O #ProgramaDiferente acompanha audição pública para "Os Miseráveis", ouve os atores e mostra um pouco do mundo de sonhos dos musicais

O #ProgramaDiferente acompanhou uma audição pública concorridíssima em São Paulo para a segunda grande montagem do musical "Os Miseráveis" no Brasil (15 anos após a estreia nacional e sucesso no mundo todo há 31 anos). A reportagem ouviu os candidatos na fila antes dos testes e mostra um pouquinho do mundo de sonhos dos musicais. Assista.

O musical "Les Misérables", baseado no romance épico do francês Victor Hugo, foi composto por Claude-Michel Schönberg em 1980, com libreto de Alain Boublil e letras de Herbert Kretzmer. Em 1985 estreou a adaptação inglesa produzida por Cameron Mackintosh, dirigida por Trevor Nunn e John Caird, com letras de Herbert Ktretzmer e material adicional de James Fenton. A versão brasileira realizada em 2001 tem letras e produção deClaudio Botelho.

O sucesso de "Les Mis" não se limitou ao teatro. Aclamado na Broadway, originou também uma superprodução premiada de Hollywood, na versão do musical para o cinema num filme vencedor de três prêmios Oscar, com direção de Tom Hooper e estrelado por Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Eddie Redmayne, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter. Mas há uma quantidade incontável de adaptações do romance para o teatro, o cinema e a TV.

Através da história de Jean Valjean na França do século XIX, no período entre a derrota de Napoleão, em 1815, e os motins de 1832, o romance narra a miséria, os dramas, os amores e os ideais revolucionários de diferentes gerações, com personagens inesquecíveis como o Inspetor Javert, Fantine, Cosette, Marius, Éponine, Enjolras,Gavroche e o casal Thénardier.

Com fãs de todas as idades, suas músicas estão espalhadas pela internet, em versões para o teatro, o cinema e até em programas de calouros na TV, como foi o caso de Susan Boyle, que se tornou célebre em 2009 pela sua participação no programa Britain´s Got Talent cantando "I dreamed a dream".

Outro fato curioso: a primeira apresentação do musical "Os Miseráveis" na cidade de São Paulo foi em 1995, muito antes do sucesso na inauguração do Teatro Abril (hoje Teatro Renault), em 2001. Era a montagem de um grupo amador do interior paulista, a Cia. Canto Vivo, que se apresentava no Teatro Polytheama, em Jundiaí, sob direção cênica de Wagner Nacarato e direção vocal de Cláudia de Queiroz.

Após assistir uma apresentação no teatro do Colégio Nossa Senhora Menina, na Mooca, o jornalista Mauricio Huertas, fã do musical, publicou reportagem sobre a montagem pioneira em São Paulo,  levou pessoalmente o grupo ao então secretário da Cultura, Rodolfo Konder, em plena gestão do prefeito Paulo Maluf, e conseguiu agendar apresentações no Teatro Municipal Paulo Eiró, em Santo Amaro. Veja aqui uma apresentação do grupo no programa do Jô Soares, divulgando o musical, em novembro de 1995.


Germano Martiniano: Nós ou eles?

Domingo 17 de abril, foi um dia histórico para o Brasil, no qual se votou na câmara dos deputados pela continuidade do processo de Impeachment contra a presidente. A maioria optou pelo SIM, pelo Impeachment. Ainda existe um longo caminho para que a Dilma saia, em definitivo, do governo. Contudo, é inegável que um grande passo foi dado, e independentemente do que acontecer daqui para frente a vitória do sim, neste domingo, tem um peso histórico enorme.

As falas dos deputados, antes de realizarem seus respectivos votos, foi o ponto enfadonho da votação. Com exceção de alguns, a maioria dedicava o voto a família, a Jesus, a Deus etc., demonstrando que nosso estado está longe de ser laico. Bolsonaro, como sempre, destilou baboseiras em sua fala. No outro extremo Jean Wyllys julga "canalhas", fascistas e homofóbicos os que não pensam como ele. Tirando estes extremos, um ponto me chamou atenção na análise do processo de Impeachment. Muitos deputados disseram: "não posso negar o pedido das ruas!"

