Eleições desta sexta no Congresso sugerem que, para os políticos, renovação foi papo-furado
A tinta branca jogada sobre o Congresso para inaugurar o mandato dos novos parlamentares não engana: a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado continua sendo o velho concurso de popularidade e a disputa de cargos de sempre.
Os acertos partidários deram aos caciques a garantia de que boa parte das balanças do poder continuarão niveladas da mesma maneira.
Os deputados entrarão em plenário nesta sexta (1º) com a fatura fechada. Rodrigo Maia deve se eleger presidente da Câmara pela terceira vez seguida. O político do DEM espetou o broche de parlamentar na lapela há 20 anos e nunca mais tirou.
Se alguém quiser encontrar no comando da Casa algum indício da tal renovação vista nas eleições, vai precisar de boa vontade. O favorito para a primeira vice-presidência é Marcos Pereira. Ele chega à Câmara para seu primeiro mandato, mas chefia o PRB há oito anos e foi ministro do governo Michel Temer.
Nem o PSL, que pegou carona no marketing da nova política, conseguiu disfarçar: indicou como segundo vice-presidente Luciano Bivar, dono da sigla, eleito deputado federal pela primeira vez em 1998.
Pelo acordo entre os partidos, devem tomar o poder na Câmara outros veteranos e herdeiros de linhagens políticas, como o célebre André Fufuca, do PP. Ele é filho de Fufuca Dantas, prefeito de Alto Alegre do Pindaré, no Maranhão.
No Senado, a eleição chega indefinida, mas também reflete o papo-furado da renovação política. Renan Calheiros (MDB) é, ao mesmo tempo, favorito para a votação entre seus pares e inimigo número um do momento entre os eleitores.
Os principais adversários do cacique alagoano são, por ironia, dois senadores que estão no meio de seus mandatos de oito anos e, portanto, não precisaram superar o paredão das urnas em 2018. Simone Tebet (MDB) é filha de Ramez Tebet, ex-presidente do Senado. Davi Alcolumbre (DEM) disputou o governo do Amapá. Ficou em terceiro lugar e não foi nem ao segundo turno.