ARQUITETURA
"Arquiteto depende da livre disposição da força de trabalho alheio”, diz livro
João Vitor*, da equipe FAP
Em sua obra O arquiteto: a máscara e a face, Paulo Bicca afirma que “o arquiteto depende da livre disposição da força de trabalho alheio”, isto é, da exploração e da dominação do operário da construção civil. Ele discutirá o assunto, nesta quinta-feira (02/12), a partir das 17 horas, em webinar sobre modernismo na arquitetura brasileira.
O evento online será realizado pela Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo (FAP), sediada em Brasília. O público poderá assistir ao vivo no canal da fundação no Youtube, na página da entidade no Facebook e na rede social da biblioteca. Além do próprio autor Paulo Bicca, a arquiteta Silke Kapp e o pesquisador e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Holanda confirmaram presença no debate.
Assista!
Com citações a Karl Marx, o livro Paulo Bicca aponta que “o fato de o arquiteto ser o suporte de um trabalho intelectual dividido do trabalho manual faz da sua existência algo de profundamente social e inevitavelmente comprometido com as contradições daí resultantes”.
Além do escritor alemão, a obra apresenta referências a Lúcio Costa sobre a comparação entre arquiteto e artista. “O artista se alimenta da própria criação, muito embora anseie pelo estímulo de repercussão e do aplauso como pelo ar que respira”, afirma um trecho do livro, em alusão ao pioneiro da arquitetura modernista no Brasil.
Arquiteto e urbanista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Bicca usa trecho de O Capital, de Karl Marx, para dizer que a profissão exercida é, antes de tudo, forma de sobrevivência e melhor posicionamento na divisão social.
Ele explica que a cooperação entre trabalhador e capital só começa no processo de trabalho: “Os trabalhadores são indivíduos isolados que entram em relação com o capital, mas não entre si”.
O autor defende que o profissional tem sua existência determinada por aquilo que é básico às sociedades divididas em classes. “Ele participa inexoravelmente, de modo mais ou menos consciente, pouco importa, da reprodução de uma sociedade estribada na propriedade e posse privadas dos bens materiais e dos homens”, afirma, no livro.
A obra de Paulo Bicca, que será discutida no webinar da FAP, tem 225 páginas e foi editada pela Projeto.
*Estagiário integrante do programa de estágios da FAP, sob supervisão do jornalista Cleomar Almeida
Ciclo de debates - O modernismo na arquitetura brasileira
Webinário sobre O arquiteto: a máscara e a face
Dia: 02/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
CONFIRA EVENTOS ANTERIORES
Filme Homem do Pau Brasil aborda “sexo com leveza”, diz cineasta
Pablo Gonçalo vai analisar filme em webinar de pré-comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna
João Vitor*, da equipe FAP
O filme Homem do Pau Brasil, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade e lançado em 1981, transborda brasilidade, carnavalização, leveza e ironia por meio de um “elenco fantástico". A avaliação é do cineasta Pablo Gonçalo, que vai discutir o longa, na quinta-feira (25/11), a partir das 17 horas, em webinar da série de pré-comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.
Pablo explica que a pornochanchada está presente em todo o longa-metragem, por meio da popularização do cinema. “Na década de 70, esse gênero era popular e fazia parte do movimento de modernização do cinema, o que permitiu o diretor a tratar de sexo com leveza e não como tabu. Contribuiu para a comédia e fez, por vezes, o filme parecer um bloco de carnaval”, afirma.
Assista!
O webinar é realizado pela Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo (FAP), sediada em Brasília. O público poderá assistir ao webinar no canal da fundação no Youtube, na página da entidade no Facebook e na rede social da biblioteca. Além de Pablo, o diretor-geral da FAP Caetano Araújo confirmou presença no debate.
Pablo Gonçalo também é roteirista e professor de audiovisual da Universidade de Brasília (UnB). Ele ressalta que o filme de Andrade mostra a movimentação cultural da Semana de Arte Moderna de 1922 por meio da figura dionisíaca de Oswald de Andrade.
O Homem do Pau Brasil foi premiado, no Festival Brasília de 1981, como melhor filme e melhor atriz coadjuvante, que foi entregue a Dina Sfat pela sua atuação com a personagem Branca Clara, um dos pares românticos do protagonista. Oswald de Andrade foi interpretado por dois atores. Um homem e uma mulher, Flávio Galvão e Ítala Nandi.