Pode ser que estes deputados tenham dito isso para fazer média com a população. Sempre existem interesses obscuros na politica. Mas é impossível ignorar milhões de pessoas nas ruas clamando por mudanças.Por isso o peso histórico. É leviano dizer que a maioria da população brasileira é golpista, fascista ou qualquer denominação do tipo. Na democracia temos de aceitar o posicionamento contra, democracia é viver no dissenso. Porém, o dissenso tem que ser honesto. A tática petista em colocar o "Nós", pessoas esclarecidas, democráticas e que lutamos pelos pobres, contra "Eles", elitistas, ditadores e burgueses, não é opinião contrária, não é argumento, é farsa, é mentira, é desrespeito e ignorância.

As pessoas contra o Impeachment continuam a remeter tudo o que está acontecendo com o golpe de 1964. Palavras não precisam ser gastas neste texto para se compreender básicas diferenças. Penso que essas pessoas, no vazio de suas vidas, precisam encontrar sentido na existência. Criam uma ditadura em suas cabeças e decidem lutar contra ela. Um tanto quanto esquizofrênico. A vida continua, não existe "nós" contra "eles", politica não é guerra. O Brasil é um só, o dissenso é importante, desde que exista argumentações e não estigmatizações.

Hoje, segunda-feria, 18 de abril, a vida continua, o Impeachment não pode ser tudo ou nada na vida do brasileiro. O povo brasileiro precisa se politizar a cada dia, precisamos ser além de futebol e carnaval. O dia em que ascendermos dessa posição medíocre veremos que nosso debate politico pode ser mais rico do que "nós" e "eles", e que também exite outros pronomes: eu, tu, ela, vós e elas!!!

Germano Martiniano - Assessor de Comunicação da FAP e formado em
Relações Internacionais pela UNESP/Franca


Cristovam Buarque: Impeachment do modelo

Uma das provas do fracasso dos “governos de esquerda” no Brasil é o baixo nível do debate político, neste grave momento da nossa história. Nunca se discutiu tanto a política sem debater políticas; tudo se resume à dicotomia “tira Dilma” ou “é golpe”. O modelo político-econômico-social ruiu como um Muro de Berlim nacional, enterrando as “esquerdas” nos seus escombros, mas a peleja tem ficado entre Dilma até 2018 ou Temer a partir de 2016.

Não se debate qual seria um novo modelo social-econômico-político para conduzir o Brasil ao longo deste século XXI. O atual modelo não foi capaz de construir uma economia sólida, sustentável, inovadora e produtiva e ainda desorganizou as finanças públicas e provocou recessão na economia atrasada; não foi capaz de emancipar os pobres assistidos por bolsas e cotas; não deu salto na educação e promoveu dramático caos na saúde; sobretudo, incentivou um vergonhoso quadro de corrupção, conivência, oportunismo, aparelhamento do Estado e desmoralização na maneira de fazer política.

O país está ficando para trás, se “descivilizando” pela violência generalizada, ineficiência sistêmica, incapacidade de gestão e de inovação, saúde degradada, educação atrasada e desigual; transporte urbano caótico, cidades monstrópoles, persistência da pobreza, concentração de renda, política corrupta; povo dependente, tragédias ambientais e sanitárias. Todos os indicadores são de um país em decadência, com raras ilhas de excelência.

Mas o debate fica prisioneiro da alternativa entre interromper o mandato de um governo incompetente e irresponsável, eleito por estelionato político, tendo cometido possíveis crimes fiscais, ou escolher um novo presidente do mesmo grupo, eleito na mesma chapa e também sujeito a suspeitas. Não se discute qual a melhor alternativa para o Brasil sair da crise imediata a que foi levado pelos desajustes irresponsáveis e eleitoreiros do atual governo, nem qual Brasil queremos e podemos construir, com uma economia eficiente, inovadora, equilibrada, distributiva da renda e sustentável ecologicamente; com a população educada, participativa, levando à justiça social, à produtividade elevada e economia eficiente; com sistema político-eleitoral ético e democrático.

Não se debate um pacto pelo emprego com equilíbrio das contas públicas e pela eficiência da gestão estatal; não se discute como fazer, quanto custa, em quanto tempo e que setores pagarão pelas reformas que o país precisa. As discussões despolitizadas, entre torcidas a favor ou contra, como em um jogo de futebol, não debatem, por exemplo, como fazer com que a escola do filho do mais pobre brasileiro tenha a mesma elevada qualidade que as boas escolas do filho do brasileiro mais rico do país.

O debate se limita a manter a mesma estrutura social, apenas trocando uma presidente pelo vice que ela escolheu duas vezes. Não se percebe que é preciso fazer o impeachment de todo o modelo que a “esquerda” manteve e degradou.


