No aguardo do que possa vir
Mesmo que venha a faltar a bala de prata capaz de atingi-lo mortalmente, o ex-juiz Sérgio Moro nunca mais será o mesmo depois que supostas conversas suas com procuradores da Lava Jato começaram a ser reveladas pelo site The Intercept.
Isso quer dizer: Moro foi ministro durante cinco meses e pouco do governo Bolsonaro. Agora, está ministro da Justiça e da Segurança Pública. Diminuiu de tamanho. Mesmo que não se torne um anão, dificilmente ganhará uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Será menos difícil para ele sair candidato à sucessão de Bolsonaro do que vestir a toga no final do próximo ano quando se aposentar o ministro Celso de Melo. Abrigo partidário não lhe faltaria. Boa vontade no STF com toda certeza lhe faltará. Mas não só.
Para atravessar parte da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e aboletar-se no prédio do STF, Moro teria de contar com a aprovação do seu nome pelo Senado como manda a Constituição. Uma fatia expressiva dos senadores lhe negará o voto.
Por ora, Moro continuará sangrando no cargo. Seu futuro não mais lhe pertence. Está nas mãos dos editores do Intercept.
Dança das cadeiras no Planalto
Onyx é esvaziado. General ganha força
Depois de demitir três ministros em pouco menos de seis meses, e o presidente do maior banco de investimentos do país, o capitão Jair Bolsonaro esvaziou os poderes do chefe da Casa Civil da presidência da República, o deputado Onyx Lorenzoni.
Onyx perdeu a condição de responsável pela articulação política do governo que lhe garantia grande visibilidade. Passará a cuidar do Plano de Parceria de Investimentos, programa responsável pelas concessões de infraestrutura e por tocar as privatizações.
Se antes Onyx dependia dele mesmo, na nova função dependerá de um conselho de ministros responsável pelas decisões estratégicas do programa. Não bastasse, Onyx perdeu também o comando da subsecretaria de assuntos jurídicos.
Quem ganha com tudo isso é Luiz Eduardo Ramos, general da ativa nomeado por Bolsonaro para suceder ao general Santos Cruz na Secretaria do Governo. O general será o novo coordenador político do governo. Experiência para tanto não lhe falta.
No passado, Luiz Eduardo Ramos cuidou das relações das Forças Armadas com o Congresso. Fez amigos em todos os partidos. Tem fácil trânsito ali. É considerado um boa praça. De resto, foi o maior cabo eleitoral de Bolsonaro entre seus colegas de farda.
Bolsonaro cansou de colher derrotas no Congresso. E acha que Onyx foi o maior responsável por elas. Na verdade, Onyx fez o que podia. Bolsonaro é que sempre foi uma pedra no meio do seu caminho.