Debate quer ampliar consciência sobre livros clássicos da arquitetura moderna

Ruth Verde Zein abordará valor, pontos cegos e vazios de obras sobre a área no Brasil em evento online da FAP
Arte: FAP
Arte: FAP

João Vitor, da equipe FAP, com edição do coordenador de Publicações, Cleomar Almeida

Por acreditar que o futuro não se faz apagando o passado, mas ao contrário, a doutora em arquitetura Ruth Verde Zein, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que a proposta do livro Revisões Historiográficas (2021), de sua autoria, é ampliar a consciência tanto do valor dos clássicos como dos seus pontos cegos ou “vazios”. Ela discutirá o assunto na quinta-feira (10/02), a partir das 17 horas, em evento online da Fundação Astrojildo Pereira (FAP).

“Aprendemos muito com o passado, inclusive com os erros cometidos pelos diversos protagonistas da história, mas tampouco podemos seguir repetindo as mesmas frases, ideias e conceitos articulados há 100 anos, como se ainda estivessem plenamente vigentes, sem fraturas, descontinuidades e rupturas”, analisa Ruth.

Além dela, confirmaram presença no webinar a doutora em História Social da Cultura Maria Cristina Nascente Cabral e o doutor em arquitetura Frederico de Holanda, que também é professor da Universidade de Brasília (UnB). Com o tema “Revisões historiográficas: como reler os clássicos?”, o evento será transmitido no portal e no canal da fundação no Youtube, assim como na página da Biblioteca Salomão Malina no Facebook.

Ruth explica que não será fácil promover essa transformação, porque, segundo ela, há muitas inércias. “Mas a mudança está em curso, e muitas vozes a estão promovendo”, diz.

Ela lembra que o livro é resultado de um trabalho coletivo. “Não quero seguir enfatizando o mito dos ‘gênios’ isolados, que são quase sempre homens e brancos”, afirma, para acrescentar que, cada vez mais, quer trabalhar com massas de dados, coletivo de pessoas, complexidade e diversidade de caminhos, posições e possibilidades interpretativas.

Para explicar um clássico, Ruth cita Ítalo Calvino: “Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos, mas quem leu antes os outros e depois lê aquele reconhece logo o seu lugar na genealogia”.

“Apesar de escritos em diferentes décadas, apresentam notáveis redundâncias, o que reforça a noção, hoje inculcada em todos, e não apenas entre arquitetos, da existência de uma certa unidade e continuidade histórica, a tal ‘arquitetura moderna brasileira’, como se ela fosse um tecido contínuo e sem rasgos”, afirma a arquiteta.

Na avaliação de Ruth, ler os clássicos é importante. “Cada texto tem seus autores, os quais não são entes imateriais e, sim, pessoas concretas, oriundas de certos lugares e carregando em sua fala e escrita certas posições e visões de mundo particulares; e igualmente, e inseparavelmente, exprimindo em sua escrita e fala seus pontos cegos, seus preconceitos e suas limitações”, diz.

O professor Frederico espera debater, na quinta, o movimento recente de reconstruir a imagem da arquitetura por meio da nova historiografia apontada no livro de Ruth.

“Ela sistematiza a arquitetura moderna em todos os setores. É a arquitetura canônica e periférica. O modernismo está em todos os setores do livro. É uma crítica da crítica”, analisa o arquiteto.

 O clássico, conforme ele afirma, reúne atributos estéticos e culturais. “Por exemplo, o Palácio do Itamaraty é o mais moderno e clássico de todos e é citado nas obras dos arquitetos”, diz.

Serviço
Ciclo de debates O modernismo na arquitetura brasileira
Webinar sobre Revisões Historiográficas: como reler os clássicos?
Dia: 10/02/2022
Transmissão: a partir das 17h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira

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