Leandro Colon || A força de Moro

Ex-juiz pode não ser um superministro de fato, mas parte das ruas o trata assim.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ex-juiz pode não ser um superministro de fato, mas parte das ruas o trata assim

Será que Sergio Moro se arrependeu de ter abandonado a magistratura para ser ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro?

Publicamente, ele não vai admitir que tenha errado ao largar a Lava Jato para sentar em uma cadeira na Esplanada. Mas parece não haver dúvidas de que, oito meses depois, o Moro de Curitiba era muito mais forte do que o Moro de Brasília.

O superjuiz que botou figurões da política na cadeia sonhava em ser um superministro de Bolsonaro. Até agora, só acumulou reveses no ministério e passou a ter a lealdade e a capacidade de gestão questionados pela equipe que comanda.

Integrantes da Polícia Federal não vão se esquecer tão cedo da omissão pública do ministro no episódio em que Bolsonaro tripudiou da permanência de Mauricio Valeixo na diretoria-geral da PF. Moro silenciou.

Faz água o pacote anticrime, bandeira principal de sua gestão, em discussão na Câmara. O escolhido do ex-juiz para dirigir o Coaf foi jogado para fora de campo do governo.

O ministro ainda teve de recuar da indicação de uma suplente de conselho ligado à pasta e não conseguiu emplacar um nome preferido para vaga no Cade. Moro não levou uma.

Agora, a aposta nos bastidores é a de que ele pode reverter o jogo político se convencer o presidente Bolsonaro a vetar, da maneira que o ministro deseja, o projeto de abuso de autoridade aprovado no Congresso.

Flagrado em mensagens privadas atropelando a liturgia e as prerrogativas da cadeira de juiz, Moro alega que o texto votado pelos parlamentares pode causar um “temor excessivo” em órgãos de investigação, como polícia e Ministério Público.

Moro continua sendo uma figura muito popular. Tem sido recebido com homenagens e euforia em regiões onde o bolsonarismo deu uma surra no petismo nas eleições. Pode até não ser um superministro de fato, mas parte das ruas o trata assim.

Por isso, Bolsonaro emite sinais trocados: não precisa se livrar dele, mas tenta reduzir a força e a influência do ministro no seu governo.

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