Obra se propõe a contar a rica trajetória da artista plástica Aparecida Azedo, reconhecida internacionalmente
Cleomar Almeida
Editado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) em 2003, o livro A Pintura como Conto de Fadas, de Ivan Alves Filho, foi adotado pelo programa de pós-graduação da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). A obra, de acordo com o autor, propõe-se a retratar “a rica trajetória humana, política e artística de Aparecida Azedo, artista plástica autodidata reconhecida internacionalmente”.
Aparecida Azedo morreu, aos 77 anos, em 19 de junho de 2006, no Rio de Janeiro, vítima de parada cardíaca. Conhecida como autora do maior quadro naïf do mundo, intitulado “Brasil, Cinco Séculos de Luta”, ela é a soma de uma larga experiência na vida. “Bóia-fria aos 10 anos de idade; operária de fábrica aos 13; comunista desde os 16, enfrentando clandestinidade e inúmeras prisões, mãe de seis filhos”, escreveu o autor na apresentação.
A obra se encontra no Mian (Museu Internacional de Arte Naïf. A tela, com 24,7 m de extensão por 1,42 m de altura, é o maior quadro naïf do mundo e foi pintada ao longo de cinco anos. Com o significado de arte primitiva e popular, Naïf é palavra francesa (pronuncia-se na-if) e foi incorporada ao português pelo dicionário Novo Aurélio Século 21 no início dos anos 2000.
De acordo com o livro de Ivan Alves Filho, Aparecida Azedo “reserva um espaço fundamental à natureza em sua obra. Mas a natureza estendida como natureza-bruta, e não domada, como jardim”. “Geralmente, os elementos mais característicos da fauna e do meio físico brasileiros estão sobejamente representados. É o caso dos tamanduás, araras, tucanos ou das montanhas onduladas, cachoeiras e fontes, como a lembrar o período edênico antes de antes da chamada Descoberta (sic)”, registrou o autor.
Nos últimos anos de vida, Aparecida Azedo também se dedicou à pintura de festas juninas e outras manifestações folclóricas. Em relação estilo, conforme escreveu Ivan Alves Filho, é possível reconhecer os trabalhos dela “não somente pelo uso de cores e tons vibrantes ou pela ocorrência de planos ligeiramente inclinados, como, sobretudo, pela representação de folhagens”. “Eu me arriscaria a dizer que poucos artistas criam com a força e a originalidade de Aparecida Azedo”, afirma ele, em outro trecho do livro.
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