Sob Bolsonaro, extrema direita se radicalizou no Brasil

Analistas apontam que grupo normalizou valores sociais radicais e se tornou risco real à democracia, mas perdeu chance de se formalizar partidariamente
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Guilherme Caetano / O Globo

SÃO PAULO — Cientistas políticos apontam que, desde 2018, grupo normalizou valores sociais radicais e se tornou risco real à democracia, mas perdeu oportunidade de se formalizar em um partido político, o que pode afetar organização futura

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Após três anos de governo Bolsonaro, a extrema direita que o ajudou a se eleger conquistou avanços, normalizou valores sociais que defende e perdeu oportunidades inéditas. É o que aponta análise de estudiosos do bolsonarismo, convidados pelo GLOBO a fazer um balanço, desde 2018, do grupo mais à direita do espectro político no país.

Uma das mais notáveis mudanças foi a aceleração da internacionalização da extrema-direita brasileira, agora ator global de peso, diz Odilon Caldeira Neto, coordenador do Observatório da Extrema Direita. E, após as derrotas de Donald Trump nos EUA e José Antonio Kast no Chile, as eleições brasileiras, afirma, ganharam mais relevância:

— O Brasil passou de receptor a produtor de premissas de extrema direita. Não à toa, Steve Bannon tem muito interesse na eleição daqui — diz.

O ex-conselheiro político do ex-presidente Trump foi considerado um dos responsáveis pela vitória do republicano em 2016. E antes mesmo de assumir a Presidência, Bolsonaro já mantinha contato com Bannon, relação cujo elo sempre foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Mas, com o naufrágio do Aliança pelo Brasil, partido que Jair Bolsonaro (PL) tentou montar após deixar o PSL, em 2019, a direita radical perdeu a oportunidade de se “institucionalizar”. É o que defende Christian Lynch, da Uerj. A “perda de timing”, diz, pode ter sido crucial para a organização política futura do grupo.

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— Em vez de se materializar num partido, o bolsonarismo alugou o Centrão. Uma eventual derrota eleitoral de Bolsonaro será um baque muito mais duro do que foi para a esquerda o impeachment de Dilma, pois o PT tem enraizamento social, hierarquia, burocracia, intelectuais — diz Lynch.

Base capilarizada

Aliados de Bolsonaro já vaticinavam que a falta de um partido único que abrigasse a base ideológica do presidente havia sido responsável pela derrota do governo nas eleições municipais de 2020. Pulverizados em siglas como PRTB, PTB, PSL, PSC, Patriota e Republicanos, poucos bolsonaristas se elegeram.

A cientista política Camila Rocha, da USP, por outro lado, avalia que o poder de mobilização de Bolsonaro, mesmo sem um partido próprio, é expressivo. Ela destaca que, enquanto Bolsonaro estava no PSL, seus correligionários fundaram diretórios em cidades pequenas, o que ajudou a capilarizar sua base. E afirma que o grupo se vê mais como um movimento, uma “frente”.

— Não ter um partido único é estratégia bem anterior à ascensão bolsonarista, já estava desenhada na nova direita e faz sentido para quem se vê como antissistema — diz.

Bolsonaro se filiou ao PL em novembro, mas sua base de apoio está dispersa por partidos diversos. E aliados do presidente, sob reserva, ponderam se uma migração em massa para o PL seria a melhor estratégia para a reeleição.

