O sonho do filho custará caro
A aprovação da reforma da Previdência Social pelo Senado são favas contadas. Mas a aprovação ao nome de Eduardo Bolsonaro para embaixador do Brasil em Washington custará caro.
Davi Alcolumbre, presidente do Senado, já informou a Bolsonaro que há votos bastante para aprovar a indicação do Zero Três, tanto na Comissão de Relações Exteriores quanto no plenário.
Mas… Mas Bolsonaro, segundo Alcolumbre, não deve esperar tanta boa vontade dos senadores se não lhes der algo em troca. Cargos no governo até que seria bom, mas tem coisa melhor.
Os ministérios não se queixam – e com razão – que seus orçamentos para este ano serão pequenos, mas que os do próximo serão ainda menores? E então? É por aí.
Que Bolsonaro peça ao Congresso a aprovação de um crédito suplementar e que parte do dinheiro seja destinada ao atendimento das emendas parlamentares ao Orçamento da União.
São dessas emendas que vivem senadores e deputados. Precisaram que sejam pagas para irrigar suas bases eleitorais com pequenas obras. Haverá eleições municipais em 2019.
Velha ou Nova Política, é dando que se recebe.
Os erros que Bolsonaro quer corrigir
Cabeças a prêmio
Quando Lula foi eleito presidente em 2002, pediu conselhos a José Sarney. Com mais de 50 anos de poder, o ex-presidente respondeu que presidente da República não precisa de conselhos, mas lhe deu um:
– Há três cargos nos quais você não pode errar de jeito nenhum: o diretor da Polícia Federal, o secretário da Receita e o procurador-geral da República.
Tempos depois, Lula desabafou com Sarney:
– Aquela nossa conversa não me sai da cabeça. Errei nos três.
(A informação está na mais recente edição do TAG Reporter, das jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros.)
Bolsonaro já errou em dois: na escolha do Diretor da Polícia Federal que deixou a cargo do ministro Sérgio Moro, e na escolha do Secretário da Receita que deixou a cargo do ministro Paulo Guedes.
A cabeça do Diretor e a do Secretário está a prêmio.
Só o futuro dirá se ele acertou ao indicar Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República. Parte dos seus devotos acha que Bolsonaro errou.
Um Rivotril para Paulo Guedes
Arrogância no calçadão
Conta o jornalista Ancelmo Gois, em sua coluna desta segunda-feira no jornal O Globo, que o ministro Paulo Guedes, da Economia, passeava ontem à tarde no calçadão do Leblon, no Rio, quando uma pessoa de um grupo gritou, referindo-se ao comentário dele sobre a aparência da primeira-dama francesa Brigitte Macron:
– Que feio, hein, ministro. Que vergonha!
Guedes juntou-se ao grupo e disse:
– Foi muito feio. Na verdade, coisa de brasileiro.
Conversa vai, conversa vem, e antes de afastar-se do grupo, o ministro ameaçou:
– Na terceira abordagem como essa, eu largo tudo e vou embora. E aí vocês vão ver o que é bom, como é que fica.
Guedes errou duas vezes. A primeira ao atribuir a “coisa de brasileiro” seu comentário grosseiro e machista sobre Brigitte. A maioria dos brasileiros é diferente dele.
O segundo erro foi o de julgar-se insubstituível no governo. Sem ele, as coisas ficariam mal. Nem o presidente da República é insubstituível, como provam os fatos conhecidos.
Guedes se comporta como se fosse o único bombeiro capaz de apagar os incêndios que Bolsonaro tenta atear quase diariamente. Há outros bombeiros no governo – e todos malsucedidos.
O Posto Ipiranga que Guedes pareceu ser um dia está mais para uma lembrança do passado.