Brasil de Fato*
Lideranças Yanomami relataram o assassinato de três jovens indígenas na região de Homoxi, Terra Indígena Yanomami (RR). Os autores dos crimes seriam garimpeiros que atuam ilegalmente na área.
A denúncia foi repassada ao presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Codisi-YY), Júnior Hekurari, e divulgada por ele neste domingo (5). As circunstâncias do crime não foram esclarecidas. Cogita-se que os homicídios tenham sido obra dos garimpeiros em fuga. Os cerca de 20 mil garimpeiros ilegais que estavam na região vêm fugindo da Terra Indígena após o governo federal anunciar um plano para a proteção da reserva.
“O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a Funai já solicitaram ações imediatas do Ministério da Justiça para uma ação de retirada dos corpos, para que a família possa ao menos realizar o ritual cultural de morte”, informou em nota o MPI.
A Terra Indígena Yanomami vive uma crise humanitária provocada pela mineração clandestina e pela omissão dos órgãos responsáveis pela proteção dos povos originários.
Fuga de garimpeiros
Duas semanas após o governo Lula (PT) declarar emergência em saúde na Terra Indígena Yanomami, as medidas de combate ao garimpo ilegal começaram a fazer efeito. Os primeiros registros de garimpeiros fugindo da área protegida foram identificados por lideranças indígenas e pelos governos federal e de Roraima.
Na Terra Indígena Yanomami, a escalada da violência contra indígenas é uma das consequências da invasão garimpeira, que se acentuou desde 2017 e cresceu quase sem controle durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), notório apoiador do garimpo em terras indígenas.
Criança morre com desnutrição severa
No domingo (6), uma criança de um ano e cinco meses morreu com desnutrição severa e desidratação na região Haxiu, uma das áreas mais afetadas pelo garimpo ilegal, perto da fronteira com a Venezuela.
A criança seria levada para tratamento em Boa Vista (RR), mas as chuvas intensas impediram que o helicóptero levantasse voo. Segundo Junior Hekurari, o transporte já havia sido autorizado pelo Exército. “Foi uma fatalidade”, lamentou a liderança.
Outro resultado da mineração ilegal é o crescimento da fome, desnutrição, malária, pneumonia e contaminação por mercúrio. O Ministério Público Federal de Roraima (MPF-RR) estima que 20 mil garimpeiros atuam no território onde vivem 30 mil indígenas Yanomami e Yek’uana.
Texto publicado originalmente no Brasil de Fato.