Nelson de Sá: Doutrina Monroe ronda ação dos EUA na Venezuela

Resposta americana 'às eleições fraudulentas na Guatemala e em Honduras' foi diferente, aponta FT.
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Resposta americana ‘às eleições fraudulentas na Guatemala e em Honduras’ foi diferente, aponta FT

Na capa do New York Times de domingo, “Rubio assume papel de destituidor-chefe na Venezuela”. Mostra como o senador pela Flórida, “ao lado do vice Mike Pence”, dobrou Donald Trump e “comanda estratégia dos EUA na Venezuela”.

A CNN entrevistou Marco Rubio e o Washington Post destacou que ele negou que os EUA estejam dando “um golpe”, citando o apoio de outros: “Isso não é EUA. Isso é Honduras. Isso é Guatemala. É Brasil, Colômbia, Argentina etc. etc.”.

No Financial Times, o colunista Edward Luce sublinhou a mudança de Trump, que admitiu intervenção militar porque “a Venezuela não é muito longe”, como um sinal de retorno à Doutrina Monroe, “pela qual os EUA tratam o Hemisfério Ocidental [as Américas] como o seu quintal”.

As desculpas são seletivas, acrescenta Luce, lembrando que o governo americano “tem sido alheio às eleições fraudulentas na Guatemala e em Honduras”. Arrisca que a diferença é que “os refugiados de Guatemala e Honduras tendem a ser pobres, enquanto as elites financeiras venezuelanas na Flórida, que o visitam na ‘Casa Branca de inverno’ em Mar-a-Lago, não são”.

Pelo sim, pelo não, o Huanqiu/Global Times, ligado ao PC chinês, afirmou que “a comunidade internacional deve atentar para a Doutrina Monroe mais uma vez semeando desastre na América Latina”.

GUERRA À HUAWEI
Na manchete digital do NYT ao longo do domingo, “EUA pressionam aliados para combater Huawei em nova corrida armamentista com China”. Querem barrar a gigante chinesa, que está à frente das concorrentes americanas na “transição para as revolucionárias redes 5G”. Os “aliados” citados são os europeus Alemanha, Reino Unido e Polônia.

Fechando o domingo, na manchete do FT, “Enviado da China à União Europeia ataca ‘calúnias’ contra Huawei”.

RUIM PARA OS NEGÓCIOS
Em contraste com as coberturas dos desastres de Mariana e do Museu Nacional, a tragédia em Brumadinho vem tendo relativamente pouco destaque no exterior, restrita agora ao noticiário das mortes.

O francês Le Monde avançou um pouco com a reportagem “Rompimento reaviva controvérsia sobre segurança dos complexos de mineração”.

E a Bloomberg deu análise sob o título “Postura pró-negócios de Bolsonaro é testada pelo rompimento mortal de represa”.

COMMODITY
O chinês Huanqiu, com despachos de agências russas, foi dos poucos jornais a manchetar (acima, via celular) no exterior o rompimento da barragem “de minério de ferro” no Brasil.

*Nelson de Sá é jornalista, foi editor da Ilustrada.

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