Em artigo publicada na revista online da FAP, economista critica polarização entre esquerda e direita
“É preciso que saiamos das metodologias setoriais em ‘caixinhas’ para abordagens em rede, para que possamos desenvolver um modelo de desenvolvimento que seja sustentável e inclusivo que garanta a sobrevivência da democracia em nosso país”. A avaliação é da economista Eduarda La Rocque, em artigo que ela publicou na 11ª edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao partido político Cidadania 23.
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Eduarda, que é diretora do Instituto Jones Santos Neves (ES) e ex-secretária de Fazenda da Prefeitura do Rio de Janeiro, afirma que “regimes democráticos só sobreviverão com uma maior coesão social a partir de um alinhamento mínimo com relação a valores – ética e transparência acima de tudo –, ao invés da visão polarizada entre esquerda e direita’.
Segundo a autora, a direita tem culpado o Estado pela ineficiência do sistema, e a esquerda culpa a ganância do mercado pelas mazelas sociais. “Ambos com razão. O tecido social fica esgarçado, e aumenta significativamente o risco de ascensão de ditadores”, destaca. “Deu no que deu. À margem dos riscos que hoje vivemos no Brasil à democracia, centro-me no tema da ‘inclusão’, um termo bem aberto. Inclusão de quem? Trata-se de uma pauta de direitos humanos ou de economia?”, questiona ela.
Em seguida, Eduarda responde: “De ambos, obviamente, e de vários aspectos mais. Em seminário de que participei recentemente, foquei minha apresentação na inclusão dos mais pobres na economia e na cidadania, através de um modelo de desenvolvimento territorial baseado no conceito de prosperidade”, lembra.
A autora acrescenta que o Brasil tem de encarar de frente a questão das desigualdades, de renda, de oportunidades. “Uma proposta progressista de Brasil deve colocar como prioridade número um o combate às desigualdades estruturais que vivemos, tais como a pobreza, o racismo, o machismo, a homofobia”, afirma.
“Integrar as políticas públicas nos territórios de uma forma participativa é o único caminho viável para o desenvolvimento sustentável, que significa um processo de melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, principalmente para os mais vulneráveis”, diz, para acrescentar: “Um território pode ser uma favela, um bairro, uma cidade, uma microrregião do Estado”.
O modelo de desenvolvimento territorial, segundo Eduarda, é composto por três etapas. A composição de um conselho de atores envolvidos e comprometidos com o desenvolvimento do território; a pactuação de metas de desenvolvimento holísticas; e uma matriz de responsabilidades para alcançar e monitorar as metas. ‘Para dar certo, depende de representatividade dos atores, informação qualificada e empoderamento do conselho”, sugere.
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