Bastaram poucos minutos de contato com a imprensa para Bolsonaro ser Bolsonaro
O tal Jair Bolsonaro “paz e amor” das últimas semanas é um grande disfarce. É fake.
Não foram necessários cinco minutos de contato com a imprensa para Bolsonaro ser Bolsonaro.
Questionado sobre os cheques depositados por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle, o presidente ameaçou o repórter Daniel Gullino, do jornal O Globo.
“A vontade é de encher sua boca com porrada”, disse o presidente valentão na frente dos profissionais de imprensa, ao lado da Catedral de Brasília.
Bolsonaro já mandou repórteres da Folha “calarem a boca” e prestigiou protestos palco de agressões físicas a profissionais de imprensa.
Mandou uma banana aos jornalistas, numa cena grotesca na porta do Alvorada, e estimulou insultos por parte dos seus apoiadores na residência oficial.
Talvez passe pela cabeça do presidente que, ao ameaçar, agredir e ofender repórteres, a imprensa se intimide e pare de questioná-lo sobre temas graves que o envolvem.
Bolsonaro pode até pagar de brigão e querer encher de porrada a boca de um repórter, mas precisam sair da dele as razões convincentes sobre o dinheiro que caiu na conta da primeira-dama entre 2011 e 2016.
Relembremos. Foram 27 movimentações. Só Queiroz depositou 21 cheques, que somam R$ 72 mil. Sua mulher, Márcia Aguiar, repassou outros R$ 17 mil por meio de cinco cheques.
Até agora, Bolsonaro não deu sua versão sobre as transações do ex-assessor investigado pelo esquema das “rachadinhas” no Rio.
Desde a prisão de Queiroz (hoje em domiciliar), em 18 de junho, o presidente evita contato mais próximo com a imprensa. Foge dela.
Ao mesmo tempo, baixou a temperatura da crise com o STF e o Congresso e adotou uma agenda populista de viagens para promover obras, entre elas a de uma barragem que rompeu no Ceará, expondo ao perigo 2.000 pessoas.
No campo da popularidade, Bolsonaro cresce nas ruas, como mostrou o Datafolha. No da honestidade, faltam explicações.