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Antecipação da cúpula marcada para o próximo mês de setembro em Nova York, ontem teve início em Roma a pré-cúpula sobre sistemas alimentares. Três dias de discussões sob a orientação do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, com a participação, além do Primeiro-Ministro Mario Draghi, de chefes de estado e de governo. Os palestrantes são pesquisadores, pequenos agricultores, populações indígenas, representantes do setor privado e ministros da agricultura.
A reportagem é de Matteo Marcelli, publicada por Avvenire, 27-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O objetivo é avaliar paradigmas de produção capazes de atender às crescentes necessidades mundiais de alimentos, mas também a necessária transição para modelos baseados na sustentabilidade e no respeito ao meio ambiente, de acordo com as metas da agenda 2030 da ONU. Um momento de diálogo que poderia favorecer o início daquela ecologia integral invocada pelo Papa Francisco na encíclica Laudato si’ e pôr um fim à cultura do descarte que encontra uma de suas manifestações mais evidentes justamente no acesso ao alimento.
O Pontífice enviou à cúpula uma mensagem inequívoca: “Produzimos alimentos suficientes para todos, mas muitos ficam sem o pão de cada dia. Isso constitui um verdadeiro escândalo, um crime que viola os direitos humanos básicos. Portanto, é dever de todos erradicar essa injustiça por meio de ações concretas e boas práticas, e por meio de audaciosas políticas locais e internacionais”. E ainda: “Temos a responsabilidade de realizar o sonho de um mundo em que pão, água, remédios e trabalho estejam disponíveis em abundância e cheguem primeiro aos mais necessitados. É necessária uma nova mentalidade e uma nova abordagem holística. São necessários sistemas alimentares que protejam a Terra e mantenham a dignidade da pessoa humana ao centro – insistiu Francisco – que garantam alimentos suficientes em nível global e promovam trabalho digno em nível local, que alimentem o mundo hoje, sem comprometer o futuro”. O Papa dirigiu a seguir uma advertência direta às instituições presentes: “Estamos conscientes de que interesses econômicos individuais, fechados e conflitantes nos impedem de projetar um sistema alimentar que responda aos valores do bem comum, da solidariedade e da cultura do encontro. Se queremos manter um multilateralismo frutuoso e um sistema alimentar baseado na responsabilidade, a justiça, a paz e a unidade da família humana são fundamentais”.
Em 2020, 800 milhões de pessoas sofreram fome, 130 milhões a mais do que em 2019, segundo os dados apresentados por Guterres. Um aspecto que a pandemia Covid-19 certamente agravou, mas que a propagação do vírus por si só não explica. Os responsáveis são, principalmente, “pobreza, desigualdades, os altos preços dos alimentos, os efeitos das mudanças climáticas e os conflitos – como destacou o secretário-geral da ONU. No entanto, ainda há esperança. Devemos responder a esses desafios com ideias, energia e parcerias”.
“A crise sanitária gerou uma crise alimentar. Assumimos compromissos para garantir que as vacinas estejam disponíveis para os mais pobres do mundo. Devemos agir com a mesma determinação para melhorar o acesso a uma quantidade adequada de alimentos – destacou Draghi -. Devemos promover hábitos alimentares saudáveis, preservando as culturas alimentares tradicionais construídas ao longo dos séculos. Esta pré-cúpula é uma oportunidade para transformar a forma como pensamos, produzimos e consumimos o alimento”. Meta difícil de alcançar se não começarmos a lidar com os desequilíbrios: “Queremos chegar a desperdício zero e depois chegar à fome zero” é a meta lembrada pelo diretor-geral da FAO Qu Dongyu.
Nota do Instituto Humanitas Unisinos – IHU
No dia 29/07, quinta-feira, o Prof. Dr. Sérgio Amadeu, da UFABC, ministrará a palestra Tecnologia e fome. A uberização do alimento e as big techs na digitalização do agronegócio. O evento será transmitido ao vivo pela página inicial do IHU, YouTube, Facebook e Twitter. Mais informações podem ser consultadas aqui.
Tecnologia e fome. A uberização do alimento e as big techs na digitalização do agronegócio
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