Para a crítica, o filme é uma montagem descontínua de cenas livremente imaginadas a partir da polêmica vida e dos livros de Oswald e de seus companheiros do modernismo, da antropofagia e da poesia pau-brasil.
Dedicado ao cineasta Glauber Rocha, que morreu poucas semanas antes da primeira exibição do filme em Brasília, o Homem do Pau Brasil foi distribuído pela Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme). Gravado em São Paulo e Rio de Janeiro, este foi o último filme de Joaquim Pedro de Andrade.
*Estagiário integrante do programa de estágios da FAP, sob supervisão do jornalista Cleomar Almeida
Ciclo de Debates: O modernismo no cinema brasileiro
Webinário sobre o filme O Homem do Pau Brasil - Joaquim Pedro de Andrade, 1981
Dia: 25/11/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
Governo do DF tenta trazer de volta ao Brasil acervo de Lucio Costa sobre Brasília
Secretário de Cultura pede apoio ao Iphan para análise dos 11 mil documentos doados a Portugal
Coluna Painel / Folha de S. Paulo
Em ofício enviado ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) nesta sexta-feira (22), o secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, solicita colaboração para buscar uma estratégia para que a parte do acervo do urbanista e arquiteto Lúcio Costa referente ao projeto de Brasília retorne ao Brasil.
Costa é conhecido como pai de Brasília por ter sido o responsável pelo projeto que balizou sua construção.
O acervo de Costa, com 11 mil documentos, foi transferido à Casa da Arquitectura após decisão de sua família, que disse que no Brasil não há nenhum lugar com a mesma infraestrutura, reserva técnica, capacidade de treinamento e cuidado do acervo da instituição localizada em Portugal.
No ofício, Rodrigues provoca o Iphan para que avalie se há registro de tombamento entre os documentos doados para a Casa da Arquitectura.
Ainda que não haja registro de tombamento dos bens, argumenta o secretário, é necessário analisar se há no acervo obras pertencentes ao Distrito Federal, em especial aquelas que tratam do concurso público para construção de Brasília realizado entre 1956 e 1957 e vencido por Lucio Costa.
"Os documentos que tratam da construção da capital do país possuem relevante valor histórico e cultural para o Brasil, em especial para o Distrito Federal, sendo abarcados pela proteção constitucional conferida aos bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira", diz o ofício.
Ao finalizar seu texto, Rodrigues solicita apoio do Iphan na "construção conjunta de solução que vise o retorno do acervo ao Brasil."
Fonte: Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2021/10/governo-do-df-tenta-trazer-de-volta-ao-brasil-acervo-de-lucio-costa-referente-ao-projeto-de-brasilia.shtml
Com canções nacionais, filme Brasil Ano 2000 remete a tropicalismo
Longa será discutido em mais um webinar da série de eventos online em pré-comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna
Cleomar Almeida, da equipe FAP
Considerado pela crítica como “empreitada alegórica” após o diretor Walter Lima Jr partir do realismo de seu primeiro longa, o filme Brasil Ano 2000 remete, em sua essência, ao tropicalismo por apresentar mistura de gêneros cinematográficos e referências imagéticas, literárias e musicais. O longa será discutido, nesta quinta-feira (14/10), a partir das 17 horas, em webinar da série de eventos online da Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em pré-comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna.
Assista!
Com participação de Ulisses Xavier e mediação do diretor-geral da FAP, Caetano Araújo, o evento será transmitido na página da biblioteca no Facebook. O público também poderá conferir o debate no portal da FAP e na rede social da entidade (Facebook), assim como no canal da fundação no Youtube.
O roteiro do filme, lançado em 1969, se passa no ano 2000. Com o país parcialmente devastado pela Terceira Guerra Mundial, uma família de imigrantes chega a uma pequena cidade à qual dão o nome de “Me Esqueci”. O trio é recrutado por um indigenista para fingir-se de índios durante a visita de um general.
No dilema entre integrar-se ao sistema ou preservar a liberdade individual, colaborar com a farsa ou denunciá-la, a família caminha para a desagregação enquanto a cidade se prepara para o lançamento de um foguete espacial.
