Sociólogo afirma que eleição de ex-capitão do Exército encerra polarização entre PT e PSDB
Por Cleomar Almeida
Em entrevista à edição de novembro da revista Política Democrática online, o sociólogo mineiro Sérgio Abranches diz que um “novo governo de transição” deve nascer no país com a eleição do ex-capitão do Exército e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República. Autor dos livros “A Era do Imprevisto” e “Presidencialismo de Coalizão” (ambos da editora Companhia das Letras”, ele traça as características do próximo presidente que decidirá os rumos do país de janeiro próximo até 2022.
“Continuará sendo presidencialista, multipartidário e de coalizão, mas com diferenças. Bolsonaro, por exemplo, já está mudando, ele está nomeando ministérios, sem distribuir os partidos, sem ter indicações partidárias”, afirma. “Será uma transição, de cujo êxito dependerá o sucesso e o insucesso do governo Bolsonaro”, complementa ele. A entrevista é o destaque da nova edição da revista produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS).
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Na avaliação do sociólogo, a eleição do ex-capitão encerra a disputa entre PT e PSDB. “Nem a esquerda atual nem a direita entenderam o século vinte um, ainda. O Brasil está tendo uma disputa, um enfrentamento na política entre forças que continuam no século 20, não entraram no século 21”, diz ele, na entrevista.
De acordo com o autor, alguns pressupostos norteiam o século 21. “Tem-se de entender o imperativo da sustentabilidade, o imperativo climático que é impositivo e causa prejuízos profundos que começam pelos setores mais pobres, mas os ricos também perdem”, diz, para continuar: “O Texas enfrentou disputa acirrada por causa da política climática de Trump. A grande parte da produção texana foi dramaticamente afetada por intempéries”.
O Texas, conforme observa Sérgio Abranches, é o maior produtor de petróleo e de energia eólica dos Estados Unidos. Segundo ele, a liderança de direita entendeu que a questão climática é impositiva, “tanto quanto a transição energética”, conforme ressalta. “Eles sabem de tudo. Outro ponto é que, em economias globalizadas com a hegemonia do capital financeiro, urge respeitar os limites fiscais”, pondera.
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