fazer sempre preocupa presidente muito ocupado. Esse não é bem o caso de Bolsonaro, mas, vá lá.

Expurgou os 9 governadores porque 7 deles são da oposição ou independentes demais para seu gosto. Mourão promete ouvi-los sobre os problemas da Amazônia, mas separados.


Ricardo Noblat: Reforma administrativa subiu no telhado. De lá, poderá descer ou despencar

Bolsonaro e Guedes, feitos um para o outro

Mas, que diabo! Como uma proposta de reforma administrativa concebida pelo ministro Paulo Guedes, da Economia, e sua equipe poderia atrapalhar a vida do presidente Jair Bolsonaro e facilitar a do governador João Doria (PSDB-SP)?

Bolsonaro pensa que sim. E, por enquanto, a reforma subiu no telhado. De lá, um dia, poderá descer para ser apresentada ao Congresso. Ou então despencar para ser refeita ou simplesmente mandada ao lixo, ficando ou não para depois.

É isso, no momento, o que está tirando Guedes do sério. Mas não é isso o que explica mais uma desastrada declaração dele – desta feita, sobre o câmbio alto. Quando baixo, ele permitiu que empregadas domésticas viajassem à Disneylândia.

Ora, por que elas não se conformam em viajar a Foz de Iguaçu, Cachoeira de Itapemirim, terra de Roberto Carlos, Chapa Diamantina e praias do Nordeste? Por que voarem à Disney, indagou-se Guedes em palestra para empresários?

Seu público não se espantou com o que ouviu. O mercado está para Guedes como Guedes está para Bolsonaro. Um é espelho do outro. Com a diferença que Bolsonaro fala muito mais. Talvez seu ministro esteja se esforçando para manter-se no seu encalço.

Antes de assumir o cargo, Guedes havia sugerido dar “uma prensa” no Congresso para que ele aprovasse a reforma da Previdência. Desistiu diante da repercussão negativa de sua fala. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, cuidou de aprovar a reforma.

Para deixar seu chefe feliz, e por que pensava igualzinho a ele, Guedes chamou de feia a primeira-dama da França. “O presidente falou a verdade, ela é feia mesmo”, disparou Guedes. Para em seguida culpar a imprensa por distorcer suas palavras.

Como culparia quando foi ao Fórum Econômico de Davos e disse que “as pessoas destroem o meio ambiente para comer”. Como havia culpado antes quando afirmou em Washington: “Não se assustem então se alguém pedir o AI-5”.

À época, preocupado com os conflitos sociais nas ruas de países latino-americanos, ele citou o ato mais odioso da ditadura militar de 64 no Brasil lembrado pelo deputado Eduardo Bolsonaro. Mas não o fez para sair em defesa do garoto. Fez porque quis.

Há uma semana, Guedes aumentou a resistência de Bolsonaro à reforma administrativa ao comparar servidores públicos a parasitas. Bolsonaro receia em mexer nos direitos dos servidores públicos. Teme cair numa armadilha.

Só não se sabe ainda por que, aos gritos, há poucos dias, ele disse que Dória, aspirante à sua vaga nas eleições de 2022, se beneficiaria da reforma proposta por Guedes, e ele não. É um enigma a ser decifrado em breve. Ou paranoia pura.

Governo monta Conselho para fazer o que quiser com a Amazônia

O mundo presta atenção

Era uma vez o Conselho Nacional da Amazônia Legal. Foi criado em 1995, ano em que o país era presidido por Fernando Henrique Cardoso, e dele faziam parte os nove governadores da chamada Amazônia legal (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso). A medida repercutiu positivamente mundo afora.

Desativado, na prática, desde que Jair Bolsonaro tomou posse, o mundo ficou sabendo que Conselho voltaria a funcionar quando o ministro Paulo Guedes, da Economia, viajou, este ano, para o Fórum de Davos. Precisava deixar por lá a impressão de que algo voltaria a ser feito para proteger a Amazônia das queimadas e da devastação.

Mas foi um truque. E pior: um truque de mágico amador. É verdade que pelo menos o comando do Conselho foi entregue a alguém que já viu a floresta de perto – o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, que naquela região esteve a frente de uma brigada de infantaria da selva. Mas os nove governadores foram excluídos.

Como isso se justifica? Não se justifica, é claro. E nem o próprio governo deu-se ao trabalho de justificar ao instalar o Conselho em cerimônia no Palácio do Planalto, onde o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete da Segurança Institucional, convidou o auditório a levantar-se das cadeiras e a gritar, em voz alta, “Selva”. Foi atendido com entusiasmo.