Fonte: www.pps.org.br


Alberto Aggio: Impeachment e governo de transição

Argumenta-se que uma possível vitória do impeachment não mudaria em nada a situação do país. Que não aplacaria a crise econômica, que não retomaria o crescimento. Que não sustaria a crise social que bate às portas dos lares brasileiros, que não bloquearia o desemprego. Que tampouco não colocaria fim à corrupção. No entanto, espera-se tudo do impeachment e dele cobra-se tudo no sentido de restabelecer um país novamente republicano e verdadeiramente democrático.

Tudo se passa como se o movimento do impeachment apresentasse uma narrativa unívoca e tivesse controle integral de sua dinâmica. Pensa-se o movimento e o processo politico-parlamentar do impeachment como uma espécie de revolução ou de contrarrevolução previamente programada e dirigida. Nesta lógica, seu sentido é visto de maneira abstrata e ideológica e o seu resultado é previamente tomado como “frustração coletiva” já que, dizem, não soluciona as profundas crises que assolam o país.

Nessa crítica manca, o movimento do impeachment não se conecta com os impactos crescentes das operações da Lava Jato no conjunto da sociedade, que alimentam e adensam os protestos nas ruas e praças do país. Não se considera também as fortes suspeitas a respeito dos vícios introduzidos pelo PT nas últimas eleições presidenciais, que podem levar à conclusão de que as eleições para presidente enfim não foram limpas. Todas as investigações até agora se encaminham para isso.

O mais grave (e até mesmo incrível) é que, de alguma maneira, quer se eximir o governo Dilma de toda e qualquer responsabilidade. Nessa narrativa, o tema do impeachment tem sua origem no pedido de recontagem de votos pela oposição, fato normal em disputas acirradas como foi a última campanha presidencial. Segue-se com a cândida ideia de que a oposição deveria dar uma trégua à presidente reeleita, algo sem o menor sentido nos quadros de um regime democrático e de cidadania ativa, ocultando o entendimento de que o PT não deveria sofrer oposição já que, supostamente, seria o único portador de uma política social digna do nome, o que flagrantemente é contestado pela realidade recente do país, desde a redemocratização.

O fato é que o governo Dilma jogou o país numa crise inaudita e de grande profundidade. Violou a Constituição por meio de mecanismos fraudulentos para esconder, no período eleitoral e depois dele, que não tinha sustentação financeira para realizar suas promessas eleitorais. Nestas circunstâncias, propôs um ajuste fiscal que nunca conseguiu cumprir, mergulhando o país na crise.

Em termos estritamente legais, o impeachment está justificado. Sabemos porém que mesmo que ele seja aprovado, a crise irá persistir e talvez ainda se agrave. E se isso de fato ocorrer, não se poderá atribuir tal resultado ao impedimento da presidente. Os verdadeiros culpados são mais do que evidentes. Se reina hoje uma grande desorientação em alguns setores a respeito das alternativas que se apresentam, a questão não se circunscreve ao mecanismo do impeachment e às suas consequências imediatas, determinadas constitucionalmente. A assunção do vice-presidente ao cargo de presidente da República é legítima, estando este sujeito aos mesmos mecanismos constitucionais.

O vice-presidente e os membros do Congresso Nacional configuram representações legítimas derivadas da soberania popular. Não fosse em outros momentos, há que se enfatizar que a Constituição é o nosso guia maior nessa hora. Se o impeachment passar, primeiro na Câmara, enquanto admissibilidade, e, depois no Senado, como julgamento em última instância, é a um governo legítimo de transição que caberá enfrentar os desafios colocados ao país pelo descalabro que tem sido o governo Dilma. (O Estado de S. Paulo – 13/04/2016)


Fonte: pps.org.br


O #ProgramaDiferente entrevista duas representantes do Partido da Mulher Brasileira: a candidata à Prefeitura de SP e a sua presidente nacional

O #ProgramaDiferente dá sequência à série com os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. A entrevistada desta semana é a advogada Denise Abreu, pré-candidata do Partido da Mulher Brasileira (PMB).

Ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Denise deixou o cargo após o acidente com o avião da TAM em Congonhas, em 2007, e ao ser fotografada fumando um charuto em meio a uma grave crise no setor aéreo. Ela responde às polêmicas e ataca frontalmente o PT e a presidente Dilma Rousseff.

Na sequência do programa, mais PMB. O que significa, afinal, este que é mais um dos 35 partidos legalizados no Brasil? E será que é mesmo necessário um Partido da Mulher? Quem explica é a presidente nacional do PMB, Suêd Haidar.

