Previsões furadas e palpites sem fundamento provam que a palavra do presidente não vale nada
Em 17 de março, Jair Bolsonaro disse que a Itália sofria com o coronavírus por causa da quantidade de habitantes idosos no país. “São muito mais sensíveis, morre mais gente”, afirmou. Ele sugeriu que os brasileiros, portanto, não deveriam se preocupar com a pandemia.
O presidente errou. Embora seja mais grave para os mais velhos, a Covid-19 matou proporcionalmente mais jovens no Brasil do que em alguns outros países. Entre os italianos, só 5% das vítimas tinham menos de 60 anos. Por aqui, esse percentual é de 30%, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde.
No dia 18 de março, Bolsonaro declarou ter informações de que o vírus não se propagaria no país devido ao “clima mais tropical”. Em Manaus, onde os termômetros marcaram 30ºC na última semana, o número de casos ultrapassou 6.000 e a rede de saúde entrou em colapso.
Quatro dias depois, o presidente lançou a previsão de que os óbitos pelo coronavírus não chegariam aos 796 da pandemia de H1N1, em 2009. O Brasil já se aproximou desse número de mortes num único dia.
Em 24 de março, veio o famoso pronunciamento tresloucado de Bolsonaro em rede nacional de TV. “O vírus chegou, está sendo enfrentado e brevemente passará”, inventou, quando o Brasil registrava apenas 46 mortes. Agora, são mais de 10 mil.
Ainda em março, dois dias depois, Bolsonaro disse que o país não enfrentaria a disparada observada nos EUA, “até porque o brasileiro tem que ser estudado, ele não pega nada”. Naquela data, 1.300 americanos haviam morrido. O Brasil bateu a marca em pouco mais de duas semanas.
Em 12 de abril, o presidente arriscou de novo. “Parece que está começando a ir embora a questão do vírus”, declarou, emendando sua campanha pela retomada da economia. Desde então, a contaminação e as mortes diárias dispararam.
Bolsonaro perdeu todas até agora. Mesmo assim, ele ainda tenta se intrometer no trabalho de combate à pandemia. Já está claro que suas palavras não valem nada.