Sequer para a cerimônia os governadores foram convidados. Entre embaixadores de outros países presentes, também não estava o da França, propositadamente esquecido. Parte da floresta Amazônia estende-se pela Guiana francesa. Mas o governo do presidente Emmanuel Macron é considerado por Bolsonaro um inimigo do Brasil e do seu governo.

Quem, mais do que os governadores da Amazônia Legal, conhece os problemas da Amazônia Legal? Por que deixá-los de fora do Conselho? Para que não deem sugestões? Para que não se oponham às políticas que o governo eventualmente pretenda implantar? Algumas dessas políticas conhecidas são questionáveis. É isso que provoca medo ao governo?

Um Conselho desativado dará lugar a um Conselho de mentirinha. Se é o que o governo quer, terá. Só não pense que o mundo se deixará enganar por essa jogada tosca.


Ricardo Noblat: O que poderão revelar os celulares do miliciano morto ligado aos Bolsonaro

Witzel, com a faca e o queijo na mão

Há duas razões para o silêncio da família Bolsonaro sobre a morte a tiros de fuzil, na Bahia, do ex-capitão do BOPE do Rio de Janeiro e miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega.

A primeira: fazer de conta que não tinha ligações com ele, defendido em discurso na Câmara pelo então deputado Jair Bolsonaro e homenageado na Assembleia Legislativa do Rio por seu filho, Flávio.

A segunda e principal razão: o que possam revelar os 13 celulares apreendidos com Nóbrega no local onde ele se escondia e foi morto, uma chácara do povoado de Palmeira, no município baiano de Esplanada.

Nóbrega usava chips de sete diferentes operadoras para se comunicar via celulares. Conhecia a fundo a arte de monitorar bandidos procurados. Não queria cair em armadilhas que ele mesmo montara para os outros.

Mesmo assim, é possível que a memória dos celulares revele com quem ele falava – e, quem sabe? – o quê. Os aparelhos serão escrutinados pela Polícia Civil do Rio, sob o comando do governador Wilson Witzel.

O governador e o presidente da República romperam relações. Bolsonaro está convencido de que Witzel tem acesso e controla as investigações do Ministério Público sobre eventuais deslizes de sua família.

Ontem, Witzel, deu mais uma estocada indireta nos Bolsonaro: “No meu governo, não admito milicianos”.

O PT envelheceu. Ou se liberta de Lula ou não terá futuro

À sombra da hegemonia da extra-direita
Lula jamais imaginou que seria condenado pela Lava Jato. Uma vez que foi, jamais imaginou que seria preso. Uma vez preso, imaginou que acabaria solto a tempo de tentar se reeleger presidente da República pela terceira vez. Quem sabe não compensaria as três vezes (1989, 1994 e 1998) em que foi derrotado, duas, em primeiro turno, por Fernando Henrique Cardoso. Lula nunca perdoou Cardoso por isso.

Condenado, preso e impedido pela lei da Ficha Limpa de se candidatar, Lula algemou-se ao PT e o PT docilmente a ele, com a esperança de que, um dia livre, pudesse reconstruir sua imagem, e dispondo de um partido ainda razoavelmente forte, voltar à boca do palco da política brasileira. O sonho tem tudo para se evaporar quando o Supremo Tribunal Federal julgar o pedido para que anule sua condenação no processo do tríplex.

Condenado em primeira instância no processo do sítio de Atibaia, reformado de graça para ele e sua família pelas construtoras OAS e Odebrecht, Lula é candidato a ser novamente condenado na segunda instância. Escapará à nova prisão porque o Supremo decidiu que prisão só é possível depois da sentença transitar em julgado, e isso costuma levar muito tempo, tantos são os recursos protelatórios permitidos.

A direção do PT sabe disso. Os militantes do partido, também. O que todos fazem questão de ignorar é a verdade dolorosa para eles de que ou PT se liberta de Lula ou não terá futuro. Por ora, há um ensaio de reflexão sobre a encruzilhada em que ele o partido se encontra. Mas um ensaio tímido. Quem sabe, hoje, quando o receber no Vaticano, o Papa Francisco não operará o milagre de converter Lula à realidade?

De protagonista sem que ninguém lhe fizesse sombra da trajetória espetacular do partido de esquerda mais bem-sucedido da América Latina nas últimas décadas, Lula virou o algoz do PT. O PT pouco ou nada apreendeu com o que fez de errado nos quase 14 anos em que governou o país. E nada esqueceu. Não se renovou – envelheceu a galope. Renunciou a muitos dos seus caros princípios.

