Paulo Celso Pereira: A direita raivosa contra um PT ressentido

A provável polarização entre Bolsonaro e Haddad a partir da próxima semana só deixará um caminho para Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB): a busca radical do voto útil.
Foto: Reprodução/Google
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A provável polarização entre Bolsonaro e Haddad a partir da próxima semana só deixará um caminho para Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB): a busca radical do voto útil

A tão falada polarização da eleição de 2014 poderá em breve ser vista como uma divergência de botequim se confirmado o cenário projetado pela pesquisa Datafolha divulgada ontem. Se mantido o crescimento vertiginoso de Fernando Haddad (PT), de um ponto percentual por dia, a tendência é que já na próxima semana ele figure isolado na segunda posição, se aproximando velozmente do patamar de Jair Bolsonaro (PSL). Assim, cresce significativamente a chance de a etapa final da disputa reunir o líder da direita raivosa e o representante de um PT profundamente ressentido.

Bolsonaro conseguiu manter sua trajetória ascendente, no limite da margem de erro, mesmo trancafiado no leito de um hospital. A melhor informação da pesquisa para ele, no entanto, é o fato de figurar numericamente à frente de Haddad no segundo turno —um empate técnico de 41% a 40%. Isso o ajuda a combater o discurso de que sua liderança é um passaporte garantido para a volta do PT.

A provável polarização entre Bolsonaro e Haddad a partir da próxima semana só deixará um caminho para Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB): a busca radical do voto útil. Ciro manteve os mesmos 13% da pesquisa divulgada na segunda-feira, mas vê seu campo de crescimento pela esquerda se reduzir, uma vez que Haddad avança rapidamente sobre o eleitorado lulista. O caminho que sobra, portanto, é o de se apresentar como o único de seu campo capaz garantir a derrota de Bolsonaro no segundo turno.

Alckmin, por outro lado, frustrou a expectativa criada com seu enorme tempo de TV e flutuou negativamente um ponto, dentro da margem de erro. O tucano não consegue conquistar votos nem na fortaleza bolsonarista —onde 75% dos eleitores dizem que não mudarão mais de posição —nem entre os eleitores dos outros candidatos de seu campo político. Ainda assim, não lhe resta alternativa a não ser apresentar-se como o único de seu viés ideológico com condições claras de derrotar o PT.

Se a pesquisa é péssima para Alckmin, é trágica para Marina Silva. A ex-senadora, que nas duas últimas eleições terminou em honroso terceiro lugar, já figura numericamente na quinta posição e, mesmo levando em conta a margem de erro, se descolou de Haddad e Ciro.

São muitos os sinais de esfacelamento de sua candidatura: Marina caiu três pontos em apenas quatro dias; sua rejeição, que só era menor que a de Bolsonaro, flutuou positivamente um ponto; e sua situação piorou em todos os cenários de segundo turno, sendo numericamente ultrapassada por Alckmin e vendo sua vantagem para Bolsonaro cair para quatro pontos.

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