#ProgramaDiferente é exibido pela TVFAP.net e pela TVAberta / Canal Comunitário da cidade de São Paulo todos os domingos, às 21h30, e terças-feiras, à 1h30 da madrugada (Net canal 9, Vivo canal 186 e Vivo Fibra canal 8)Assista.


Cristovam Buarque: Tristes tempos

Tristes tempos em que até o dicionário foi corrompido. Para alguns, um instrumento constitucional é definido por golpe, mesmo se houver prova de crime pela presidente; para outros, o uso deste instrumento se justifica diante da corrupção e do desgoverno, antes mesmo de analisar provas do crime. Tristes tempos quando o debate político se limita ao enfrentamento entre dois grupos que se acusam mutuamente de corruptos ou de golpistas.

Um lado preocupado apenas em interromper um governo legal, mas que perdeu a legitimidade, por ser inoperante, incapaz de conduzir as reformas sociais e econômicas de que o país precisa, contaminado pela corrupção; o outro concentrado na defesa deste governo a qualquer custo, cego aos erros e às mentiras; chegando ao ponto de dizer que o desemprego decorre da luta contra a corrupção. Ambos acreditam que, depois da decisão sobre o impeachment, aprovado ou recusado, o país retomará seu rumo, seja sob o novo governo Temer ou o velho governo Dilma.

Não se vê debate sobre como: retomar o crescimento do PIB e fazêlo contemporâneo com o avanço técnico e científico; distribuir a renda; erradicar o analfabetismo; assegurar educação de qualidade para cada criança independente da renda dos pais e da cidade onde mora; como recuperar nosso abismal atraso na capacidade científica e tecnológica e de inovação; como aumentar a produtividade, garantir estabilidade monetária e fiscal, equilibrar as contas públicas, controlar os endividamentos; como atender à saúde, enfrentar a violência urbana, dar sustentabilidade à Previdência; como emancipar os pobres da necessidade de bolsas e cotas.

Parece que o Brasil real desapareceu. Tristes tempos em que a política se faz sem percepção da história. Como se estivéssemos em um campeonato de futebol, com apito final depois de cada eleição. Não se discute as causas atuais e históricas que nos condenam. Nem se considera que, no dia seguinte ao impeachment, se aprovado, mesmo com a credibilidade de novo presidente, todos os problemas continuarão, inclusive as suspeitas sobre os políticos; e que os derrotados irão para as ruas em nome da luta contra o que, acreditam, foi um golpe.

Tampouco se discute que, se o impeachment não passar, a população, indignada e desencantada, continuará nas ruas com apoio crescente de desesperados, desempregados, empobrecidos, manifestando-se contra um governo desacreditado e submetido a outros pedidos de impeachment. A solução estaria em uma eleição antecipada, seja para todos os cargos ou apenas para presidente e vice-presidente.

Havendo aceitação dos principais atores, isto é possível com uma reforma constitucional. Mas, é pequena a probabilidade de aceitação de uma medida de bom senso, diferente das propostas pelo debate simplista e imediatista do impeachment ou não impeachment. Tristes tempos em que as pessoas de bom senso se sentem estrangeiras em seu próprio país. (O Globo – 02/04/2016)


Cristovam Buarque é senador (PPS-DF)


ONU: Taxa de feminicídios no Brasil é quinta maior do mundo; diretrizes nacionais buscam solução

Lançadas nesta semana, diretrizes nacionais sobre feminicídio querem acabar com violência de gênero. Documento publicado nesta semana foi elaborado pela ONU Mulheres Brasil, por órgãos do governo brasileiro e pelo Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas.

O objetivo é incluir a perspectiva de gênero nos processos de investigação e julgamento de crimes de feminicídio, aprimorando as condutas dos diversos profissionais envolvidos.

Em parceria com o governo brasileiro e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), a ONU Mulheres publicou na sexta-feira (8) as “Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes Violentas de Mulheres – Feminicídios”.

O documento contém recomendações para a revisão dos procedimentos de perícia, polícia, saúde e justiça que lidam com ocorrências de feminicídio. O objetivo é adequar a resposta de indivíduos e instituições aos assassinatos de mulheres, a fim de assegurar os direitos humanos das vítimas à justiça, à verdade e à memória.

Acesse as Diretrizes Nacionais aqui.

