Por ora, sem razão para susto
Depois dos 21 anos da República dos Generais de 64, nada haverá de mais falsamente parecido com um governo militar do que o próximo do capitão Jair Bolsonaro a ter início daqui a exatos 33 dias.
O último governo dos generais foi presidido por João Baptista de Oliveira Figueiredo, um cavalariano esforçado, namorador, briguento, mas frouxo quando a linha dura do regime o encarou.
Figueiredo contou com 9 ministros militares da ativa e da reserva, incluídos nessa conta os do Exército, Marinha e Aeronáutica, e o chefe do Gabinete Militar da presidência da República.
Ou seja: dos nove, quatro deveriam ser militares dada à natureza das funções que exerceriam. Militares da reserva cuidaram da Casa Civil, da Educação, Interior, Previdência Social e Minas e Energia.
Bolsonaro, ontem, indicou mais um militar como ministro de governo, Tarcísio de Freitas. Ele já foi engenheiro do Exército. Abandonou a farda quando era capitão.
Os outros: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa)
São cinco até aqui, fora o presidente e o vice-presidente. Bolsonaro não descarta a possibilidade de recrutar mais militares para ministérios ou cargos de segundo e terceiro escalões.
“É possível. Quando o PT escalava terrorista, ninguém falava nada”, comentou o presidente eleito, que por ora insiste em não descer do palanque de uma campanha encerrada há um mês.
Lula governou com uma dezena de ex-sindicalistas. Empregou-os porque era sua turma. Bolsonaro emprega a dele. Ex-sindicalista e militar da reserva têm algo em comum: carecem de tropas.