Público pode fazer empréstimo de livros de Bauman na Biblioteca Salomão Malina

26 exemplares do autor de Modernidade Líquida estão no acervo da unidade de leitura no centro de Brasília
Zygmunt Bauman | Foto: andersphoto/shutterstock
Zygmunt Bauman | Foto: andersphoto/shutterstock

João Vítor*, com edição do coordenador de Publicações da FAP, Cleomar Almeida

Ao mesmo tempo que aproxima, a globalização separa as pessoas. É o que diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, no livro Globalização: As Consequências Humanas. “Tanto divide como une; divide enquanto une”.

Consequências, como o pós-modernismo, são temas centrais das obras de Bauman. Autor de Modernidade Líquida, ele tem 26 exemplares disponíveis para empréstimo gratuito na Biblioteca Salomão Malina, próximo à rodoviária do Plano Piloto. A unidade de leitura é mantida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília.  

Mais de 20 obras foram traduzidas pelo escritor Carlos Alberto Medeiros, que avalia o polonês como intérprete da realidade. “Ele analisava um acontecimento, estabelecia uma conexão entre os fatos e conseguia traduzir ideias complexas numa linguagem acessível, alcançando assim muitos leitores, mesmo com uma obra sofisticada”, diz.

previous arrow
next arrow
 
previous arrow
next arrow

Medeiros se pergunta o que Bauman diria sobre pandemia, explosão de violência policial, racismo e crises política e sanitária, já que, segundo ele, o polonês era otimista. “Estamos mais longe ou mais perto de chegar a um equilíbrio entre segurança e liberdade?”, questiona. 

Ele conta que seu primeiro trabalho como tradutor de Bauman foi no livro Amor líquido. “Efeito, muitas vezes negativo, dos novos meios de comunicação propiciados pela internet, e pelos computadores em miniatura que são os celulares, sobre as relações entre os seres humanos”, define Medeiros o tema central da obra.

Empréstimo

Para utilizar o serviço de empréstimo de livros na Biblioteca Salomão Malina, o usuário deve se cadastrar pessoalmente no balcão de atendimento e apresentar documento oficial com foto e comprovante de residência atualizado. 

Entre as obras do escritor disponíveis na unidade de leitura, está Modernidade e Holocausto (1989), que aborda o que a sociologia pode nos ensinar sobre o assassinato em massa de judeus na segunda guerra mundial. No entanto, a obra concentra-se nas lições que o conflito tem a oferecer à sociologia.

O livro Modernidade Líquida, também da autoria de Bauman, é dedicado a discutir uma nova época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos.

A questão da força da ética é tratada na obra Ética pós-moderna (1997). Nela, ele apresenta estudo da perspectiva pós-moderna da ética. Para Bauman, os grandes temas da ética não perderam nada de sua força: simplesmente precisam ser revistos e tratados de modo inteiramente novo. Esta era, sugere ele, pode ainda representar uma alvorada e não um entardecer para a ética.

Abaixo, veja relação de obras:

Livros-Zygmunt-Bauman

O tradutor aponta relação entre a discussão das pautas identitárias e o livro Identidade, de Bauman. “Nessa visão, viveríamos hoje uma fase em que é possível e necessário ter múltiplas e superpostas identidades, não apenas nacionais, étnicas/raciais ou de gênero, mas profissionais, políticas, religiosas e outras”, pondera.

Zygmunt Bauman

O sociólogo nasceu em Poznan, no seio de uma família judia. Em 1939, com os pais, ele escapou da invasão das tropas nazista na Polônia e se refugiou na União Soviética. Alistou no exército polonês no front soviético. Em 1940, ingressou no Partido Operário Unificado – o partido comunista da Polônia. Em 1945, entrou para o Serviço de Inteligência Militar, onde permaneceu durante três anos.

Em março de 1968, Bauman foi vítima do expurgo antissemita que obrigou muitos poloneses de origem judia a deixarem o país. Exilado em Israel, lecionou na Universidade de Tel-Aviv. Em 1971, atuou como professor de sociologia na Universidade de Leeds, Inglaterra, onde também dirigiu o departamento de sociologia da Universidade até sua aposentadoria, em 1990.

Sobre Carlos Medeiros

Carlos Alberto Medeiros é autor de Racismo, preconceito e intolerância, com os antropólogos Jacques D’Adesky e Edson Borges. Na obra, os autores discutem três casos de racismo e discriminação amplamente divulgados pela imprensa brasileira nos últimos anos, mostrando que é possível promover o respeito e a tolerância em relação ao outro por meio do apelo à justiça.

O racismo, segundo o estudo de Medeiros, é resultado de uma construção socio-histórica iniciada na virada do século 15 para o 16, que coincide com o início da modernidade e da globalização.

“Já o preconceito é a ideia, opinião ou sentimento concebido sem uma análise crítica, que pode levar pessoas à intolerância, ou seja, não aceitar opiniões ou ideias divergentes e reagir com agressividade e violência”, diz o Medeiros.

Mas a intolerância, conforme ele acrescenta, pode ser considerada, em certos casos, positiva. “Pode resultar de uma indignação legítima diante de situações de sofrimento, opressão, desigualdades violência e miséria”, afirma.

Biblioteca

Inaugurada em 28 de fevereiro de 2008, a Biblioteca Salomão Malina se tornou um importante espaço de incentivo à produção do conhecimento em Brasília. Localizada no Conic, tradicional ponto de cultura urbana próximo à Rodoviária do Plano Piloto, a biblioteca foi reinaugurada em 8 de dezembro de 2017, após ser revitalizada.

Para consultar o acervo da biblioteca, clique aqui

Serviço

Biblioteca Salomão Malina

Horário de funcionamento: De segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.

Endereço: Conic – Setor de Diversões Sul – Edifício Venâncio III, em Brasília (DF), próximo à Rodoviária do Plano Piloto.

WhatsApp: (61) 98401-5561.

*Integrante do programa de estágio da FAP, sob supervisão do jornalista, editor de conteúdo e coordenador de Publicações da fundação, Cleomar Almeida.

Privacy Preference Center