No Brasil, a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2015, o Mapa da Violência sobre homicídios entre o público feminino revelou que, de 2003 a 2013, o número de assassinatos de mulheres negras cresceu 54%, passando de 1.864 para 2.875.

Na mesma década, foi registrado um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade branca e negra. Para o mesmo período, a quantidade anual de homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%, saindo de 1.747 em 2003 para 1.576 em 2013. Do total de feminicídios registrados em 2013, 33,2% dos homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

“As Diretrizes Nacionais buscam eliminar as discriminações a que as mulheres são alvo pelo machismo, pelo racismo, pelo etnocentrismo, pela lesbofobia e por outras formas de desigualdades que se manifestam desde a maneira como elas vivem, a deflagração de conflitos com base em gênero e os ciclos de violência, que culminam com as mortes violentas”, explicou a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman.

“Feminicídios são assassinatos cruéis e marcados por impossibilidade de defesa da vítima, torturas, mutilações e degradações do corpo e da memória. E, na maioria das vezes, não se encerram com o assassinato. Mantém-se pela impunidade e pela dificuldade do poder público em garantir a justiça às vítimas e a punição aos agressores”, disse.

Lei de 2015 tipificou crime

A ONU Mulheres e o governo esperam que a publicação contribua para a implementação da Lei do Feminicídio (13.104/2015), que alterou o Código Penal brasileiro ao tipificar esse crime – homicídio cometido com requintes de crueldade contra mulheres por motivações de gênero. O lançamento das Diretrizes quer Incluir a perspectiva de gênero como hipótese inicial das investigações dos assassinatos.

Segundo a secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, as diretrizes proporcionarão a capacitação de policiais e peritos para que tenham uma visão diferenciada. “Terá aquele olhar de que aquela mulher morreu pela condição de ser mulher”, afirmou.

Para a secretária especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, Eleonora Menicucci, as diretrizes provocarão mudanças nas condenações e prisões dos agressores de mulheres. “A Lei do Feminicídio representa uma mudança cultural numa sociedade patriarcal”, destacou.

Menicucci também afirmou que o governo promoverá uma sensibilização a nível nacional para que todos os estados apliquem as Diretrizes.

Motivações de gênero e condutas adequadas

Na nova legislação, a violência doméstica e familiar e o menosprezo ou discriminação à condição de mulher são descritos como elementos de violência de gênero e integram o crime de feminicídio.

As Diretrizes Nacionais detalham as motivações baseadas em gênero que podem estar por trás de episódios violentos: sentimento de posse sobre a mulher; controle sobre seu corpo, desejo e autonomia; limitação da sua emancipação profissional, econômica, social ou intelectual; tratamento da mulher como objeto sexual; e manifestações de desprezo e ódio pela mulher e por sua condição de gênero.

O documento também apresenta recomendações específicas para cada fase da investigação policial e do processo judicial e seus respectivos encarregados.

As etapas são dirigidas por diversos profissionais, como bombeiros, socorristas e demais profissionais de saúde, guardas municipais, policiais civis, militares e federais, peritos, médicos legistas, funcionários cartoriais, promotores de justiça, defensores públicos, magistrados, jornalistas, entre outros.

Brasil é protagonista na implementação nacional de protocolo regional

As Diretrizes Nacionais são baseadas no Modelo de Protocolo Latino-Americano de Investigação de Mortes Violentas de Mulheres por Razões de Gênero. O Brasil foi escolhido como país-piloto para o processo de adaptação do documento internacional e de sua incorporação às normativas e diretrizes nacionais.

Os critérios de seleção do país incluíram a prevalência e relevância das mortes violentas de mulheres por razões de gênero no território nacional, a capacidade de implementação das Diretrizes no sistema de justiça criminal, a existência prévia de relações interinstitucionais entre os parceiros, a capacidade técnica dos escritórios da ONU Mulheres e do ACNUDH para desenvolver o projeto no Brasil e a presença de representação diplomática da Áustria, cujo governo apoia a iniciativa.

A elaboração das Diretrizes mobilizou não apenas os organismos da ONU já citados, mas também a campanha do secretário-geral da ONU “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres”.

O governo do Brasil participou da concepção do documento por meio da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos e do Ministério da Justiça.


Fonte: nacoesunidas.org


Isento de verdade: o shownarlismo do Sensacionalista no #ProgramaDiferente

Ah, fala sério! Quem perderia meia hora para falar desse tal de Sensacionalista? Nós, é claro! Assista.