Lula livre significou o PT preso a ele. Lula solto, pelo que se vê, significa o PT atado aos ditames do seu dono. Gleisi Hoffmann seria presidente do partido se não fosse um pau mandado de Lula? Não somente ela. Os que integram a corrente majoritária do PT se comportam como se os tempos não fossem outros. Acreditam que foram vítimas de um golpe e que a História reconhecerá isso mais adiante, devolvendo-os ao poder.

Foram surpreendidos pela jornada de julho de 2013 quando milhões de brasileiros, sem a ajuda ou provocação dos partidos, saíram às ruas para gritar que não o faziam só por 20 centavos a menos ou a mais no preço das passagens de ônibus. Para que retornassem às suas casas, a presidente Dilma prometeu o que podia e o que não podia. Ao cabo, nada fez. Caiu porque perdeu o apoio que tinha para governar.

No parlamentarismo, o voto de desconfiança derruba o primeiro-ministro. No presidencialismo, o impeachment. O Congresso americano tinha razões de sobra para aprovar o impeachment de Donald Trump. A Câmara aprovou. O Senado, não, porque, ali, ele contava com o apoio de todos, menos um dos senadores republicanos. Nos estertores do governo Dilma, ela nem mais contava com o apoio integral do próprio PT.

A reconstrução do PT passa por um exame dos seus erros até para não repeti-los; pela defesa de propostas que falem ao coração e à mente da maioria dos brasileiros; e por uma injeção de sabedoria e de humildade que o leve a abrir mão da ideia tacanha e restritiva de que exerce e de que deverá continuar exercendo o monopólio da oposição. Se não for assim, resigne-se por um longo tempo à hegemonia da extrema-direita.


Ricardo Noblat: Congresso avança sobre espaços que Bolsonaro deixa abertos

Em questão, a escolha de ministros do Supremo

Nada absurda a pretensão de deputados e senadores de que o Congresso ganhe maior protagonismo no processo de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Não existe uma receita única no mundo. Cada país tem a sua. Aqui, é o presidente da República quem escolhe. O nome é sabatinado pelo Senado e, uma vez aprovado, assume o cargo.

A sabatina é um mero ritual. Não há registro de nome que tenha sido recusado pelo Senado. Nos Estados Unidos ela é para valer, embora a vontade do presidente acabe também prevalecendo.

O mandato de um ministro da Suprema Corte americana é vitalício. Aqui, o ministro é obrigado a se aposentar aos 75 anos . É por isso que Celso de Mello, em novembro, irá para casa.

Na Alemanha e em Portugal, os ministros cumprem mandatos de 12 anos. Na Espanha, de oito. Há países onde o chefe de Estado indica uma parcela dos ministros, e o parlamento, a outra.

A essa altura, não fosse Bolsonaro hostil à ideia de dividir o poder com os partidos e duvidoso o seu compromisso com a democracia, é possível que o Congresso tivesse outras preocupações.

Mas ele é hostil e não é confiável. Em um Supremo rachado ao meio como o que temos, o poder solitário do presidente de nomear um ministro pode se tornar um perigo.

A manter-se o sistema atual, Bolsonaro terá a chance de nomear dois ministros para o Supremo até 2022. Antecipou que um deles será “terrivelmente evangélico”. O outro deverá ser Sérgio Moro.

De um ministro de tribunal superior, exige-se notável conhecimento jurídico e conduta moral ilibada. Não importa que religião professe ou se é ateu. O Estado brasileiro é laico. E ponto.

Lula já escolheu um ministro pela cor de sua pele – Joaquim Barbosa. Dias Toffoli foi escolhido porque era ligado ao PT, embora reprovado antes em dois concursos para juiz.

O Congresso renovado em 2018 tem surpreendido até aqui pela sensatez da maioria das suas decisões. Fará muito bem ao país se perseverar nessa linha.

Luciano Huck, de bolso cheio, só pensa na vaga do capitão

Dinheiro não será problema

Em 2018, Luciano Huck entrou de vez na política fingindo que seria candidato a presidente, e acabou não sendo. Agora, finge que não é, mas em conversas privadas diz que está pronto para ser.

Quando ouve de algum interlocutor mais cético que acabará não sendo candidato por que fatura alto como apresentador na Rede Globo de Televisão, invariavelmente responde:

– Já ganhei dinheiro suficiente para garantir uma vida confortável para mim, meus filhos e netos. Não preciso de mais dinheiro.