O filme conta com trilha sonora composta por Gilberto Gil e Rogério Duprat, com canções escritas por Gil, Capinam e o diretor, e interpretadas por Gal Costa e Bruno Ferreira. Duprat compôs a trilha instrumental deste filme enquanto trabalhava nos arranjos do antológico disco Tropicália ou Panis et Circencis (1968). Não por coincidência, em determinado momento pipoca na trilha sonora seu arranjo para a versão de Coração Materno que Caetano Veloso gravou naquele álbum.
O longa de Walter Lima Jr recorre principalmente a dois gêneros, conforme observa a crítica: A ficção científica pós-apocalíptica e a chanchada. O primeiro, incomum para a época, no país, dá a ambientação geral: No ano 2000, as nações ricas do mundo já não existem; foram destruídas após a mítica 3ª Guerra Mundial, onze anos antes.
Era de se imaginar que o Terceiro Mundo tiraria bons frutos desse acontecimento, mas não foi o caso. Não se tornou independente, não se livrou do complexo de inferioridade, não erradicou a miséria. Pelo contrário, seguiu cultivando todas essas mazelas.
Os temas pinçados pelo roteiro de Walter se relacionam diretamente a situações do brasileiro de então e que perduram até hoje. Entre elas estão a rejeição à história nacional, a cobiça do estrangeiro e o culto aos colonizadores.
Ciclo de Debates sobre Centenário da Semana de Arte Moderna
20º evento online da série | Modernismo, cinema, literatura e arquitetura.
Webinário sobre o filme Brasil Ano 2000
Dia: 14/10/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
- Modernismo no cinema brasileiro
- Lançado há 50 anos, filme Bang Bang subverte padrões estéticos do cinema
- Projeto cultural de Lina e Pietro Bardi é referência no Brasil, diz Renato Anelli
- Filme Baile Perfumado é marco da “retomada” do cinema brasileiro
- Romance de 30, um dos momentos mais autênticos da literatura
- Com inspiração modernista, filme explora tipologia da classe média
- Webinário destaca “A hora da estrela”, baseado em obra de Clarice Lispector
- Obra de Oswald de Andrade foi ‘sopro de inovação’, diz Margarida Patriota
- O homem de Sputnik se mantém como comédia histórica há 62 anos
- ‘Desenvolvimento urbano no Brasil foi para o espaço’, diz Vicente Del Rio
- ‘Mário de Andrade deu guinada na cultura brasileira’, diz escritora
- Influenciado pelo Cinema Novo, filme relaciona conceito de antropofagia
- Mesmo caindo aos pedaços, ‘quitinete é alternativa de moradia em Brasília’
- ‘Semana de Arte Moderna descontraiu linguagem literária’, diz escritora
- ‘Modernismo influenciou ethos brasileiro’, analisa Ciro Inácio Marcondes
- Um dos marcos do Cinema Novo, filme Macunaíma se mantém como clássico
- Filme premiado de Arnaldo Jabor retrata modernismo no cinema brasileiro
Projeto cultural de Lina e Pietro Bardi é referência no Brasil, diz Renato Anelli
Doutor em história da arquitetura discutirá assunto em webinar nesta quinta-feira, a partir das 17h
Cleomar Almeida, da equipe FAP
Referências da cena cultural brasileira entre as décadas de 1950 e 1990, a arquiteta Achilina di Enrico Bo, conhecida como Lina Bo Bardi, e o historiador Pietro Maria Bardi continuam como grandes influências sobre a arquitetura, incorporação do desenho industrial e da arte moderna no Brasil. O projeto cultural modernista do casal será discutido, nesta quinta-feira (9/9), a partir das 17h, em evento online da Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília.
Assista!
“Com visão de cultura popular, o casal tem grande influência na arquitetura, no desenho industrial e na arte moderna no Brasil, sem conflitar com a cultura erudita”, afirmou o doutor em história da arquitetura Renato Anelli, em entrevista ao portal da FAP, ressaltando a referência dos Bardi no país. O evento terá transmissão, em tempo real, no portal e redes sociais da FAP (Facebook e Youtube), assim como na página da biblioteca no Facebook.
