Ministro contratou conflitos com o Congresso, o Supremo e a ala militar do governo
Jair Bolsonaro fez festa para Abraham Weintraub no fim do ano passado. “Melhorou demais”, disse, sobre o Ministério da Educação. O presidente ponderou que o auxiliar precisava “dar uma calibrada” no discurso, mas mostrou que se identificava com suas barbaridades: “Está dando uma de Jair Bolsonaro quando deputado, em alguns momentos”.
O presidente nunca se incomodou de verdade com as delinquências do subordinado. Quando ele foi acusado de racismo, Bolsonaro saiu em sua defesa. Depois que Weintraub falou em mandar ministros do STF para a cadeia, a máquina do governo trabalhou para tentar protegê-lo.
Bolsonaro também não se importava com o fato de que uma das áreas mais problemáticas do país era conduzida de maneira desastrosa. Em nome de uma fantasia ideológica, o presidente deixou que Weintraub transformasse a educação numa plataforma para sua insensatez.
O ministro só virou problema para Bolsonaro ao se tornar um obstáculo político. Weintraub contratou indisposições com o Congresso, com o Supremo e com a ala militar —três grupos-chave para a sobrevivência do presidente no cargo.
O agitador quase detonou o acordo entre Bolsonaro e o centrão quando tentou barrar a nomeação de representantes do bloco para cargos vinculados a sua pasta. Só cedeu depois que Bolsonaro ameaçou demiti-lo.
Weintraub também potencializou os choques com o STF ao fazer campanha pela prisão dos integrantes do tribunal. A corte reagiu e se recusou a excluir o polemista do inquérito que investiga ataques à instituição.
A fritura do ministro entrou pela porta do Palácio do Planalto com a oposição crescente dos militares a sua permanência no cargo. Até o presidente reconheceu publicamente o desgaste depois que Weintraub participou de um ato contra o Supremo.
Bolsonaristas radicais tentam segurar o ministro na cadeira, mas auxiliares do presidente já dizem procurar uma “saída honrosa”. Se a demissão ocorrer, será difícil embrulhar a queda com alguma dignidade.