Precisará para ser candidato, uma vez que não arriscará a fortuna que amealhou. Mas esse será um problema a ser resolvido no futuro pelos eventuais partidos que venham a apoiá-lo.

Até segunda ordem, Flávio Dino (PC do B), governador do Maranhão, continua sendo o nome preferido por Huck para ser seu vice.


Ricardo Noblat: Bolsonaro pode deixar tudo como está para ver como ficará. Ou não

Um governo que se alimenta de crises

Fazer o quê com Onyx? Transferi-lo para outro ministério? Seria a mesma coisa que transferir a crise – argumentou, ontem, com um dos seus auxiliares, o presidente Jair Bolsonaro.

Onyx Lorenzonni é o chefe da Casa Civil. Perdeu para o general Luiz Eduardo Ramos a coordenação política do governo. Para Paulo Guedes, o Programa de Parcerias de Investimentos.

Perdeu seu número 2 demitido, readmitido e demitido outra vez por Bolsonaro em menos de 48 horas. E perdeu seu assessor de imprensa, também demitido por Bolsonaro.

Sem ser convidado, o ministro com a cabeça a prêmio foi ao Palácio da Alvorada com outros colegas para uma reunião onde se discutiu o risco para o Brasil da epidemia do coronavírus chinês.

Bolsonaro cumprimentou-o friamente. Mas os dois não conversaram a sós. Ficou para hoje. Onyx não pedirá demissão. Bolsonaro não decidiu se o demitirá. Talvez sim, talvez não.

Onyx fará o que Bolsonaro quiser – desde que não fique ao sol e à chuva. O presidente é um homem imprevisível. Pode não decidir nada, ou decidir e mudar de opinião no momento seguinte.

Demitiu e humilhou Gustavo Bebbiano, ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, um advogado que chegou a dormir no chão da casa dele quando Bolsonaro era candidato.

Quando Bebbiano estava prestes a deixar o Palácio do Planalto, Bolsonaro ofereceu-lhe uma das diretorias da hidroelétrica de Itaipu. Bebbiano recusou. Hoje, os dois são inimigos jurados.

Quem acha que sabe ler os gestos de Bolsonaro chama a atenção para a maneira como ele, ontem, despediu-se dos seus seguidores nas redes sociais. Postou uma foto com o ministro da Educação.

O que isso significa? Nada. Ou tudo. Abraham Weintraub é outro ministro com a cabeça a prêmio. Mas quanto mais se cobra sua demissão, mas ele poderá ir ficando.

Se a pressão sobre Bolsonaro arrefecer, ele será capaz de despachar Weintraub. Ou de arranjar-lhe outro emprego. O irmão gêmeo de Weintraub é assessor de Bolsonaro. Gêmeo ou fake.


Ricardo Noblat: Bolsonaro, entre o ilegal, o imoral e o simplesmente desumano

Avião em excesso, avião em falta

José Vicente Fantini, até ontem o número 2 da Casa Civil da presidência da República, nada fez de ilegal, mas fez de imoral, segundo Jair Bolsonaro, ao usar um jatinho da FAB para voar à Davos, na Suíça e, de lá, para a Índia. Poderia ter viajado em avião comercial. Foi demitido.

A preocupação de Bolsonaro com a moralidade, se não fosse recente, o teria poupado de protagonizar episódios que mancham sua biografia e envergonham o país. Obrigar o filho Carlos, com 17 anos, a ser candidato a vereador para impedir a mãe de se reeleger, foi imoral.

Depois disso, Carlos passou anos sem falar com o pai. Seus desvios de comportamento se devem em grande parte a isso. É o filho mais ligado a Bolsonaro e dependente de suas atenções. Vez por outra, contrariado, desliga o celular e o pai entra em pânico, sem conseguir despachar.

Bolsonaro se elegeu como candidato contra a corrupção e prometendo combatê-la com todo rigor. Afastou-se do combate tão logo estourou o caso da rachadinha da dupla Flávio e Queiroz. Foi Bolsonaro quem pôs Queiroz para cuidar do filho. A imoralidade, agora, bate à sua porta.

O Secretário da Comunicação da presidência da República foi intimado para se defender da acusação de que se valeu do cargo para beneficiar clientes de suas empresas. Contudo, tão logo voltou da Índia, Bolsonaro disse que ele não fez “nada demais”. Não foi nem um pouco imoral?

