Nelson de Sá: Solavancos esfriam ‘amor’ por Bolsonaro no mercado externo

'Investidores deveriam esperar a eleição', aconselha FT, citando sinais contra reforma da Previdência.
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

‘Investidores deveriam esperar a eleição’, aconselha FT, citando sinais contra reforma da Previdência

WSJ noticia investigação por ‘suposta fraude’ com fundos de pensão

No Wall Street Journal, “Alto assessor de Bolsonaro é investigado por suposta fraude de investimento”. Logo abaixo, “Paulo Guedes é considerado um potencial ministro das finanças se Bolsonaro vencer”. E foram suas as “propostas de livre mercado que ganharam apoio do mercado financeiro”.

O jornal ouve de analista brasileira de finanças que, mesmo se a investigação “levar à queda de Guedes”, ele poderia ser substituído por outro de mesma linha. Os investidores estariam “mais preocupados com as declarações de Bolsonaro, abaixando o tom da necessidade de mudanças na Previdência”.
Também no Financial Times, “Procuradores brasileiros investigam assessor econômico de Bolsonaro”. Logo abaixo, o inquérito é “por suspeita de fraude do financista nos investimentos de fundos de pensão”.

O jornal destacou depois a análise “Investidores deveriam esperar a eleição”, listando a declaração do articulador político de Bolsonaro contra a reforma da Previdência no Congresso; o silêncio imposto pelo próprio candidato a Guedes; e por fim, “na quarta, a Folha estampou a notícia de que o financista estava sob investigação. Mr. Guedes não pôde ser encontrado para comentar”. O FT fecha com um alerta:

“Os investidores podem estar amando os acontecimentos no Brasil até agora. Um caminho sábio pode ser esperar para ver como eles vão terminar.”

TÁTICA DO MEDO
Os dois enviados do britânico Guardian à eleição brasileira, Tom e Dom Phillips, produziram longa reportagem sobre a “tática do medo” amplificada por Bolsonaro neste início de campanha para o segundo turno, sob o título “A nova Venezuela?”. No segundo enunciado, “O candidato de extrema direita buscou, com evidência escassa, vincular seu oponente do Partido dos Trabalhadores aos problemas do país vizinho”.

Observam que Donald Trump, em artigo no USA Today, também começou agora a usar a sombra venezuelana contra os democratas, “radicais socialistas”, na eleição legislativa nos EUA.

FUKUYAMA, O COMUNISTA
O filósofo Francis Fukuyama, de Stanford e referência do pensamento conservador das últimas décadas nos EUA, afirmou em mídia social que é “aflitiva” a aprovação de Bolsonaro pelos “mercados financeiros” —e também ele virou alvo de ataques. Depois ironizou:
“Muitos brasileiros parecem pensar que eu sou um comunista porque estou preocupado com uma presidência Bolsonaro. E você pensa que os americanos estão polarizados…”

LGBTQ, PROTEJAM-SE!
Influenciadores como o youtuber Rafucko noticiaram: “LGBTQ, protejam-se! Grindr emite alerta porque tem gente usando o app para atrair homens gays para emboscadas”. O aplicativo, citando preocupações de usuários “após a recente eleição”, aconselhou tomar “as medidas necessárias para manter-se seguro” (acima).
A violência homofóbica, entre outras, já repercute em veículos europeus como Le Monde.

PROVAVELMENTE
Em contraposição ao editorial de capa da própria revista, coluna de Michael Reid na nova Economist, com a ilustração acima, cita declaração do comandante do Exército para afirmar que os militares, “mais provavelmente, vão conter Bolsonaro” –e não apoiar seu autoritarismo.

* Nelson de Sá é jornalista, foi editor da Ilustrada.

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