“O preço da liberdade é a eterna vigilância”, diz Sarney

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Primeiro presidente civil da transição do país afirma que as instituições brasileiras são sólidas e afasta o risco de ameaças, mas não descarta a necessidade do alerta

Diante dos avanços de extremistas contrários à democracia, o primeiro presidente civil da redemocratização do Brasil, José Sarney, defendeu neste sábado (15/03) que as instituições são fortes e bem estruturadas. Porém, reiterou que é necessário manter sempre a vigilância. Para ele, a transição democrática foi uma conquista não de um grupo político, mas do povo brasileiro. Segundo o ex-presidente, o país vive uma democracia amadurecida e consciente que deve ser preservada por todos.

Sarney é o grande homenageado da Fundação Astrojildo Pereira, órgão vinculado ao Partido Cidadania, que promove o Seminário “Democracia 40 anos: Conquistas, Dívidas e Desafios”, em Brasília, com a presença de autoridades brasileiras e estrangeiras neste sábado (15/03).

“O preço da liberdade é a eterna vigilância”, ressaltou Sarney. “A transição democrática foi uma conquista do povo brasileiro. Nossa democracia amadureceu, está pronta em cada um de nós, na nossa consciência, como algo que devemos preservar”, acrescentou. “São 40 anos que estão definitivamente aí plantados nas instituições que nós defendemos. Tancredo presente!”

Ao relembrar o período de 1985 a 1990, na Presidência da República, Sarney desabafou dizendo que “não teve sossego”“Foram 12 mil greves que buscamos negociar. Não tive um dia de sossego, mas o país conseguiu atravessar aquele período todo com tranquilidade”, observou. Ele recordou ainda que, no seu governo, as Forças Armadas foram orientadas a se modernizarem, o que atenderam de pronto. “Nós conseguimos realizar esse processo e até hoje as Forças Armadas seguem fiéis, como demonstraram em 8 de janeiro”.

Preservação da Memória

O ex-presidente recordou detalhes que antecederam a disputa no Colégio Eleitoral entre Arena e MDB, em que Tancredo Neves foi eleito com 480 votos (72,7%) contra 180 dados a Paulo Maluf (27,3%).  Sarney esclareceu que é a preservação da memória que faz com que certos episódios sejam lembrados e que situações semelhantes não se repitam. De acordo com ele, os desafios nos anos de 1980 no processo de redemocratização foram enfrentados de forma ativa.

Assim, aos 94 anos, o ex-presidente fez uma análise da história recente, que ele acompanhou de perto como presidente da República, governador e parlamentar. Um observador privilegiado dos momentos mais importantes do Brasil, ele lembrou que só aceitou ser candidato a vice-presidente da República porque o nome que encabeçava a chapa era Tancredo. Na época, o ex-presidente disse que afirmou: “Eu não quero assumir a não ser se for com Tancredo Neves”. Para ele, Tancredo “foi o homem preparado pela história”.

Ao lado de Júlio María Sanguinetti, de 89 anos, duas vezes presidente da República do Uruguai, a quem chama de “amigo”, Sarney ressaltou que eles dois são os “únicos sobreviventes” de líderes que lutaram pela democracia e que defenderam o processo de restauração das liberdades e da expressão. Somos os únicos sobreviventes daquele tempo em que lutamos pela democracia não só no Brasil e no Uruguai, mas em toda América do Sul.”

Mercosul e Constituição Federal  

Sarney aproveitou a presença de Sanguinetti para recordar o início do Mercosul, o bloco econômico que começou como Tratado, reunindo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. De acordo com ele, a única exigência era uma só. “Todos ali deveriam ser defensores da democracia”, repetiu o ex-presidente acompanhado pelo colega uruguaio que acenou com a cabeça, como quem confirma a “exigência”. Assim, anos depois, em 1991, foi assinado o Tratado de Assunção, que criou o Bloco do Cone Sul – o Mercosul.

Para os líderes da época, a construção do Mercosul era fundamental para fortalecer a região, estabelecendo a livre circulação de bens, serviços, pessoas, informações e mercadorias. A ideia era criar um modelo de integração entre os países para o desenvolvimento dos aspectos econômicos e promover a integração regional.

Ao recordar as negociações da Constituinte para a criação da Constituição Federal, promulgada em 1988, Sarney elogiou o texto e os esforços realizados. Para ele, as 144 emendas constitucionais, incluindo revisões e tratados são importantes para o aperfeiçoamento, assim como outras cerca de 200 propostas em tramitação no Congresso Nacional.

Para o ex-ministro da Justiça Milton Seligman, um dos mediadores do seminário, o ex-presidente da República desempenhou um papel essencial na construção histórica do Brasil. “[Ele contribuiu para a] restauração da democracia ao promover a democratização nacional”, afirmou Seligman. “Um Brasil mais justo, inclusivo e democrático. A democracia é o único caminho.”

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