Anelli vai discutir a importância do projeto cultural do casal Bardi no webinar, que também tem participação confirmada da doutora em história social da cultura Ana Luiza Nobre e do doutor em arquitetura, pesquisador e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Holanda.
Memorial do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da Universidade de São Paulo (USP) lembra que o casal Bardi marcou a cena cultural brasileira entre as décadas de 1950 e 1990. Dirigiu o Museu de Arte de São Paulo (Masp), participou da criação de outras instituições culturais, como o Sesc Pompéia e o Museu de Arte Moderna da, e atuou no debate sobre cultura, arte e arquitetura em periódicos diários ou especializados, como a revista Habitat.
Os dois se casaram em 1946, instalando-se em Roma, onde Pietro Maria Bardi mantinha o Studio d’Arte Palma e Lina Bo fundou a revista “A – Cultura della Vita” com Bruno Zevi. Ainda naquele ano, o casal visitou o Rio de Janeiro, onde conheceu a vanguarda das artes no Brasil.
Eles chegaram ao Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1946, conforme registra o memorial. Com as obras trazidas da Itália, organizaram a “Exposição de pintura italiana moderna”, em cujos salões encontram o empresário Assis Chateaubriand, que convida Pietro para auxiliá-lo na estruturação de um museu há muito tempo idealizado.
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No ano seguinte, o casal parte de Gênova definitivamente para o Brasil, trazendo uma significativa coleção de obras de arte e peças de artesanato que deverão ser apresentadas numa série de mostras. Transportaram também a enorme biblioteca do marchand, segundo o levantamento do IAU.
De 1947 a 1996, o historiador criou e comandou o Masp. Paralelamente, manteve sua atividade de ensaísta, crítico, pesquisador e galerista. Ele publicou, em 1992, seu 50º e último livro, chamado de “História do MASP”.
A arquiteta, formada em Roma, naturalizou-se brasileira em 1951 e, no mesmo ano, completou seu primeiro projeto arquitetônico realizado: a Casa de Vidro, que se tornou ponto de encontro importante para a cultura nacional.
Os dois criaram, em 1992, o Instituto Quadrante, atualmente Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, que mantém a Casa de Vidro e o acervo do casal, além de ter por missão dar continuidade à obra de seus criadores.
Lina morreu em março de 1992, e Pietro, em outubro de 1999, em São Paulo.
Ciclo de Debates sobre Centenário da Semana de Arte Moderna
16º evento online da série | Modernismo, cinema, literatura e arquitetura.
Webinário sobre desdobramentos do romance de 30
Dia: 9/9/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
Com inspiração modernista, filme explora tipologia da classe média
Mar de Rosas será discutido em webinar na quinta-feira (19/8), a partir das 17h
Cleomar Almeida, da equipe da FAP
Pontapé da trilogia da cineasta Ana Carolina Teixeira Soares sobre personagens femininas em desacordo com seu contexto social e o primeiro longa-metragem de ficção dirigido por ela, o filme Mar de Rosas (1977) explora a célula familiar e a tipologia da classe média brasileira. A obra, segundo a crítica, atribui ao patriarcado uma situação de completa falência.
O filme será discutido, na quinta-feira (19/8), em mais um evento online do ciclo de debates da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Biblioteca Salomão Malina, na programação de pré-celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna, com participação do crítico de cinema Sérgio Moriconi.
Assista!
A transmissão será realizada pelo portal e redes sociais da entidade (Facebook e Youtube), assim como pela página da biblioteca no Facebook. Todos os internautas interessados podem participar diretamente do evento, por meio da sala virtual do Zoom. Para isso, basta solicitar o acesso por meio do WhatsApp oficial da biblioteca (61) 98401-5561. (Clique no número para abrir o WhatsApp Web).
Enredo
O começo do filme mostra um casal em viagem, interpretado por Hugo Carvana (1937-2014) e Norma Bengell (1935-2013), acompanhado da filha, Cristina Pereira, em sua estreia no cinema. A personagem de Bengell, que ironicamente se chama Felicidade, discute com o marido sobre a insatisfação de ambos em relação ao casamento enquanto ele dirige pela Dutra, estrada que liga São Paulo e Rio de Janeiro.
