-BRASÍLIA- Parlamentares lançaram ontem, na Câmara dos Deputados, o “Manifesto por um polo democrático”, documento que conclama as forças “reformistas” a se unirem durante a disputa eleitoral deste ano. O movimento, idealizado pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e pelo secretário-geral do PSDB, Marcus Pestana (MG), ganhou o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de cientistas políticos. A ideia é criar um canal de diálogo com pré-candidatos e consolidar um grupo de oposição a candidaturas consideradas por eles “radicais”, como as de Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB).
Com o crescimento nas pesquisas de Jair Bolsonaro e a desarticulação do centro, o propósito é aglutinar forças e dar sustentação a um candidato do que chamam “campo democrático”. Assinaram o manifesto, entre outras pessoas, 16 deputados e um senador de sete partidos (PSDB, PPS, DEM, PTB, PV, PSD e MDB). No fim do ato, o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) leu uma mensagem do ex-presidente Fernando Henrique:
— O Brasil precisa recuperar a confiança no seu futuro. Não chegaremos lá voltando ao passado do autoritarismo ou ao passado mais recente do lulopetismo. O país precisa da convergência das forças políticas que possam ter propósitos semelhantes — diz a mensagem de FH.
O ex-presidente argumenta que está em jogo “a recuperação da legitimidade democrática da autoridade pública ou a desorganização política, econômica e social do país”. No ato, o presidente do PPS, Roberto Freire, desenvolveu pensamento parecido ao comentar as reações à greve dos caminhoneiros. Segundo ele, assistiu-se, nas últimas semanas, a “uma simbiose do petismo com o bolsonarismo”, pois “as duas forças se uniram ao locaute” e demonstraram “descompromisso com a democracia”.
Marcus Pestana diz que o grupo vai dialogar com os précandidatos Rodrigo Maia (DEM), Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Flávio Rocha (PRB), Paulo Rabello de Castro (PSC) e João Amoêdo (Novo). Um site também será criado para divulgar os propósitos do grupo.
No documento, são listados 17 compromissos assumidos pelos signatários. Entre os pontos, estão a “defesa intransigente da liberdade e da democracia”, a “luta contra todas as formas de corrupção”, “a busca incansável do equilíbrio fiscal”, a reforma do “sistema previdenciário injusto e insustentável” e “o combate a todas as formas de autoritarismo e populismo”.
“Tudo que o Brasil não precisa, para a construção de seu futuro, é de mais intolerância, radicalismo e instabilidade”, diz o texto.
À frente do movimento, Cristovam Buarque diz que o momento é muito ruim para o país, pois a população está inclinada a “votar com raiva” e que é preciso tomar cuidado com as escolhas políticas.