Escolha do filho reflete patetice diplomática do governo e vontade de bajular Trump
Eduardo Bolsonaro quer levar seu boné de Donald Trump para a embaixada brasileira em Washington. O presidente tentou vender a ideia de indicar o filho ao posto como uma jogada para estreitar os laços com os americanos. A escolha, no entanto, seria só mais uma patetice diplomática do governo.
O pai orgulhoso tentou exaltar o currículo do candidato: “Ele é amigo dos filhos do Trump, fala inglês, fala espanhol, tem vivência muito grande de mundo”. Inglês e espanhol são requisitos óbvios. A tal vivência de mundo não vale nada para a função. Sobrou a camaradagem com a primeira-família americana.
A embaixada em Washington é o posto mais importante da diplomacia brasileira no exterior. Bolsonaro vai ter dificuldades para convencer alguém de que escolheu o nome mais preparado para a vaga. No lugar de conhecimentos profundos sobre política internacional, comércio e economia, prevaleceram a ideologia, o alinhamento automático e a vontade de bajular os americanos.
Eduardo é o sujeito que disse apoiar uma ação armada para derrubar Nicolás Maduro na Venezuela só para repetir o discurso entoado na Casa Branca. Também já vestiu um gorro e gravou um vídeo na nevepara insinuar, assim como Trump, que o aquecimento global é uma farsa.
Apesar de considerar a relação com os EUA uma prioridade, o governo deixou o posto vazio por seis meses. O presidente esperou para tratar do assunto porque Eduardo só completou na quarta (10) os 35 anos necessários para ocupar o cargo.
Bolsonaro afirmou que a ida do filho para a embaixada deve garantir ao Brasil um tratamento diferenciado na Casa Branca. É possível, mas seria ingenuidade acreditar que os americanos abririam mão de seus interesses ou fariam concessões significativas por causa desse parentesco.
Se Eduardo ganhar a vaga, o Brasil trocará um embaixador por um marqueteiro da direita radical. Ele até entende a língua de Trump, mas ficará falando sozinho se o Partido Democrata vencer a próxima eleição.