Betinha (Pereira) vai no banco de trás, fazendo caretas e expressões debochadas. Ao chegar ao Rio, eles se hospedam num hotel. Felicidade e Sérgio (Carvana) têm uma violenta briga, e ela o fere com uma gilete. Acreditando ter matado o marido, ela foge do hotel com Betinha e pega a estrada novamente.
Um homem as persegue. Ele é Orlando (Otávio Augusto, 1945), que se aproveita de uma parada num posto de gasolina, momento em que Betinha tenta atear fogo à mãe, para se aproximar e oferecer ajuda e companhia. Ânimos um pouco mais calmos, os três passam a viajar no carro de Orlando. Fazem uma pausa numa cidadezinha, e enquanto Orlando vai dar um telefonema, Felicidade encontra um revólver debaixo do banco do carro.
Narrativa teatral
Ela esboça uma fuga, mas é atropelada por um ônibus. Um casal que mora perto, formado por Dirceu (Ary Fontoura) e a esposa Niobi (Myriam Muniz, 1931-2004), os acolhe (Betinha, Felicidade e Orlando). O consultório de Dirceu, dentista e poeta fracassado, funciona em um dos cômodos da casa, onde ocorre a parte mais teatral da narrativa. Enquanto Felicidade se recupera do susto provocado pelo atropelamento, Dirceu e Niobi começam a trocar insultos.
O clima de discórdia se instala e todos os personagens entram num jogo de revelações e agressões mútuas. Sem explicação aparente, Betinha faz com que um caminhão de terra despeje o conteúdo de sua caçamba dentro do consultório de Dirceu, quase soterrando Felicidade. O dia vai passando e Felicidade, Betinha e Orlando continuam na casa de Dirceu e Niobi. Betinha vai ao banheiro e esconde giletes num sabonete.
Dirceu cai na armadilha e usa o sabonete, cortando as mãos. Felicidade e Betinha fogem e vão para a estação ferroviária, mas são alcançadas por Orlando quando já estão dentro do trem para São Paulo. Orlando resolve revelar sua identidade: afirma que é uma autoridade e que tem ordens de levá-las para o Rio de Janeiro. Eles discutem e, inesperadamente, Betinha empurra a mãe e Orlando, que estão algemados um ao outro, para fora do trem em movimento, seguindo viagem sozinha.
Trilogia
Mar de Rosas deu início à trilogia de Ana Carolina sobre personagens femininas em desacordo com seu contexto social, que foi continuada em Das Tripas Coração (1982) e completada por Sonho de Valsa (1987).
O título do filme, decalcado de um dito popular, antecipa a ambiguidade que permeia a narrativa: a vida das personagens é tudo menos um mar de rosas, mas o relato passa pelo humor.
Além da sobrecarga quase exaustiva de provérbios e expressões populares (um verdadeiro inventário de frases feitas), os diálogos mobilizam rimas e repetições fonéticas, permitindo que as falas constituam um elemento estético em si.
Numa das frases rimadas, Myriam Muniz aproxima os termos "histórico" e "histérico", evocando um dos temas centrais do filme, a histeria. Praticamente todas as cenas em Mar de Rosas têm como ápice a confluência histérica das personagens (Das Tripas Coração se estruturará de maneira semelhante), trazendo a histeria como performance e jogo. (Com informações da Enciclopédia Itaú Cultural).
Ciclo de Debates sobre Centenário da Semana de Arte Moderna
14º online da série | Modernismo, cinema, literatura e arquitetura.
Webinário sobre filme Mar de Rosas
Dia: 19/8/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
Webinário destaca “A hora da estrela”, baseado em obra de Clarice Lispector
Obra de Oswald de Andrade foi ‘sopro de inovação’, diz Margarida Patriota
O homem de Sputnik se mantém como comédia histórica há 62 anos
‘Desenvolvimento urbano no Brasil foi para o espaço’, diz Vicente Del Rio
‘Mário de Andrade deu guinada na cultura brasileira’, diz escritora
Influenciado pelo Cinema Novo, filme relaciona conceito de antropofagia
Mesmo caindo aos pedaços, ‘quitinete é alternativa de moradia em Brasília’
‘Semana de Arte Moderna descontraiu linguagem literária’, diz escritora
‘Modernismo influenciou ethos brasileiro’, analisa Ciro Inácio Marcondes
Um dos marcos do Cinema Novo, filme Macunaíma se mantém como clássico
Filme premiado de Arnaldo Jabor retrata modernismo no cinema brasileiro
Lúcio Costa marca revolução do ensino da arquitetura no Brasil
Avaliação é do professor da UnB Andrey Schlee, que vai discutir o assunto em webinar da Biblioteca Salomão Malina e da FAP
Cleomar Almeida, da equipe FAP
Autor do projeto do Plano Piloto de Brasília, o arquiteto e urbanista Lúcio Costa representou uma revolução no ensino da arquitetura no Brasil, a partir de iniciativas inovadoras, ainda nos anos 1930, consideradas absolutamente modernistas.
