Sandy Mendes e Mariana Costa, Metrópoles*
Mesmo com as diferenças políticas, o PDT, partido do ex-governador do Ceará Ciro Gomes, decidiu apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da disputa presidencial, que ocorrerá no dia 30 de outubro. Segundo o presidente da sigla, Carlos Lupi, Ciro seguirá a decisão.
Em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (4/10), Lupi oficializou o apoio ao petista e disse que a decisão foi unânime.
“Todos os partidários vão seguir o partido. Se o partido decide e os partidários não seguem, para que ter partido?”, falou Lupi. “Ciro participou da reunião e disse que endossa integralmente a decisão do partido”, concluiu.
Veja a declaração de Lupi:
Derrotado pela quarta vez na corrida ao Palácio do Planalto, Ciro já foi ministro da Integração Nacional durante o governo do petista.
Para a costura do acordo com o ex-presidente, o partido condicionou a implementação de pelo menos três projetos do pedetista no plano de governo do PT. Entre eles:
- O programa de zerar dívidas do SPC.
- O plano de renda mínima; proposto, inicialmente, por Suplicy.
- O projeto Educação em Tempo Integral.
Primeiro turno
Ao fim do primeiro turno, Ciro Gomes ficou em quarto lugar, atrás de Simone Tebet (MDB), com 3,5 milhões de votos, o que representa 3% dos votos válidos. Na primeira fala após a apuração, ele se disse “profundamente preocupado com o que acontece no Brasil”.
“Eu nunca vi uma situação tão complexa, tão desafiadora, tão potencialmente ameaçadora sobre a nossa sorte como nação”, pontuou Ciro durante entrevista coletiva.
Ele ainda salientou que primeiro conversaria com a sigla para definir eventuais apoios. “Eu peço a vocês que me deem mais algumas horas para conversar com os meus amigos, com o meu partido, para que a gente possa achar o melhor caminho para bem servir à nação brasileira.”
Quarta e última tentativa
Ciro Gomes teve a sua pior votação para o Planalto nesta eleição, que foi a quarta e, segundo o pedetista, última ao cargo.
“O futuro a Deus pertence. Se eu ganhar, quero trocar a minha reeleição pela reforma que o país precisa ter, e que foi jogada na lata do lixo. Se eu não vencer, quero ajudar a juventude a pensar as coisas, sem a suspeição de uma candidatura. Essas coisas sempre podem mudar, mas tenho 64 anos, dei a minha vida inteira à causa do povo brasileiro”, declarou.
Antes, Ciro tentou o Planalto em 1998 e 2002, pelo PPS, e em 2018 pelo seu atual partido, o PDT. Em 1998, teve 7,4 milhões de votos. Em 2002, 10,2 milhões de votos. Em 2018, obteve 13,3 milhões de votos. Agora, foi votado por 3,5 milhões de brasileiros.
Foi deputado, prefeito, ex-governador do estado do Ceará, ministro da Fazenda, durante o governo Itamar Franco, e da Integração Nacional, no governo do ex-presidente Lula.
Texto publicado originalmente no Metrópoles.