Futuro da energia: nuclear, eólica e solar para diversificar matriz

Foto: Eletronuclear/Divulgação
Foto: Eletronuclear/Divulgação

Atualmente, 60% da energia utilizada no país vem das hidrelétricas

Maurício de Almeida / TV Brasil 

Angra 1, primeira usina nuclear brasileira, entrou em operação em 1985 e Angra 2 começou a funcionar em 2001. Ao todo, a energia gerada pelas duas usinas abastece uma região com cerca de 3 milhões de pessoas, o equivalente às populações de Belo Horizonte e de Vitória juntas.

As vantagens da energia nuclear são: o custo mais barato se comparado com as termoelétricas e ausência de riscos relacionados com os problemas climáticos, como ocorre com as hidroelétricas. “As usinas nucleares geram energia o tempo todo ao longo do ano e não dependem de fatores naturais. A crise hídrica mostrou em 2001 a importância da energia nuclear quando entrou em operação Angra 2, coincidentemente no final de 2000, início de 2001. Agora, nesse momento, uma entrada de Angra 3 seria muito positiva para a gestão da crise”, disse o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães.
 
Cerca de 70% das obras civis de Angra 3 foram concluídas e 75% dos equipamentos da usina, comprados. Eles estão armazenados em 37 galpões. São cerca de 10 mil itens que passam permanentemente por um processo de manutenção. A expectativa é de que a retomada da construção da usina ocorra ainda este ano. De acordo com a previsão da Eletronuclear, Angra 3 entrará em operação em 2026. Ela vai gerar energia suficiente para abastecer 4,5 milhões de brasileiros, o que representa 60% dos habitantes do Rio de Janeiro.

“A retomada da obra está a pleno vapor. Já foi realizado um processo licitatório para contratação da obra civil, A expectativa é de assinar esse contrato ainda em outubro. É uma obra importante que vai gerar até 10 mil empregos diretos”, disse diretor técnico da Eletronuclear, Ricardo Santos.

Obras da Usina de Angra 3
Obras da Usina de Angra 3. Foto: Maurício Almeida/ TV Brasil

Eólica e solar

Além da retomada da construção de Angra 3, o governo federal também está investindo em outras fontes de energia, como a eólica e a solar. Segundo o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o objetivo é aumentar a diversificação da matriz energética brasileira. Atualmente, 60% da energia utilizada no país vem das hidrelétricas. Bento Albuquerque acredita que, em 2030, esta dependência vai ser reduzida para, no máximo, 49%. 

“Teremos também mais usinas nucleares entrando em operação, o que é importantíssimo, porque ela gera continuamente e é uma energia limpa. E também o crescimento da geração de energia eólica e fotovoltaica. Também estão sendo desenvolvidas tecnologias para armazenar energia gerada durante o dia, por exemplo, pela energia solar ou quando está ventando, para que ela possa ser utilizada em momentos em que não há luz e não há vento e possa manter o equilíbrio do sistema”, disse o ministro.

A energia eólica é responsável por quase 11% do consumo brasileiro e deve chegar a 13,6% em 2025. Já a solar representa 2% da matriz energética do país e deve encerrar este ano perto dos 3%. O professor de planejamento energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Marcos Freitas, defende a intensificação de projetos voltados para a energia eólica. 

“Com mais de 20 gigas, a energia eólica já se mostra como uma realidade. O Nordeste passou a virar um exportador de energia em função da eólica e ainda tem um potencial muito grande que não foi ainda utilizado”. 

Biogás

Novas fontes de geração de energia também são desenvolvidas nos laboratórios da hidrelétrica de Itaipu. Um dos projetos está relacionado com a produção do biogás. Uma parceria firmada com produtores rurais do oeste do Paraná está permitindo gerar energia com os dejetos de animais.

Na granja Colombari, os dejetos de 5 mil porcos e de 300 bois são colocados em biodigestores, equipamentos que lembram uma grande estufa. O material entra em decomposição e 30 dias depois produz um gás que movimenta um gerador que distribui a energia fabricada na própria fazenda. 

“A fazenda utilizava cerca de 2 mil litros de diesel antes do biogás. A nova fonte, além de atender a nossa necessidade energética, reduziu nosso passivo ambiental, melhorou a qualidade do dejeto que, após a digestão, ele se torna um produto de grande valor para nossas pastagens”, disse o produtor rural Pedro Colombari.

Produção do biogás na granja Colombari
Produção do biogás na granja Colombari. Foto: Maurício de Almeida – Repórter da TV Brasil

Diversificação

Todo o projeto do biogás é acompanhado por estudos em laboratório. As pesquisas já mostraram que existem pelo menos 250 fontes que podem ser utilizadas para gerar o biogás. Para o professor da Coppe/UFRJ Mauricio Tolmasquin, a diversificação da matriz energética é fundamental para garantir a segurança do setor.

“Nos últimos 20 anos, já houve uma grande diversificação com a redução do papel da hidrelétrica e o aumento do papel da eólica, do bagaço da cana-de-açúcar, da energia solar, as térmicas também cresceram. E isso é importante para a segurança [energética]. Agora, é importante continuar com essa diversificação. As fontes renováveis podem ter um papel ainda maior na matriz elétrica nacional”.

Fonte: Agência Brasil
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-10/futuro-da-energia-nuclear-eolica-e-solar-para-diversificar-matriz

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