Com mais de 2,5 milhões de fãs nas redes sociais, o Sensacionalista é o maior, melhor e mais comentado portal de humor da atualidade. Confunde a cabeça de muito leitor com notícias "isentas de verdade" (o slogan super bem sacado que no duplo sentido entrega o segredo do sucesso) e traz na capa do livro recém-lançado o resumo do talento e da inteligência da obra: "Pagar por um livro que está na internet é sinal de genialidade, dizem especialistas".

As notícias fictícias do jornal mais pop da internet dão conta de que a realidade parece piada e as piadas poderiam ser reais. Tanto que, neste mundo cada vez mais virtual (e surreal), o Sensacionalista - nascido em 2009 - tem um irmão caçula, o Surrealista (que, ao contrário do original, publica "notícias reais que parecem coisas do Sensacionalista").

O #ProgramaDiferente, da TVFAP.net, entrevista com exclusividade os autores Marcelo ZorzanelliLeonardo LannaMartha Mendonça e Nelito Fernandes, que além de criadores do Sensacionalista seguem carreiras paralelas no jornalismo e no humor.  Eles falam de trabalho, de humor e de política, contando também sobre a parceria em programas de TV como o Tá no Ar e o Zorra, ambos da Rede Globo.


As cidades em tempos de globalização

Está marcada para este ano em Quito (Equador), entre 17 e 20 de outubro, a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável. A chamada Habitat III é a primeira das conferências da ONU realizada após a definição da Agenda de Desenvolvimento de 2015. Trata-se de um encontro global que tem como um dos objetivos  a definição de uma agenda urbana para o século XXI, além de discutir as relações entre progresso e vida nas cidades.

Já pertence ao senso comum a ideia de que o mundo hoje é cada vez mais urbano e menos rural.  Imagens de grandes aglomerados urbanos são correntes e contribuem para a formação de um imaginário sobre o panorama das grandes cidades. Na Ásia, os grandes contingentes populacionais convivem com o surgimento de grandes favelas e a desruralização em massa. Na África, países experimentam taxas permanentes de crescimento econômico e ocupação desordenada, criando megalópoles, onde permanecem os problemas estruturais que enfrentam a maior parte dos países deste continente. Na América do Sul, novas iniciativas são desenvolvidas para criar soluções para problemas como violência urbana, delinquência juvenil, mobilidade, entre outros. Na Europa e nos Estados Unidos, os aspectos relacionados a mundialização, desregulação dos mercados, forjam o surgimento de novos debates sobre em que premissas a cidade deve ser planejada, mas também problemas com a socialização de grandes massas de migrantes são cada vez mais pertinentes.

O cruzamento dos dados que envolvem urbanização e desenvolvimento econômico e social tem suscitado a maior parte dos debates no mundo. Estes temas, antes muito restritos aos campos do urbanismo, hoje recebem atenção de cientistas políticos, sociólogos, analistas internacionais, entre outros. Neste último campo, o grande interesse é interpretar os padrões mundiais que interferem sobre as cidades, e como os grandes fluxos de capital e a nova ordem e divisão de poder definem a nova localização destas cidades. Em 1950, por exemplo, as 25 maiores cidades do planeta eram, majoritariamente, européias ou norte-americanas. Nova York era a única megacidade, com mais de 25 milhões de habitantes. Em 50 anos, este quadro mudou inteiramente, e hoje estas cidades estão mais concentradas na Ásia. Hoje, são 23 megacidades, incluindo-se aí Lagos (Nigéria) e Daca (Bangladesh) entre o rol das mais populosas.

Na maior parte do planeta, as instituições políticas não demonstram estar adequadas à esta nova condição. Fala-se de crise de representação, degradação democrática, entre outros conceitos que atestam uma redução da atividade pública política em favor de novos arranjos entre grupos econômicos dominantes. O neoliberalismo e o amplo processo de desregulamentação dos agentes econômicos que constava em seu projeto tiveram como efeito, entre outras coisas, uma retração mundial nestes termos de ocupação do espaço público. Este é um paradoxo, entre o aumento da população urbana e o declínio da participação cidadã.

Esta expansão promoveu um declínio forte na vida pública. O consumo no comércio tradicional em feiras, lojas de rua, foi substituído pelo surgimento de grandes centros comerciais, que reproduziam cidades em seu interior. A (in)segurança pública passou a ser mote para o surgimento de enormes condomínios fechados, que passaram a oferecer toda sorte de serviços, sem que seu morador precisasse deixar seus muros.