Motociata de Santa Cruz do Capibaribe para Caruaru. Foto: Marcos Corrêa/PR
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
Leilão 5G. Foto: Isac Nóbrega/PR
Reunião com o Emir de Dubai, Mohammed bin. Foto: Alan Santos/PR
Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Bolsonaro participa de cerimônia do 7 de Setembro, no Palácio da Alvorada. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Cerimônia em Memória dos Pracinhas. Foto: Alan Santos/PR
Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
05/11/2021 Cerimônia de Anúncios do Governo Federal ao Estado
Motociata na cidade de Piraí do Sul com destino a Ponta Grossa. Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Foto: Alan Santos/PR
Reunião com o representante para Política Externa e de Segurança da União Europeia e Vice-Presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell Fontelles. Foto: Alan Santos/PR
Apoiadores na rampa do Palácio do Planalto. Foto: Marcos Corrêa/PR
Encontro com o Presidente da Funai, Marcelo Xavier e lideranças indígenas. Foto: Isac Nóbrega/PR
Visita à Estátua de Padre Cícero em Juazeiro do Norte - CE Foto: Marcos Corrêa/PR
Cerimônia Militar em Comemoração ao Aniversário de Nascimento do Marechal do Ar Alberto Santos-Dumont. Foto: Marcos Corrêa/PR
Solenidade Militar de Entrega de Espadins aos Cadetes da Força Aérea Brasileira. Foto: José Dias/PR
Missa com parlamentares e familiares. Foto: Marcos Corrêa/PR
Bolsonaro bate um pênalti na Arena da Condá, Chape, em Chapecó. Foto: Alan Santos/PR
Presidente, ministros e aliados posam para fotografia nos trilhos da FIOL. Foto: Marcos Corrêa/PR
Motociata de Santa Cruz do Capibaribe para Caruaru. Foto: Marcos Corrêa/PR
Inauguração das novas instalações da Escola de Formação de Luthier e Archetier da Orquestra Criança Cidadã (Recife-PE). Foto: Marcos Corrêa/PR
Motociata pelas avenidas de Goiânia. Foto: Alan Santos/PR
Operação Formosa - 2021. Foto: Marcos Corrêa/PR
Centenário da Convenção de Ministros e Igrejas Assembléia de Deus no Pará. Foto: Isac Nóbrega/PR
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Motociata de Santa Cruz do Capibaribe para Caruaru. Foto: Marcos Corrêa/PR
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
Leilão 5G. Foto: Isac Nóbrega/PR
Reunião com o Emir de Dubai, Mohammed bin. Foto: Alan Santos/PR
 Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
 Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
 Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Bolsonaro participa de cerimônia do 7 de Setembro, no Palácio da Alvorada. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
 Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Cerimônia em Memória dos Pracinhas. Foto: Alan Santos/PR
 Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
05/11/2021 Cerimônia de Anúncios do Governo Federal ao Estado
Motociata na cidade de Piraí do Sul com destino a Ponta Grossa. Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
 Cúpula de Líderes do G20. Foto: Alan Santos/PR
Foto: Alan Santos/PR
Reunião com o representante para Política Externa e de Segurança da União Europeia e Vice-Presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell Fontelles. Foto: Alan Santos/PR
Apoiadores na rampa do Palácio do Planalto. Foto: Marcos Corrêa/PR
Encontro com o Presidente da Funai, Marcelo Xavier e lideranças indígenas. Foto: Isac Nóbrega/PR
Visita à Estátua de Padre Cícero em Juazeiro do Norte - CE Foto: Marcos Corrêa/PR
Cerimônia Militar em Comemoração ao Aniversário de Nascimento do Marechal do Ar Alberto Santos-Dumont. Foto: Marcos Corrêa/PR
Solenidade Militar de Entrega de Espadins aos Cadetes da Força Aérea Brasileira.  Foto: José Dias/PR
Missa com parlamentares e  familiares. Foto: Marcos Corrêa/PR
Bolsonaro bate um pênalti na Arena da Condá, Chape, em Chapecó. Foto: Alan Santos/PR
Presidente, ministros e aliados posam para fotografia nos trilhos da FIOL. Foto: Marcos Corrêa/PR
Motociata de Santa Cruz do Capibaribe para Caruaru. Foto: Marcos Corrêa/PR
Inauguração das novas instalações da Escola de Formação de Luthier e Archetier da Orquestra Criança Cidadã (Recife-PE). Foto: Marcos Corrêa/PR
Motociata pelas avenidas de Goiânia. Foto: Alan Santos/PR
 Operação Formosa - 2021. Foto: Marcos Corrêa/PR
Centenário da Convenção de Ministros e Igrejas Assembléia de Deus no Pará. Foto: Isac Nóbrega/PR
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Caldeira Neto lembra também que, em três anos de governo Bolsonaro, houve “certa normalização” de grupos extremistas, mais legitimados a manifestar seu discurso de ódio e praticar crimes de intolerância. Autoritarismo, hierarquia e nacionalismo se tornaram mais difundidos.

Levantamento do GLOBO mostrou que o número de inquéritos abertos pela Polícia Federal para investigar casos de apologia ao nazismo, por exemplo, disparou em 2020, na comparação com a série histórica da última década, passando de 20 em 2018 para 110 em 2020.

Risco à democracia

A professora da UFSC Letícia Cesarino, que estuda grupos extremistas em plataformas digitais, diz que a rede de informação bolsonarista está menor, mas mais radicalizada. E alerta que seu ecossistema — WhatsApp, Telegram, Facebook, Twitter, YouTube e outras redes —, onde circulam conteúdos com ataques e de descrença a instituições como imprensa, universidades e partidos políticos, contribui para a corrosão da democracia.

Ela detecta uma “zona cinzenta” entre o subterrâneo das redes digitais bolsonaristas e a arena pública. Nesse espaço, diz, ideias radicais circulam entre pessoas que não são necessariamente extremistas.

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Um exemplo são os canais antivacina do Telegram, ao unir pessoas que defendem estilo de vida “natural”, livre de medicamentos produzidos em laboratório, e apoiadores de Bolsonaro que replicam seus ataques à imunização contra a Covid-19 e disseminam mentiras e distorções sobre a pandemia.

— A pandemia acelerou isso, e questões como a desinformação sobre urnas eletrônicas já começam a repercutir nesse segmento intermediário — afirma.

Fonte: O Globo
https://oglobo.globo.com/politica/sob-bolsonaro-extrema-direita-se-radicalizou-no-brasil-perdeu-chance-de-formar-um-partido-veem-cientistas-25347489

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