Diversionismo parece ser o único método de um presidente que escolhe não agir
O presidente fabricou a própria crise na área ambiental: pôs em dúvida dados oficiais, demitiu o responsável pelo órgão de monitoramento do setor e comprou briga com países que ajudavam o Brasil a conter a derrubada das florestas. Agora, os números mostraram um recorde na devastação da Amazônia. Jair Bolsonaro não está nem aí.
Quando foram divulgadas as estatísticas, no início da semana, o presidente fingiu que não tinha nada a ver com o assunto. “Não pergunte para mim, não”, disse, na terça (19).
No dia seguinte, instado mais uma vez a comentar a destruição de uma área equivalente a seis vezes o território da cidade de São Paulo, agiu como se fosse melhor deixar as coisas como estão. “Você não vai acabar com o desmatamento, nem com as queimadas. É cultural”, afirmou.
O diversionismo parece ser o único método de Bolsonaro. O presidente procura os holofotes para inventar teorias conspiratórias, acusar ONGs de envolvimento na devastação e demitir o diretor do Inpe que divulgou números que antecipavam o tamanho do desastre. Na hora de enfrentar o problema, no entanto, só parece disposto a lavar as mãos.
Para escapar, o presidente voltou a usar a velha tática do retrovisor. “Marina Silva foi ministra, vocês viram? Foi recorde o desmatamento”, declarou. Ele se referia ao ano de 2004, quando a área desmatada na Amazônia foi a maior dos últimos 23 anos, quase o triplo da taxa atual.
Se estivesse interessado em achar soluções, Bolsonaro saberia que a resposta do governo na ocasião foi o lançamento de um plano rigoroso de fiscalização e ordenamento territorial, que ajudou a reduzir o índice. Ambientalistas dizem que, hoje, esse trabalho está praticamente parado.
Um deputado estadual paulista eleito pelo PSL propôs uma homenagem a Augusto Pinochet, ditador sanguinário e corrupto do Chile. Certamente queria chamar atenção pela sordidez –e conseguiu. Mas, neste espaço, nem sequer será nominado.