Há menos de uma semana, presidente fez ressalvas sobre o acordo que já tinha elogiado na campanha
Foram necessários apenas poucos dias e uma reunião para que o presidente Jair Bolsonaro mudasse de ideia, uma tônica comum nesses primeiros dez dias de Governo. Nesta quinta-feira, o tema foi aeronáutica. Bolsonaro decidiu autorizar o acordo entre a norte-americana Boeing e a brasileira Embraer, na qual o Estado brasileiro tem poder de veto em negociações, para a criação de uma nova empresa de aviação comercial. “Ficou claro que a soberania e os interesses da nação estão preservados. A União não se opõe ao andamento do processo”, postou o presidente em seu perfil oficial do Twitter. Bolsonaro também publicou uma foto de uma reunião que ocorreu com ministros e representantes da Aeronáutica. A informação foi confirmada, pouco depois, em nota pelo Palácio do Planalto.
“O presidente foi informado de que foram avaliados minuciosamente os diversos cenários, e que a proposta final preserva a soberania e os interesses nacionais. Diante disso, não será exercido o poder de veto (Golden Share) ao negócio”, diz o texto divulgado pela assessoria. Bolsonaro já tinha afirmado publicamente que apoiava a união entre as duas empresas, mas, há menos de uma semana, chegou a fazer ressalvas sobre acordo.
Em dezembro, as duas empresas anunciaram que aprovaram os termos do acordo anunciado em julho de 2018. Pelo acordo, a Boeing será controladora da empresa, com 80% da participação, enquanto a Embraer deterá 20%. A fabricante americana pagará aos brasileiros 4,2 bilhões de dólares. O acordo entre a empresa americana e a brasileira estava sujeita à aprovação do governo brasileiro, que detém na Embraer uma golden share – uma ação especial que dá direito a veto em decisões importantes.
A empresa brasileira confirmou que a parceria estratégica com a Boeing foi aprovada pelo Governo e afirmou que a expectativa é que a negociação seja concluída até o final de 2019. “Como próximo passo do processo, o Conselho de Administração da Embraer deverá ratificar a aprovação prévia dos termos do acordo e autorizar a assinatura dos documentos da operação. Em seguida, a parceria será submetida à aprovação dos acionistas, das autoridades regulatórias, bem como a outras condições pertinentes à conclusão de uma transação deste tipo”, afirma a empresa em comunicado ao mercado.
A nova empresa será liderada por uma equipe de executivos sediada no Brasil, incluindo um presidente e CEO. A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente a Dennis Muilenburg, presidente e CEO da Boeing. A Embraer terá poder de decisão para alguns temas estratégicos, como a transferência das operações do Brasil.