Presidente interino grava mensagem ao lado de López e de homens das Forças Armadas. Maduro diz que está desmobilizando “um pequeno grupo de militares” traidores que quer promover um golpe de Estado
O líder oposicionista da Venezuela Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar após ser condenado a 13 anos de prisão, foi solto em uma ação promovida por Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino do país pela Assembleia Nacional e por mais de 50 países. Há suspeitas de que Guaidó tenha tido o apoio de segmentos das Forças Armadas. “O momento é agora”, disse o autodeclarado presidente em uma mensagem em vídeo postada em suas redes sociais, na qual aparece próximo a Leopoldo López e cercado por homens armados. Ele convocou os venezuelanos a saírem às ruas. “Neste momento estou me encontrando com as principais unidades militares de nosso Exército, iniciando a fase final da Operação Liberdade”, disse Guaidó em um tuíte posterior.
Poucos minutos após o apelo de Guaidó, Jorge Rodríguez, o ministro da Informação do regime chavista, informou pelo Twitter que eles estão “confrontando e desmobilizando um pequeno grupo de militares traidores que se posicionaram (…) para promover um golpe de Estado contra a Constituição e a paz da República”. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, também disse no Twitter que “todas as unidades militares instaladas nas oito regiões de defesa integral relatam normalidade em seus quartéis e bases militares”.
En el marco de nuestra constitución. Y por el cese definitivo de la usurpación. https://www.pscp.tv/w/b5gQ9TUwMjc4NDN8MXJteFBlakJydlhLTlWvemxFNY_71g4QomAN12W3ykWFevDO_7lCRAawcIAW …
Juan Guaido @jguaido
En el marco de nuestra constitución. Y por el cese definitivo de la usurpación.
pscp.tv
No vídeo, publicado por volta das seis da manhã na Venezuela (sete horas no horário de Brasília), Guaidó pede a mobilização dos cidadãos da Venezuela contra o regime de Nicolás Maduro. Luis Florido, deputado da Assembleia Nacional do Estado de Lara, está com Guaidó. Por telefone, ele afirmou: “Estamos esperando que o povo venezuelano se aproxime e se manifeste”, e acrescentou que a missão agora é a “restituição da Constituição que foi violada”, relata Verónica Fuigueroa. Por volta das sete horas da manhã, horário local, um grupo jogou gás lacrimogêneo contra Guaidó, segundo Florido. O deputado diz que os homens uniformizados que acompanham o presidente interino não repelem os atentados. O ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma disse ao telefone que “há um bombardeio de gás lacrimogêneo como nunca antes, há pessoas resistindo, há pessoas que aceitaram o chamado para restaurar o Estado de Direito”. Segundo ele, não se trata de um golpe de Estado porque “quem usurpa o poder é Maduro”.
Pueblo de Venezuela inició el fin de la usurpación. En este momento me encuentro con las principales unidades militares de nuestra Fuerza Armada dando inicio a la fase final de la Operación Libertad.
O presidente interino assegurou que muitos soldados já se juntaram a ele: “Para todos aqueles que estão nos ouvindo, chegou a hora, hoje todos nós queremos construir o futuro de nossos filhos”. Guaidó já havia convocado uma grande marcha para esta quarta-feira, 1º de maio. “Neste momento, nós chamamos os funcionários públicos para a reconstrução da soberania. Hoje corajosos soldados patrióticos, bravos homens ligados à Constituição, vieram ao nosso chamado, e nós definitivamente nos encontramos nas ruas (…) Hoje as Forças Armadas estão do lado do povo, do lado da Constituição “, afirmou. Guaidó enviou esta mensagem da base aérea de La Carlota, onde convidou à “cessação definitiva da usurpação” de poder pelo regime chavista. Luis Almagro, presidente da OEA, apoiou a iniciativa de Guaidó e de seus seguidores através de sua conta no Twitter: “Saudamos a adesão dos militares à Constituição. (…) É necessário apoiar plenamente o processo de transição democrática de forma pacífica “.
López também falou em suas redes sociais sobre sua libertação pelas forças de segurança leais a Guaidó e, em linha com o líder venezuelano, pediu protestos. “Todo mundo à mobilização, é hora de conquistar a liberdade, força e fé”, observou ele.
López (Caracas, 29 de abril de 1971) foi preso em fevereiro de 2014 e condenado em setembro de 2015 a cumprir uma sentença de mais de 13 anos de prisão sob a acusação de conspiração para cometer um crime, instigação e destruição de propriedade pública. Ele ficou confinado até julho de 2018, quando conseguiu prisão domiciliar, graça as um processo de negociação pelo ex-presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.