Essa, Moro ganhou
Onde se leu: o presidente Jair Bolsonaro disse que o fatiamento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública estava em estudo e que Sérgio Moro até poderia reclamar…
Leia-se: da Índia, onde se encontra, o presidente Jair Bolsonaro disse que o fatiamento do Ministério da Justiça e da Segurança Pública não está mais em estudo. E que Moro não reclamou.
O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Bolsonaro assustou-se com a reação de parte dos seus devotos, e dos devotos exclusivos de Moro que o criticaram duramente pelo que pretendia fazer.
A indignação dos devotos de Moro foi quase unânime nas redes sociais. No Twitter, o ex-juiz conta com quase dois milhões de seguidores. Em um único dia, no Instagram, conquistou 721 mil.
Está longe de ostentar uma plateia cativa à altura da de Bolsonaro. Mas já é uma potência que não pode ser ignorada por ele. Bolsonaro provou do próprio veneno, não gostou e passou recibo.
Dentro de um carro, atravessando uma avenida deserta de Déli decorada com seu retrato e as bandeiras da Índia e do Brasil, ele gravou um vídeo com a voz mansa onde falou de sua viagem.
Foi um pretexto para responder ao tiroteio. A certa altura de sua fala, pediu “calma” aos que o malhavam. E deu a entender que acompanhava tudo mesmo enquanto ainda voava para Déli.
“Não espere que eu esteja 100% contigo, nem no casamento dá 100%. E aqui tem coisa que a gente destoa”, disse. Em seguida, suplicou: “Agora, não potencializem isso.”
Foi adiante: “Me critiquem quando eu realmente errar. Se eu errar, desce o cacete. Enquanto está em fase de gestação, discussão, estudo, calma, pessoal, calma aí, senão, não vai dar certo”.
Queixou-se: “É impressionante como as pessoas escrevem coisas da cabeça, assim, sem qualquer fonte, sem qualquer origem, e partem de forma agressiva nos comentários. Calma, pessoal”.
E, por fim: “O povo da Argentina tratou o Macri de forma semelhante. Olha quem voltou para lá, a turma da Kirchner, turma da Dilma, do Lula, turma do Foro de São Paulo”.
Moro ganhou essa parada. O que não quer dizer que ele e Bolsonaro voltarão a conviver em paz. Bolsonaro não gosta de paz, gosta de conflitos. E quando se cansa de um, inventa outro.