Indicado do governador eleito Ibaneis Rocha para assumir a pasta da Cultura, Adão coloca entre suas prioridades a reabertura da sala Martins Pena, a formação da Brasília Filmes e uma programação fixa que já prevê os 60 anos do DF
Por Bruno Bucis, do Metro Brasília
Ex-secretário de Articulação e Desenvolvimento Institucional do Ministério da Cultura, Adão Cândido saiu do governo federal para assumir a secretaria de Cultura por indicação de seu partido, o PPS. Em entrevista ao Metro Jornal, ele fala sobre o que espera fazer durante sua gestão.
O senhor concorda com a afirmação de que mescla o perfil técnico e o político?
Concordo. Acho que um político bem intencionado pode aprender a fazer. José Serra [PSDB] é um economista e foi um ótimo ministro da Saúde. Mas eu tenho afinidade com as políticas culturais, participei da concepção de políticas públicas do MinC como o PNC [Plano Nacional de Cultura].
Quais devem ser as prioridades de sua gestão?
A principal prioridade é reabrir o Teatro Nacional, que é um marco da cultura do DF. A primeira parte da obra tem um custo alto, eque vai reabrir a Sala Martins Pena, está orçada em R$ 43 milhões, precisaremos captar, de diversas formas, R$ 25 milhões para começar. Os valores são altos por conta de uma reforma elétrica, que tem de ser geral, não pode ser feita em partes como é com a estrutura. Mas é possível captalizar estes investimentos, criar um centro cultural e gastronômico no Teatro Nacional. O espaço do restaurante não é usado, a própria secretaria ocupa uma parte grande da estrutura que poderia ser melhor utilizada. Queremos criar também um novo modelo de gestão, que permita criar uma programação que acomode mais do que apenas a orquestra.
Um modelo semelhante ao que está na 508 Sul?
É uma das possibilidades, mas, falando na 508 Sul, já identificamos problemas ali. Não foi feito o isolamento acústico das salas e que impedem usar duas salas simultaneamente. Outro problema é o MAB [Museu de Arte de Brasília], que está com obras paradas e queremos retomá-lo. Outra prioridade será inaugurar o Centro Cultrual da Ceilândia, que será um espaço de referência. Ceilândia só tem a Casa do Cantador e é a maior região administrativa do DF. Ela será nossa prioridade.
E a programação?
Criar programação é a segunda dificuldade. Programação cultural é uma área que demanda investimentos, com fluxo constante de verba para que os equipamentos culturais tenham vida. Reabrir o equipamento é a parte um, mas é preciso fazer mais, investir em captação de verbas, patrocínio, para manter os artistas trabalhando. A cultura movimenta a cadeia produtiva muito rapidamente. Nesse sentido, teremos uma elevação do setor audiovisual. Vamos investir na formação de uma Brasília Film Comission que será um pontapé inicial para a Brasília Filmes.
Nesse adensamento está prevista a mudança de local do Polo de Cinema?
Não necessariamente, já temos o terreno, mas é um investimento alto. Às vezes se investe pesado em estrutura, como fez Paulínia, mas não há um mercado forte que seja base do setor. É preciso criar um ambiente que justifique a estrutura. Primeiro, em conjunto com a Câmara, vamos fazer os investimentos que justifiquem, no futuro uma estatal que seja autosustentável, como é a SP Cine, o modelo que queremos para a Brasília Filmes.
Os projetos da gestão atual serão abandonados?
Não, a lógica é incrementar o que foi feito. Vamos mudar, claro, mas mudar não é destruir. Vamos mudar, a cidade quis uma mudança, mas camos avaliar junto da comunidade cultural o que pode ser mantido. Teremos diálogo.
O plano de governo do governador eleito previa também a formação de um corpo de baile estatal. Essa será uma prioridade inicial?
Ainda não nos debruçamos sobre isso. A gente vai fazer o estudo dessa valorização da dança, mas é preciso antes um reconhecimento de previsão orçamentária. Temos que estar seguros de cada passo. A gente tem que buscar possibilidades se sustentação financeira para tudo que seja lançado no novo governo.
Algum outro ponto que queria destacar?
O governador nos pediu muita atenção à comemoração dos 60 anos do DF. Um calendário vai ser lançado ainda em 2019 para uma série de chamamentos culturais, afinal é preciso ter tempo hábil para tocar projetos como roteiros de espetáculos teatrais ou de filme. Garantimos aos fazedores de cultura do DF que essa será uma festa de aniversário marcante, um momento para celebrar a retomada de autoestima da capital.