Pode não haver golpe. Nem por isso o presidente deixará de tentar
Ricardo Noblat / Blog do Noblat / Metrópoles
A segunda-feira 2 de agosto de 2021 entrará para a História como o dia em que a Justiça brasileira deu um “Basta” à pretensão do presidente Jair Bolsonaro de aplicar um golpe militar caso seja derrotado nas eleições do ano que vem.
O “Basta” não deverá produzir efeitos. O golpe poderá ser abortado por falta de apoio. Nem por isso a data perderá importância. Bolsonaro terminou o dia como aspirante a ser investigado no Inquérito das Fakes News aberto no Supremo Tribunal Federal.
O Tribunal Superior Eleitoral abriu inquérito administrativo sobre ataques à legitimidade das eleições. O inquérito irá investigar os crimes de corrupção, fraude, condutas vedadas, propaganda extemporânea e abuso de poder político e econômico.
Adivinhe quem será o alvo central desse novo inquérito… Ninguém mais do que Bolsonaro tenta desacreditar o sistema brasileiro de votação, que funciona muito bem há 25 anos. Ele disse que tinha provas de fraudes nas urnas eletrônicas. Recuou depois.
Quer a volta do voto impresso, que permitia todo tipo de fraude. Vale-se para isso do dispositivo de comunicação do governo. Comporta-se como candidato antes do tempo. Afronta todas as regras que deveria respeitar. Entrou no radar da Justiça.
Isso mudará sua conduta? Certamente que não. O embate com a Justiça satisfaz o desejo dos seus devotos radicais de ver o circo pegar fogo – entre eles, militares da ativa e da reserva. Bolsonaro irá em frente sem recolher as armas nem baixar o tom da voz.
Se por acaso acabar punido pela Justiça, exibirá-se como vítima dela. Ao fim e ao cabo, a punição serviria como desculpa para justificar eventual derrota no ano que vem. Ou para provocar atos de violência que estariam na raiz do golpe que ele defende.
Fonte: Blog do Noblat / Metrópoles
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