A ideia em si do estado de bem-estar foi desvirtuada. A nova realidade política e econômica do pós – Guerra Fria gerou efeitos uniformes em todo o mundo. As políticas neoliberais abriram horizonte para uma ocupação ainda maior das empresas nas cidades. Os conglomerados mundiais passaram a ver a cidade como oportunidade de novos negócios, novas possibilidades de expansão do capital e sua multiplicação.

É preciso, portanto, repensar as formas de viver na cidade. Acompanhe os próximos textos, e veremos como a América do Sul se tornou o lugar essas novas formas de vida política na cidade começaram a surgir com mais força.


Por: Danillo Bragança

Fonte: multimundi.org


Maurício Huertas: Vamos falar (de novo) das eleições municipais?

Senta que lá vem textão. Desculpa, mas é necessário.

Vamos falar das eleições para a Prefeitura de São Paulo e para a Câmara Municipal. De novo. E o que tem de novo?

Vamos lá…

Na semana passada, falávamos dos dez dias decisivos para a sucessão do prefeito Fernando Haddad (PT) e para a necessária renovação dos vereadores e das suas práticas. São Paulo precisa disso, urgente! Mas, enfim, o que está ao nosso alcance? Hoje ao menos temos um novo cenário já desenhado, como prevíamos. Quais os próximos passos?

Os candidatos anunciados para o cargo de Haddad (inclusive o próprio) são estes: Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB), João Doria (PSDB), Andrea Matarazzo (PSD), Ricardo Young (Rede Sustentabilidade), Marco Feliciano (PSC), Denise Abreu (PMB) e Ivan Valente ou Luiza Erundina (PSOL). Fora esses, podem pipocar aqui e ali mais uns nanicos. Nada sério.

Então vamos avaliar o quadro consolidado sob dois pontos de vista: o do cidadão paulistano e o dos partidos (afinal, este aqui é um blog político). O que é melhor para São Paulo?

Alguns pontos essenciais:

1) Dar um basta à gestão Haddad é o primeiro aspecto que nos une. O prefeito pode até ser gente boa, inteligente, moderninho, descolado (como o marqueteiro João Santana, hoje preso, traçou-lhe o perfil na campanha eleitoral), mas na prática é um dos piores administradores que a cidade já teve. Despreparado, incompetente, inoperante. Uma lástima como gestor público. Bom criador de factóides, mas um terror em saúde, educação, moradia, meio ambiente. Um zero à esquerda, literalmente.

2) Além de Haddad, convenhamos que nomes como Marco Feliciano e Celso Russomanno não podem significar algo minimamente sério para administrar São Paulo, certo? É preciso explicar com mais detalhes ou já nos entendemos? Na dúvida, basta dar um google. Isso se ambos confirmarem de fato as candidaturas, até porque, além de possíveis rearranjos partidários, o imbróglio de Russomanno com a Justiça também pode afastá-lo definitivamente da disputa.

3) Uma outra ala de candidatos entra simplesmente para marcar posição. É o caso do PSOL, sempre o mais emblemático, que neste ano estará prejudicado pela nova legislação eleitoral em vigor. Como tem menos de 9 deputados federais (o número mínimo estabelecido pela lei), não garante presença nos debates de TV, por exemplo, nem espaço na cobertura diária da mídia. Daí a tentativa de convencer Erundina a disputar mais uma eleição, pois provocaria um “interesse jornalístico”. No lado oposto está o Partido da Mulher Brasileira, que aproveitou a “janela” das novas legendas e abocanhou seu quinhão de tempo, fundo partidário e marcará presença nos debates.

4) Um caso à parte é a Rede Sustentabilidade, que também não atingiu a “cota mínima” de 9 deputados e, em tese, ficará de fora dos debates e da cobertura jornalística. Porém, não deve ser descartado o potencial do partido de Marina Silva, seja pelo uso da imagem da sua fundadora na propaganda, nas redes e nas ruas, seja pela possibilidade de fazer uma coligação que some os tais 9 deputados, no mínimo. Aí está claro o papel que o PPS, como aliado preferencial, pode desempenhar se fizer uma coligação com a Rede para lançar Ricardo Young prefeito. Ambos passariam a ter uma candidatura significativa e competitiva, principalmente para fazer uma bancada na Câmara Municipal com as marcas da ética, da governança democrática e da sustentabilidade.

