Míriam Leitão: Agora será a hora de buscar o centro

Ganhará quem fizer o mais vigoroso e convincente movimento para construir pontes; Haddad deu o primeiro passo.
Foto: Reprodução/Google
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Ganhará quem fizer o mais vigoroso e convincente movimento para construir pontes; Haddad deu o primeiro passo

O eleitor falou. Deu uma grande vantagem a Jair Bolsonaro, mas a disputa continua no segundo turno. Ganhará quem fizer o mais vigoroso e convincente movimento para o centro. Tanto Jair Bolsonaro, que sai com grande vantagem na largada, quanto Fernando Haddad têm muito a caminhar.

O candidato do PT deu o primeiro passo para a construção da ponte falando em um unir os “democratas do Brasil” e os que “se preocupam com os direitos humanos”. Na mesma hora, falando aos seus seguidores pela mídia social, o candidato do PSL levantou de novo dúvida sobre a urna eletrônica, disse que o que está em jogo é a operação Lava-Jato, criticou a imprensa e afirmou que é preciso evitar a volta do PT ao governo. “Não podemos continuar flertando com o comunismo e o socialismo”.

Bolsonaro, apesar da sua clara vantagem e da onda conservadora que correu ontem o país, precisará atenuar o tom ofensivo a todas as minorias. Haddad, que larga em grande desvantagem, precisará desesperadamente do apoio de outras forças. Ontem, recebeu já um sinal de Ciro Gomes, que declarou que será “ele não”, porque combateu “sempre a favor da democracia e contra o fascismo”.

Bolsonaro, para se eleger, terá que desfazer sua defesa reiterada da ditadura e da tortura e o desprezo pelos direitos humanos. O PT precisará renegar o apoio à Venezuela e rejeitar declarações como as feitas recentemente pelo ex-ministro José Dirceu. Contudo, quando o assunto é ameaça à democracia, Bolsonaro e PT não são equivalentes. O PT flerta com ideias autoritárias, às vezes, mas fez carreira na democracia e governou preservando a liberdade, mas Bolsonaro sempre proclamou ideias autoritárias.

Outro desafio de cada um será o detalhamento do projeto econômico. O PSL precisará explicar essa fratura exposta entre o que diz o economista e o próprio Bolsonaro e o seu círculo próximo. O PT terá ainda mais trabalho para desmontar o programa intervencionista e voltar ao caminho econômico do primeiro governo Lula. Haddad terá autonomia para isso? As próximas semana serão intensas.

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