“Lúcio Costa deu o pontapé para a renovação da arquitetura brasileira, assim como a Semana de Arte Moderna representou inovação para as artes e a literatura”, disse o professor de história da arquitetura na Universidade de Brasília (UnB) Andrey Schlee.
Assista!
Em sala virtual que também terá presença de Vicente Del Rio, Schlee vai discutir o assunto, na quinta-feira (12/8), a partir das 17 horas, em mais um evento online do ciclo de debates da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Biblioteca Salomão Malina, nas atividades de pré-celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna.
A transmissão será realizada pelo portal e redes sociais da entidade (Facebook e Youtube), assim como pela página da biblioteca no Facebook. Todos os internautas interessados podem participar diretamente do debate, por meio da sala virtual do Zoom. Para isso, basta solicitar o acesso por meio do WhatsApp oficial da biblioteca (61) 98401-5561. (Clique no número para abrir o WhatsApp Web).
Ainda em 1929, Lúcio Costa conheceu a Casa Modernista de São Paulo, do arquiteto russo-brasileiro, Gregori Warchavchik. Após a Revolução de 1930, a convite de Rodrigo Melo Franco, ele foi nomeado diretor da Escola Nacional de Belas Artes, com o objetivo de implantar um curso de arquitetura moderna.
Por isso, convocou Warchavchik para dirigir o ensino de arquitetura e criou o salão livre de artes plásticas, que coordenou, oficialmente, as experimentações artísticas. Sua ação provocou reação violenta de professores e acadêmicos, que culminou com seu afastamento após uma grave que durou por oito meses.
“Houve reação muito grande de professores conservadores contra Lúcio Costa e também reação pró-Lúcio Costa por parte de alunos”, diz Schlee, ressaltando que as ideias e propostas dele foram vitoriosas e contribuíram de forma fundamental para a renovação do pensamento arquitetônico no país.
Nos anos seguintes, em 1937, houve a construção de primeiros edifícios, de fato, modernistas no Brasil de influência francesa. “A construção do edifício do Ministério da Educação e Saúde Pública, no Rio, absolutamente modernista, notadamente por essa turma que emerge da Reforma de 30”, comenta o professor da UnB.
Na avaliação de Schlee, Lúcio Costa representa, sem dúvida alguma, o esforço para modernizar o país, “seguindo a ideia de renovar com gente nova, com cabeças novas”. “A grande revolução que ele fez foi convidar professores modernistas para dar aula na Escola de Belas Artes. Teve coragem de contratar”, afirma.
Ciclo de Debates sobre Centenário da Semana de Arte Moderna
13º online da série | Modernismo, cinema, literatura e arquitetura.
Webinário sore Lúcio Costa e a revolução no ensino da arquitetura
Dia: 12/8/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
Webinário destaca “A hora da estrela”, baseado em obra de Clarice Lispector
Obra de Oswald de Andrade foi ‘sopro de inovação’, diz Margarida Patriota
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Filme premiado de Arnaldo Jabor retrata modernismo no cinema brasileiro
Webinário destaca “A hora da estrela”, baseado em obra de Clarice Lispector
Dirigido por Suzana Amaral, longa será debatido em evento on-line em pré-celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna
Cleomar Almeida, da equipe da FAP
Considerado um dos clássicos do cinema brasileiro, o filme “A hora da estrela”, o primeiro longa-metragem dirigido por Suzana Amaral, ainda mantém vivo na memória o roteiro baseado na adaptação do romance homônimo de Clarice Lispector. O filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, em 2015.