O presidente há de concordar que pode não ter sido ilegal, mas imoral foi acreditar com base em intrigas familiares que o general Santos Cruz, ministro do seu governo, o criticara no WhatsApp. Demitiu-o por isso. Restou provado que tudo não passou de uma armação contra o general.

Fakenews! Como fake foi Bolsonaro dizer que o nazismo teve sua origem na esquerda. Fakenews é uma coisa imoral. Porque não passa de uma mentira para enganar o maior número possível de pessoas. Bolsonaro sabe disso, mas não desiste de recorrer a elas para extrair benefícios.

Manter no cargo o atual ministro da Educação nem é ilegal, nem imoral. O presidente tem o direito de cercar-se de auxiliares desastrados. Mas é burrice. Faz mal à sua reputação. Como fez mal quando ele afirmou outro dia que “índio cada vez mais é um ser humano igual a nós”.

Quanto a recusar-se a enviar um avião às Filipinas para trazer uma família de brasileiros infectados pelo coronavírus, nem é ilegal, nem imoral, nem burrice. É, apenas, desumano.


Ricardo Noblat: Bolsonaro prova do próprio veneno, não gosta e passa recibo

Essa, Moro ganhou

Onde se leu: o presidente Jair Bolsonaro disse que o fatiamento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública estava em estudo e que Sérgio Moro até poderia reclamar…

Leia-se: da Índia, onde se encontra, o presidente Jair Bolsonaro disse que o fatiamento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública não está mais em estudo. E que Moro não reclamou.

O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Bolsonaro assustou-se com a reação de parte dos seus devotos, e dos devotos exclusivos de Moro que o criticaram duramente pelo que pretendia fazer.

A indignação dos devotos de Moro foi quase unânime nas redes sociais. No Twitter, o ex-juiz conta com quase dois milhões de seguidores. Em um único dia, no Instagram, conquistou 721 mil.

Está longe de ostentar uma plateia cativa à altura da de Bolsonaro. Mas já é uma potência que não pode ser ignorada por ele. Bolsonaro provou do próprio veneno, não gostou e passou recibo.

Dentro de um carro, atravessando uma avenida deserta de Déli decorada com seu retrato e as bandeiras da Índia e do Brasil, ele gravou um vídeo com a voz mansa onde falou de sua viagem.

Foi um pretexto para responder ao tiroteio. A certa altura de sua fala, pediu “calma” aos que o malhavam. E deu a entender que acompanhava tudo mesmo enquanto ainda voava para Déli.

“Não espere que eu esteja 100% contigo, nem no casamento dá 100%. E aqui tem coisa que a gente destoa”, disse. Em seguida, suplicou: “Agora, não potencializem isso.”

Foi adiante: “Me critiquem quando eu realmente errar. Se eu errar, desce o cacete. Enquanto está em fase de gestação, discussão, estudo, calma, pessoal, calma aí, senão, não vai dar certo”.

Queixou-se: “É impressionante como as pessoas escrevem coisas da cabeça, assim, sem qualquer fonte, sem qualquer origem, e partem de forma agressiva nos comentários. Calma, pessoal”.

E, por fim: “O povo da Argentina tratou o Macri de forma semelhante. Olha quem voltou para lá, a turma da Kirchner, turma da Dilma, do Lula, turma do Foro de São Paulo”.

Moro ganhou essa parada. O que não quer dizer que ele e Bolsonaro voltarão a conviver em paz. Bolsonaro não gosta de paz, gosta de conflitos. E quando se cansa de um, inventa outro.


Ricardo Noblat: Denúncia contra Greenwald irá para a lata do lixo

Abuso de autoridade

Está com os dias contados a decisão do procurador Wellington Divino Marques de Oliveira de denunciar o jornalista Glenn Greenwald como “partícipe” nos crimes de invasão de dispositivos informáticos, monitoramento ilegal de comunicações de dados e associação criminosa no caso das conversas entre os procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro publicadas pelo site The Intercept Brasil, VEJA, Folha de S. Paulo e o jornal El País.

Cabe ao Supremo Tribunal Federal, tão logo chegue ali uma reclamação da defesa do jornalista, manter ou mandar arquivar a denúncia. Se a reclamação for apresentada de imediato, o ministro Luiz Fux, de plantão durante as férias de fim de ano dos seus colegas, arquivará a denúncia contra Greenwald. Se a reclamação só der entrada no tribunal em fevereiro, o ministro Gilmar Mendes procederá da mesma forma.

