A busca de saídas inteligentes para a crise vai depender muito do correto funcionamento das entidades do Estado
As pessoas no geral, mas principalmente os trabalhadores que perderam renda e/ou emprego, estão atordoadas e de certa forma desesperançadas com a situação econômica. A situação aflige o mundo todo, mas nós brasileiros estamos vendo o pico da crise da saúde junto a outras crises, a econômica e a política. Tudo indica que viveremos tempos muito difíceis após a pandemia.
A proteção financeira das famílias historicamente é muito baixa, assim, passar por esse período está difícil e as perspectivas não são claras. Situação como esta exige um grande esforço de busca de geração de economias no orçamento familiar. A recomendação, que é óbvia neste momento, é a de identificar possíveis cortes nos gastos – se ainda houver algum espaço para isso.
O socorro financeiro emergencial aos trabalhadores que perderam renda sem dúvida trouxe alívio para milhões de pessoas, mas ainda deixa de fora outros milhões que estão fora do radar ou em filas intermináveis para buscar os seus direitos negados pela falta de organização ou burocracia. Mas, o que fazer? A busca de saídas inteligentes para a crise vai depender muito do correto funcionamento das entidades do Estado. E, por obviedade, da busca de harmonia entres essas instituições já que o equilíbrio de poderes é previsto na Constituição.
Desse equilíbrio depende a sobrevivência da própria Democracia. Depende, também, do nosso entendimento do que é a Democracia Liberal. Algo que vem fácil na boca de muitos políticos que, no entanto, dão mostras de que a sua prática não é essa. Com a desculpa de que se age dentro do espectro liberal é pregado que o cidadão tem o direito de furar o distanciamento social, carregar armas, entre outras coisas. Sem buscar fazer uma descrição exaustiva e teorizada sobre o tema.
Liberalismo é uma teoria política que protege a igualdade de liberdade de cada cidadão de agir dentro de sua concepção do bem, desde que essa prática não fira direitos dos outros. Nas raízes dessa teoria de Locke, Montesquieu, Hume, Adam Smith, Mill, Tocqueville, tem-se que a prática do liberalismo depende de os cidadãos exercerem algum grau de virtude. Virtude aqui entendida como a motivação do cidadão em agir corretamente, independentemente da lei. Sem isso colocamos em risco o ambiente necessário para sustentação das instituições e entes federativos. Temos que entender que a ética é que deve resgatar o liberalismo.
Para reduzirmos as incertezas e dar alguma esperança de que conseguiremos reduzir as consequências dessa crise, devemos parar de agir como tolos e praticarmos a virtude como cidadãos, em todas as esferas da sociedade.