Três gestos recentes confirmam que a Covid-19 não é um problema urgente para Bolsonaro
Cairá em desilusão quem tem um pontinha de esperança de que o governo de Jair Bolsonaro tomará enfim as rédeas do combate à pandemia do Covid-19. O Palácio do Planalto tem outras prioridades.
Ao mesmo tempo estados e municípios afrouxam as regras de quarentena, estimulando bizarras filas em shoppings e aglomerações em comércios e praias. A receita para o desastre está posta, com danos irreversíveis. Sem qualquer justificativa plausível, abandona-se uma política (já precária) de isolamento social.
Os alunos são liberados para o recreio sem que a lição de casa tenha sido feita por todos da escola —a começar por quem manda nela.
E o que faz o presidente da República, a principal autoridade política? Estimula, com transmissão em rede social, a população a invadir hospitais para verificar a ocupação de leitos.
A fatura do caos já chegou: os números de mortos disparam e o Brasil escala com rapidez no ranking dos piores índices do planeta.
Três gestos recentes confirmam que a Covid-19 não é um problema urgente para o presidente Bolsonaro, embora seja um problema dele.
O primeiro foi a medida provisória que permitia ao ministro Abraham Weintraub (Educação) nomear reitores durante a pandemia.
Humilhado pelo Congresso, que devolveu a MP, o governo baixou a cabeça e revogou a proposta.
O presidente ainda anunciou a recriação do então finado Ministério das Comunicações, sem justificativa de relevância para tanto, e entregou a pasta a um deputado do PSD, legenda do sedento centrão.
Na sexta (12), Jair Bolsonaro divulgou uma nota patética e atrevida afirmando que as Forças Armadas não aceitam tomada de poder por “julgamentos políticos”.
Naquele mesmo dia, o país ultrapassou o Reino Unido, tornando-se, com mais de 41 mil óbitos, o segundo com mais mortes por Covid no mundo.
Estamos, por ora, distantes dos EUA, o primeiro colocado, mas o governo nada fará para impedir a conquista do ponto mais alto do pódio.