Escolhido orador pelos formandos da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, onde já desempenharam a mesma função os ex-presidentes Barack Obama e George W. Bush, o juiz Sergio Moro afirmou neste domingo, 20 de maio, que “ninguém está acima da lei” e que esta é uma lição não só para o Brasil, “mas até para democracias maduras”.
“Nunca se esqueçam da pedra angular das nações democráticas, que é o Estado de Direito. Isso significa que todos têm igual proteção da lei, isso significa que é preciso proteger os mais vulneráveis, mas também significa que ninguém está acima da lei”, afirmou.
O juiz federal classificou a corrupção como “vergonhosa”, mas destacou como positivo o endurecimento da lei sobre esses crimes. “Eu não sei o que vai acontecer com o futuro do Brasil. Nós podemos sofrer reveses, mas eu acredito que demos a nós mesmos ao menos uma chance de ter um país melhor”, afirmou.
“Não tem sido um trabalho fácil. Velhos hábitos de corrupção sistêmica e impunidade são difíceis de derrotar”, disse, emendando que há “ameaças, riscos e tentativas de difamação”, mas que, apesar disso, as investigações e julgamentos continuam. Afirmou ainda, sem citar nomes, que entre os condenados há empresários das maiores construtoras brasileiras, além de políticos de alto escalão como “um ex-governador, um ex-ministro da Fazenda, um ex-presidente da Câmara e até mesmo um ex-presidente”.
Em outubro de 2017,
Sergio Moro já havia recebido o
Notre Dame Awards, uma honraria concedida pela Universidade a pessoas que são “pilares de consciência e integridade, cujas ações beneficiaram seus compatriotas”, segundo a instituição. O prêmio existe desde 1992 e já foi entregue a personalidades como
Madre Teresa de Calcutá, o ex-presidente norte-americano
Jimmy Carter e o irlândes
John Hume, agraciado com o Nobel da Paz em 1998.
Na premiação, o presidente da Universidade de Notre Dame, reverendo John I. Jenkins, disse que o juiz está “engajado em nada menos que a preservação da integridade da nação com sua aplicação firme e não enviesada da lei”. Ao apresentar o juiz brasileiro mais uma vez, nesta semana, Jenkins lembrou que o escritor peruano e prêmio Nobel da Paz Mario Vargas Llosa afirmou que escolheria Moro “sem vacilar um segundo” se precisasse eleger um brasileiro como exemplo para o mundo.