Na revista Política Democrática online de dezembro, historiador destaca importância do território para escravos, negros, índios, mestiços e brancos pobres
Cleomar Almeida
O historiador Ivan Alves Filho diz que o Quilombo dos Palmares representava, para os escravos negros, índios, mestiços e brancos pobres, uma alternativa de vida para os que não tinham voz e nem vez na sociedade colonial. Em artigo publicado na revista Política Democrática online de dezembro, o autor afirma que “entre o final do século XVI e o início do século XVIII, o Estado de Alagoas serviu de palco para uma epopeia encarnada pelos combatentes do Quilombo dos Palmares”.
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Autor de livros como Memorial dos Palmares, Brasil, 500 anos em Documentos e O Historiador e o Tapeceiro, Ivan pergunta: “O que foi essa experiência, exatamente?”. E prossegue, dizendo, no artigo, que aonde questionar toda uma estrutura que poderia ser denominada de igualitária, a qual prevalece até meados do século XVI, “o colonialismo português abre a via para a sociedade de classes no Brasil: no lugar das roças indígenas, o latifúndio; no lugar dos homens livres, os escravos”.
De acordo com o autor, O Quilombo representava, acima de tudo, “uma alternativa de vida sem perseguições nem espoliações”. “Contrastando com a penúria generalizada na Colônia, praticamente mergulhada na monocultura do açúcar, sobretudo na faixa do Nordeste atual, existia em Palmares um aparelho produtivo capaz de satisfazer não apenas as necessidades materiais dos membros da comunidade, mas também gerar um excedente, negociado junto aos vilarejos coloniais vizinhos”, escreveu ele.
Palmares integrava, segundo Ivan, o mercado interno nascente. “Essa primeira tentativa concreta de superação da realidade colonial foi finalmente esmagada pelas forças portuguesas e pelas tropas arregimentadas pelos senhores de engenho e escravos de várias capitanias”, disse, para ressaltar que essas tropas chegaram a mobilizar cerca de 14 mil homens.
A documentação histórica, segundo o historiador, permite concluir que, ao aceitar o confronto final em Macaco, capital do Quilombo, no ano de 1694, Zumbi provavelmente não via outra saída para si e o movimento que ele liderava. “Ou seja, fora até o limite de suas forças. Mas essas mesmas forças esbarravam nas chamadas condições históricas objetivas. Afinal, a ordem escravista não dava aos escravos rebelados aquelas condições mínimas para abatê-lo”, afirmou, para continuar: “Isto é, a realização de uma política de alianças que fosse além do próprio estamen- to escravista, submetido, de outra parte, a constantes renovações de natureza demográfica, devido à curta duração do ciclo de vida do escravo. Ora, isso dificultava sobremaneira a formação de uma memória de classe”.
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