Neste momento em que o governo de transição do presidente Michel Temer vem sendo tachado de “golpista” e estamos assistindo protestos diários convocados por uma parcela minoritária (mas crescente) de políticos, de cidadãos engajados partidariamente e de movimentos sociais que buscam construir a “narrativa” mais conveniente para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, inclusive resgatando a nostálgica campanha das “Diretas Já”para tentar legitimar os interesses inconfessáveis de alguns, vale a pena resgatar a memória daquela época.
Não há comparação honesta possível entre o que foi o povo brasileiro nas ruas pedindo “Diretas Já” após 20 anos de ditadura militar e o movimento que se vê hoje, insuflado sobretudo pelas redes sociais e orquestrado por grupos de apaniguados petistas que viveram às custas de privilégios e de benefícios estatais patrocinados nos últimos 14 anos pelos governos de Lula e Dilma, grande parte contrária inclusive às investigações e condenações do Mensalão e da Operação Lava Jato.
Ou seja, que se posicionem contra as ilegalidades cometidas nos últimos anos e defendam #DiretasJá por enxergarem uma cumplicidade entre Dilma e Temer ou a parceria indissociável entre o PT e o PMDB na corrupção institucionalizada no país, é até justificável. Que se oponham veementemente às anunciadas reformas trabalhistas e previdenciárias, com o aumento da idade mínima da aposentadoria para 65 anos ou da jornada de trabalho para 12 horas diárias, entre outras “temeridades” (perdoe o trocadilho involuntário, presidente Temer), é sinceramente compreensível.
Mas querer misturar as coisas para livrar a cara de seus corruptos de estimação, tentar desqualificar o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público e do juiz Sergio Moro, para ficar apenas no exemplo mais emblemático, e achar que vão confundir a população misturando a história de políticos presos com a de presos políticos, nessa estúpida “narrativa do golpe”, é de uma canalhice e de uma desonestidade intelectual sem tamanho.
Relembre com o #ProgramaDiferente a campanha das Diretas da década de 80, que reunia políticos, artistas e intelectuais verdadeiramente ao lado do povo e da democracia, e compare com o movimento atual, marcado pela ação violenta de black blocs, de lideranças partidárias envolvidas com a corrupção do governo e de outros grupos cooptados que apostam no ódio e na polarização. Assista.