A crise tem nome, Jair Bolsonaro é o sobrenome do clã político que molda um projeto de poder desde a chegada do patriarca à Presidência. Um dos objetivos é a preparação do terreno para a próxima temporada eleitoral. Dentro de 20 meses acontecem eleições em 5,6 mil municípios e, desta vez, sem coligação partidária. O clã prevê concentrar interesses no Rio e mais 30 dos maiores colégios eleitorais.
Requisito elementar é controlar o partido, decidira partilhados fundos públicos e as alianças regionais.
O PSL tinha um par de votos na Câmara. Agora possui a segunda maior bancada, com 52 deputados. O “efeito Bolsonaro” se refletiu no caixa: o PSL terá 18 vezes mais dinheiro do Tesouro Nacional. Era empresa com faturamento anual de R$ 6 milhões, alcançando R$ 15 milhões nas safras eleitorais. Se tornou um negócio de R$ 110 milhões por ano, com chance de chegar a R$ 200 milhões.
Há um ano, o clã abandonou subitamente o Patriota/ PEN, ligado à Assembleia de Deus, e migrou para o PSL, do advogado Luciano Bivar, autor de “Psicoses socialistas”.
Numa “convergência de pensamentos”, como definiu Bivar, a família de políticos obteve “garantias reais” — na definição do vereador Bolsonaro — sobre controle do caixa e dos diretórios em 23 estados.
Bivar se contentou coma presidência do partido e domínio de 15% do fundo eleitoral.
Seu vice no PSL é Gustavo Bebianno, ex-coordenador da campanha presidencial. Ontem Bebianno foi demitido, num confronto público com o patriarca e seus filhos, que permeia o controle do partido e o projeto de poder do clã. Todos, com certeza, têm razão.
A curadoria militar do governo Bolsonaro se completa com o substituto de Bebianno, o sexto general a comandar mesa no Planalto. Na ilha civil resta o deputado Onyx Lorenzoni.
Porém, essa crise envolve manipulação de fundos na campanha eleitoral. E ninguém, ainda, esclareceu as obscuras transações com o dinheiro público. Entre elas, o custo de R$ 33 mil por voto no PSL, agora um milionário objeto de desejos.