Historiador diz que recessão evidenciou indiscutivelmente um ponto crítico do processo de integração
A União Europeia foi marcada, desde o início, pelo caminho continental em direção a formas de integração cada vez mais fortes e complexas e pelo desafio de garantir níveis de bem-estar que pareciam intocáveis. É o que diz o historiador e professor da Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Roma Tor Vergata, Gianluca Fiocco.
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O professor publicou artigo na décima edição da revista PolÍtica Democrática online. Segundo ele, as “acusações à Europa” se difundiram em particular após a grave crise deflagrada em 2008. Em muitos países, a taxa de confiança na UE passou por uma queda drástica. A entrada no espaço comunitário sempre fora vista como promessa de desenvolvimento; as dificuldades do último decênio desferiram um golpe em tal expectativa.
“Numa pesquisa de 2017, 54% dos entrevistados consideravam que as crianças da UE viveriam em condições piores do que aquelas conhecidas pela própria geração”, afirma Fiocco. “Quando se rompe a confiança no futuro, também as construções mais sólidas podem vacilar”, acrescenta.
De acordo com o autor, o mal-estar econômico se faz acompanhar da busca de bodes expiatórios e por fenômenos regressivos de entrincheiramento identitário (um quadro favorável às direitas neonacionalistas). “A recessão evidenciou indiscutivelmente um ponto crítico do processo de integração: o sistema da moeda única impôs a cada país um rigor nas contas públicas que reduziu notavelmente suas margens de ação em função anticíclica. Os velhos instrumentos de intervenção nacional não foram substituídos por novas ferramentas de tipo comunitário”, destaca.
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