5) Retornamos aos nomes mais tradicionais, e por isso mesmo favoritos para disputar o segundo turno (fora Haddad e Russomanno, que já excluímos por antecipação pelo desastre que representam para a cidade e para a boa política): João Doria (PSDB), Andrea Matarazzo (PSD) e Marta Suplicy (PMDB). Todos eles tem seus prós e contras. Preparo, experiência, inteligência, carisma – em maior ou menor grau – fazem crer que são candidatos que honrariam o cargo de prefeito (ou prefeita).

Neste caso, então, além do ponto de vista do cidadão paulistano, precisamos fazer observações e análises político-partidárias sobre o que representa cada uma destas candidaturas com chances de chegar à Prefeitura e que disputam igualmente o nosso apoio.

Aos nomes, em detalhes:

1) João Doria. É o candidato do maior partido de oposição (na administração municipal e no governo federal) e do governador Geraldo Alckmin. Não é pouca coisa. Porém, o que é uma vantagem aparente também carrega problemas. Os tucanos estão rachados. O processo de prévias e a intervenção do governador provocou traumas irreparáveis. Lideranças como José Serra, FHC, Alberto Goldman, José Aníbal não estão com Doria e Alckmin. Ao contrário. Também não consideram Doria um candidato digno de representar o PSDB. O fato de ser um neófito será positivo, diante da crise, ou vai pesar contra? E até onde vai o “canto da sereia” de Alckmin, envolto em escândalos e sofrendo o desgaste natural após tantos anos no mesmo cargo? Quem arrisca um palpite?

2) Andrea Matarazzo. É o nome mais preparado e conhecedor da cidade que o PSDB tinha e descartou. Migra para o partido de Gilberto Kassab, ex-prefeito, atual ministro e aliado do PT no governo federal. Vai ser difícil explicar. Ainda que o PSD se declare “independente”, será que cola? Em 2008, a disputa entre Kassab e Alckmin já provocou um grande racha no PSDB. Naquela oportunidade, Kassab venceu. E agora? E se ambos perderem?

3) Marta Suplicy. Além da experiência e do recall como ex-prefeita, com marcas fortes como os CEUs e o bilhete único, o bom trânsito na periferia, a postura mais humilde ao reconhecer erros como a implantação da taxa de lixo e a explicação didática sobre a saída do PT, terá a força do PMDB que (tudo indica) estará no comando do governo federal e de uma grande coalizão suprapartidária. O que isso irá trazer para a candidatura da ex-prefeita? Ainda é cedo para cravar prós e contras, mas a força e o potencial de crescimento são inegáveis.

Expostos todos os fatos, tanto sob o ponto de vista do cidadão paulistano quanto das análises do quadro político partidário, voltamos à análise puramente doméstica. Estamos no PPS, um partido que desde 2000 vem elegendo habitualmente dois vereadores em São Paulo, tem um posicionamento claro e íntegro na defesa de uma cidade mais justa, moderna e sustentável, e é cortejado hoje para apoiar João Doria, Andrea Matarazzo, Marta Suplicy e Ricardo Young.

Supondo que estes quatro nomes são benéficos para a cidade e representam um avanço inegável perante a atual gestão desastrosa do PT e do prefeito Haddad, qual deve ser o posicionamento do PPS no 1º turno das eleições municipais em São Paulo? Em 2008 e 2012, tivemos decisões acertadas ao defender a candidatura própria do PPS com Soninha Francine para a Prefeitura. O partido cresceu. Pautamos os debates com temas importantes.

E agora, o que deve ser levado em conta? Coligado a qual candidato o PPS teria um maior protagonismo? Em qual chapa o PPS seria mais valorizado, destacado, ouvido? O programa, os conceitos e os princípios do PPS estariam preservados em qual destas candidaturas? Alguém oferece a vaga de vice, por exemplo, para o PPS? Isso é importante para a legenda? Qual opção beneficiaria a eleição dos candidatos e candidatas do PPS à Câmara Municipal?

Essas respostas do PPS devem ser debatidas e tomadas com responsabilidade pelo coletivo partidário. Dirigentes, filiados e candidatos devem se reunir para decidir o nosso futuro, o que é melhor tanto para o partido como para a cidade de São Paulo. Sem ceder a pressões internas ou externas, manipulações, chantagens e cobranças por interesses individuais. É hora de fazer valer com legitimidade a vontade da maioria, honrar a nossa história e provar a nossa força. Por uma São Paulo diferente!


Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, diretor-executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e apresentador do #ProgramaDiferente