Assista ao vivo!
O longa será exibido e discutido em evento online será debatido nesta quinta-feira (5/8) em mais um evento do ciclo de webinars da Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em pré-celebração ao centenário da Semana de Arte Moderna, marcado para o ano que vem. A transmissão será realizada, a partir das 17 horas, no portal da entidade e redes sociais (Facebook e Youtube).
O filme conta a história de Macabéa, uma nordestina de 19 anos, semianalfabeta. Orfã de pai, mãe e da tia que a criou, vai para São Paulo ser datilógrafa e morar numa pensão junto de outras três mulheres. Tem uma vida sem muitas emoções, pois é indiferente a elas.
Macabéa conhece o nordestino Olímpico de Jesus, um operário metalúrgico, e os dois começam a namorar. Porém a relação não se sustenta, e Olímpico acaba trocando Macabéa, a quem chama de “cabelo na sopa”, por Glória, colega de trabalho da ex-namorada, que, por recomendação de sua cartomante, rouba o namorado de Macabéa.
Glória, então, recomenda-lhe sua cartomante, para que se sinta melhor, e Macabéa decide ir. A cartomante diz à garota que sua vida irá mudar repentinamente: seu ex-namorado a pedirá de volta, ela ganhará uma grande fortuna e se casará com um gringo lindo que se apaixonará por ela. Macabéa fica entusiasmada, mas quando sai na rua é atropelada por uma Mercedes e morre.
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Um dos marcos do Cinema Novo, filme Macunaíma se mantém como clássico
Filme premiado de Arnaldo Jabor retrata modernismo no cinema brasileiro
O filme também foi escolhido pela Embrafilme para representar o Brasil no Óscar de melhor filme estrangeiro em 1986, mas não chegou a ser indicado. Além disso, foi resenhado na nona coletânea de resenhas de filmes da crítica de cinema Pauline Kael, Hooked, onde ela o elogia, principalmente a atuação de Marcélia Cartaxo.
"O filme chega até você, e a imagem da Macabéia de Marcélia Cartaxo é o que o faz - a terrível solidão dessa mulher em massa, esse nada de mulher que você não notaria na rua. Umberto D. representava todos os velhos orgulhosos e zangados que não podiam viver de suas pensões, mas ele também era - seu próprio velho teimoso”, analisou Pauline.
De acordo com a crítica de cinema, Macabéa é ela mesma em seus momentos de contentamento. “Sorri serenamente ao comemorar seu domingo com um passeio de metrô. É o triunfo do diretor que essa garota se afaste dela. Entorpecida como está, ela está tão viva quanto Suzana Amaral ou você ou eu, e mais misteriosamente”, ressaltou.
Ciclo de Debates sobre Centenário da Semana de Arte Moderna
12º online da série | Modernismo, cinema, literatura e arquitetura.
Webinário sobre o filme A hora da estrela, de Suzana Amaral
Dia: 5/8/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
Especial: Pedro da Luz analisa a arquitetura na Semana de 22
Professor da Universidade Federal Fluminense explica as lições do modernismo para a arquitetura contemporânea
João Rodrigues, da equipe da FAP
A Semana de Arte Moderna, que completa 100 anos em 2022, teve entre os seus marcos a influência para a arquitetura brasileira. O movimento pregava a expressão do nacional de forma autônoma e independente dos ideais europeus. Apesar da pouca importância da arquitetura na Semana, a transformação do modo de entender a arte marcou a nossa arquitetura e segue presente até os dias de hoje.
Para analisar a importância da arquitetura na Semana de 22, conversamos com o professor Pedro da Luz Moreira, docente e vice-coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense. Em 2015, Pedro da Luz assumiu a presidência do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), departamento do Rio de Janeiro, tendo sido reeleito no ano de 2017 para o triênio até 2019. É pesquisador da influência da Semana de 22 na arquitetura brasileira.
Ouça o podcast!
O episódio conta com áudios extraídos do Youtube do canal Toda Matéria, canção de Guiomar Novaes - Chopin: Ballade in F minor, opus 52, n°4, História da Arquitetura com Bruno Perenha e depoimentos de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer para o documentário Arquitetura Moderna no Brasil, realizado pelo IAB e Fundação Bienal de São Paulo, em 1985.
