Petistas entram no ringue da baixaria e replicam métodos que criticam no rival
O PT fez farra para divulgar um bilhete em que Lula dava parabéns a Zeca Dirceu pela provocação feita a Paulo Guedes na semana passada. “Eu fiquei tão orgulhoso de você que vou aprender a música da tchutchuca e do tigrão. Kkkk”, dizia a nota assinada pelo ex-presidente.
A chancela do petista confundiu os políticos do partido. Alguns deputados tinham ficado incomodados com o episódio. Eles acreditavam que a sigla ganharia mais se deixasse o deboche de lado e enfrentasse o governo com argumentos sérios. A gargalhada de Lula, porém, fortaleceu a turma que aposta nas práticas do jardim de infância.
Depois de ver Jair Bolsonaro ser eleito dando uma banana para o “politicamente correto”, propagando absurdos e desferindo ataques repugnantes para fazer sucesso nas redes sociais, alguns petistas parecem estar atrás de suas próprias curtidas.
Até o professor universitário Fernando Haddad desceu para a hora do recreio. Nesta quinta (11), ele bateu boca com Carlos Bolsonaro pelo Twitter. Depois que o filho do presidente fez mais um xingamento repulsivo (“Chora, marmita!”), o petista retrucou. “Priminho tá bem?”, escreveu, tentando alimentar um boato sobre um suposto relacionamento entre o vereador e seu primo.
A oposição coloca um pé no ringue da baixaria. Na quarta-feira (10), em uma audiência na Câmara com a ministra Damares Alves, a deputada Érika Kokay reclamou do desmonte de órgãos do governo e ironizou: “Nem todas as meninas vítimas de violência podem ser salvas por um Jesus na goiabeira”. Damares conta que foi vítima de abuso sexual e que teve uma visão quando foi até uma árvore para tentar o suicídio.
Além de ser uma perda de energia, o achincalhe ainda rebaixa um partido que se orgulha de sua reputação em torno da defesa de minorias e dos direitos humanos. Sem liderança, a sigla replica os métodos que critica em seus adversários. Diante de um governo que dá motivos de sobra para críticas, os petistas chegam a perder a razão.