Mayara Oliveira | Metrópoles
Pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha neste sábado (29/10), véspera do primeiro turno da eleição, mostra que 50% dos eleitores brasileiros não votariam no presidente Jair Bolsonaro (PL) de jeito nenhum. Os que dizem não votar em Lula (PT) são 46%.
No levantamento anterior, divulgado em 27 de outubro, Bolsonaro também era rejeitado por 50% do eleitorado, e Lula, por 45%.
O Datafolha ouviu 8.308 pessoas, entre 28 e 29 de outubro, em 253 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TSE com o número BR-08297/2022.
Votos válidos
Segundo o Datafolha, Lula tem 52% dos votos válidos, contra 48% de Bolsonaro. No último levantamento, divulgado em 27 de outubro, Lula aparecia com 53%, enquanto Bolsonaro tinha 47%.
Pela legislação brasileira, um candidato a governador ou a presidente é considerado eleito se obtiver maioria absoluta dos votos. Ou seja, mais da metade dos votos válidos – excluídos os votos em branco e os nulos.
Pesquisa estimulada
No cenário estimulado, com votos totais, e no qual o entrevistado responde em quem vai votar com base numa lista de postulantes, 49% disseram escolher Lula no segundo turno, enquanto 45% votarão em Bolsonaro.
Veja os resultados:
- Lula (PT): 49% (49% no levantamento anterior, em 27 de outubro)
- Jair Bolsonaro (PL): 45% (44% no levantamento anterior)
- Brancos e nulos: 4% (5% no levantamento anterior)
- Não sabe ou não respondeu: 2% (2% no levantamento anterior)
Pesquisa espontânea
Já na pesquisa espontânea, os entrevistadores não apresentam previamente o nome de nenhum dos dois candidatos. Nesse cenário, Lula aparece com 48%, e Bolsonaro, com 43%. Brancos e nulos somaram 4%; e outros 6% disseram que não sabem em quem votar.
Institutos sob investigação
Os resultados são divulgados em meio a uma nuvem de desconfiança sobre os institutos de pesquisa, incentivada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. A Polícia Federal e o Cade chegaram a abrir investigações para apurar a atuação das empresas durante a campanha eleitoral, mas foram suspensas pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
O ministro chamou os procedimentos de “evidente usurpação da competência” do TSE e apontou “incompetência absoluta” e “ausência de justa causa” da PF e do Cade.
Parlamentares buscam, na Câmara dos Deputados e no Senado, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os institutos. Ambos os requerimentos atingiram o mínimo de assinaturas necessárias; no entanto, não há previsão para instalação.
Em entrevista ao Metrópoles, na segunda-feira (24/10), Bolsonaro voltou a colocar dúvidas sobre a confiança nas sondagens. Segundo o mandatário, levantamentos feitos pela própria campanha apontam um empate técnico entre os presidenciáveis.
“Pessoal passa, meus técnicos, que a gente está num empate técnico. Mas eu sempre digo, não podemos confiar em pesquisas. Porque, coincidentemente, todas as pesquisas jogam contra mim desde 2018. E não foi diferente agora”, declarou em entrevista à diretora-executiva do Metrópoles, Lilian Tahan.
Em 2018, o último Datafolha antes do segundo turno apontava o atual presidente com 47% das intenções de voto contra 39% de Fernando Haddad (PT). Ao fim da eleição, Bolsonaro teve 55,13% dos votos válidos, e Haddad, 44,87%.
Primeiro turno
O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, realizado em 2 de outubro, mostrou que a disputa pelo Palácio do Planalto entre Lula e Bolsonaro foi acirrada. Com 100% das urnas apuradas, o petista alcançou 48,43% dos votos, e o atual presidente, 43,20%.
Até a véspera do pleito, no entanto, os principais institutos de pesquisa não conseguiam cravar se haveria, ou não, um segundo turno na eleição nacional. No levantamento do Datafolha antes da eleição, Lula ficou com 48% contra 34% de Bolsonaro.
Matéria publicada originalmente no Metrópoles