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O Rádio FAP é publicado semanalmente, às sextas-feiras, em diversas plataformas de streaming como Spotify, Youtube, Google Podcasts, Ancora, RadioPublic e Pocket Casts. O programa tem a produção e apresentação do jornalista João Rodrigues. A edição-executiva é de Renato Ferraz.
Filme Ganga Bruta teve pioneirismo, mas foi alvo de críticas
Cleomar Almeida, coordenador de Publicações da FAP
Marcado pela desenvoltura e autenticidade na predileção de seu diretor Humberto Mauro por temas brasileiros, o filme Ganga Bruta permanece como o primeiro longa nacional a usar conscientemente proposições da psicanálise, como símbolos fálicos. À época, o cineasta fez chacotas da crítica e foi chamado de Freud de Cascadura, em alusão ao bairro suburbano carioca.
Assista!
Na quinta-feira (8/6), o filme será analisado no oitavo evento online do ciclo de debates em pré-celebração à Semana de Arte Moderna, que ocorreu de 13 a 17 de fevereiro de 1922 e segue como marco artístico-cultural brasileiro. O webinário será realizado pela Biblioteca Salomão Malina, mantida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), ambas em Brasília, a partir das 17 horas.
Considerado um dos cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos em votação da Abraccine em 2016, Ganga Bruta é a história de um jovem que, na noite do casamento, ao saber que foi enganado pela noiva, mata-a, alucinado. Absolvido, vai a uma pequena cidade, para serviços de construção. Lá encontra outra linda mulher, mas Sônia é noiva de Décio.
O jovem apaixona-se por ela, bebe para esquecer e a bebida lhe dá uma covarde força. Agora, o desespero é de Décio, ao saber que perdeu Sônia. E ele procura o outro, para um desforço a fim de que reste apenas um para o amor de Sônia, como observa texto da especialista Alice Gonzaga.
A palavra ganga significa rotineiramente impureza, mas, no jargão dos garimpeiros das Minas Gerais, é a cobertura áspera, bruta e feia que envolve a pepita de ouro ou diamante. A ganga enganaria o observador desatento.
O filme utiliza, entre outras locações, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Fábrica de Cimentos Portland, então em construção, e atualmente localizada no município de São Gonçalo-RJ. Na época, a atriz Dea Selva tinha 14 anos quando foi selecionada para viver a protagonista feminina, e os vestidos usados por ela exploram motivos modernistas e art-déco.
Ator protagonista, Durval Bellini era remador do Flamengo e participou das Olimpíadas de Los Angeles em 1932, interrompendo as filmagens. Na condição de Polícia Especial, conforme observa a especialista, foi o carcereiro de Luis Carlos Prestes, após sua prisão em 1935.
Confira os eventos já realizados – Pré-celebração Semana de Arte Moderna
“O afamado diretor de fotografia Edgar Brasil faz uma ponta na cena do bar, e o produtor Adhemar Gonzaga faz uma participação na cena do açude. Em algumas cenas, o ator Durval Bellini, de tão forte que era, carrega o câmera nos ombros”, afirma Alice.
Inicialmente, Humberto Mauro comandou um dos mais importantes ciclos regionais cinematográficos do país, o de Cataguases, assinando cinco filmes: “Valadião, o Cratera”; “Na Primavera da Vida”; “Thesouro Perdido”; “Brasa Dormida” e “Sangue Mineiro”.
Logo depois, iniciou o ciclo carioca, com inúmeras produções, entre elas, as aqui analisadas, “Lábios sem Beijo” e “Ganga Bruta” e, por fim, seguimos com o estudo do último longa-metragem produzido por Humberto Mauro no retorno para casa, em Volta Grande.SERVIÇO
Ciclo de Debates sobre Centenário da Semana de Arte Moderna
8º evento online da série | Modernismo, cinema, literatura e arquitetura.
Webinar| O modernismo no cinema brasileiro: Ganga Bruta, de Humberto Mauro
Dia: 8/7/2021
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira
Observação: Para solicitar participação diretamente do debate online, envie solicitação para o WhatsApp oficial da Biblioteca Salomão Malina – (61) 98401-5561. (Clique no número para abrir o WhatsApp Web).Leia também:
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