Dina Lida Kinoshita participará de webinar sobre a obra Um tijolo para uma construção grandiosa, de sua autoria, no dia 27 de setembro
Cleomar Almeida, da equipe FAP
Militante na luta pela redemocratização no Brasil e filha de judeus, a professora aposentada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) Dina Lida Kinoshita, de 74 anos, registra a saga de sua família, atingida por epidemias, guerras, revoluções e mortes, em novo livro editado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP). A obra será lançada, na segunda-feira (27/9), a partir das 19h, em webinar da entidade.
Com o título Um tijolo para uma construção grandiosa: memórias de Dina Lida Kinoshita (344 páginas), a obra reúne 48 textos da autora, abordando assuntos como o quase centenário Partido Comunista Brasileiro (PCB), assim como a anistia e a divisão da oposição. O livro também tem relatos sobre a redemocratização, a primeira eleição presidencial direta desde 190 e os governos Collor, Itamar e FHC.
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O evento de lançamento online do livro será transmitido em tempo real, no portal da FAP, na página da entidade no Facebook e no canal dela no Youtube. Além autora, também confirmaram participação no webinar o sociólogo José Claudio Berghella, prefaciador da obra; o físico e consultor Laurindo Junqueira e a doutora em ciências sociais Esther Kuperman.
Dina mudou-se com os pais para o Brasil ainda nos primeiros anos de vida dela, com lembranças de seus antepassados. “Meu avô faleceu numa epidemia de tifo que grassou no fim da Primeira Guerra Mundial, e minha mãe, Frania Lida, nascida em 1917, mal se lembrava dele. Acabou sendo educada por sua mãe e por dois irmãos mais velhos, Alter e Israel Lida”, relata.
Anos depois, com a invasão nazista no dia 1º de setembro de 1939, conforme escreve a autora, as pessoas que ficaram na Polônia tiveram o mesmo fim de toda a comunidade judaica do país do leste europeu. Diversos familiares da autora morreram. “Não conheci avós, irmãos, tios e primos de primeiro grau”, conta ela, na obra.
“No pós-2ª Guerra, viemos para o Brasil, onde me criei, estudei, trabalhei, constituí uma família, mas não tive uma vida comum”, lembra. Ela militou no PCB, desde os 14 anos de idade, durante a maior parte do tempo no partido considerado clandestino e ilegal por causa da ditadura.
Além disso, Dina participou da luta pela redemocratização e acompanhou as grandes mudanças ocorridas no mundo, no limiar do século 21. Elas acarretaram uma nova formação política do PCB, com o Partido Popular Socialista (PPS), que mais tarde viria a se tornar o Cidadania.
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A autora também militou no movimento estudantil secundarista, ainda durante o governo de João Goulart (1961-1964), e durante a ditadura de 1964-1985, em condições muito adversas no movimento estudantil universitário. Em 1971, foi contratada como docente na USP, pouco depois das aposentadorias compulsórias de grandes mestres.
“O ar na universidade era irrespirável”, afirma. Após 1975, ela ajudou na reorganização do núcleo de professores e teve uma grande participação na Associação dos Docentes da USP (Adusp).
Com a ascensão de Ronald Reagan e Margareth Tatcher ao poder, nos anos 1980, acirrou-se a escalada da Guerra Fria, e ela passou a militar mais diretamente, no campo da esquerda, em nível nacional e internacional, assumindo maiores responsabilidades e cargos.
Decorreu daí o seu trabalho, durante vinte anos, na Cátedra Unesco de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância. Durante 16 anos, colaborou com a FAP, criada no ano 2000, em Brasília.
“Penso ter contribuído com um tijolo para uma construção grandiosa que depende de milhões de homens e mulheres que lutaram, lutam e lutarão por um mundo melhor. Não estou desistindo e continuarei, dentro de minhas possibilidades, a dar o melhor de mim por este maravilhoso objetivo”, ressalta.
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Prefaciador do livro, o doutor em sociologia pela UPS José Claudio Berghella observa que “as memórias de Dina não são tão somente a narrativa de episódios de uma vida ou de um tempo”. “É, acima de tudo, a encarnação daquilo que é ser militante. Não a comparo aos quadros profissionais do Partido, de antes ou de hoje. Estes são quadros do aparelho”, pondera.
“Miro uma vida que abraça uma ideologia que, de per si, vai na contramão do status quo, que carrega o fardo da luta por liberdade e igualdade, enfrentando o peso da reação, a incompreensão, a repressão e, porque não, os desatinos não pouco frequentes dos seus dirigentes”, continua Berghella. “Miro aquele que é capaz de entender seus erros e ter a coragem de fazer e assumir, na prática, a autocrítica”, assevera.
Evento online de lançamento nacional livro
Título: Um tijolo para uma construção grandiosa: memórias de Dina Lida Kinoshita
Autora: Dina Lida Kinoshita
Editora: Fundação Astrojildo Pereira
Data do webinar: 27/9/2021
Transmissão: das 20h às 21h30
Onde: Portal e redes sociais (Facebook e Youtube)
Realização: Fundação Astrojildo Pereira