Mesmo que Fux rejeitasse a reclamação da defesa, a última palavra seria de Gilmar. Porque em agosto último, o ministro decidiu que as autoridades públicas e seus órgãos de apuração se abstivessem de “praticar atos que visem à responsabilização do jornalista Glenn Greenwald pela recepção, obtenção ou transmissão de informações publicadas em veículos de mídia, ante a proteção do sigilo constitucional da fonte jornalística”.

O indiciamento de Greenwald pelo procurador Marques de Oliveira afronta a decisão de Gilmar, como o próprio ministro admitiu, ontem, em conversa com um amigo por telefone. Gilmar está em Lisboa, onde tem um apartamento. Voltará a Brasília daqui a uma semana. Afronta também decisões tomadas pelo Supremo Tribunal que garantem o sigilo das fontes jornalísticas de informação. Sem o sigilo, não haveria liberdade de imprensa.

De resto, a Polícia Federal investigou o hackeamento das conversas entre autoridades da Lava Jato e não encontrou evidências que possam incriminar Greenwald. Por qualquer ângulo que se examine, a peça do procurador Marques de Oliveira simplesmente não se sustenta. Seu destino será o lixo da História.

Entrevista de Moro no Roda Viva desagradou a Bolsonaro

Pisadas na bola
É difícil agradar ao presidente Jair Bolsonaro. Por mais que tenha se esforçado para isso, o ministro Sérgio Moro, da Justiça, não conseguiu completamente ao longo de uma hora e meia de entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Bolsonaro não gostou dos comentários de Moro em relação a três assuntos, pelo menos: juiz de garantias, a demissão do filonazista Roberto Alvim da Secretaria de Cultura e o combate à corrupção.

Moro criticou a criação da figura do juiz de garantias, destinado a conduzir processos criminais, cabendo a um segundo juiz apenas sentenciar o réu. Bolsonaro sancionou o que o Congresso aprovara.

O ministro disse ter dado sua opinião a Bolsonaro sobre o episódio protagonizado por Alvim, que plagiou parte de um discurso do mago da propaganda nazista, o alemão Joseph Goebbels.

E acrescentou ainda que aprovou a decisão do presidente de demiti-lo porque a situação de Alvim se tornara “insustentável”. Bolsonaro achou que Moro foi muito além dos seus chinelos.

Ministro existe para auxiliar e aconselhar presidente. Não para julgar suas decisões, segundo Bolsonaro. Muito menos para revelar mais tarde que o aconselhou nessa ou naquela direção.

Por último, a corrupção. Nas respostas dadas, Moro teria se se colocado como o elemento central do combate à corrupção, diminuindo o papel do governo e do próprio Bolsonaro.


Ricardo Noblat: Escolha de Regina Duarte para Cultura é um aceno à Rede Globo

Conversas de bastidores

Ao convidar a atriz Regina Duarte para secretária ou ministra da Cultura do seu governo, o presidente Jair Bolsonaro levou em conta o conselho de vários dos seus ministros de que é preciso que ele busque uma maneira de estabelecer uma relação menos conflituosa com a Rede Globo de Televisão, a quem tem tratado tão mal.

No final do ano passado, para surpresa do comando da emissora, um dos seus diretores foi convidado para uma conversa com o ministro da Educação Abraham Weintraub. Ouviu do ministro que até exércitos em guerra muitas vezes concordam em suspender os combates para o recolhimento dos seus mortos e feridos.

Este ano, o mesmo diretor foi chamado para um encontro sigiloso com Bolsonaro, o primeiro desde que o atual governo tomou posse. Embora fora da tela há algum tempo, Regina faz parte do elenco fixo da Globo. Seu nome foi bem recebido por parte da classe artística do Rio. O que por enquanto não quer dizer que ela aceitará o convite.

A atriz é estreitamente ligada aos tucanos paulistas. Não dirá sim ou não a Bolsonaro sem antes consultar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – se é que ainda não o fez. Sua decisão ficou para hoje. Bolsonaro já tem outro nome para o cargo caso ela o recuse.

Sem pressa, por medo de derrota

Aliança para depois
O menos interessado na formação imediata do partido Aliança pelo Brasil é o presidente Jair Bolsonaro. Ele teme que seu partido, e o dos seus filhos, montado assim às pressas, acabe tendo um desempenho pífio nas eleições municipais de outubro próximo.

Bolsonaro prefere testar as chances do Aliança só nas eleições gerais de 2022 quando imagina que a avaliação positiva do seu governo estará em alta. Este ano, se limitará a apoiar poucos candidatos de outros partidos com os quais tenha afinidade ideológica.