Razões não faltam para pensar que ela tem grandes chances de ir ao segundo turno
Se um estrangeiro desinformado sobre nossa eleição presidencial desembarcasse hoje por aqui, certamente pensaria que Marina Silva (Rede) tem tudo para chegar ao segundo turno com chances de ser eleita presidente da República.
Razões não faltam. Terceira colocada na pesquisa do Datafolha no cenário com Lula, a ex-ministra do Meio Ambiente vê dobrar suas intenções de voto, de 8% para 16%, quando o levantamento exclui o nome do ex-presidente da disputa, possibilidade mais provável e que está apenas à espera de uma confirmação do TSE.
De acordo com o Datafolha, Marina é a que mais herda eleitores de Lula. Ela é a preferida de 21% dos que afirmam que votariam no petista. Lidera também entre os mais pobres na hipótese sem o ex-presidente.
O contexto, decerto, não poderia ser melhor não fossem os fantasmas políticos que cercam sua candidatura. O principal deles deve ser debitado na conta da ex-senadora. Marina não conseguiu dar musculatura ao partido que criou, a Rede. E a fatura é salgada. Isolada e incapaz de construir alianças de fôlego, a candidata ao Planalto terá míseros 21 segundos de tempo na TV aberta, uma fatia de quase 3% do total.
O espólio que hoje ela herda de Lula tende, por exemplo, a derreter assim que Fernando Haddad for apresentado na propaganda eleitoral como o candidato de fato do PT.
Marina ainda carrega a desconfiança da esquerda pelo apoio a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno de 2014 contra Dilma Rousseff. Deu suporte a práticas que agora critica.
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Transforme sua sala em um divã. E repórteres, às vezes, pensam que são promotores, mas são jornalistas.
Palavras de Otavio Frias Filho, em agosto de 2016, sobre a desafiadora missão, que acabara de me confiar, de dirigir a Sucursal de Brasília —pouco depois de concluída outra, a de correspondente em Londres.
No sétimo dia de sua morte, o sentimento de tristeza pela despedida se mistura ao de uma eterna gratidão.
*Leandro Colon é diretor da Sucursal de Brasília