Troca de comando
O presidente Jair Bolsonaro mandou e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, obedeceu. Em breve, quem comandará a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) será Alexandre Ramagem Rodrigues, delegado da Polícia Federal.
De quem se trata? Rodrigues cuidou da segurança da campanha de Bolsonaro depois da facada que o então candidato levou em Juiz de Fora. É homem da absoluta confiança dele. Com a vantagem de que sabe muito também sobre as milícias do Rio onde já trabalhou.
Tal conhecimento poderá ser útil a Bolsonaro no momento em que seu filho Flávio acabou envolvido nos rolos do ex-motorista Fabrício Queiroz, sumido há meses. Queiroz empregou parentes de milicianos no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio.
Flávio condecorou policiais militares acusados de ser milicianos. Rodrigues participou da Operação Cadeia Velha, um braço da Lava Jato, que prendeu no Rio deputados estaduais suspeitos de receberem propinas e de ligação com o crime organizado.
A ABIN é o serviço de inteligência civil do Brasil. Foi criada em 1999, mas com outros nomes existe desde 1927. Durante a ditadura militar de 64 chamou-se Serviço Nacional de Informações. Tem escritórios em todos os Estados e representações em 14 países.
Temer livre!
A justiça do espetáculo
Por dois votos contra 1, a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2) decidiu que o ex-presidente Michel Temer e o coronel da reserva da Polícia Militar paulista João Baptista Lima Filho devem ser presos outra vez.
Eles foram presos preventivamente em 21 de março passado por ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio. E libertados quatro dias depois por decisão liminar (provisória) do desembargador Antonio Ivan Athié, do TRF-2.
Bretas achou que em liberdade eles poderiam destruir provas que os implicassem no desvio de R$ 1,8 bilhão das obras na usina nuclear de Angra 3. Athié achou que a prisão não atendia às mínimas exigências estipuladas em lei, e por isso mandou-os para casa.
O Ministério Público Federal pediu para que a prisão fosse restabelecida valendo-se dos mesmos argumentos esgrimidos por Bretas para prendê-los da primeira vez. E o pedido foi aceito pelo TRF-2 com o voto contrário de Athié.
Os dois desembargadores que votaram a favor da nova prisão reconheceram que a liberdade de Temer e do coronel Lima Filho não punham em risco a ordem pública, mas a concederam. Por quê? Pela necessidade de se dar exemplo à sociedade.
Entre as razões para que se prenda uma pessoa de acordo com a lei não está a necessidade de se dar exemplo à sociedade, mas de se fazer justiça. Temer e Lima Filho não ameaçam fugir. A essa altura não teriam nem mais como influir no rumo das investigações.
A decisão do TRF-2 acabará sendo revertida em breve pelo Superior Tribunal de Justiça. Mas até que seja os dois ficarão presos unicamente para satisfação dos seus algozes. A justiça do espetáculo se manifestou mais uma vez.